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O AUXILIADORA DE CAMPOS/RJ COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO DOCENTE. Palavras-chave:Professoras Católicas; Curso Normal; Projeto Educativo Salesiano.

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O AUXILIADORA DE CAMPOS/RJ COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO DOCENTE

LOPES, Ivone Goulart PUC-Rio A pesquisa tem como objeto o projeto educativo das Salesianas na Escola Normal N. S. Auxiliadora de Campos/RJ, e a tessitura da identidade da professora católica: 1937-1961. O período compreende as negociações para a instalação do curso até a publicação da LDB, nº 4.024/61. Este colégio em 1940 teve o curso normal equiparado a Escola Normal do Rio de Janeiro. Experiência pedagógica pioneira de formação de professores católicos, em Campos, no interior norte fluminense. O objetivo é entender o projeto educativo da Congregação através da análise do perfil da Salesiana educadora bem como do processo de construção da identidade da normalista. Perceber as formas de socialização escolar e religiosa que compõem a identidade das discentes. Fontes privilegiadas são os documentos escolares, depoimentos de ex-alunas e antigas professoras, levantamento bibliográfico dentre outros documentos, que caracterizam um acervo importante do ponto de vista da história da educação regional. As fontes advêm do arquivo do Colégio, de três arquivos particulares das províncias das Salesianas (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), do Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa, Barbacena/MG, da Biblioteca Nacional/RJ. Apoia-se na abordagem de François Dubet sobre as profissões que se remetem ao trabalho sobre o outro, que parte do pressuposto de que o trabalho no e sobre o outro nas suas origens, foi concebido como um programa institucional. Em Claude Dubar sobre o processo de profissionalização, entendido como um processo de socialização, que se desenvolve ao longo de toda a trajetória profissional do indivíduo. A identidade profissional das normalistas está marcada pela especificidade do método de socialização das Salesianas o que implicou na internalização/externalização de um ethos católico.

Palavras-chave:Professoras Católicas; Curso Normal; Projeto Educativo Salesiano.

1- Introdução

A escola católica é milenar, e as escolas normais católicas dirigidas por religiosos, em terras brasileiras, são mais que centenárias, contribuíram para o perfil da profissão docente. Fizeram parte da „modernização‟ da escola brasileira. As escolas católicas de religiosas (os) não são idênticas, cada uma traz suas especificidades conforme o carisma fundacional da congregação. Há uma pluralidade de projetos educativos. Esta pesquisa versa sobre o projeto educativo das salesianas1 na escola normal em Campos2/RJ, primeira escola normal das FMA3 no Estado do Rio de Janeiro; período de 1937-1961.

2- Objetivos

Este estudo busca entender o projeto educativo da congregação através da análise do

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católica neste ambiente. Para que isso aconteça é importante: Identificar a práxis do

projeto educativo das irmãs salesiana, do Ginásio e Escola NormalN. S. Auxiliadora de Campos/RJ, na formação da professora dentro do bojo da educação católica. Entender como esta escola, traduziu, mediante suas práticas, seus métodos de ensino, seus saberes, ambiência, o movimento de modernização escolar da época. Identificar o perfil da normalista desta instituição e a constituição de sua identidade profissional produzida ao longo de sua formação, (ethos cristão). Verificar porque o Ginásio e Escola Normal N.S. Auxiliadora se constituiu como um espaço de referência de formação docente na região. Perceber as formas de socialização escolar e, inclusive, religiosa que compõem a identidade das discentes selecionadas para a análise, o ethos religioso que impregnava (se impregnava), a configuração social, a experiência profissional.

3- Metodologia & Referencial Teórico

Trata-se de uma pesquisa sócio-histórico, na linha da história das instituições educativas de formação de professores, na perspectiva de Magalhães (1999), Antonio Nóvoa (1992), Mogarro (2001), que têm na instituição escolar seu foco de estudo, estabelecendo um referencial teórico metodológico para análise da organização educativa, enquanto tempo e espaço de produção de práticas, através da ação de seus atores, professores, alunos, gestores e funcionários.

Dubet em seu livro,El declive de la institución (2002), traz como tema central o trabalho realizado no/sobre o outro, entendido dentro de uma transmissão de hábitos, costumes,

valores e formas de ação e disposições adquiridas pelo processo de socialização. Para

ele, o programa institucionalda modernidade seria a tentativa de combinar a

socialização dos indivíduos e formação de um sujeito em torno de valores universais,

para articular a sua integração social e sistêmica na sociedade.

Jean Claude Dubar (1997) na sua abordagem sociológica sobre o processo de profissionalização, entendido como um processo de socialização, que se desenvolve ao longo de toda a trajetória profissional do indivíduo.

Quanto à análise documental,a pesquisa nos arquivos permitiu o levantamentode uma ampla e variada documentação, diversificando a abrangência do corpus documental, que inclui a Legislação Educacional sobre o Colégio, as Crônicas, os Verbais, as Cartas Circulares, Atos dos Capítulos Gerais, Jornais e Fotografias.Em relação ao procedimento de análise destes documentos, busco identificar núcleos conceituais,

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palavras recorrentes que permitiram elaborar categorias catalizadoras e organizadoras das informações.

Os estudos dos arquivos escolares encontrados nos levaram aos diferentes sujeitos envolvidos na tessitura da história da Escola Normal do Auxiliadora. Foram convidadas a participar desta pesquisa seis antigas professoras e 17 ex-normalistas que aceitarem, contar sua trajetória escolar e profissional, utilizando-se da trajetória de vida, para elucidar e dar sua contribuição nesta pesquisa. Como diz Jacques Ozouf (1973), “os professores contam a sua história”, parece tentador solicitar às professoras que falem de si mesmas, “arquivos provocados” no dizer de Ozouf.

As categorias sobressalentes: o trabalho no/sobre o outro, o programa institucional, a socialização, profissionalização e identidade das normalistas na ambiênciacatólica, salesiana, a concepção Salesiana de „cuidar‟, prevenir, assistência-presença.

Há toda uma gama de significados no termo 'prevenir': proteger, prever, atender, chegar antes, preceder, antecipar, preocupar-se, acolher, pré-avisar, prover, evitar que os jovens cometam pecado, etc. É a categoria do cuidado, próprio do carisma salesiano. Dom Bosco compartilhava da concepção de que a educação é uma forma de prevenção da marginalização e de melhoria da sociedade, como outras obras de promoção social, de beneficência ou de assistência. Num sentido mais restrito, no interior da prática pedagógica, a prevenção era entendida em contraposição à repressão.

4- Resultados e discussão

A reflexão do cuidado sobre o outro, da socialização e profissionalização das moças realizada nessa escola ocupa uma espécie de posição central. O “espírito” da ação educativa na escola, o poder do discurso religioso, as prescrições moldadas por uma moral católica, o ritual estabelecido nesse jeito de educar, são elementos pelos quais se trançam os fios da tessitura da educação feminina salesiana na Escola Normal do Auxiliadora de Campos. As educadoras colocam em prática o programa institucional, o projeto educativo salesiano.

Buscou entender a construção da identidade institucional, o seu programa institucional, (seu projeto educativo), “o trabalho realizado no/sobre o outro”, entendido dentro de uma transmissão de hábitos, costumes, valores e formas de ação e disposições adquiridas pelo processo de socialização no dizer de Dubet (2002) e de Dubar (1997). As questões quepermearam a pesquisa foram os questionamentos referentesa criação da escola de professoras do Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora para garantir a formação

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cristã das professoras primárias no interior fluminense. O porquê esta escola foi criada se já havia uma escola normal pública na cidade e quais foram as estratégias utilizadas para ocupar seu espaço e a legislação pertinente a essa escola.

Foi possível confirmar as hipóteses levantadas. Ela valia-se dos pressupostos religiosos e congregacionais, construía o seu projeto pedagógico a partir de um amalgamento de propostas da pedagogia católica com as inovações educacionais da época, o objetivo era garantir a formação da professora primária comethos cristão.

A identidade profissional das entrevistadas - seis antigas professoras e dezessete ex-normalistas -, estão marcada pela especificidade da socialização das Salesianas o que implicou na internalização/externalização de um ethos católico salesiano.Adotavam associações religiosas e de cunho social caritativo.

Ao longo da pesquisa foi possível identificar três fases distintas de trajetória desta escola de professoras, no período temporal demarcado entre 1937-1961. A primeira (1937-1940) se caracteriza pela luta para a criação do curso normal, quando a lei não permitia esta criação numa cidade que já houvesse outra escola normal, e Campos já possuía a escola normal oficial que funcionava no Liceu de Humanidades; a segunda fase (1940-1944) aconteceu a equiparação e inicio do curso, somente para alunas internas; e a terceira (1945-1961)é permitida a entrada das alunas externas, acontece a promulgação da Lei Orgânica do Ensino Normal em 1946 e se conclui com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1961.

A escola de professoras embora mantendo sua pedagogia católica, salesiana, em que instrução e educação estavam fortemente marcadas pela religião, moral e civismo, construiu um caminho bastante peculiar, em que a tensão entre o tradicional e o moderno constantemente se mantiveram presentes, como por exemplo, o controle disciplinar, a presença vigilante em vista do bom costume e prática de piedade e a preocupação e adoção de métodos pedagógicos próprios da modernidade (métodos que privilegiavam o interesse e o cotidiano da criança) que fossem em tudo idênticos ao oficial, para que as formandas tivessem uma formação à altura das professoras que eram formadas pelas escolas normais oficiais, especialmente a Escola Normal de Campos. O percurso dos professores pode-se verificar que a maioria das egressas do Auxiliadora, de 393 formadas, 80,92% seguiu a docência no magistério primário, várias em universidades.

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O modelo pedagógico dos cursos normais católicos no Estado do Rio de Janeiro durante os anos 1937/1961 institui um paradigma que necessita ser investigado, caso se queira entender de que forma essa modalidade de ensino se fixou em nossa educação brasileira. Portanto, esta pesquisa busca uma possibilidade de reflexão sobre essa questão, cujo foco encontra-se no modo como certos docentes e discentes vivenciaram essa experiência.

6- Referências

BARROSO João, A história das instituições escolares: A escola como objecto de estudo. In: A História da Educação em Portugal, balanços e perspectivas (org) Joaquim Pintassilgo, Luis Alberto Alves, Luis Grosso Correia, Margarida Louro Felqueiras. Ed. ASA, Lisboa, Portugal, 2007. p. 147-177.

DUBET, François. Le Declin de l’Institution. Paris: Éditions du Seuil, 2002.

DUBAR, Claude. A socialização. Construção das identidades sociais e profissionais. Porto: Porto Editora, 1997.

MAGALHÃES, Justino. (1999). Breve apontamento para a História das Instituições

Educativas. IN: SANFELICE, José Luis, SAVIANI, Dermeval e LOMBARDI, José

Claudinei. História da Educação; perspectivas para um intercâmbio internacional. Campinas: Autores Associados. p.67-72.

MOGARRO, Maria João. A formação de professores no Portugal contemporâneo – a Escola do Magistério Primário de Portalegre. Tese de doutoramento. Universidade de Lisboa/ Universidade da Extremadura, 2001.

NÓVOA, Antonio (coord.). As organizações escolares em análise. Lisboa. Publicações D. Quixote, 1992.

OZOUF, Jacques. Nous les maîtres d’école. Paris: Julliard/Gallimard, 1973 (texto traduzido por Ana Waleska P. Mendonça).

1

Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), mais conhecidas como Salesianas, congregação fundada por João Bosco e Maria Domingas Mazzarello, em 1872, de origem italiana. Chegaram ao Brasil em 1892 (S. Paulo) e em Campos em 1925.

2

Refere-se à atual cidade de Campos dos Goytacazes/RJ, que até 16/10/1986 era somente Campos. 3

As Salesianas fundaram várias escolas normais, deram origem ao processo educacional feminino em muitas cidades brasileiras.

Referências

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