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Adesão, Formação e Seleção Partidária de Jovens: Algumas tendências do Rio Grande do Sul

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Academic year: 2021

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Adesão, Formação e Seleção Partidária de Jovens: Algumas tendências do Rio

Grande do Sul

Amanda Machado1

Resumo

O recrutamento partidário é um fenômeno abrangente, composto de pelo menos três etapas integradas: (1) a atração de novos membros, (2) a formação de quadros e (3) a posterior seleção destes para a ocupação de postos. A proposta desta pesquisa é analisar o processo de recrutamento dos jovens pelos principais partidos do país [PP, DEM, PSDB, PMDB, PDT, PCdoB e PT]. Para tal, propomos uma tipologia de recrutamento partidário que articula as dimensões estratégias de formação política no interior da organização a modalidades e tipos de adesão de filiados jovens aos partidos. A avaliação é feita com base em um levantamento amostral por ‘auto-seleção’ com 100 jovens, de 18 a 34 anos, filiados aos partidos em questão. Os primeiros resultados revelam o predomínio de uma estratégia pouco direcionada a formação política. Aliado a isso identifica-se uma lógica fechada de recrutamento novos membros, os quais procuram o partido para se filiar por interesses programáticos ou são atraídos por correligionários por serem considerados interessantes para a agremiação.

Palavras-chave: Recrutamento Partidário; Juventude; WebSurvey Introdução

O recrutamento partidário é um fenômeno abrangente, composto de pelo menos três etapas integradas: (1) a atração de novos membros, (2) a formação de quadros e (3) a posterior ocupação de postos, seja na burocracia organizacional ou estatal, seja nos parlamentos ou em chefias de governo. Porém, as pesquisas nacionais e internacionais sobre esse tema costumam concentrar suas investigações apenas num dos aspectos da última etapa desse processo a seleção de membros para cargos eletivos e suas respectivas carreiras legislativas (eg.: PREWWIT 1970; SELIGMAN 1971; BLACK 1972; CZUDNOWSKI 1975, 1985; EULAU and CZUDNOWSKI 1976; LOEWENGERB and PATTERSON 1979; MEZEY 1979; RANNEY 1965, 1981; MATTHEWS 1985; FOWLER 1993; EPSTEIN 1980; GALLAGHER and MARSH 1988; NORRIS et. al 1990; NORRIS and LOVENDUSKI 1995; CAMP 1995, 2008; LAWRENCE, NIEMI, NORRIS 1996,

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFRGS. E-mail: amanda.machado@ufrgs.br.

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1997, 2006; LANGSTON 1997; MARTZ 1999; KATZ 2001; RAHAT and HAZAN 2001; PENNINGS and BUQUET 2001; HAZAN 2002; SIAVELIS 2002, 2008; HELMKE and LEVITSKY, 2004). Com essa perspectiva, os estudiosos costumam recorrer a teorias e ferramentas metodológicas da sociologia, psicologia, economia e ciência política com o propósito de analisar os obstáculos sociais, político-institucionais e motivacionais para que o recrutamento legislativo ocorra de forma aberta e plural.

Seguindo esse modelo, as investigações realizadas no contexto brasileiro desenvolveram-se em três frentes. Numa delas, os pesquisadores focaram na carreira politica de parlamentares, buscando compreender seus padrões de ingresso e de trajetória político-profissional em função da posição social, de recursos econômicos e estratégias institucionais (MICELI 1991; MARENCO 1997, 2002, 2005, 2013; CORADINI 2001; MÜLLER 2005; MARENCO e SERNA 2007). Buscaram também entender o uso tático que os deputados fazem do mandato parlamentar visando à conquista de cargos no Poder Executivo (SAMUELS 2003, 2008; POWER and MOCHEL 2008). Em outra frente, os pesquisadores se preocuparam com os mecanismos e procedimentos utilizados pelos partidos, no âmbito de sua organização interna, para a seleção de seus candidatos às eleições legislativas e executivas (ARAÚJO 2005; BRAGA, VEIGA e MIRÍADE 2009; MÜLLER 2005; PERISSINOTTO e BOLOGGNESI 2009; PERISSINOTTO e MIRÍADE 2009; BRAGA e BOLOGNESI 2013; BRAGA e AMARAL 2013; BOLOGNESI 2013). Na terceira frente, os analistas procuraram identificar os perfis socioeconômicos e profissionais dos políticos, em busca de alguma associação entre seu background social e suas respectivas posições ideológicas, e também detectar alguma mudança na estrutura sociológica na composição do Legislativo (FLEISCHER 1981; LOVE 1982; LOVE and BARICKMAN 1991; RODRIGUES 2002, 2006; CORADINI 2007; CODATO e COSTA 2013).

Desse modo, como já observado por Perissinotto e Miríade (2009, 302), “em geral, no Brasil, as pesquisas sobre recrutamento são análises do perfil socioeconômico e profissional dos que ‘chegaram lá’, ou seja, dos ocupantes dos postos mais importantes do sistema político”. Isso significa que as pesquisas realizadas até o momento no país não abordaram nenhum aspecto das etapas iniciais e intermediárias desse processo a filiação partidária e a formação de novos quadros no interior da organização. Essa lacuna é ainda maior se considerarmos o recrutamento de jovens pelos partidos políticos, inclusive no contexto internacional (cf. BRUTER and HARRISON 2009), pois, nesse caso, não dispomos de nenhuma informação sobre as estratégias partidárias para atrair

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jovens para suas fileiras e tampouco conhecemos as possíveis motivações que os levam a aderir a algum partido.

Portanto, apesar da incontestável contribuição empírica trazida por diversos estudos sobre o tema, podemos dizer que persistem importantes lacunas nessa agenda de pesquisa. Sua superação é necessária porque o recrutamento partidário, de modo geral, e o de jovens, em específico, está relacionado diretamente com a renovação das lideranças políticas, algo imprescindível para a longevidade dessas organizações e, por extensão, da própria democracia representativa. Sem o recrutamento político-partidário dos jovens, visando ao seu treinamento para o exercício de alguma função enquanto políticos profissionais, os partidos ficam sem um dos principais meios de renovação de suas elites, passando a contar apenas com a atração de líderes já formados em outras instituições, como sindicatos e ONGs, ou então de outsiders do sistema de representação de interesses. Contudo, os partidos não podem se restringir simplesmente ao recrutamento de lideranças já formadas alhures ou de outsiders para renovar seus quadros e promover a “circulação de sua elite”. Sem formar novas lideranças que sejam, simultaneamente, lideranças novas, os partidos poderão se tornar menos responsivos em relação às mudanças geracionais e, por extensão, aos valores e demandas emergentes.

Não é por acaso que os jovens vêm se tornando o objeto das maiores preocupações nos países em desenvolvimento e, em grande medida, nos países industrializados e de democracia mais antiga. Torna-se cada vez mais perceptível que, se a autoridade governamental, as instituições políticas consolidadas, os poderes constitucionais, os partidos e as eleições perderem sua legitimidade perante os jovens, recrudescerá cada vez mais o desencantamento geral dessa camada social em relação às organizações e aos processos políticos. Consequentemente, se as instituições de intermediação dos indivíduos com o Estado falharem na sua função de recrutamento e socialização, os jovens podem ser levados à rebeldia crescente contra o próprio regime democrático, começando por gradativos níveis de desinteresse pelos canais institucionalizados de envolvimento e participação até resultar na adesão a movimentos de ruptura radical com os princípios dessa forma de governo.

A absorção dos jovens na política e a renovação dos quadros políticos, ademais, não é crucial apenas para a permanente reconstrução da legitimidade da democracia, mas igualmente para a reprodução das organizações partidárias mesmas ao longo do tempo. Se os jovens se distanciarem

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completamente das organizações partidárias, estas, em princípio, converter-se-ão em oligarquias gerontocráticas até que, eventualmente, todos seus membros venham a se extiguir em decorrência da baixa taxa reprodução. Sem a renovação dos quadros político-partidários, teríamos o esgotamento e a falência desse tipo de organização. O problema disso é que, se Schattschneider (1942) estiver correto na sua constatação de que as democracias modernas são democracias partidárias, a esclerose dos partidos corresponderá à esclerose desse regime político.

Com tal perspectiva, nossa proposta neste trabalho é dar início a uma agenda de pesquisa cujo objetivo maior é a superação desse hiato nos estudos sobre recrutamento partidário. Para isso, intentamos analisar as etapas iniciais desse processo, com o foco voltado para os jovens. A proposta mais geral desta pesquisa é analisar o processo de recrutamento dos jovens pelos principais partidos do país [PP, DEM, PSDB, PMDB, PDT, PCdoB e PT] em uma única unidade da federação, o Rio Grande do Sul. Seguindo um viés analítico que combinam aspectos da abordagem organizacional e institucional, procuraremos identificar as formas de filiação e os espaços e mecanismos internos às organizações destinados ao treinamento e à participação dos jovens filiados nos processos decisórios, na burocracia e na direção desses partidos. Em termos comparativos, a análise procurará classificar as tendências no que se refere às estratégias de recrutamento de jovens.

A avaliação é feita com base em um levantamento amostral de 100 jovens filiados aos partidos em questão. Os resultados apresentados neste trabalho correspondem às primeiras análises dos dados coletados. Portanto não foram esgotadas todas as características da amostra, bem com as possibilidades de associação entre variáveis. Sobre a coleta das informações, os procedimentos serão detalhados no terceiro segmento desta comunicação. Como se trata de um problema ainda não investigado no contexto brasileiro, nosso estudo tem necessariamente um caráter exploratório e descritivo. Sem literatura de referência e qualquer modelo de análise ou procedimento metodológico já consolidado, coube-nos a tarefa de elaborar uma definição conceitual mais abrangente do fenômeno do recrutamento partidário e uma tipologia dedutiva que serviu de parâmetro para o enquadramento dos dados primários levantados.

Para fixar uma temporalidade correspondente à juventude no contexto dos partidos políticos, tem-se presente os debates sobre esse segmento como categoria de análise nas ciências sociais. As definições de juventude, inclusive no seu aspecto cronológico, relacionam-se ao contexto social,

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político, cultural, econômico e institucional específico do jovem2. Por isso, encontram-se variações de faixas etárias entre estudos, conforme o tema e objeto. No âmbito das políticas públicas no Brasil, por exemplo, o Estatuto da Juventude (Lei 12852/2015) e a Secretaria Nacional de Juventude reconhecem o intervalo de 15 a 29 como a população juvenil. Essa extensa faixa desdobra-se em três periodizações: a do jovem adolescente (15-18), do jovem (18-24) e do jovem adulto (25-29). Já as Nações Unidas delimitam a fase juvenil à faixa dos 15 aos 24 anos; e a Organização Mundial da Saúde, por sua vez, considera jovens aqueles situados no período de 10 a 19 anos. No entanto, diante da necessidade de definir um período que compreenda a juventude em contextos partidários e das perspectivas teóricas existentes entre os estudos nesse âmbito (CALIARI, 2009), o presente trabalho adota a faixa etária de 18 a 34 anos. Convém subdividi-la em 18-20 anos, 21-24 anos e 25-34 anos3, de acordo com as restrições de idade mínima para candidatar-se a cargos eletivos e com os parâmetros da população de filiados jovens fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presente trabalho trata primeiramente de uma breve apanhado sobre a noção de recrutamento político e as especificidades do recrutamento partidário na literatura política. Em seguida, apresenta o nosso modelo de análise tipológica, pontuando as estratégias de formação política no interior da organização, as modalidades e os tipos de adesão de filiados jovens aos partidos, articulando estas dimensões na tentativa de melhor apreender os processos de recrutamento. Na sequência, esboçamos as primeiras análises do material empírico, de maneira exploratória e ainda parcial, nas quais já é possível obter em linhas gerais como os filiados aproximam-se, são formados politicamente e acessam posições de relevo, enquanto membros da juventude.

Proposta Tipologia de Recrutamento Partidário

Recrutamento Partidário: Definição e Operacionalização Conceitual

2 Na tentativa de transcender explicações da condição juvenil a partir de argumentos que atribuem uma essência a este

segmento, tais como revolucionária, apática, violenta entre outras, desenvolvem basicamente três correntes sociológicas de análises – geracional, classista e das culturas juvenis (PAIS, 1993).

3 A idade mínima para candidatar-se a Vereador é 18 anos, a Deputado Estadual e Federal, Prefeito e Vice-prefeito, 21

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O recrutamento político é um processo complexo e bastante amplo, que abrange uma série de posições relacionadas com o desempenho de funções na estrutura de poder de um modo geral. Consequentemente, o recrutamento político envolve desde a burocracia de Estado até a variedade de cargos eletivos e não-eletivos vinculados aos poderes constitucionais. Em outros termos, conforme observa Marvick (1968, p. 1634), “(...) political recruitment refers to institutional processes by which political jobs beyond the citizenship level are filled.” No âmbito desse processo, desenvolvem-se as carreiras políticas, sendo que “political careers”, continua o autor, “are patterns of incumbency in these political offices and roles”.

Nesse sentido, o recrutamento partidário deve ser compreendido como parte desse processo mais abrangente do recrutamento político, sendo, inclusive, mais circunscrito do que o processo mais geral de socialização política ou do que a concepção de cultura política. Sendo mais circunscrito, o recrutamento partidário não promove a formação cultural dos indivíduos, pois jovens e adultos já tiveram experiências anteriores têm seus valores, gostos, crenças, interesses e preferências, os quais, provavelmente, foram as forças motivadoras para sua adesão a certo partido político. Não obstante, o recrutamento partidário de jovens consiste na atração de novos membros para sua formação política e seu treinamento prático, com vistas a uma atuação futura como político profissional, no sentido dado por Weber (1992). Afinal, conforme observado por Marvick (1968, p. 1635), “presumably, by giving recruits an inside view of a political process, it trains them in appropriate skills and furnishes them with political cognitive maps and perspectives”.

Assim, o recrutamento partidário é a parte essencial da formação de novas lideranças e compreende um amplo e longo processo que pode ser dividido em três etapas: (a) filiação, (b) formação/treinamento e (c) ocupação de alguma posição de importância para o partido, seja fora ou dentro dele.

Mas se, por um lado, para ser selecionado para todas as etapas do percurso de uma carreira como político profissional, um indivíduo deve se tornar membro de um partido, não necessariamente ele precisa ter sua formação política no interior dessa organização, uma vez que há uma segunda alternativa para o recrutamento, mesmo quando tomado nesse sentido processual amplo. Ao invés de investir na formação de novos quadros dentro da própria organização, o partido pode recorrer a uma estratégia que “queima” essa segunda etapa do recrutamento, procurando atrair para suas fileiras indivíduos já formados em outras organizações políticas, como os sindicados e as

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diversas formas de associações civis. Isso quer dizer que os partidos têm a sua disposição duas estratégias distintas de recrutamento. Numa delas, investe-se no recrutamento intensivo, cumprindo-se todas as três etapas que compõem escumprindo-se processo; na outra, investe-cumprindo-se num tipo de recrutamento que é extensivo, pois se trata de atrair novos membros que já foram formados em outras organizações, tornando desnecessária a etapa intermediária do processo. O quadro abaixo ilustra esses dois tipos de estratégia.

Quadro 4 - Estratégias Disponíveis para o Recrutamento Partidário

Recrutamento Etapas

Intensivo A  B  C

Extensivo A  C

Fonte: Elaboração própria

Logicamente, o recrutamento extensivo é menos propenso a atrair jovens de um intervalo mais reduzido dessa faixa etária, uma vez que sua formação política ainda não ocorreu e a etapa da seleção é o objetivo final da filiação do jovem ao partido. Mas, como podemos considerar jovens os indivíduos entre 16 e 35 anos,4 é possível que aqueles que pertençam a um intervalo um pouco mais elevado, digamos, acima dos 25 anos, possam ser recrutados desse modo, ou mesmo pode ser este o motivo da juventude no contexto partidária ser composta predominantemente por “jovens adultos”. O recrutamento intensivo, por sua vez, exige maior esforço e dispêndio de recursos, mas pode proporcionar a formação de lideranças realmente comprometidas com o partido e com grande legitimidade interna, diante dos membros, da burocracia e da direção. Por isso, o partido não pode relegar todo seu processo de renovação unicamente ao recrutamento extensivo. Parte substantiva da renovação de seus quadros dependerá, forçosamente, do recrutamento de jovens que deverão ser atraídos para a militância partidária e a dedicação profissional à política, seja como dirigente no interior da organização, seja como ocupante de cargo representativo ou de cargo na burocracia estatal. Nesse caso, os partidos devem investir em estratégias que sejam eficientes para atrair a juventude para seus quadros, assim como em mecanismos de formação política e na abertura de espaços para sua participação nas instâncias decisórias e, assim, para sua ascensão na hierarquia organizacional.

4 As justificativas e os critérios para a identificação de jovens com essa faixa etária serão apresentados mais adiante, na

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Mas, de um modo ou de outro, o recrutamento é uma condição necessária à seleção para cargos de direção ou de representação. Cada partido pode adotar uma das duas formas de recrutamento ou ainda investir numa combinação das duas – que parece ser a suposição mais realista. A única coisa que um partido não deve fazer é deixar de recrutar novos quadros para futura posição de liderança, sob pena de levar a organização a se esvanecer devido à carência de novas elites que consigam comandar o partido e atrair o apoio dos eleitores.

A implementação dessas duas estratégias, por sua vez, pode contemplar duas modalidades específicas de incorporação de novos membros nos partidos: (1) recrutamento “fechado” ou (2) recrutamento “aberto”. Quando é “fechado”, o recrutamento se dá de maneira endógena ao próprio partido, geralmente buscando-se a integração dos filhos e parentes de membros já antigos. Algumas vezes, esse caráter endógeno pode se manifestar em relação ao sistema político mais amplo, ou seja, filhos e parentes de políticos são recrutados por partidos diferentes de seus familiares. Sendo assim, o recrutamento não é fechado no caso do partido per si, mas da elite política estabelecida. Em princípio, casos como esses são possíveis, mas, provavelmente, serão raros. Quando o recrutamento é “aberto”, ele ocorre de forma exógena ao partido e/ou ao sistema partidário, ou seja, não envolve indivíduos que tenham relação de parentesco próximo com membros antigos de qualquer partido em operação naquele sistema representativo. O quadro abaixo sintetiza essas modalidades de recrutamento.

Quadro 5 - Modalidades de Recrutamento de Novos Membros

Modalidade Característica

Recrutamento Aberto

Sem Parentesco Próximo com Membros Antigos da Elite

Partidária

Recrutamento Fechado

Parentesco Próximo com Membros Antigos da Elite

Partidária Fonte: Elaboração própria

Em ambas as modalidades de recrutamento, a absorção de novos membros, ou seja, sua filiação, pode se dar de duas formas: por captação e por recepção. Quando ocorre por captação há uma política proativa do partido que atua de modo deliberado na busca de novos membros, com ou sem experiência prévia. Nesse caso, os partidos podem atrair membros de duas formas: por cooptação ou por convicção. Quando o membro é atraído por algum interesse conjuntural, visando

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a algum benefício circunstancial associado ao partido, temos um processo de recrutamento por cooptação. Esse indivíduo, muito provavelmente, já estava vinculado a outra organização política, partidária ou não, e portanto possuía alguma experiência e certo treinamento político. Se a atração envolver algum tipo de identificação com os objetivos, as metas, o programa ou a ideologia do partido, então, esse processo de recrutamento será por convicção. Nesse caso, um membro potencial do partido será convencido de que somente como membro dessa legenda será capaz de assegurar a defesa de certos valores e determinadas políticas.

Para os casos em que o partido simplesmente recebe novos membros como resultado da iniciativa deles próprios, e não da atuação proativa da organização com a finalidade de recrutar adeptos, temos a filiação por recepção, a qual também contempla duas formas de ocorrência. Na primeira delas, o novo membro toma a iniciativa de se filiar ao partido em decorrência de algum interesse conjuntural e pragmático, como ter uma legenda que facilite sua candidatura em determinada eleição, por exemplo. Esse tipo de filiação se dá por simples associação. Quando os novos membros espontâneos se filiam ao partido porque se identificam com ele, com suas lideranças, seu programa, suas políticas, temos então uma recepção por identificação. As filiações por cooptação e por associação geralmente tem como motivação interesses meramente circunstanciais e pragmáticos, seja dos partidos, dos novos filiados ou, como é mais comum, de ambos. As filiações por convicção e por identificação, ao contrário, são motivadas por interesses mais duradouros e programáticos, relacionados com alguma semelhança na visão de mundo dos novos filiados e dos partidos. O quadro abaixo sintetiza essas formas de atração de novos filiados.

Quadro 6 - Formas de Atração de Novos Membros

Motivação Captação

[Atuação Proativa do Partido]

Recepção

[Atuação Reativa do Partido]

Interesses

Circunstanciais Cooptação Associação

Interesse pelo Programa do

Partido

Convicção Identificação

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Com relação à experiência prévia de participação em outras organizações, incluindo-se os partidos concorrentes, é de se esperar que as filiações por cooptação, associação e convicção ocorram com indivíduos que já possuam alguma trajetória e formação política. Nesse caso, tais filiações corresponderão às formas de recrutamento extensivo. Recrutamentos intensivos deverão, por sua vez, corresponder às filiações por identificação, atingindo indivíduos sem experiência política prévia de participação em alguma organização política. Em qualquer um dos casos, o recrutamento pode ser aberto ou fechado.

Presumivelmente, o recrutamento de jovens pode ser do tipo intensivo por identificação ou do tipo extensivo por convicção, assim como é de se esperar recrutamentos abertos e fechados. No caso dos recrutamentos fechados, ou seja, a “circulação das elites” realizada de forma endógena às famílias com alguma tradição ou trajetória política, é mais provável que os recrutamentos sejam intensivos por identificação, no caso dos jovens. Obviamente, indivíduos adultos que pertençam a alguma família tradicional nessa atividade ou “clã” político podem continuar a ser recrutados pelos partidos, especialmente os concorrentes daqueles aos quais esses indivíduos são filiados, mas essa atração ocorrerá por recrutamento extensivo [por cooptação, associação ou convicção] de políticos com alguma experiência prévia e que dispensam a etapa de formação/treinamento. Com os jovens, esse tipo de recrutamento também pode ocorrer, mas em menor escala. Abaixo, segue um quadro que resume a tipologia.

QUADRO 7. Tipologia do Recrutamento Partidário

Interesses Recrutamento Intensivo Recrutamento Extensivo Experiência Prévia

Circunstanciais Cooptação [Ação Proativa*] Associação [Ação Reativa*] Sim Sim Programáticos Identificação#

[Ação Proativa ou Reativa]

Convicção [Ação Proativa ou Reativa]

Não# | Sim

Fonte: Tipologia de elaboração própria.

Nota Explicativa: O asterisco (*) identifica as ações partidárias em relação ao recrutamento. O “Não” com hashtag (#) corresponde à ausência de experiência prévia na filiação por identificação,

também marcada com o mesmo sinal.

Trata-se aqui de uma tipologia orientada por uma noção específica de recrutamento e sintetizada das possíveis iniciativas, circunstâncias e motivações de membros partidários. Pressupostos teóricos e generalizantes foram os subsídios para o seu delineamento e sob a sua referência serão verificados como o recrutamento de jovens acontece no cotidiano dos partidos

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políticos. Destina-se a ser um conjunto de premissas a subsidiar a análise em diferentes momentos da participação partidária, entre estudos, atividades e ocupação de posições. Na próxima sessão, examinamos a aplicabilidade da tipologia em questão, pelas tendências dos processos de adesão, formação e seleção partidária, manifestadas pelos jovens filiados.

A Percepção do filiado jovem sobre o processo de Recrutamento Partidário

Este segmento dedica-se a discussão sobre as percepções de jovens filiados aos sete partidos, coletadas por um survey no ano de 2014. Os resultados da pesquisa referem-se a uma amostra de 100 questionários, controlados por cotas de sexo, faixa etária e partido. As cotas foram estabelecidas de acordo com os parâmetros populacionais retirados dos dados sobre filiação partidária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foi aplicado o teste não paramétrico de amostra, qui-quadrado, para comparar a paridade entre a população e a amostra. Quanto mais próximo de 1 for o valor P, menor a diferença proporcional entre a distribuição de uma e outra e, ao contrário, quanto mais próximo o valor de 0, maior as diferenças entre a amostra e a população5. O teste qui-quadrado (x²) para a amostra compara valores esperados e os observados e pode ser obtido pela seguinte equação

χ2 = Σ [(o - e)2 /e] em que

• o = frequência observada para cada classe, • e = frequência esperada para aquela classe.

A Tabela 1 apresenta a caracterização da amostra e da população de jovens filiados aos sete partidos no Rio Grande do Sul. Na primeira linha, as colunas constam os números absolutos (n) da amostra e da população de jovens e o p, respectivamente. Nas demais linhas, estão registrados os valores percentuais da amostra e da população segmentados por sexo, faixa etária, partido e os valores de p. Em relação ao teste p, os resultados demonstraram significância dos casos selecionados em relação à população. Verificou-se pouca ou nenhuma diferença estatística entre a população e a amostra. Por sexo é 0,826; por faixa etária, 0,593; por partido, 1,000.

5 “O valor –p para o teste qui-quadrado de independência é uma probabilidade da cauda direita, acima do valor

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Tabela 1 – Caracterização da amostra e comparação com os dados do TSE. Dados apresentados em (%) Variáveis Amostra (n=100) TSE (n=160.513) P Sexo M 54 52,9 0,826 F 46 47,1 Faixa etária 18-20 4 2,7 0,593 21-24 10 12,3 25-34 86 85 Partido DEM 4 4,4 1,000 PP 19 19,4 PSDB 11 10,6 PMDB 25 24,7 PDT 20 20,4 PT 18 18,1 PCdoB 3 2,2

Fonte. Elaboração própria.

A população é formada por 160.513 filiados de 18 a 34 anos, entre os quais 56,8% declaram ser do sexo masculino e 43,2%, do sexo feminino. Enquanto, na amostra de 100 casos, 54% são mulheres e 46%, homens. Os jovens com idade entre 18 a 20 anos contribuem com 2,7% da população e com 4% da amostra; àqueles situados na faixa de 21 a 24 anos somam 12,3% do total de filiados jovens e 10% dos casos selecionados; os jovens adultos, de 25 a 34 anos, tem a maior representatividade na população, 84,8%, assim como na amostra, 86%. Quanto à proporção dos partidos, a juventude Democrata agrega ao universo pesquisado 5,7%; já, na amostra, estão presentes 4% de respondentes desta agremiação; são Progressistas 20,3% de jovens filiados a partidos no Estado, representando 19% dos entrevistados; 8,8% dos filiados tem vínculo com PSDB e, entre os investigados, somam 11%; os partidários do Movimento Democrático Brasileiro, com 24,5%, ao lado dos Trabalhistas do PDT, com 24,5%, são os maiores em termos de juventude partidária no Estado, fornecendo à amostra 24,7% e 20,4% dos questionários, nesta ordem. Os jovens do Partido dos Trabalhadores incluem 14% a este universo de militantes e 18% à amostra. Pertencem ao PCdoB 2,1% da população, e foram incluídos ao presente referencial empírico 3% dos entrevistados deste partido.

A análise das informações levantadas está organizada em grupos de variáveis que dimensionam as estratégias e modalidades de recrutamento partidário, assim como os tipos de

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adesão mais frequentes, conforme a tipologia proposta neste trabalho. Primeiramente, reflete-se sobre os processos de formação e seleção, trazendo à luz a estratégia predominante de recrutamento partidário. A tendência a uma dinâmica aberta ou fechada na etapa de incorporação de novos membros às legendas também receberá atenção nesta seção. Por último, trata-se dos diferentes determinantes à adesão, segundo interesses programáticos ou circunstanciais dos partidos e dos filiados. Assim a visão do filiado jovem oferece um quadro sobre as tendências do recrutamento partidário.

Da militância de juventude a posições político-partidárias. Um panorama do processo de formação e seleção.

Como os respondentes são filiados a um partido político, todos passaram pela formalização do ingresso, cumprindo-se a primeira fase do processo de recrutamento. Seguindo a tipologia proposta neste trabalho, o que propriamente diferencia uma estratégia extensiva da intensiva de recrutamento é a etapa de formação. A existência de momentos de formação, e a consequente participação do jovem em atividades deste gênero, confere ao ato de filiação um marco do ponto de vista do recrutamento. Mais que um simples ato de preencher uma ficha, a adesão do jovem filiado inicia processo de recrutamento, em que o ingresso formal em um partido é acompanhado por um aprofundamento do seu conhecimento sobre a política e pela formação de um posicionamento doutrinário, se a estratégia for intensiva. Ou seja, a filiação é o início de uma militância que decorre do envolvimento do jovem com tarefas partidárias ou é imediatamente sucedida pela participação do jovem no contexto político e pela sua instrução em conteúdos políticos. Em parte dos casos, resulta na formação de quadros e na seleção deste ativista para desempenhar funções em cargos partidários.

Nas realidades partidárias pesquisadas, 88% dos jovens afirmam existir atividades de estudo e debate político no seu partido, Gráfico 1. Portanto encontrou-se uma dinâmica que incluí etapas de formação no processo de recrutamento dos partidos. Os formatos destas atividades não apresentam muita variação, os mais frequentes são seminários e congressos e reuniões de debates, em 69% e 65% das vezes, em seguida costuma-se realizar conferências, 27%, e oferecer aos militantes cursos presenciais e à distância, 28% e 27%. No entanto, a maioria dos jovens, 36%, nota que esses eventos ocorrem sem regularidade, 25% diz que alguma atividade ocorre todo mês, 20%

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lembra a sua realização semestralmente e 11%, anualmente, ainda 8% não souberam responder. Os temas mais debatidos são variados, mas as conjunturas nacional (68%), estadual (69%) e municipal (59%) ganham centralidade. Ainda 60% dos entrevistados considera que a juventude é contemplada nestes debates, 25% acredita que o tema não recebe atenção especifica, sendo tratada de maneira indireta, transversal a outros eixos, e 15% credita que não se trata de juventude nos partidos.

Gráfico 1 – Partido tem formação partidária Gráfico 2 – Regularidade da formação partidária

N 100 N 92

Contudo, mesmo cientes da realização de eventos de formação e 81% considerando-os muito importantes, nem todos costumam neles comparecer, 79% dos jovens participam e 21% nunca participam, sendo que 8% destes jamais se envolveram a alguma atividades formativa. Especialmente os eventos destinados à formação e deliberações de juventude, 74% dos entrevistados já participaram de Congressos Estaduais de Juventude, contra 36% que nunca compareceu. Destes, a maioria é frequentadora destes eventos - 67% já foi mais de três vezes e 23% até duas vezes. Os Congressos Nacionais, por sua vez, são menos recorrentes entre a agenda de eventos dos entrevistados - 27% deles já participou, a maioria até duas vezes, 63%, enquanto 83% nunca teve esta vivência junto as juventudes do seu partido de outros Estados.

Tabela 2 - Já participou de Congressos Estaduais e Nacionais de Juventude (%)

Congresso Estadual Congresso Nacional

sim 74 27

não 26 73

total 100 100

N (Congresso Estadual)100; N (Congresso Nacional) 100.

Fonte: Recrutamento partidário de Juventude no Rio Grande do Sul (2014). 12 88 Não Sim 27,2 33,7 39,1 mensalmente

às vezes, sem regularidade semestralmente/anualmente

(15)

Tabelas 3 - Quantas vezes já participou (%)

Congresso Estadual Congresso Nacional

até duas vezes 32,9 63

mais de três vezes 67,1 37

total 100 100

Fonte: Recrutamento partidário de Juventude no Rio Grande do Sul (2014). N (Congresso Estadual)100; N (Congresso Nacional) 100.

A formação político-partidária é central para a concepção de recrutamento partidário deste trabalho. Entende-se que momentos de estudos são mecanismos para tornar um jovem em um militante capaz de fazer uma leitura específica da realidade política, defenda as bandeiras do partido e seja propositivo no seu contexto. Por isso a ideia de formação também compreende o envolvimento dos filiados com tarefas cotidianas do partido, não somente pelas demandas internas que a organização tenha, mas também porque, na participação, o jovem se inteira sobre os processos políticos. Quanto a esta dimensão mais prática da formação, averígua-se que o jovem percebe o setor de juventude como o seu principal espaço de atuação (52%); para 28% deles, o trabalho mais intenso é junto a uma liderança partidária; ainda 20% concentra a sua militância em outros grupos partidários ou outros segmentos. A Tabela 4 apresenta como os jovens engajam-se de alguma forma da vida partidária e com qual regularidade o fazem.

Tabela 4 - Com que regularidade desenvolve as seguintes atividades (%)

Nunca Às vezes Na maioria das

vezes Sempre %

Reuniões Partidárias 7 22 37 34 100

Ajudar na organização das reuniões locais do partido

16 36 29 19 100

Ajudar na organização das

atividades e eventos do partido 16

30 32 22 100

Ajudar na organização de encontros do partido com a comunidade

18 46 22 14 100

Encontro com colegas de partido para discutir política

10 30 30 30 100

Encontro com colegas de partido para realizar atividades não políticas

14 44 27 15 100

Encontro com pessoas de fora do partido para falar sobre política

10 48 25 17 100

Distribuição de propaganda e material no período de campanha eleitoral 9 23 20 48 100 Desempenho de outras atividades no período de campanha eleitoral 9 29 28 34 100

(16)

Assim como o envolvimento com atividades de estudos, a maioria dos respondentes também contribuí com momentos mais práticos da militância com relativa frequência. A distribuição de propaganda e material no período de campanha eleitoral (48%), o desempenho em de atividades nestes momentos (34%) e a participação em reuniões partidárias (34%) são tarefas com maior adesão entre os jovens, sempre colaboram 48%, 34% e 34%. Ajudar a organizar as reuniões locais, eventos do partido e encontros com a comunidade apresentam um envolvimento mais esporádico, em sequência, 36 %, 30% e 46% ajudam às vezes. Por outro lado, estas tarefas são as que apresentam menor adesão 18% nunca organizam encontros do partido com a comunidade, 16% nunca organizam eventos ou reuniões locais do partido. Registram-se ainda iniciativas do partido para promover e qualificar a atuação do jovem. Alguns identificam cotas para as executivas municipais (30%), estaduais (29%) e nacionais (23%); parte dos entrevistados, 43%, lembram de atividades de estudos; 23% defendem que os setores de juventude são decisivos na tomada de decisões; 29% avaliam que atividades específicas são atribuídas a jovens; e 26% não identificam iniciativas desta natureza.

Haja vista que todos os partidos dispõem de momentos de formação teórica e empírica, admite-se que os jovens em questão tenham visões específicas sobre a política e habilidades de liderança desenvolvidas. Portanto, é razoável pensar que passem a ocupar espaços político-partidárias até mesmo para que possíveis quadros sigam o seu aprimoramento e não sejam desperdiçados. Mas será que uma trajetória de militância partidária resulta na formação de jovens quadros para o partido? Será que encontraremos jovens ocupando posições político de relevo para a vida partidária de forma a renovar de fato os partidos e as suas lideranças? As características da seleção partidária, última etapa do recrutamento, recebem destaque nos dados comentados a seguir.

A Tabela 5 apresenta as porcentagens da ocupação a cargos eletivos, partidários em geral, de juventude em específico e na administração pública. Observa-se que 6% já se elegeram. Cabe trazer a informação não representada na tabela abaixo, que 17% dos jovens já se candidataram. Dos 17 entrevistados que pleitearam uma vaga, todos eles concorreram à vereança (100%); 16,4%, a prefeito; 11,76%, a deputado federal; 5,88%, a deputado federal. Sobre a participação formal em instâncias partidárias, 59% já compuseram alguma direção, como pode-se constar na Tabela 5, a maioria do diretório municipal 76,27. Níveis semelhantes encontram-se na ocupação de posições nos segmentos de juventudes, 56% já compuseram a executiva em algum nível. Especificamente,

(17)

54% já foram membros da executiva municipal, 40%, da executiva estadual e 6%, da executiva nacional, ocupando diferentes posições. Por fim, 47% dos entrevistados já ocupou cargos na Administração Pública.

Tabela 5 – Ocupação de cargos eletivos, partidários e em comissão (%)

Fonte: Recrutamento partidário de Juventude no Rio Grande do Sul (2014). N 100.

Ainda 31% dos entrevistados afirmam exercer alguma atividade partidária profissionalizada, ao passo que 69% negam se dedicar unicamente ao partido. Dos jovens profissionalizados, 54,83% é assessor parlamentar; 12,9% é funcionário do partido; 9,67 é vereador; 9,67 é militante do seu grupo político; 3,22% é secretário municipal. Sobre a dinâmica de seleção também interessou avaliar o quanto o filiado jovem acredita na influência da organização de Juventude na seleção de adeptos a posições político-partidárias. Para 34% dos respondentes, a influência da juventude é elevada, 48% consideram-na mediana e para 18% ela é pouca. Então se pode depreender destas informações do gráfico 3 que a militância do setor de juventude é tida como uma trajetória relevante para tornar-se um quadro partidário.

Gráfico 3 – Influência da Juventude na Seleção Partidária

Eletivos Direção partidária Executiva de Juventude Administração Pública (Cargo em Comissão) Sim 6 59 56 47 Não 94 41 44 53 Total (N) 100 100 100 100

(18)

Fonte: Recrutamento partidário de Juventude no Rio Grande do Sul (2014). N 100.

Nestes termos, pode-se afirmar que sem os momentos de formação partidária, sejam elas teóricas ou práticas, a adesão pode resultar em filiados não engajados com o partido político. No caso da presença de estratégias extensivas de recrutamento partidário, que dispensa a etapa intermediária, o resultado para o partido político pode ser a permanência de filiados trabalhando em mandatos ou na administração pública com pouca clareza quanto aos posicionamentos políticos e com fracos compromissos partidários e ideológicos. Portanto, a renovação e a reprodução da instituição partidária podem não ser vigorosa na formação de novas lideranças e na proposição de programas políticos que respondam as demandas contemporâneas, permanecendo uma lógica fechada de atração de novos membros.

Este é o cenário que se conforma diante das dimensões analisadas quanto ao processo de formação política. Observa-se um predomínio de estratégias extensivas de recrutamento partidário. Embora existam atividades formativas em todos os casos, essas parecem pouco sistemáticas quanto à sequência e à frequência em que os debates ocorrem, não envolvendo intensamente o cotidiano do jovem filiado, principalmente daqueles que não exercem posições de lideranças. O mesmo ocorre com as tarefas de mobilização partidária, menos da metade se engajam intensa ou moderadamente, não incluindo o cotidiano da maior parte dos jovens. Essas somente ganham maior atenção no período eleitoral. A etapa de seleção, por sua vez, não acontece em parte importante dos casos, cerca de 40 % dos investigados jamais ocupou posições partidárias, nem na executiva de juventude. Para completar o escopo de análise das dinâmicas de recrutamento de jovens, na sequência, detemo-nos aos aspectos da adesão partidária, primeira etapa do processo em questão.

[VALOR]

[VALOR] [VALOR]

(19)

Modalidades de Recrutamento e Tipos de Adesão Partidária

Retomando as noções de recrutamento fechado e aberto de jovens, a primeira modalidade refere-se àqueles casos em que filiados possuem vínculos de parentesco com membros antigos do partido. Nos casos em que os partidos atraem ou são procurados por novos militantes, sem prévias relações com a elite partidária, tem-se um processo aberto de adesão. Entre a amostra pesquisada, 62% declaram ter parentes no seu partido de filiação, como mostra o gráfico 4. O grau de parentesco para 46% refere-se ao pai, à mãe, ao padrasto, à madrasta, ao cônjuge e à esposa; depois, 24% tem os avôs, avó, tio, tia, primo ou prima no partido. Para 19%, os irmãos também são correligionários e 4% afirmam militar em conjunto com sogro, sogra, cunhado ou cunhada. Assim, tem-se predominantemente uma dinâmica fechada de incorporação de membros, ainda que um número expressivo de jovens, 38%, são os primeiros da sua família a participar do partido.

Gráfico 4 – Modalidade de Recrutamento Partidário de Jovens (%)

Fonte: Recrutamento partidário de Juventude no Rio Grande do Sul (2014). N 100.

Parte destes filiados possuí alguma experiência de militância 14% já pertenceu a alguma outra agremiação partidária e 51%, de alguma organização social. Em 90% desses casos, membros do partido em que atualmente é filiado já eram colegas em grêmios estudantis, sindicatos, associações etc.. Ainda para avançar no debate da capacidade das instituições partidárias se renovarem avaliamos as formas mais frequentes de congregar novos apoiadores. Pontualmente, passamos a comentar os fatores determinantes da filiação e do engajamento nas atividades partidárias e os consequentes tipos de adesão partidária mais recorrentes entre a nossa amostra de

38

62

Aberta Fechada

(20)

jovens militantes. Como já foi explicitado, parte-se do entendimento de que o processo da adesão envolve a combinação de duas dimensões: a atitude do partido ou do filiado na aproximação entre eles, se proativa ou reativa; e os interesses do jovem em fazer parte de um partido e os interesses do partido em atraí-los, se circunstancias ou programáticos.

A primeira dimensão será avaliada pela variável tipo de aproximação com o partido, mensurada pelas categorias tomei a iniciativa e fui atraído pelo partido. Já a natureza dos interesses individuais e partidários serão captadas pela variável de múltipla escolha motivo por ter se aproximado do partido. Conforme a interação entre as duas dimensões a forma de adesão será considerada por Identificação, Associação, Cooptação ou Convicção. Mais detalhes sobre como foram classificadas as respostas em formas de adesão pode ser conferido no quadro 8.

Quadro 8 – Formas de Atração de Novos Membros

Motivação Captação

[Atuação Proativa do Partido]

fui atraído pelo partido

Recepção

[Atuação Reativa do Partido]

tomei a iniciativa

Interesses Circunstanciais

CATEGORIAS

Cooptação Associação

Influência de familiares que também fazem parte do partido.

A perspectiva de seguir carreira política (concorrer a algum cargo política) Um amigo convidou para participar de uma atividade do partido e isso estimulou

você a se filiar.

Desejo de ser politicamente ativo. Procurou o partido porque tem amigos militantes

nele.

Desejo de conhecer pessoas politicamente ativas.

A possibilidade de ocupar um Cargo em Comissão. Interesse pelo Programa do Partido CATEGORIAS Convicção Identificação

Combinação entre Identificação com programa + amigo convidou + influência

de familiares

Viu uma campanha de filiação do partido e procurou o diretório municipal para se

filiar.

Identificação com programa Teve contato com membros do partido ao participar do movimento estudantil e decidiu

filiar-se.

Teve contato com membros do partido ao participar de movimentos sindicais, comunitários

(21)

ou outros.

Queria influenciar a escolha de candidatos.

Resultados do inquérito, representados nos gráficos 4 e 5, revelam que o ingresso no partido ocorre por iniciativa dos próprios jovens em 61% dos casos e 39% consideram que a organização os atraiu de alguma forma. Ainda se mostrou recorrente, em 30% das vezes, a procura do jovem pelo partido, motivado pela sua identificação com os princípios partidários. E, com menos frequência, 22,4%, a adesão se dá por associação, na qual o jovem procura o partido por ser um meio de ocupar cargos. Em 22,4% dos casos, o partido mostra-se proativo em atrair o jovem porque percebe nele habilidade para as atividades partidárias ou afinidade com os posicionamentos defendidos, havendo assim uma adesão por convicção. Já a adesão por cooptação identificou-se na maior parte das manifestações, 33,7%, e representa aquelas situações em que membros do partido incentivam o jovem a compor a agremiação, porque necessitam do seu trabalho em situações pontuais, como em períodos eleitorais.

Gráficos 4 e 5- Tipo de adesão partidária

Fonte: Recrutamento partidário de Juventude no Rio Grande do Sul (2014). N 100.

A adesão partidária ocorre de maneira diversa, do ponto de vista do partido fica evidenciado a coexistência entre posturas reativa e proativa daquelas organizações. Predominam, assim, processos de adesão por recepção por identificação e captação por cooptação. Contudo não é desprezível as frequências

39,0 61,0

Fui atraído pelo partido Tomei a iniciativa

13,3 22,4 30,6 33,7 Associação Convicção Identificação Cooptação

(22)

com que se constatam dinâmicas de aproximação de captação por convicção e recepção por associação. Ainda, confirmando tais tendências, apenas dois respondentes assumem terem se interessado a integrar-se ao partido por campanhas de filiação de jovens, que seria um típico caso de captação por convicção. Por outro lado, sobressai-se uma postura proativa do partido na intercessão de jovens militantes junto a outros jovens do seu círculo de amizade ou profissional, estimulando-os a conhecer e participar das atividades da legenda.

Modalidades e Tipos de Adesão, Formação e Seleção Partidária: Algumas Tendências.

Primeiramente, é importante fazer a ressalva quanto à particularidade das informações que constituem o referencial empírico deste trabalho. Tratam-se de filiados jovens que na sua maioria não ocupam posições de direção. As suas percepções anunciam como processos de recrutamento se desencadeiam nos municípios. E é neste nível em que o processo de recrutamento partidário se ocorre na maior parte das vezes. No debate sobre a adesão, isso fica evidente, já que a filiação é no diretório municipal. Enquanto, nas etapas de formação e seleção, a organização estadual assume um maior protagonismo. Especialmente, no âmbito das atividades de educação política, sabe-se que os membros das executivas estaduais de juventude são os proponentes ou são braços fundamentais para a realização de iniciativas de formação, contudo podem não representar as realidades municipais do partido no seu conjunto.

As primeiras informações avaliadas remontam ao predomínio de uma lógica extensiva de recrutamento partidário. Ou seja, atividades teóricas de formação são oferecidas, mas não de forma sistemática. Embora, pelo acompanhamento destas organizações, no período de coleta dos dados, o Partido Comunista do Brasil e o Partido Progressista tenham destoado destas tendências, isso não se refletiu nas porcentagens das variáveis analisadas. Naqueles dois casos, verificou-se a realização de debates sistemáticos dentros das atividades partidárias em geral e eleitorais, particularmente. No plano das tarefas concretas, as frequências mostraram que parte importante dos jovens não se engajam. E, na maioria das vezes, esses jovens não se tornarão quadros partidários, enquanto atuam na juventude. A ocupação de cargos e posições é restrita a alguns jovens.

Somado ao predomínio da estratégia extensiva, está uma lógica fechada de adesão de novos membros, os quais movidos por interesses programáticos procuram o partido para se filiar ou são

(23)

atraídos por correligionários por serem considerados interessantes para a agremiação. A modalidade de adesão fechada conforma, inclusive, um grupo homogêneo do ponto de vista socioeconômico de jovens filiados a partidos políticos, e parece ser uma dimensão pouca relacionada a outros processos do recrutamento partidário. Ou seja, o fato dos jovens já terem vínculos com membros do partido não é credencial para passar por um processo de formação maior ou menor, assim como não significa que não tenha a sua militância movida por interesses programáticos. Pelo contrário, a proximidade com o partido desde cedo, os coloca a par das bandeiras defendidas e das atividades cotidianas. Por isso mesmo sendo fechado, ele pode ocorrer por identificação ou convicção. Para completar este perfil de adesão partidária, identificam-se vínculos de metade dos filiados jovens com organizações sociais e, nestes espaços, divididem a atuação com outros correligionários de partido. Alguns deles, também já tiveram passagens por outros partidos.

Estas tendências de recrutamento, encontrados no contato com filiados e eventos partidários, estão ilustradas no quadro abaixo.

QUADRO 9- Tipologia do Recrutamento Partidário

Interesses Recrutamento Intensivo Recrutamento Extensivo Experiência prévia Circunstanciais Cooptação [Ação Proativa*] Sim Programáticos Identificação#

[Ação Proativa Reativa]

Sim

FONTE: Elaboração própria.

Considerações finais

O presente trabalho ao tratar da juventude sob ótica do recrutamento partidário buscou contribuir com os estudos sobre juventude, participação e partidos políticos. Nas avaliações sobre participação política de juventude, é lugar comum afirmar o declínio da participação do jovem em instituições tradicionais da política, como os partidos políticos. Entretanto, no contexto político brasileiro, não há dados sistemáticos sobre a participação de jovens de gerações anteriores que permitam comparar se o jovem de hoje, de fato, participa menos do que os jovens do passado. Então, como saber se a participação dos jovens se tornou mais reduzida se não há parâmetros para

(24)

comparações geracionais. Na verdade, ainda são escassas as investigações dedicadas à participação dos jovens nas atuais agremiações partidárias porque, geralmente, as análises privilegiam sua participação em outras instituições sociais. Da mesma forma, são raros os estudos sobre as dinâmicas internas de partidos políticos. Deste modo, o presente estudo se insere nestas agendas de pesquisa e pretende ampliar a compreensão das dinâmicas de participação do jovem nos principais partidos do Rio Grande do Sul.

Especialmente sobre o recrutamento partidário propomos definições teórico-metodológicas a facilitar a apreensão mais detalhada das etapas do recrutamento. O modelo contempla apenas a tipificação da adesão, mostrando que ela pode se dar de forma aberta ou fechada, pela atuação proativa ou reativa dos partidos; que pode contemplar a formação da liderança ou evitar essa etapa; que pode envolver interesses conjunturais ou programáticos e doutrinários, tanto dos partidos como dos novos filiados. Portanto, o que tentamos aqui foi fazer uma primeira aproximação heurística e tipológica da primeira etapa do fenômeno. E, com menor ênfase, a formação e a seleção partidária também ficaram evidenciadas no presente trabalho. A tipologia que orientou a análise do survey mostrou-se adequada por extrair detalhes da dinâmica destas três etapas e permitiu traçar as tendências geriais do recrutamento partidário no Estado.

Referenciando-se as dimensões propostas para análise, os primeiros resultados empíricos da pesquisa revelam um predomínio da estratégia extensiva aliada a uma lógica fechada de recrutamento novos membros, os quais movidos por interesses programáticos procuram o partido para se filiar ou são atraídos por correligionários por serem considerados interessantes para a agremiação. Isso significa que raramente há um programa de atividades teóricas direcionado aos jovens, forjando a tendência para uma estratégia extensiva. Os partidos, portanto, na sua maioria, não conseguem ou não tem interesse em atraí-los para as suas fileiras e formá-los politicamente. Entre os que são atraídos, geralmente vinculados a membros antigos do partido, isso se dá tanto por interesses programáticos do jovem, quanto por interesses circunstancias do partido. Ainda se nota que, em alguns casos, eventos de formação são momentos que sucedem a adesão, mas também poede ser uma estratégia de atração de novos membros. Um jeito de se aproximar de jovens, sendo também pensado como uma estratégia para atrair jovens. Mas não de maneira massiva, atrai-se aquele jovem que já tem algum vínculo de amizade ou parentesco com mebros antigos do partido, convidando-o para a atividade.

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Referências

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