Física de Semicondutores
Aula 14
Transporte elétrico IV
Magneto-transporte
Referência:
Transporte elétrico em semicondutores na presença de campo magnético
Aplicação de campos magnéticos é ferramenta importante para investigação de estruturas e materiais semicondutores.
Tratamento clássico
Suposições: banda isotrópica, material não-magnético, aproximação de
tempo de relaxação
Equação de movimento para um elétron:
2 2*
*
d r
m dr
v
m
e
F
B
dt
dt
No estado estacionário 2 20
d r
dt
e obtemosm
*
v
d
e
F
v
dB
Temos então um sistema de três equações ligando as componentes da velocidade e dos campos elétrico e magnético. Colocando o campo
, ,*
v
d x xv
d y zm
e
F
B
, ,*
v
d y yv
d x zm
e
F
B
,*
v
d z zm
e F
Multiplicando as equações pela carga e a densidade de elétrons,
transformamos as eqs para velocidade em eqs para os componentes da
densidade de corrente elétrica
j
n
e
v :
d
2 * * z x x y ne eB j F j m m 2 * * z y y x ne eB j F j m m 2 * z z ne j F m A condutividade elétrica com campo
magnético zero é 2 0
*
ne
m
A frequência de ciclotron é definida por
*
z ce B
m
As equações para as componentes da densidade de corrente são então:
0 x x c y j F j
0 y y c x j F j 0 z z j F Ou seja,j
F
A condutividade agora é um tensor de segunda ordem, o tensor
magneto-condutividade:
0 2 21
0
1
0
1
0
0
1
c c c c
As soluções desse sistema de equações são:
2 0
1 1 x x c y c j F F
2 0
1 1 y c x y c j F F 0 z z j F
0 0 2 2 0 0 2 2 00
1
1
0
1
1
0
0
c c c c c c
Efeitos do campo magnético
2. Efeito Hall: o campo magnético gera corrente elétrica perpendicular ao
campo elétrico aplicado (componentes fora da diagonal do tensor magnetocondutividade).
1. Magneto-resistência: a condutividade nas direções x e y são diminuídas
pelo fator 1/[1+(
c
)2], ou seja, a resistência elétrica perpendicular ao campoEfeito Hall
• Força de Lorentz: elétrons (carga negativa) que vão de 4 para 3, sofrem
força magnética dirigida de 1 para 2.
• Se o circuito está aberto na direção x, a acumulação de elétrons torna o
lado 2 negativo em relação ao lado 1: tensão Hall.
• Em termos do desenvolvimento anterior, a corrente elétrica na direção x,
na presença do campo magnético orientado ao longo de z, gera corrente elétrica na direção y.
• Se os portadores de carga forem positivos (buracos), o lado 2 ficará
positivo em relação ao lado 1: sinal da voltagem Hall permite verificar se condução é por elétrons ou por buracos.
0 x x c y j F j
0 y y c x j F j 0 z z j FVoltando nas equações para a corrente elétrica,
e fazendo jy = 0 e jz = 0 (circuito aberto nessas direções), temos:
0 x x j F
0 c x y j F Fz 0 A voltagem Hall é
0 2 * / * 1 c x y x x j F e B j m n e m B j n e O coeficiente Hall é definido por
1 y H x F R j B n e Medida da voltagem Hall permite determinar o sinal dos portadores de carga
(elétrons ou buracos) e a concentração destes,
n
.Em amostras com condução mista, elétrons e buracos, pode-se mostrar (Yu
e Cardona) que: 2 2 n p n p H n p n p n n R e n n
A expressão acima pode ser facilmente alterada para quaisquer dois
portadores de carga de mobilidades diferentes, por exemplo elétrons nos
vales L e
do GaAs.Expressões para o coeficiente Hall no caso de massas efetivas anisotrópicas
e/ou tempos de relaxação anisotrópicos também podem ser encontradas1.
Até agora, cálculo para um único elétron (de massa m* e tempo de relaxação
.Efeito Hall considerando a distribuição em energia dos portadores de carga
Como os portadores de carga não tem todos a mesma energia, é
necessário levar em conta essa distribuição em energia, calculando a densidade de corrente média:
onde a média é feita considerando a função distribuição em energia dos portadores:
0 0 f E j E dE j f E dE
2 0
1 1 x x c y c j F F
2 0
1 1 y c x y c j F F 0 z z j F
2 3 2 2 2 2 * 1 * 1 x x z y c c ne ne j F B F m m 2 0 * z z z ne j F F m
3 2 2 2 2 2 * 1 * 1 y z x y c c ne ne j B F F m m As equações ficam então como:
Para campos magnéticos baixos, tais que (
c
)2 << 1, podemos aproximar1+(
c
)2 1 e 2 3 2 2 * * x x z y ne ne j F B F m m 3 2 2 2 * * y z x y ne ne j B F F m m De onde obtemos 2 2 2 2 2 2 1 1 y z x c F B j ne
Lembrando que estamos na aproximação de campos magnéticos baixos: 2 2 1 y z x F B j ne
Ou seja, 2 2 1 y H z x F R B j ne
O fator 2 2 H r
é chamado de fator Hall.
Assim: H H r R ne
com o fator Hall sendo determinado pelos mecanismos de espalhamento presentes na amostra.
Lembrando da dependência em energia dos tempos de relaxação para os diversos mecanismos de espalhamento determinados anteriormente,
podemos calcular o fator Hall.
Para espalhamento por fônons acústicos, via deformação de potencial:
2 2 1,18. H r
Para espalhamento por impurezas ionizadas:
2 2 1, 93. H r
Em resumo:1
~ 2
Hr
Pode-se mostrar (Yu e Cardona) que no limite de campos magnéticos intensos, (
c
)2 >> 1, tem-se rPortanto, a medida da voltagem Hall permite a determinação do sinal dos portadores de carga mas o valor exato da concentração destes fica
dependente do conhecimento do fator Hall.
Medidas na mesma amostra do coeficiente Hall, RH , e da condutividade
elétrica em campo zero,
0 , permitem determinar a mobilidade Hall:H H r R ne 2 0
*
ne
n e
m
0 H RH
A mobilidade Hall difere da mobilidade definida por
v
d
F
pelo fator Hall:
H rH
Todo o desenvolvimento feito até agora para o efeito Hall supõe uma
geometria ideal, ou seja, uma amostra em forma de barra retangular onde se pode medir sem ambiguidades os valores de corrente e tensão em
direções perpendiculares.
Problema: nem sempre se tem, ou se pode obter, amostras com essa geometria ideal.
Método de van der Pauw
• amostra de formato arbitrário
• quatro contatos pequenos (em
relação à distância entre eles) colocados na amostra.
• L. J. van der Pauw (Philips
Tech. Rev. 20, 220, 1958)
A resistividade
da amostra (o inverso da condutividade) também pode ser medida pelo método de van der Pauw.É necessário medir duas resistências:
41 41,23 23
V
R
I
e 24,13 24 13V
R
I
A resistividade elétrica é dada pela expressão
onde f é um fator de correção que depende da razão entre as duas
resistências medidas, caindo de 1 quando a razão é 1 até 0,7 quando a razão entre as resistências é 10 e para 0,40 quando essa razão é 100 (ver artigo do van der Pauw citado acima).
Fator de correção para a expressão da resistividade van der Pauw
Minimizando o efeito dos contatos elétricos na medida do efeito Hall e resistividade pelo método de van der Pauw:
“Contribuição geométrica” para a magnetoresistência
O cálculo da magnetoresistência que fizemos supõe uma barra retangular de seção reta pequena, com a corrente fluindo uniformemente.
Se a amostra tem geometria diferente, a não-uniformidade das linhas de corrente leva à modificações na forma em que a resistência muda com o campo magnético. Esta é a chamada “contribuição geométrica”.
Esta contribuição pode ser muito grande:
O efeito é máximo para amostras do tipo Corbino.