• Nenhum resultado encontrado

EFEITOS DA RODADA DOHA SOBRE O AGRONEGÓCIO E SOBRE A ECONOMIA E BEM-ESTAR DO BRASIL E DO MERCOSUL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "EFEITOS DA RODADA DOHA SOBRE O AGRONEGÓCIO E SOBRE A ECONOMIA E BEM-ESTAR DO BRASIL E DO MERCOSUL"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

EFEITOS DA RODADA DOHA SOBRE O AGRONEGÓCIO E SOBRE A ECONOMIA E BEM-ESTAR DO BRASIL E DO MERCOSUL ALAN FIGUEIREDO DE ÂREDES; MATHEUS WEMERSON GOMES

PEREIRA; VLADIMIR FARIA DOS SANTOS. UFV-CNPQ, VIÇOSA, MG, BRASIL.

aredess@yahoo.com.br POSTER

COMÉRCIO INTERNACIONAL

Efeitos da Rodada Doha sobre o agronegócio e sobre a economia e bem-estar do Brasil e do Mercosul

Grupo de Pesquisa: 3- Comércio Internacional Resumo

O atual artigo teve por objetivo avaliar os impactos da Rodada Doha sobre o agronegócio e sobre a economia e o bem-estar do Brasil e do Mercosul. Para isso, foi utilizado o modelo de equilíbrio geral GTAP e analisado três cenários de redução de tarifas de importação para produtos agrícolas, manufaturas e de serviços. Como resultado, o setor agrícola do Brasil e do Mercosul foi competitivo em todos os cenários, elevando a produção e exportação e diminuindo as importações desse setor, tendo o mesmo não acontecido com os setores de manufaturas e serviços, onde as vantagens competitivas pertenceram ao NAFTA e UE (União Européia). Além disso, ocorreu a elevação do PIB e do bem-estar do Brasil e do Mercosul com as reduções tarifárias. No entanto, isso não quer dizer que essas regiões devam adotar qualquer medida de redução de tarifária, visto que a redução tarifária também tem um caráter perverso de diminuir a pauta das exportações, desconsiderando todo o esforço brasileiro com os programas de substituição de importação que expandiram o parque industrial nacional.

Palavras-chave: GTAP, Rodada Doha, liberalização comercial.

Abstract

The current article had for objective to evaluate Turned Doha's impacts on the agricultural products, on the economy and the well-being of Brazil and of Mercosul. For that, the model of general balance was used GTAP and analyzed three sceneries of reduction of import tariffs for agricultural products, manufactures and of services. As result, the agricultural section of Brazil and of Mercosul it was competitive in all of the sceneries, elevating the production and export and reducing the imports of that section, tends the same no happened with the sections of manufactures and services, where the

(2)

competitive advantages belonged to the NAFTA and UE (European Union). Besides, it happened the elevation of GDP and of the well-being of Brazil and of Mercosul with the tax reductions. However, that doesn't mean that those areas should adopt any measured of reduction of tariff, because the tax reduction also has a perverse character of reducing the line of the exports, disrespecting all the Brazilian effort with the programs of import substitution that expanded the national industrial park.

Key-Words: GTAP, Turned Doha, commercial liberalization.

1- Introdução

Com a finalidade de promover a liberalização comercial, negociações internacionais multilaterais têm sido realizadas desde 1947 sob a supervisão do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e mais recentemente também sobre a Organização Mundial de Comércio (OMC), que pelo regimento de regras visam às eliminações das tarifas, subsídios, cotas de importação, e outros empecilhos a livre comercialização de bens e serviços.

Muitos economistas acreditam que a globalização e a respectiva liberalização mundial do comércio promovem a melhor alocação dos fatores e consequentemente a elevação do bem-estar econômico, embora existam argumentos favoráveis ao desvio do livre comércio, como as justificativas de que países economicamente grandes podem melhorar seus termos de troca pela utilização de uma tarifa ótima (KRUGMAN e OBSTFELD, 1999).

Assim, em se tratando da abertura comercial, existem duas correntes de pensamentos antagônicas. De um lado, os defensores argumentam que o processo é vantajoso, uma vez que o livre comércio evita as perdas de eficiência associadas à proteção, mais ainda, acreditam que os ganhos associados ao livre comércio vão além da eliminação das distorções na produção e no consumo, ou seja, promovem ganhos de produtividade derivados do processo de especialização e aumentos das escalas de produção. De outro, os opositores criticam o processo de abertura quanto à possibilidade de desindustrialização e de aumento da fragilidade interna da economia quando existem falhas no mercado local e quando é possível atingir uma tarifa ótima, em que os benefícios dos termos de troca superam seus eventuais custos, nesses casos, o processo de abertura não seria considerado vantajoso para a nação (KRUGMAN e OBSTFELD, 2001).

Nesse sentido, dadas as controversas entre os efeitos da liberalização do comércio para os países em desenvolvimento e desenvolvidos, o presente artigo teve por objetivo avaliar os impactos da Rodada Doha sobre a economia e bem-estar do Brasil e do Mercosul.

Embora, a Rodada Doha ainda permaneça em discussão devida as divergências, principalmente em relação aos subsídios agrícolas e restrições tarifárias e não-tarifárias sobre os produtos dos países em desenvolvimento, e sua negociação tivessem o prazo para concretização dos acordos em 1º de janeiro de 2005, espera-se que as negociações caminhem para uma maior abertura comercial. Autoridades estadunidenses, européias, japonesas e brasileiras, entre outras, tem demonstrado interesse na retomada das negociações com o potencial objetivo de concretização da Rodada Doha até o final de 2007. No artigo, foram testados os efeitos dessa rodada com a eliminação das tarifas a importação de produtos agrícolas, manufaturados e serviços.

(3)

2- Referencial teórico

2.1- A Teoria do Comércio Internacional: O Modelo de Hecksher-Ohlin

O modelo teórico utilizado é o de Heckscher-Ohlin, desenvolvido pelos economistas Eli Heckscher e Bertil Ohlin, sendo uma das teorias mais conhecidas e importantes sobre o comércio internacional, principalmente nos estudos no padrão do comércio internacional e na distribuição de renda.

Para explicar o modelo de comércio internacional que iremos adotar, o modelo de Heckscher-Ohlin, partirá de um pressuposto simples, na qual a diferença de recursos é a única fonte de comércio internacional, conforme afirmam KRUGMAN e OBSTFELD (2001, p.69), ou seja as diferenças na dotação dos fatores é o que determina o nível de comércio ente dois países A e B, produzindo dois produtos X e Y. Para tanto formularemos o modelo em termos de dois fatores de produção1

: trabalho (L) e capital (K) e adotaremos algumas suposições essenciais para a análise do comércio internacional, são elas:

As cinco suposições seguintes são essenciais à analise: (1) os custos de transporte ou impedimentos não existem para o comércio; (2) existe competição perfeita nos mercados de produtos primários e nos fatores; (3) todas as funções de produção são homogênea de primeiro grau; (4) as funções de produção são tais que dois produtos primários apresentam diferentes intensidades de fatores; (5) as funções de produção diferem entre produtos primários, mas são as mesmas em ambos os países, isto é, o bem A é produzido com a mesma técnica em ambos os países, assim como também o B. (SODESTERN,1979, p.61).

As suposições apresentadas são necessárias para afirmar o significado do modelo. Os teoremas apresentados a seguir, proporcionarão uma útil introspecção do caráter do equilíbrio geral em economia conforme afirma SODESTERN (1979), portanto poderemos ver que mudanças em uma variável em nosso sistema de comércio internacional, necessariamente, implica em mudanças em todas as outras variáveis do sistema.

Para demonstrar nossa análise veremos o caso da abundância de fatores definida em termos físicos. Esta definição diz que o país A é rico em capital comparado ao país B, se (K/L)A > (K/L)B. Portanto se o país A tiver capital abundante, de acordo com essa definição, significa que o país A tem uma tendência a favor da produção de bens de capital-intensivos. Veremos melhor esta tendência pela análise da Figura 1 em que supusemos que o bem Y capital-intensivo e o bem X trabalho-intensivo, admitindo a solução usual do problema temos que:

1 Para maiores detalhes ver SODESTERN (1979) e KRUGMAN e OBSTFELD (2001). β Cen P B P A P A M N α O Y X R A

Py

Px

=

α

tan

B

Py

Px

=

β

tan

(4)

Figura 1- Abundância de fatores em termos físicos

A Figura 1 mostra que se ambos os países produzissem os bens na mesma proporção, ao longo do raio OR, o país A produziria no ponto M, na curva de possibilidade de produção, e o país B produziria no ponto N. A inclinação da curva de possibilidade de produção do país A, tan α, em M, é mais acentuada que a inclinação da curva do país B, tan β, em N. O que quer dizer que o bem Y seria mais barato no país A do que no B, e o bem X seria mais barato no país B do que no país A, se os dois países estivessem produzindo nos respectivos pontos, isto é mostrado pelo fato de que tan α > tan β, ou seja a inclinação da curva PA PA ser maior do que a curva PB PB, que neste caso o custo de oportunidade para a expansão da produção do bem Y é mais barato no país A do que no país B e vice-versa em relação ao bem X, o que mostra o país A rico em capital, logo com uma tendência favorável a produção do bem capital-intensivo, e que o país B, abundante em trabalho, com uma tendência favorável a produção do bem trabalho-intensivo.

Portanto através do modelo de Heckscher-Ohlin podemos concluir que, para solução bem comportada2

temos que “... o país de capital abundante exportará o bem capital-intensivo, e que o país rico em trabalho exportará o bem trabalho-intensivo.” (SODESTERN,1979, p.66-67).

Verificaremos agora quais os feitos e os ganhos obtidos com o comércio internacional entre os países, lembrando que sob autarquia os níveis de produção e de consumo devem ser iguais. Seja o país A como no modelo acima, abundante em capital, logo o país B abundante no fator trabalho. Portanto de acordo com o modelo de Heckscher-Ohlin, temos que ao iniciar o comércio do país A com o país B, o país A aumentará sua produção de Y, deslocando a produção de X. A Figura 2 representa este efeito:

2 Para exemplos de fatores que compensariam as tendências de produção ver SODESTERN (1979, p.66) β C X 2 C Y P’ A P’A 1 X 1 Y 1 X 0 Y 0 PA P A 0 α Y X U(X,Y)

(5)

Figura 2 – Equilíbrio com economia aberta

Com a economia fechada, o país A estaria limitado a consumir somente o que produzisse, ponto 0 com quantidades (X0,Y0), ou seja um ponto sobre a curva de possibilidade de produção. Com a introdução do comércio internacional, os preços se modificam, refletindo as condições de produção de cada país e deslocando a restrição orçamentária de PAPA para P’AP’A. O país A, que possui vantagem comparativa na produção do bem Y, é capaz de produzi-lo a preços mais baixos que o país B, de modo que parte da demanda de Y deste último se transfere para o primeiro. O inverso também ocorre com o bem X, que tem parte da sua demanda transferida do país A para o país B.

Assim, o país A tende a deslocar recursos para a produção do bem Y em detrimento ao bem X. A nova razão de preços internacionais tende a deslocar a produção do país A para (X1,Y1), com X1<X0 e Y1>Y0. Havendo possibilidades de troca entre os países como prevê o modelo, a capacidade de consumo da sociedade não é mais limitada por sua capacidade de produção, o consumo pode ser dado por qualquer ponto situado sobre a reta de restrição orçamentária. Assim como visto pela teoria do consumidor, temos que o consumo será dado pelo ponto em que a restrição orçamentária tangenciar a curva de indiferença mais externa possível. Portanto o novo nível de consumo será (CX,CY), logo observamos que a quantidade consumida de X é superior ao máximo que poderia ser consumida sob autarquia, o que evidência os ganhos obtidos com o comércio.

Neste modelo apresentado vemos que quando os países optam pelo comércio eles estarão aumentando seu nível de bem-estar dado que estarão situados em uma curva de indiferença mais alta, mesmo alterando sua estrutura da distribuição de renda dos fatores3

uma vez que a remuneração dos fatores é modificada. 3- Referencial analítico

Para a realização do artigo foi utilizado um modelo computável de equilíbrio geral, simulando todos os mercados ao mesmo tempo. O modelo computável de equilíbrio geral empregado foi o GTAP (Global Trade Analysis Project) desenvolvido por HERTEL e TSIGAS (1997).

O comportamento e funcionamento do modelo econômico do GTAP é baseado no fluxo circular da renda entre os setores de uma economia (país ou região) com o resto do mundo.

No modelo, a distribuição de renda entre os setores é representada por uma função Cobb-Douglas de utilidade per capita, em que elevações (diminuições) da renda em cada país refletem elevações (diminuições) proporcionais da renda em cada setor da demanda final.

3 Para uma discussão mais aprofundada da estrutura da distribuição de renda dos fatores ver KRUGMAN e OBSTFELD (2001, p.79-80).

(6)

Os gastos do consumidor são dados por uma função CDE (Constant Difference of Elasticity), que assume a pressuposição de que variações na quantidade consumida não levam as variações proporcionais na utilidade do consumidor. A função de demanda privada é representada pela maximização da função de despesa CDE e a demanda do governo é dada por coeficientes fixos representativos das quantidades consumidas.

Por fim, a oferta das firmas é baseada em uma função CES (Constant Elasticity of Substitution), em que as firmas otimizam o lucro pela escolha ótima dos fatores, tendo o GTAP pressupondo retornos constantes à escala e que cada setor produz apenas um produto e que a firma maximiza o lucro pela utilização dos fatores primários ótimos, sem levar em conta o preço dos fatores intermediários.

No que diz respeito ao fechamento macroeconômico do modelo, é utilizado o método neoclássico, em que o investimento é determinado pela poupança e sua diferença é igual ao nível da balança comercial, ou seja:

M R X I

S− = + − (1) em que S é o nível de poupança, I de investimento, X de exportação, M de importação e R das transferências internacionais.

Para analisar os efeitos dos choques tarifários, o GTAP fornece vários indicadores econômicos e de bem-estar. Entre os indicadores obtidos pelas simulações do GTAP na análise dos benefícios (ou malefícios) dos diferentes acordos comercias, destacam-se a variação percentual na quantidade produzida (qo), variação percentual na quantidade exportada (qxw) e importada (qiw), variação percentual do PIB (vgdp ou CDP), variação percentual na utilidade per capita (up) e variação equivalente na utilidade (EV).

No que diz respeito ao método de simulação, existe quatro opções: Johansen, UEler, Gragg e Midpoint. Para a realização da atual pesquisa, foi escolhido o método de Gragg, visto que esse é o mais indicado, uma vez que promove uma solução que aproxima os resultados simulados mais próximo da realidade uma vez que o método promove aproximações por segmentações lineares sucessivas.

Além de incluir um modelo econômico de equilíbrio geral e um software para simulação (RunGTAP versão 3.40), o GTAP, versão 6.0, possui um banco de dados com 87 países e 57 setores, referente a economia mundial em 2001, sendo a principal base de dados derivada das Matrizes Insumo-Produto (MIP) dos países4

. 4 - Cenários e fonte de dados

Para atingir os objetivos deste trabalho, foram elaborados cenários alternativos, em que estes foram avaliados mediante simulações com diferentes reduções de tarifas de importações. Segundo BUSSAB e MORETTIN (2004), sempre que certas questões não podem ser resolvidas simplesmente de forma analítica, recorre-se aos estudos de simulação para obter aproximações da variável de interesse. Ou seja, os estudos de simulação tentam reproduzir, num ambiente controlado, o que se passa com um problema real.

No artigo, foram testados os efeitos da possível implementação da Rodada Doha sobre diferentes regiões e setores, sendo analisados apenas os efeitos de reduções 4 Para maiores detalhamento sobre as equações e características do modelo ver HERTEL (1997),

VALVERDE et al. (1999), CASTRO et al. (2004) e DIMARANAN e MCDOUGALL (2002). A operacionalização do software GTAP pode ser vista com detalhes em CASTRO et al. (2004).

(7)

tarifárias, excluindo, dessa forma, acordos relacionados a políticas de subsídio a produção e exportação. Os cenários avaliados foram:

• Cenário 1: redução em 50% das tarifas de importação de produtos agrícolas e de 25% dos produtos manufaturados e serviços.

• Cenário 2: redução em 75% das tarifas de importação de produtos agrícolas e de 50% dos produtos manufaturados e serviços.

• Cenário 3: redução em 100% das tarifas de importação de produtos agrícolas e de 50% dos produtos manufaturados e serviços.

Para analisar os impactos de choques de tarifas e/ou subsídios, são realizadas agregações entre regiões e commodities no GTAP. No atual artigo, desagregou-se o setor agrícola, visto a importância do agronegócio na geração de renda no Brasil e Mercosul. Dessa forma, a agregação realizada é vista na Tabela 1.

Tabela 1: Agregação entre regiões e commodities realizadas no GTAP

Regiões Commodities

1- Brasil (Bra) 1- Carne

2- Mercosul (Argentina, Uruguai e Venezuela)* 2- Leite e derivados

3- União Européia (UE) 3- Açúcar

4- NAFTA 4- Soja

5- Resto do Mundo (RDM) 5- Milho

6- Trigo 7- Arroz

8- Outros Alimentos (fumo, fibras, café, suco de laranja, frutas, vegetais e outros)

9- Manufaturas (metais em geral, veículos, produtos químicos, máquinas e equipamentos, petróleo, gás e outros)

10- Serviços

* O banco de dados do GTAP não possui dados referentes à economia do Paraguai. Fonte: GTAP

Após realizada as agregações, foram simulados os impactos das negociações comerciais. Para isso, foram incluídas no GTAP as reduções das tarifas de acordo com os cenários 1, 2 e 3, utilizando a opção no programa de variação de choque tms e o tipo de choque % change rate.

(8)

Em relação ao cenário 1, como pode ser observado na Tabela 2, com a redução em 50% das tarifas a importação de produtos agrícolas e de 25% dos produtos manufaturados e serviços, ocorreu, de uma forma geral, a elevação na produção das commodities agrícolas no Brasil e no Mercosul, principalmente carne e milho, e a sua queda na produção agrícola no NAFTA, UE e RDM, com exceção do trigo, que elevou-se no NAFTA e UE, e do açúcar, que expandiu no NAFTA.

Por outro lado, foi empiricamente evidenciado que o Brasil e Mercosul não têm vantagens competitivas nos setores de manufaturas e serviços, visto que suas produções e exportações tiveram variações negativas e as importações variações positivas, embora fossem muito baixas, devido à redução de apenas 25% nas tarifas de importação das manufaturas e serviços, Tabela 2.

Tabela 2: Variações percentuais na quantidade produzida, exportada e importada no cenário 1.

Variação percentual na quantidade produzida

Bra Mercosul NAFTA UE RDM

Carne 13,32 3,92 1,71 -2,98 -1,08 Leite e derivados 1,53 2,40 -0,04 -0,23 -0,07 Açúcar 1,20 2,07 -0,43 -6,05 -0,07 Soja -1,23 0,13 0,24 -0,09 -0,24 Milho 11,57 3,41 1,24 -1,97 -3,59 Trigo -1,24 -3,18 10,86 1,70 -3,66 Arroz 1,46 2,47 2,66 -0,36 -0,16 OutrosAlimentos 1,63 1,54 -0,07 -0,09 -0,24 Manufaturas -2,91 -1,30 -0,10 0,15 0,13 Serviços 0,08 0,03 -0,01 0,02 0,06

Variação percentual na quantidade exportada

Bra Mercosul NAFTA UE RDM

Carne 69,66 82,48 29,7 -4,02 32,24 Leite e derivados -6,14 -9,56 -0,46 2,82 5,68 Açúcar 5,25 27,29 45,21 -9,07 60,78 Soja 0,96 0,90 3,13 0,33 2,40 Milho 34,78 8,84 17,99 -3,52 29,25 Trigo -43,68 -8,66 27,81 7,52 38,04 Arroz 62,03 10,84 18,86 0,67 10,00 OutrosAlimentos 13,39 16,27 12,51 3,47 15,35 Manufaturas -1,55 0,18 1,19 0,72 3,58 Serviços -3,36 -0,83 1,57 0,71 -0,34

Variação percentual na quantidade importada

Bra Mercosul NAFTA UE RDM

Carne 17,79 9,14 11,42 7,91 32,1

(9)

Açúcar 26,28 6,24 22,42 17,31 32,05 Soja -1,12 4,62 0,65 0,22 4,95 Milho 9,47 4,99 17,14 -0,04 20,18 Trigo 2,55 6,91 4,30 0,72 29,62 Arroz 5,67 6,80 5,42 0,59 13,86 OutrosAlimentos 12,35 8,77 9,50 3,40 17,95 Manufaturas 7,38 5,46 0,97 0,46 3,95 Serviços 1,95 0,65 -0,76 -0,08 0,54

Fonte: Dados da pesquisa

No cenário 2, Tabela 3, que descreve os efeitos de uma maior liberalização do comércio, redução em 75% das tarifas a importação de produtos agrícolas e de 50% dos produtos manufaturados e serviços, verificou-se mais intensamente a vantagem competitiva do Brasil e do Mercosul na produção agrícola e a vantagem do NAFTA e UE na produção de manufaturas e serviços.

Tabela 3: Variações percentuais na quantidade produzida, exportada e importada no cenário 2.

Variação percentual na quantidade produzida

Bra Mercosul NAFTA UE RDM

Carne 27,51 8,77 2,95 -5,22 -1,83 Leite e derivados 2,42 5,03 0,01 -0,32 -0,12 Açúcar 0,87 3,27 -0,07 -11,08 0,70 Soja -2,37 0,18 0,47 -0,08 -0,38 Milho 21,83 5,45 2,16 -3,25 -5,59 Trigo -2,24 -4,89 17,65 2,73 -5,75 Arroz 2,05 4,18 4,48 -0,14 -0,26 OutrosAlimentos 2,38 2,49 -0,01 -0,03 -0,40 Manufaturas -5,44 -2,44 -0,16 0,29 0,22 Serviços 0,15 0,05 -0,03 0,01 0,09

Variação percentual na quantidade exportada

Bra Mercosul NAFTA UE RDM

Carne 144,02 182,79 49,89 -6,02 51,48 Leite e derivados -12,95 -18,32 -0,48 4,91 8,67 Açúcar 6,33 42,82 82,5 -15,68 109,95 Soja 1,45 1,61 5,18 0,56 3,59 Milho 63,53 13,19 29,44 -5,58 51,86 Trigo -60,04 -13,54 45,08 12,05 63,13 Arroz 102,98 19,04 30,8 2,18 15,30 OutrosAlimentos 19,58 26,03 20,52 5,88 23,94 Manufaturas -1,68 1,62 2,50 1,45 7,25 Serviços -6,03 -0,99 3,06 1,24 -0,77

Variação percentual na quantidade importada

Bra Mercosul NAFTA UE RDM

(10)

Leite e derivados 20,55 17,53 4,29 0,57 14,69 Açúcar 43,57 10,31 36,39 38,44 55,03 Soja -2,56 7,03 0,98 0,40 7,56 Milho 17,96 8,10 28,24 -0,14 34,71 Trigo 4,06 11,24 7,26 1,04 48,48 Arroz 10,10 11,79 8,69 0,75 21,83 OutrosAlimentos 20,85 13,85 14,63 5,32 28,87 Manufaturas 14,92 11,01 1,98 0,95 8,06 Serviços 3,56 0,89 -1,50 -0,13 1,03

Fonte: Dados da pesquisa

Por fim, no cenário 3, os impactos da redução em 100% das tarifas a importação de produtos agrícolas e de 50% dos produtos manufaturados e serviços elevaram ainda mais a produção e exportação das commodities agrícolas no Brasil e no Mercosul e a maior importação de manufaturas e serviços dessas regiões do NAFTA e UE, onde as vantagens competitivas desses dois setores são elevados, Tabela 4.

Tabela 4: Variações percentuais na quantidade produzida, exportada e importada no cenário 3.

Variação percentual na quantidade produzida

Bra Mercosul NAFTA UE RDM

Carne 49,86 17,02 4,24 -7,9 -2,65 Leite e derivados 3,20 9,09 -0,01 -0,36 -0,17 Açúcar -1,33 3,67 0,65 -17,94 2,67 Soja -4,57 -0,29 0,54 -0,03 -0,40 Milho 37,22 7,06 3,13 -4,67 -7,55 Trigo -3,99 -7,50 24,35 3,81 -7,63 Arroz 2,18 5,33 5,71 0,00 -0,30 OutrosAlimentos 2,72 2,99 -0,04 0,12 -0,44 Manufaturas -8,42 -3,48 -0,24 0,42 0,31 Serviços 0,15 -0,02 -0,04 0,02 0,10

Variação percentual na quantidade exportada

Bra Mercosul NAFTA UE RDM

Carne 261,17 351,34 71,10 -6,14 74,32 Leite e derivados -25,76 -34,06 -3,60 6,63 13,11 Açúcar 2,94 50,08 133,21 -22,51 181,70 Soja -0,26 1,35 7,07 0,88 5,00 Milho 106,94 15,76 42,45 -7,79 85,39 Trigo -74,17 -19,96 62,35 16,82 96,94 Arroz 133,53 25,55 40,60 3,65 21,63 OutrosAlimentos 22,63 32,08 28,18 8,85 34,41 Manufaturas -10,22 -3,54 2,32 1,68 7,43 Serviços -11,01 -4,14 3,13 1,70 -0,48

Variação percentual na quantidade importada

Bra Mercosul NAFTA UE RDM

Carne 61,86 28,98 25,36 32,18 81,12

Leite e derivados 36,09 34,38 7,75 1,13 19,86

(11)

Soja -3,75 10,27 1,47 0,58 10,21 Milho 31,07 11,91 41,68 -0,29 54,11 Trigo 5,47 17,24 11,21 1,39 69,44 Arroz 14,82 22,81 13,24 1,12 30,12 OutrosAlimentos 32,44 21,12 20,87 7,42 40,92 Manufaturas 17,48 12,24 2,00 0,94 8,07 Serviços 6,50 2,71 -1,46 -0,22 1,03

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando a variação percentual em termos de PIB, constatou-se que no Brasil e Mercosul em todos os cenários 1, 2 e 3 tiveram efeitos expansivos no PIB, principalmente na economia brasileira, de modo que quanto maior o nível de liberdade comercial mais favorecidas foram as regiões do Brasil e Mercosul e menos favorecidas foram as regiões do NAFTA, UE e RDM, como pode ser observado comparando os cenários na Figura 4.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 4 - Variação percentual no PIB por região e cenário.

No que diz respeito aos indicadores de bem-estar, variação percentual na utilidade per capita e variação equivalente, o primeiro é um indicador de consumo das famílias que sofre influências devido às alterações no nível dos preços e o segundo mede as alterações na utilidade para que a renda e o preço inicial de um determinado consumidor mantenha a mesma utilidade em algum novo ponto de equilíbrio (CYPRIANO e TEIXEIRA, 2003; VARIAN, 2003), de tal forma que, quanto maior a redução dos preços, maior o nível de renda, de consumo e de bem-estar.

De acordo com a Figura 5, ocorreu uma maior variação positiva na utilidade per capita no cenário 3 com as maiores reduções tarifárias devido suas implicações sobre a queda do nível dos preços, apontando ganhos de bem-estar para o Brasil, Mercosul, RDM e UE e uma redução para o NAFTA.

-2 -1 0 1 2 3 4 Bra Mer cosu l NA FTA UE RDM Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3

(12)

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 5- Variação percentual na utilidade per capita privada por região e cenário. Em relação ao indicador variação equivalente, Figura 6, o maior impacto em nível de bem-estar, em milhões de US$, com as diminuições das tarifas ocorreram para a região do RDM, UE, Brasil e Mercosul. Conforme CYPRIANO e TEIXEIRA (2003), esse indicador é dado pelo produto da renda inicial e da variação percentual na utilidade per capita, em que tanto o tamanho da economia da região, quanto o bem-estar proveniente da variação utilidade são utilizados.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 6- Variação equivalente na utilidade per capita por região e cenário, em milhões de US$.

6- Conclusão

Foi evidenciado empiricamente a vantagem competitiva do Brasil e Mercosul no setor agrícola com os efeitos da redução tarifária com a Rodada Doha, uma vez que para

-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Bra Mer cosu l NA FTA UE RD M Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 -10000 -5000 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 Bra Mer cosu l NA FTA UE RD M Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3

(13)

esse setor ocorreu tanto a elevação da produção quanto das exportações. Porém, foi também constatado que impactos da redução das tarifas são prejudiciais a produção e exportação de manufaturas e serviços para o Brasil e Mercosul e favoráveis para o NAFTA e UE, de tal forma que essa característica é intensificada no cenário 3 devido ao maior grau de abertura ao livre comércio.

Analisando a economia como um todo e o nível de bem-estar, o Brasil e o Mercosul foram as duas regiões mais favorecidas em termos econômicos com as reduções tarifárias, visto que ocorreu nessas regiões a maior elevação do PIB. Em relação ao nível de bem-estar, medidos pelos indicadores da utilidade per capita e equivalência da utilidade, Brasil e Mercosul, e principalmente a região composta pelos países do RDM, foram favorecidos em todos os cenários, especialmente no cenário 3, onde teve-se as maiores quedas tarifárias. Os ganhos do bem-estar dos consumidores do Brasil, Mercosul e do RDM deve-se aos efeitos das reduções tarifárias sobre as quedas dos preços e a elevação do consumo dessas regiões.

Assim, futuros cortes tarifários com a Rodada Doha terá o efeito de intensificar as vantagens competitivas brasileira e do Mercosul na produção e exportação agrícola e de manufaturados e serviços pelo NAFTA e UE. Além disso, tanto o Brasil quanto o Mercosul terão variações positivas nos indicadores econômicos e de bem-estar, de tal forma que suas expansões estão diretamente relacionadas com o grau de abertura comercial realizados na Rodada Doha, evidenciando a importância da Rodada para o Brasil e Mercosul.

No entanto, é de suma importância o argumento de que embora o Brasil e o Mercosul tenham expansões em seus indicadores econômicos e de bem-estar, isso não quer dizer que essas regiões devam adotar qualquer medida de redução tarifária proposta na Rodada Doha.

Uma política de abertura comercial, como as dos cenários analisados no artigo, elevaram a competitividade de muitas commodities agrícolas em detrimento dos setores de manufaturados e serviços, diminuindo a pauta das exportações brasileiras e do Mercosul e consequentemente elevando a vulnerabilidade da balança comercial dessas regiões a efeitos adversos, como a de queda de preços das commodities agrícolas.

Dessa forma, a adoção de reduções tarifárias também tem um caráter perverso sobre o Brasil e o Mercosul, o de provocar a vulnerabilidade externa dessas economias e desconsiderar todo o esforço brasileiro com os programas de substituição de importação que expandiram o parque industrial e a pauta de produtos exportados.

Referências bibliográficas

BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A. Estatística básica. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 231-252, 2004.

CASTRO, E. R.; FIGUEIREDO, A. M; TEIXEIRA, C. T. GTAP: modelo, instruções de uso e aplicação. In: SANTOS, M. L.; VIEIRA, W. C. (Eds). Métodos quantitativos em economia. Viçosa, MG: UFV, 2004. p. 341-373.

CYPRIANO, L. A.; TEIXEIRA, E. C.; Impactos da ALCA e do Mercoeuro no agronegócio do Mercosul. Revista de economia e sociologia rural. Vol. 41, n. 2, abr./jun., 2003.

(14)

DIMARANAN, B. V.; MCDOUGALL, R. A. (Eds.). Global trade, assistance, and

production: the GTAP 5 data base. Center for Global Trade Analysis. Purdue

University, 2002.

HERTEL, T. W. (Ed.). Global trade analysis: modeling and applications. New York: Cambridge University Press, 1997. 403p.

HERTEL, T. W.; TSIGAS, M. E. Structure of GTAP. In: HERTEL, T. W. (Ed.). Global trade analysis: modeling and applications. New York: Cambridge University Press, 1997. 403p.

KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e política. 4 ed. São Paulo: Makron Books, 1999. 809p.

KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e política. 5 ed. São Paulo: Makron books, 2001. 797p.

NASSER, R. A. A OMC e os países em desenvolvimento. São Paulo: Aduaneiras, 2003. 334p.

SODESTERN, B. Economia Internacional. Rio de janeiro: Interciência, 1979. 533p.

VALVERDE, S. R.; ZAUZA, E. A. V.; SILVA, M. L. Impactos dos diferentes acordos de liberalização do comércio internacional no setor florestal brasileiro. Scientia

florestalis, n. 55, p. 117-128, jun. 1999.

VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 6º ed., 778p.

Referências

Documentos relacionados

Este artigo objetiva analisar uma questão ambiental enfocando maximização de eficiência ambiental decorrente da produção na indústria automobilística brasileira Dentre as

Costa (2001) aduz que o Balanced Scorecard pode ser sumariado como um relatório único, contendo medidas de desempenho financeiro e não- financeiro nas quatro perspectivas de

A evolução sócio-cultural dos homens no cotidiano, na vida profissional, no meio - ambiente e, também, na empresa, provocou uma necessidade de mudanças nas regras de

Tendo em consideração que os valores de temperatura mensal média têm vindo a diminuir entre o ano 2005 e o ano 2016 (conforme visível no gráfico anterior), será razoável e

A placa EXPRECIUM-II possui duas entradas de linhas telefônicas, uma entrada para uma bateria externa de 12 Volt DC e uma saída paralela para uma impressora escrava da placa, para

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Com base no trabalho desenvolvido, o Laboratório Antidoping do Jockey Club Brasileiro (LAD/JCB) passou a ter acesso a um método validado para detecção da substância cafeína, à