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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária

Dissertação

DEFEITOS CONGÊNITOS DIAGNOSTICADOS EM

RUMINANTES NA REGIÃO SUL DO

RIO GRANDE DO SUL

Clairton Marcolongo Pereira

Pelotas, 2010

(2)

DEFEITOS CONGÊNITOS DIAGNOSTICADOS EM RUMINANTES NA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

Orientadora: Dra. Ana Lucia Schild

Pelotas, fevereiro 2010

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências (área de concentração

:

Patologia Animal).

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Dados de catalogação na fonte:

( Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744 )

P436d Pereira, Clairton Marcolongo

Defeitos congênitos diagnosticados em ruminantes na região sul do Rio Grande do Sul / Clairton Marcolongo Pereira ; orientador Ana Lucia Schild. - Pelotas,2010.-91f. ; il..- Dissertação ( Mestrado) –Programa de Pós-Graduação em Veterinária. Faculdade de Veterinária . Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2010.

1. Ruminantes 2.Defeitos congênitos 3.Doenças hereditárias 4.Patologia 5.Epidemiologia I Schild, Ana Lucia(orientador) II .Título.

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REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

___________________________________

Nome:Ana Lucia Schild (Presidente) Titulação:Doutora

Instituição:Universidade Federal de Pelotas

________________________________

Nome: Claudio Severo Lombardo de Barros Titulação: PhD

Instituição: Universidade Federal de Santa Maria

________________________________

Nome: Margarida Buss Raffi Titulação: Doutora

Instituição: Universidade Federal de Pelotas

________________________________

Nome: Fabiane Borelli Grecco Titulação: Doutora

Instituição: Universidade Federal de Pelotas Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Ciências. Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária. Universidade Federal de Pelotas

Área de concentração: Patologia Animal Orientadora: Dra. Ana Lucia Schild

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AGRADECIMENTO

À Deus.

Aos meus pais Airton e Catarina, as minhas irmãs Cleide e Clívia e aos meus cunhados pelo exemplo, amizade e carinho.

À minha família: Tio Zé, Dindin, tia Néia, tia Madelena, Dindinha, Bidinha e a meus primos e primas por todo o carinho.

Ao Tio Manny por todo exemplo, amizade e companheirismo.

À minha orientadora Dra. Ana Lucia Schild pelo incentivo, paciência, amizade, ensinamentos profissionais e pessoais e principalmente por ter acreditado em mim, mesmo sem me conhecer e ter me concedido a oportunidade de transformar um sonho em realidade.

Às Professoras/amigas: Elisa Simone Salles, Margarida Raffi e Daniela Pereira pelo fundamental apoio, carinho, incentivo, ensinamentos profissionais e pessoais. Por estarem sempre ao meu lado.

Às minhas amigas-irmãs: Fabiane Grecco, Letícia Fiss, Tainã Normaton e Nathalia Assis Brasil, pelo fundamental auxílio emocional e profissional, pela amizade, companheirismo e por dividirem as minhas alegrias e tristezas.

Ao João Luiz Ferreira (Nico), por toda paciência, dedicação e carinho ao me ensinar uma das mais importantes tarefas do LRD.

Aos amigos do LRD: Cauê, Pedro, Sérgio, Pablo, Luciano, Tony, Daiane, Carla, Silvia, Mauro, Jerônimo, Renata, Bia, Tati, Simone, Michele e Fernanda pelo apoio, carinho, incentivo e auxílio quando solicitados.

Aos meus amigos de Vitória: Alessandro Fairich (Tico), Thiago Carvalho, Ricardo Marchesan, Frederico Mangaravite, Leonardo Bittencourt e Frederico Figner.

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Aos demais professores e técnicos do Departamento de Patologia e LRD, agradeço por todo incentivo e carinho.

À Universidade Federal de Pelotas/Faculdade de Medicina Veterinária pela oportunidade de realizar o curso de Pós-Graduação.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudos.

Por fim, considerando esta dissertação como resultado de uma caminhada que não começou na UFPel, agradecer pode não ser tarefa fácil, nem justa. Para não correr o risco de injustiça, agradeço a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje.

(7)

RESUMO

MARCOLONGO-PEREIRA, Clairton. Defeitos congênitos diagnosticados

em ruminantes na região Sul do Rio Grande do Sul. 2010. 91f. Dissertação

(Mestrado em Veterinária) – Laboratório Regional de Diagnóstico, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal de Pelotas.

Foi realizado um estudo das malformações congênitas/doenças hereditárias diagnosticadas em bovinos, ovinos e bubalinos através da revisão dos protocolos de necropsia do Laboratório Regional de Diagnóstico (LRD) da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) entre 1978 e 2009. A ocorrência de defeitos congênitos e/ou doenças hereditárias em bovinos, ovinos e bubalinos representou 0,89%, 0,36% e 7,55% respectivamente, de todos os materiais dessas espécies recebidos. Os defeitos foram classificados de acordo com o sistema afetado. Dos 48 casos de defeitos congênitos e/ou doenças hereditárias diagnosticados em bovinos 21 (43,75%) afetaram o sistema esquelético (condrodisplasia, escoliose, desvio lateral da mandíbula, fenda palatina e malformação não classificada) nove (18,75%) o sistema nervoso central (hipoplasia dos lobos frontais e olfatórios, degeneração cerebelar cortical, espinha bífida, hipomielinogênese congênita, hipermetria hereditária, hipoplasia cerebelar e paquigiria), nove (18,75%) o sistema muscular (artrogripose), três (6,25%) o sistema cardiovascular (persistência do ducto arterioso e malformação não classificada), um (2,08%) o sistema linfático (hipoplasia linfática), um (2,08%) o sistema gastrintestinal (atresia anal) e um (2,08%) o olho (catarata congênita). Em cinco casos (10,42%) vários sistemas estavam afetados (diprosopo e dicéfalo dipos dibráquio). Todos os casos de defeitos congênitos observados em ovinos (gêmeos anômalos e aprosopia) afetaram vários sistemas. Dos oito casos de defeitos congênitos e/ou doenças hereditárias diagnosticados em búfalos três (37,5%) afetaram o sistema muscular (artrogripose e hiperplasia muscular), dois (25%) o sistema tegumentar (dermatose mecânico-bolhosa e albinismo), um (12,5%) o sistema nervoso central (hidranencefalia), um (12,5%) o sistema nervoso central/tegumentar/fotorreceptor (hidranencefalia/albinismo), e um (12,5%) o sistema gastrintestinal (megaesôfago). Concluiu-se que os defeitos congênitos esporádicos têm pouca importância em bovinos. Defeitos congênitos de causas ambientais podem trazer prejuízos econômicos importantes em determinadas regiões ou estabelecimentos. As doenças comprovadamente hereditárias são importantes não só pela mortalidade mas, também, pela possibilidade de disseminação de genes indesejáveis nas diferentes raças, principalmente aquelas criadas em pequenas propriedades rurais da bacia leiteira da região.

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disseminação, principalmente dos genes recessivos que são mais difíceis de controlar.

Palavras-chave: Defeitos congênitos, doenças hereditárias, ruminantes,

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ABSTRACT

MARCOLONGO-PEREIRA, Clairton. Congenital defects in ruminants in

Southern Brazil. 2010. 91p. MS Dissertation – Laboratório Regional de

Diagnóstico, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal de Pelotas.

Congenital defects and hereditary diseases in cattle, sheep and buffaloes were studied through a review of necropsy files of the Laboratório Regional de Diagnóstico (LRD) of the Faculdade of Veterinária of the Universidade Federal de Pelotas (UFPel) between 1978 and 2009. The occurrence of congenital defects and/or hereditary diseases in cattle, sheep and buffaloes were 0.89%, 0.36% e 7.55% respectively from all received material. The defects were classified according the affected system. From 48 of congenital defects and/or hereditary diseases observed in cattle 21 (43.75%) affected the skeletal system (chondrodysplasia, scoliosis, lateral deviation of mandible, palatoschisis and unclassified malformation) nine (18.75%) the central nervous system (hypoplasia of olfatory and frontal lobes, cerebellar cortical degeneration, spina bifida, congenital hypomielinogenesis, hereditary hypermetria, cerebellar hypoplasia and pachygiria), nine (18.75%) the muscular system (arthrogryposis), three (6.25%) the cardiovascular system (patent ductus arteriosus and unclassified malformation), one (2.08%) the lymphatic system (hereditary lymphatic hypoplasia), one (2.08%) o alimentary system (atresia ani) and one (2.08%) the eye (congenital cataract). In five cases (10.42%) different systems were affected (diprosopus and decephalus dipos dibraqius). In sheep all observed defects affected various systems (anomalous twins and aprosopia). Of eight cases of congenital defects/hereditary diseases diagnosed in buffaloes three (37.5%) affected the muscular system (arthrogriposis and double muscle), two (25%) the integument (mechanobullous dermatosis and albinism), one (12.5%) the central nervous system (hydranencephaly), one (12.5%) the central nervous system/ integument (hydranencephaly/albinism) and one (12.5%) the alimentary system (megaesofagus). It was concluded that the sporadic congenital defects cause little economical losses in cattle. Environmental congenital defects can cause losses in certain localized geographic areas or farms. The hereditary diseases were important by mortality of animals and by spread of undesirable genes in cattle breeding from milk production region in Southern Brazil. In sheep the congenital defects are rare. In water buffaloes the high prevalence of hereditary diseases was a consequence of the high consanguinity of herd and management measures

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Key words: Congenital defects, hereditary diseases, ruminants, pathology,

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GLOSSÁRIO

Abraquia – agenesia dos membros torácicos.

Agnatia ou aplasia da mandíbula - ausência ou desenvolvimento insuficiente da mandíbula.

Amelia – agenesia de um membro.

Anoftalmia - ausência uni ou bilateral dos tecidos oculares. Apodia – agenesia dos membros pélvicos.

Aprosopia – defeito congênito em que toda a estrutura da face está ausente. Arrinia – ausência do nariz.

Artrogripose - contração permanente dos membros em flexão ou extensão e atrofia muscular.

Astomia – ausência congênita da boca.

Braquignatia ou hipognatia – protusão do maxilar e mandíbula curta. Campilognatia – desvio lateral da maxilar.

Cefalomelia – membro duplicado localizado na cabeça.

Ciclopia - uma única órbita ocular mediana contendo um globo ocular. Condrodisplasia – distúrbio generalizado do desenvolvimento dos ossos. Dicéfalo dípigo - duplicação de ambas as regiões cranial e caudal da cabeça. Diplopagos - gemelaridade conjugada igual e simétrica.

Dípigos - gemelaridade conjugada incompleta com duplicação caudal. Diprosopo - duplicação quase completa da face.

Escoliose – desvio lateral da coluna vertebral.

Gêmeos anômalos - gêmeos monozigóticos imperfeitamente separados. Hemimelia tibial – ausência da tíbia.

Heterópago - gemelaridade desigual e assimétrica, sendo o gêmeo maior aparentemente normal e o menor incompleto – parasítico.

Hidranencefalia - formação de grandes cavidades contendo líquido no cérebro. Lordose – desvio ventral da coluna vertebral.

Melodimo - gemelaridade com membros supernumerários. Micromelia – membros curtos.

Notomielia - membro duplicado localizado no dorso.

Perosomus elumbis - agenesia parcial da medula espinhal e vértebras lombossacrais.

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Polidactilia – dedos supranumerários.

Polimelia - duplicação de um membro completo.

Polimelia heterotópica - um ou dois membros duplicados localizados em diferentes regiões anatômicas do corpo.

Prognatia – protusão da madíbula.

Sincéfalo dípigo - duplicação de ambas as regiões cranial e caudal com as duas cabeças quase completamente fusionadas.

Sindactilia – fusão ou não divisão dos dedos. Sinotia – união das orelhas .

Torticolis - desvio lateral do pescoço.

Toracomelia – Membro duplicado localizado no tórax. Xifose – desvio dorsal da coluna vertebral.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Diprosopo tetraoftálmico. Bovino 39. As cabeças estão unidas na altura dos ossos frontal, parietal e temporal... 55 Figura 2. Diprosopo tetraoftálmico. Encéfalo do bovino 39. Há dois

hemisférios cerebrais e um cerebelo (A). Ventralmente observa-se um tronco encefálico ligado aos hemisférios cerebrais pelo tálamo duplicado (B)... 55 Figura 3. Dicéfalo dipos dibraquio. Bovino 42. A. Há duas cabeças

separadas e artrogripose. B. Dorsalmente observa-se espinha bífida... 56 Figura 4. Dicéfalo dipos dibraquio. Bovino 42. Ambas as cabeças

apresentam fenda palatina e malformação dos incisivos (A e B). O coração apresenta fenda na base (C). Há uma cavidade extra entre os ventrículos (D)... 56 Figura 5. Condrodisplasia tipo Telemark. Bovinos 13 (A), 43 (B) e 18

(C). Há encurtamento dos membros e rotação dos anteriores (A e B). Os ossos da cabeça são arredondados, há exoftalmia e o focinho é curto (A, B e C)... 57 Figura 6. Condrodisplasia tipo Telemark. Corte sagital do crânio do

Bovino 43 (A) e do crânio de bovino controle da mesma raça e idade (B). Observa-se o focinho curto, a cabeça arredondada e o osso parietal mais espesso. Os ossos da base do crânio (pré-esfenoide, baso-esfenoide e occipital são curtos, a cartilagem articular entre o osso baso-esfenoide e pré baso-esfenoide é espessa (C). Ossos da base do crânio de um bovino controle (D)... 58

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dentes malformados voltados para fora (A). Dorsalmente observa-se o corpo curto e não há pescoço (B). Ventralmente observa-se exposição das vísceras (C)... 59 Figura 8. Condrodisplasia tipo Dexter. Bovino 41. Projeção

radiográfica lateral observando-se encurtamento dos ossos dos membros e vértebras e estreitamento das costelas... 60 Figura 9. Artrogripose. Bovino 24 (A e B). As articulações dos quatro

membros estão fixas em flexão (A), as fibras musculares são estreitas e estão separadas por tecido conjuntivo (B) (HE 10x). Bovino 37 (C). As articulações rádio carpianas estão permanentemente flexionadas. Bovino 40 (D). Observa-se contração das articulações carpo-metacarpiana, fêmur-tíbio-rotuliana e tarso-metatarsiana, torticolis escoliose e braquignatia... 61 Figura 10. Artrogripose e desvio lateral da mandíbula. Bovino 44. Os

membros apresentam articulações fixas em flexão (A) e a mandíbula apresenta desvio para a direita (B)... 61 Figura 11. Desvio lateral da mandíbula. Bovino 44. A mandíbula está

torcida para o lado e há malformação dos dentes molares superiores (A) e fenda palatina (B)... 62 Figura 12. Artrogripose. Bovino 48 (A). Há rigidez articular em

extensão dos quatro membros. Xifoescoliose é observada na coluna vertebral entre a 9ª e 11ª vértebras torácicas (B).. 62 Figura 13. Hipoplasia cerebelar. Bovino 36. Cerebelo. A camada

granular está rarefeita, a camada molecular é estreita e há ausência de células de Purkinje (HE 10x)... 63 Figura 14. Atresia anal. Bovino 38. Observa-se ausência do orifício

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Figura 15. Paquigiria. Bovino 45. A. O bezerro apresenta cegueira e aumento de volume das articulações. B. O encéfalo apresenta os girus espessos e os sulcos escassos e pouco profundos, o cerebelo apresenta hipoplasia do vermis e lobos anteriores... 64 Figura 16. Paquigiria. Bovino 45. A. Corte transversal do encéfalo na

altura do tálamo (bovino controle superior, bovino afetado inferior). Observa-se o córtex liso com ausência dos girus e sulcos, o córtex é espesso e a substância branca é estreita. B Cortes seriados desde o córtex frontal até a altura do tálamo (bovino controle à esquerda, bovino afetado à direita). Observa-se a ausência de sulcos e girus em toda a extensão do encéfalo... 65 Figura 17. Desvio lateral da mandíbula. Bovino 46. A. A mandíbula

apresenta desvio para a direita e há malformação dos dentes que estão parcialmente inclusos. B. O ramo ascendente direito da mandíbula apresenta hipoplasia dos processos coronoide e condilar... 65 Figura 18. Desvio lateral da mandíbula. Bovino 46. A boca está

lateralmente desviada termina no pavilhão auricular, observam-se os dentes molares parcialmente inclusos e defeituosos (A) e fenda palatina (B)... 66 Figura 19. Desvio lateral da mandíbula. Bovino 46. Projeção

radiográfica ventro-dorsal observando-se o desvio lateral da mandíbula (seta) e o maxilar reto (*)... 66 Figura 20. Catarata congênita. Caso 47. Os bezerros andam a esmo

pela mangueira sem conseguir acompanhar as mães... 67 Figura 21. Catarata congênita. Caso 47. Observa-se mancha

branco-azulada no cristalino... 67 Figura 22. Gêmeos anômalos. Ovino 2. Observam-se dois corpos

unidos pelo tórax com uma única cabeça. Há quatro pares de membros... 68

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Figura 23. Gêmeos anômalos. Ovino 2. Sistema nervoso central. A. Ventralmente observa-se o telencéfalo com dois hemisférios cerebrais e duplicação do tronco encefálico na altura do tálamo. B. Dorsalmente há dois cerebelos e duas medulas cervicais... 68 Figura 24. Aprosopia. Ovino 3. Não há formação da face e

observam-se áreas alopécicas em várias regiões do corpo, as orelhas são unidas na base... 69 Figura 25. Aprosopia. Ovino 3. A. Há uma abertura sem estrutura sob

a pele. B. A glote se abre em uma faringe em fundo de saco... 69 Figura 26. Hiperplasia muscular. Búfalo 4. A. Há aumento de volume

dos músculos semitendinoso e semimembranoso. B. Búfalo com contrações e queda após estímulo... 70 Figura 27. Hiperplasia muscular. Búfalo 3. A. Observa-se aumento de

volume dos músculos semitendinoso e semimembranoso... 70 Figura 28. Hiperplasia muscular. Búfalo 4. A. Corte transversal do

músculo semitendinoso apresentando fibras musculares hipertróficas (HE obj. 20x). B. Corte transversal de músculo semitendinoso de um búfalo controle. (HE obj. 20x)... 71 Figura 29. Albinismo. Búfalo 5. Mãe e bezerro com ausência de

pigmentação (Cortesia MV Maria Cecília Damé)... 71 Figura 30. Albinismo. Búfalo 5. Pele de búfalo afetado (A) e búfalo

controle (B). Observa-se ausência de melanina e espessamento da epiderme e projeções epidérmicas para o interior da derme do búfalo albino... 72 Figura 31. Albinismo e hidranencefalia. Búfalo 8. Observa-se a

pelagem branca, as mucosas rosadas e a cabeça em forma de cúpula... 72

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Figura 32. Hidranencefalia. Búfalo 8. O córtex cerebral apresenta-se com aspecto saculado, mais acentuado na região anterior.... 73

Figura 33. Hidranencefalia. Búfalo 8. Corte transversal do encéfalo na altura do tálamo. Há cavidades císticas no tecido nervoso com resquícios de substância branca na forma de delicados cordões, estreitamento da substância cinzenta e ausência da substância branca que foi substituída por liquido... 73

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Defeitos congênitos/doenças hereditárias observados em bovinos na área de influência do Laboratório Regional de Diagnóstico da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas entre 1978 e 2009... 49 Tabela 2. Defeitos congênitos/doenças hereditárias observados em

ovinos na área de influência do Laboratório Regional de Diagnóstico da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas entre 1978 e 2009... 52 Tabela 3. Defeitos congênitos/doenças hereditárias observados em

bubalinos na área de influência do Laboratório Regional de Diagnóstico da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas entre 1978 e 2009... 53 Tabela 4. Número e percentagem de animais obtidos e esperados

para a comprovação da origem hereditária da artrogripose em bovinos Holandês... 54

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SUMÁRIO RESUMO... V ABSTRACT... VII GLOSSÁRIO... IX 1. INTRODUÇÃO ... 19 2. REVISÃO DE LITERATURA... 21 2.1 DEFINIÇÃO... 21

2.2 NATUREZA DOS DEFEITOS CONGÊNITOS... 21

2.3 CAUSAS... 22

2.4 FREQUÊNCIA... 23

2.5 DIAGNÓSTICO... 24

2.6 CLASSIFICAÇÃO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS... 25

2.7 DEFEITOS CONGÊNITOS ESPECÍFICOS... 25

2.7.1 SISTEMA ESQUELÉTICO... 25

2.7.1.1 FACE... 25

2.7.1.2 COLUNA VERTEBRAL... 26

2.7.1.3 EXTREMIDADES... 26

2.7.1.4 DEFEITOS ESQUELÉTICOS SISTÊMICOS... 27

2.7.2 SISTEMA MUSCULAR... 28

2.7.2.1 ARTROGRIPOSE... 28

2.7.2.2 HIPERPLASIA MUSCULAR HEREDITÁRIA... 29

2.7.3 SISTEMA NERVOSO... 30

(20)

2.7.3.4 HIPOPLASIA CEREBELAR... 32 2.7.3.5 DEFICIÊNCIA DE COBRE... 33 2.7.4 SISTEMA TEGUMENTAR... 33 2.7.4.1 DERMATÓLISE MECÂNICO-BOLHOSA... 33 2.7.4.2 ALBINISMO... 34 2.7.5 OLHO... 34 2.7.6 SISTEMA GASTRINTESTINAL... 35 2.7.6.1 MEGAESÔFAGO... 35 2.7.6.2 ATRESIA ANAL... 36 2.7.7 SISTEMA LINFÁTICO... 36

2.7.7.1 HIPOPLASIA LINFÁTICA HEREDITÁRIA... 36

2.7.8 SISTEMA CARDIOVASCULAR... 37

2.7.8.1 PERSISTÊNCIA DO DUCTO ARTERIOSO... 37

2.7.9 OUTROS... 37

2.7.9.1 GÊMEOS ANÔMALOS... 37

3. MATERIAL E MÉTODOS... 39

3.1 EPIDEMIOLOGIA... 39

3.2 PATOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS E/OU DOENÇAS HEREDITÁRIAS... 39

4. RESULTADOS... 41

5. DISCUSSÃO... 74

6. CONCLUSÕES... 81

(21)

1. INTRODUÇÃO

A ocorrência de defeitos congênitos em bovinos e ovinos está estimada entre 0,2% e 3% e 0,2% e 2%, respectivamente, em todo o mundo e seu conhecimento depende da freqüência com que esses defeitos são estudados e descritos (LEIPOLD & DENNIS, 1986). Somente em condições incomuns, quando um determinado defeito ocorre repetidamente em um mesmo rebanho ou área geográfica torna-se alvo de investigação e por essa razão a maioria desses defeitos não é descrita e poucos são os registros de sua ocorrência (LEIPOLD et al. 1983). No Brasil a informação sobre ocorrência de defeitos congênitos é escassa a não ser por um ou outro relato de casos individuais, geralmente apresentados em congressos científicos.

Até o início da década de 1960 os defeitos congênitos em bovinos eram na sua grande maioria atribuídos a herança genética e a partir daí, com a descoberta de que a talidomida induzia malformações no homem, houve consenso na comunidade científica mundial de que os defeitos congênitos nas diversas espécies animais não eram necessariamente de origem genética (LEIPOLD et al., 1983).

Trabalhos de revisão realizados na década de 1980 revelaram quatro principais deficiências com relação ao conhecimento dos defeitos congênitos nos animais domésticos: 1) informação inadequada, ou seja, poucos casos relatados; 2) inadequada descrição anátomo-patológica; 3) inadequada análise genética; e, 4) falha na interpretação dos achados que contribuem para o entendimento e associação entre os processos embriológicos, patológicos e de natureza genética (LEIPOLD et al., 1983).

Os objetivos desse trabalho foram descrever os aspectos epidemiológicos e a patologia dos defeitos congênitos observados em ruminantes entre 1978 e 2009 na área de influência do Laboratório Regional de

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Diagnóstico (LRD) da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), bem como classificar estes defeitos com base no sistema afetado avaliando sua importância econômica. As doenças hereditárias diagnosticadas no LRD descritas anteriormente serão aqui abordadas apenas do ponto de vista da classificação.

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2. Revisão de Literatura

Animais com defeitos congênitos têm provocado grande curiosidade através dos tempos e o diagnóstico é um desafio na moderna prática veterinária. Individualmente, a maioria dos defeitos ocorre raramente. (LEIPOLD et al., 1972; LEIPOLD et al., 1983). Anomalias congênitas têm distribuição mundial e podem causar aborto ou morte neonatal levando a perdas reprodutivas consideráveis (JOLLY, 2002; KHODAKARAM-TAFTI & IKEDE, 2005).

2.1. Definição

Defeitos congênitos caracterizam-se por anormalidade na estrutura ou função de órgãos ou sistemas ou parte destes, estando presentes ao nascimento. Os defeitos congênitos afetam todas as espécies animais e ocorrem em consequência de fatores ambientais, genéticos ou pelas suas interações (LEIPOLD & DENNIS, 1986; LEIPOLD et al., 1972; LEIPOLD et al.,1983). As lesões podem ser identificadas macroscópica ou histologicamente ou por ambas as formas. A maioria dos defeitos congênitos é observada ao nascimento mas em alguns casos os defeitos são reconhecidos somente após um cuidadoso exame clínico-patológico (SAPERSTEIN et al., 1975). Ocorrem, ainda, defeitos congênitos que se manifestam algum tempo após o nascimento (LEIPOLD et al., 1983).

2.2. Natureza dos defeitos congênitos

Os defeitos congênitos resultam de eventos ou processos de duração variável que afetam o feto durante seu desenvolvimento e manifestam-se como alterações na estrutura ou função dos órgãos ou sistemas. Em consequência

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muitos animais malformados nascem mortos ou morrem logo após o nascimento e em muitos casos os defeitos congênitos estão relacionados à morte fetal ou embrionária, abortos e reabsorção causando perdas econômicas importantes em uma propriedade ou em uma região (LEIPOLD et al., 1972).

A susceptibilidade aos agentes ambientais ou genéticos varia com o estágio de desenvolvimento e diminui com o avanço da idade do feto. De modo geral, em bovinos até o 14° dia da gestação o zigoto é resistente aos agentes teratogênicos, mas susceptível às mutações genéticas e às aberrações cromossômicas. Entre o 15° e o 42° dia da gestação (período embrionário) o embrião é altamente susceptível aos agentes teratogênicos. A partir do 43° dia o feto torna-se altamente resistente aos agentes que podem causar malformações. Existem, entretanto, órgãos ou sistemas cujo desenvolvimento é tardio como o palato, o cerebelo e o sistema urogenital os quais podem ser afetados por agentes teratogênicos tardiamente na vida fetal. Os defeitos congênitos podem ser letais, semiletais ou compatíveis com a vida (LEIPOLD et al., 1983).

2.3 Causas

Os defeitos congênitos podem ser conseqüência de fatores ambientais, genéticos ou pela interação de ambos (SAPERSTEIN et al., 1975; LEIPOLD & DENNIS, 1986; LEIPOLD et al., 1983). Os fatores genéticos se caracterizam tanto pelas aberrações cromossômicas, as quais são diagnosticadas diretamente, ou pelas mutações genéticas que podem ser identificadas indiretamente pelo padrão de transmissão (SAPERSTEIN et al., 1975). A maioria dos defeitos hereditários conhecidos em bovinos resulta de transmissão por genes recessivos, mas transmissão por genes dominantes bem como herança poligênica também ocorrem (GREENE et al., 1973a).

Dentre os fatores ambientais que podem causar defeitos congênitos destacam-se as intoxicações por plantas, as infecções por vírus e o uso de alguns fármacos tais como parbendazol, carbendazol, triclorfon, organofosforados e outras drogas como cortisona, estradiol, bismuto, selênio e sulfonamidas (LEIPOLD & DENNIS, 1986; DELATOUR, 1983).

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23

Algumas plantas possuem como principio ativo tóxico, substâncias teratogênicas que ao serem ingeridas pelas fêmeas em gestação causam alterações nos fetos, como por exemplo as plantas do gênero Lupinus,

Veratrum californicum, Astragalus spp., Oxytropis spp., Nicotiana tabacum, N. glauca, Conium maculatum (LEIPOLD & DENNIS, 1986), que ao serem

ingeridas em períodos específicos da gestação causam malformações principalmente no sistema músculo- esquelético. No Nordeste do Brasil Mimosa

tenuiflora conhecida popularmente como jurema preta é causa de

malformações craniofaciais e oculares e artrogripose em ruminantes (PIMENTEL et al., 2007).

Vários vírus causam malformações em ruminantes tais como o vírus da diarréia viral bovina (BVDV) (YERUHAM et al., 2001), o vírus de Akabane (AKAV) (KUROGI et al., 1977), o vírus Aino (AINOV) (TSUDA et al., 2004), o vírus de língua azul (OSBURN, 1972) e o vírus da doença da fronteira (SAWYER et al., 1991) que infectam as fêmeas prenhes em período específicos da gestação e infectam os fetos em desenvolvimento.

2.4 Frequência

De modo geral, a frequência de malformações congênitas pode variar entre as raças, áreas geográficas e estações do ano, dependendo se a origem do defeito é hereditária ou ambiental. Estima-se uma taxa de prevalência de malformações variável entre 0,2% e 3% para bovinos e uma taxa entre 0,2% e 2% para a espécie ovina (LEIPOLD & DENNIS, 1986). Entretanto, a freqüência dos defeitos congênitos tanto em bovinos como em ovinos não tem uma proporção fixa entre os nascimentos uma vez que os mesmos podem ser causados por diferentes agentes. Além disso, a freqüência é difícil de estimar uma vez que muitos defeitos são identificados apenas durante a necropsia que nem sempre é realizada (LEIPOLD et al., 1972; SAPERSTEIN et al., 1975).

Em levantamento realizado em ovinos nos Estados Unidos de um total de 21.031 cordeiros da raça Rambouillet nascidos, foram observados 26 animais defeituosos em um período de 15 anos. Neste trabalho os autores concluíram que a ocorrência de 4,2% de natimortos e 3% de aborto foram as causas de perdas econômicas mais importantes (SAPERSTEIN et al., 1975). Em outro estudo de 4.408 nascimentos de cordeiros durante 1963 e 1964 1,6%

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apresentavam defeitos congênitos graves (HUGHES et al., 1972). Na Alemanha em um estudo de nove anos foram observados 2.293 bezerros defeituosos em rebanhos das raças German Black Pied, German Red Pied, Simmental e cruzas. Neste trabalho a frequência de defeitos congênitos foi estimada em 0,25% (GREENE et al., 1974).

Em um estudo de 5.258 bovinos nascidos entre 1954 a 1955 nos Estados Unidos foi observada uma proporção de 2,1 animais com defeitos congênitos para cada 1000 nascimentos. Em bovinos das raças Angus e Hereford foi observado em um período de 10 anos, 4,4% de natimortos dos quais 28% eram animais defeituosos. Em dois estudos realizados na Nova Zelândia foi relatada prevalência de 3,5% e 2,4% de defeitos congênitos entre 1.000 nascimentos em um período de dois anos consecutivos. Em bovinos de rebanhos leiteiros da Inglaterra foi observado uma taxa de mortalidade perinatal de 6,8% e destes 4,9% correspondiam a malformações congênitas (LEIPOLD et al., 1983).

No Rio Grande do Sul foi demonstrado que abortos causados por anomalias congênitas são esporádicos, mas podem ocorrer de forma epidêmica. Em um levantamento retrospectivo realizado no Setor de Patologia Veterinária (SPV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi observado que de 307 casos de aborto em bovinos entre setembro de 2001 e março de 2007, 10 (3,5%) eram conseqüência de anomalias congênitas (PAVARINI et al. 2008). Em um estudo retrospectivo realizado na região central do Estado de um total de 4.220 necropsias de bovinos com diagnóstico definitivo 0,54% tiveram diagnóstico de anomalias do desenvolvimento (LUCENA et al., 2009).

2.5 Diagnóstico

O diagnóstico dos defeitos congênitos é complexo e vários fatores limitantes devem ser considerados. Em geral os defeitos congênitos não são relatados a não ser quando são muito bizarros ou quando ocorrem casos coletivos. A notificação por parte dos proprietários às associações de criadores e às centrais de inseminação artificial é essencial para o controle e eliminação de genes indesejáveis principalmente nas populações de animais de interesse econômico. Outro fator limitante é o conhecimento dos profissionais ou

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trabalhadores do campo que muitas vezes devido ao exame incompleto confundem defeitos congênitos com animais prematuros ou abortos. Mudança no manejo ou no programa reprodutivo de uma propriedade pode ser eficiente no controle de teratologias em bovinos. A história inadequada pode ser, também, um fator limitante para o correto diagnóstico dos defeitos congênitos, já que o conhecimento sobre a área geográfica, a estação de monta, o manejo, a forma de criação, a presença de plantas tóxicas, a aplicação de medicamentos durante a gestação, entre outros, são dados fundamentais para a correta identificação das causas do defeito e permite a tomada de medidas eficientes para o seu controle (LEIPOLD & DENNIS, 1986).

2.6 Classificação dos defeitos congênitos

Embora seja difícil estabelecer uma classificação para os defeitos congênitos três principais sistemas têm sido utilizados: a) classificação etiológica; b) classificação com base no tecido embrionário afetado; e, c) a classificação baseada no órgão ou sistema afetado (LEIPOLD et al., 1972; LEIPOLD et al., 1983).

2.7 Defeitos congênitos específicos

Qualquer sistema ou órgão é susceptível à ocorrência de defeitos congênitos, mas alguns são mais frequentemente afetados do que outros. O sistema músculo-esquelético, o cerebelo e o sistema urogenital são frequentemente envolvidos em malformações congênitas (LEIPOLD et al., 1972; LEIPOLD et al., 1983)

2.7.1 Sistema esquelético

2.7.1.1 Face

Com exceção de palatosquise (fenda palatina) os defeitos da face não são frequentes, entretanto algumas malformações são conhecidas como campilognatia que se caracteriza pelo desvio lateral da face com o desenvolvimento normal da mandíbula (LEIPOLD et al., 1972).

A protrusão da mandíbula é denominada prognatia enquanto que a mandíbula curta com protrusão do maxilar é denominada braquignatia ou

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hipognatia (GELBERG, 2009). Esses defeitos podem ser isolados ou acompanhados de outras malformações e em alguns casos têm sido associados à aberrações cromossômicas (LEIPOLD et al., 1972).

Agnatia ou aplasia da mandíbula é um defeito raro em bovinos, mas pode fazer parte da síndrome mandibulofacial. Este defeito pode envolver o esqueleto da cabeça e da face e resultar em aprosopia ou ausência da face que raramente é encontrada em animais domésticos (LEIPOLD et al., 1972). Três casos de aprosopia em ovinos foram descritos por DENNIS & LEIPOLD (1972). As lesões caracterizam-se por ausência da mandíbula e do maxilar, anoftalmia bilateral, astomia, arrinia e sinotia. A faringe apresenta-se como um divertículo cego e flutuante, os ossos parietal, occipital, temporal, esfenóide e etmoidal são pequenos e o restante do corpo apresenta aspecto normal.

A displasia crânio-facial tem sido descrita na raça Limousin na França. A malformação caracteriza-se por deficiente ossificação das suturas frontais, e outras malformações da cabeça incluindo braquignatia, exoftalmia bilateral, escoliose do maxilar e macroglossia que podem estar associados a defeitos no omaso e no coração (LEIPOLD et al., 1972).

2.7.1.2 Coluna Vertebral

Defeitos que ocorrem na coluna vertebral incluem “espinha curta letal” que se caracteriza por fusão das vértebras e costelas sendo causada por um gene recessivo; perosomus elumbis ou agenesia do segmento caudal da coluna vertebral; escoliose (desvio lateral), xifose (desvio dorsal), lordose (desvio ventral) e suas combinações. Espinha bífida está frequentemente associada ao desenvolvimento anormal da medula espinhal e torticolis refere-se ao desvio lateral do pescoço (LEIPOLD et al., 1972; LEIPOLD et al., 1983).

Os defeitos no esqueleto axial e a fenda palatina estão frequentemente associados a outros defeitos, principalmente artrogripose (GREENE et al., 1974).

2.7.1.3 Extremidades

São descritas a polimelia que se caracteriza pela duplicação de um membro completo e a polimelia heterotópica que resulta em um ou dois membros duplicados localizados em diferentes regiões anatômicas do corpo. O

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mais comum é a notomielia, cujos membros duplicados apresentam-se no dorso. Outras regiões de localização dos membros são a cabeça (cefalomelia), o tórax (toracomelia) e a região pélvica (pigomelia) (LEIPOLD et al., 1983).

Em contraste com a polimelia tem sido descrito também, a agenesia de um membro denominada de amelia (abraquia dos membros anteriores e apodia dos membros posteriores). Quando a agenesia é de um membro é referida como monobraquia ou monopodia, se o membro é anterior ou posterior, respectivamente. Bezerros com abraquia/apodia apresentam displasia do segmento da medula espinhal correspondente ao membro afetado. Na micromelia os membros estão presentes, porém um ou mais apresentam hipoplasia (LEIPOLD et al., 1983).

Os defeitos no sistema apendicular frequentemente são hereditários e alguns podem causar perdas econômicas importantes. Na raça Galloway a hemimelia tibial é uma malformação comum e os animais em geral nascem mortos ou morrem pouco tempo depois do nascimento. Esse defeito frequentemente é acompanhado de outras malformações. Retrocruzamentos realizados com bovinos selecionados da raça demonstraram a transmissão hereditária por um gene recessivo autossômico (LEIPOLD et al., 1983).

Polidactilia, o aumento no número de dígitos, é um defeito hereditário encontrado em várias espécies animais. Em bovinos, a forma de herança é variável tendo sido descrita transmitida por um gene recessivo ligado ao sexo, ou por vários pares de genes (herança poligênica). Sindactilia se caracteriza pela fusão ou não divisão dos dedos funcionais transmitida por um gene recessivo autossômico de penetrância incompleta e variados graus de expressividade. É um dos defeitos mais comuns do sistema esquelético observado em bovinos da raça holandês nos Estados Unidos, mas tem sido observado também, em bovinos das raças Angus, Chianina, Simmental e cruzas (LEIPOLD et al., 1983).

2.7.1.4 Defeitos esqueléticos sistêmicos

Condrodisplasias, denominadas também como acrondroplasia, discondroplasia, nanismo ou bezerros bulldog, são reconhecidas como um grupo de enfermidades que se caracterizam por distúrbios generalizados no desenvolvimento dos ossos, muitos deles em conseqüência de uma desordem

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cartilaginosa primária. A enfermidade tem sido descrita em diversas raças bovinas, apresentando-se como três síndromes que representam os fenótipos observados: tipo Dexter; tipo Telemark e tipo braquicefálico. A síndrome de condrodisplasia descrita na raça Dexter está associada a um gene de dominância incompleta que em homozigose é letal. Três fenótipos são reconhecidos nesta forma da enfermidade quando são utilizados cruzamentos consangüíneos: marcada acondroplasia com aborto antes do 7º mês de gestação (“monster Dexter”) (homozigotos dominantes); condrodisplasia do tipo Dexter com encurtamento dos membros (heterozigotos); e, normais (homozigotos recessivos) (THOMPSON, 2007).

Na condrodisplasia do tipo Telemark os animais nascem vivos, mas morrem poucos dias após por paralisia respiratória causada por sua incapacidade de manterem-se em pé. O fenótipo é uniforme, caracterizando-se por crânio arredondado e hidrocefalia, braquignatia, fenda palatina, protrusão da língua, pescoço curto e membros curtos com rotação em vários graus. A enfermidade apresenta-se geneticamente diferente, sendo transmitida por um gene recessivo autossômico simples (THOMPSON, 2007).

O tipo braquicefálico tem sido descrito nas raças de corte, especialmente na raça Hereford e Aberdeen Angus, caracterizando-se pelos animais apresentarem cabeça pequena e arredondada, focinho curto e prognatismo inferior. Os olhos apresentam-se proeminentes e lateralmente colocados. O tipo de herança para este tipo de condrodisplasia não está bem estabelecido, mas parece ser devido a um gene recessivo autossômico (THOMPSON, 2007).

2.7.2 Sistema muscular

2.7.2.1 Artrogripose

Artrogripose foi descrita em seres humanos, bovinos, ovinos, suínos e eqüinos. É uma das malformações congênitas mais frequentemente observadas no sistema muscular de bovinos e possui distribuição mundial (LEIPOLD et al., 1983; WEISBRODE, 2009). Artrogripose caracteriza-se pela contração permanente dos membros em flexão ou extensão e atrofia muscular. O termo artrogripose é usado principalmente quando a rigidez articular

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apresenta-se em flexão. Em alguns casos a doença é atribuída a um defeito primário dos músculos ou, mais freqüentemente, a uma lesão primária do sistema nervoso central, caracterizando-se por atrofia muscular em consequência da ausência de neurônios nos cornos ventrais da medula, ou desmielinização dos nervos motores. Pode afetar somente os membros anteriores ou os membros posteriores (bimélico), como também pode afetar os quatro membros (tetramélico) (LEIPOLD et al., 1970; GREENE et al., 1973b; NAWROT et al., 1980; RADOSTITS et al., 2000).

Os animais afetados, geralmente, nascem em partos distócicos, frequentemente mortos. Quando nascem vivos são incapazes de se manter em pé ou alimentar-se e morrem em poucos dias; apresentam graus variados de rigidez articular com flexão ou extensão dos membros e atrofia muscular, associados, ou não, a outras alterações como xifose, escoliose, torcicolo e fenda palatina (LEIPOLD et al., 1970).

A malformação tem sido descrita como uma sídrome frequentemente associada a fenda palatina sendo atribuída a um gene recessivo autossômico em várias raças bovinas incluindo as raças Charolês, Holandês, Suiça e Red Danish (VAN VLEET & VALENTINE, 2007). Artrogripose pode ter, também, causas ambientais como: infecções pelo vírus Akabane (KUROGI et al., 1977), pelo BVDV (YERUHAM et al., 2001), pelo vírus da língua azul (OSBURN, 1972) e pelo AINOV (TSUDA et al., 2004); pela ingestão de plantas, como

Lupinus sericeus e L. caudatus, Astragalus sp., Nicotiana glauca (LEIPOLD et

al., 1970), Mimosa tenuiflora (PIMENTEL et al., 2007) sorgo, capim sudão e outras; pela deficiência de vitamina A ou manganês; e, pela administração de medicamentos como carbendazole e parbendazole (RADOSTITS et al., 2000).

2.7.2.2 Hiperplasia muscular hereditária

Esta enfermidade é conhecida desde o século XIX (KIDWELL et al., 1952; WEST, 1974) e foi descrita em algumas raças bovinas como Shorthorn, Maine-Anju, Charolês, Aberdeen Angus, Hereford, Belgian Blue, Piedmont e Devon (BARBOSA et al., 1999). A doença caracteriza-se pelo aumento da massa muscular (hipertrofia), principalmente na região posterior, escápula e pescoço devido a um aumento no número total de fibras (hiperplasia) da musculatura esquelética e está relacionada à mutação do gene MSTN que

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fornece instruções para produção de miostatina (GOBRET et al., 1997; BARBOSA et al., 1999; MARTYN et al., 2004; LISTRAT et al., 2005). A miostatina é uma proteína que faz parte da superfamília do fator transformador de crescimento beta (TGFβ), que é um grupo de proteínas que ajudam a controlar o crescimento e o desenvolvimento dos tecidos do corpo (MCPHERRON & LEE, 1997; KOLLIAS & MCDERMOTT, 2008).

É uma doença que ocorre em vários países da Europa e tem sido diagnosticada nos Estados Unidos desde a década de 30 (HENDRICKS et al., 1973). Os animais afetados apresentam ossos diminuídos, espessamento da pele, menor peso dos órgãos, do tamanho da cabeça e aumento de volume da maioria dos músculos do corpo. Há redução no desenvolvimento do tecido adiposo, problemas reprodutivos, distocia, membros esticados quando em pé, redução na produção de leite e macroglossia (HOLMES & ASHMORE, 1972).

Macroscopicamente, a única alteração observada é a ausência de tecido adiposo intra e intermuscular e não se observam alterações histológicas (HOLMES & ASHMORE, 1972; HENDRICKS et al., 1973).

Em búfalos, essa doença foi descrita no Estado do Pará. Os animais apresentavam menor tamanho, aumento da massa muscular na parte posterior (músculos semitendinoso e semimembranoso), pele fina e menor quantidade de tecido adiposo (BARBOSA et al., 1999).

2.7.3 Sistema nervoso

2.7.3.1 Hidranencefalia

Hidranencefalia é a formação de grandes cavidades contendo líquido no cérebro e ocorre no feto durante a gestação (MAXIE & YOUSSEF, 2007; ZACHARY, 2009). É relatada em todas as espécies, sendo mais comum em bovinos e se apresenta esporadicamente ou como pequenas epizootias (MAXIE & YOUSSEF, 2007).

A patogenia da hidranencefalia está associada à infecção por certos vírus, como o AINOV (TSUDA et al., 2004), o BVDV (YERUHAM et al., 2001), o vírus da língua azul (OSBURN, 1972), o virus de Akabane (KUROGI et al., 1977), o vírus da febre do vale do Rift e o da doença da fronteira (border

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num período crítico da gestação e produzem áreas de necrose nos hemisférios cerebrais em desenvolvimento. Essas áreas de necrose envolvem os neuroblastos e sua migração e resulta na cavitação pela ausência de neurônios no córtex. Fatores mecânicos também contribuem para o desenvolvimento de hidranencefalia. Ocorre expansão compensatória dos ventrículos laterais (hidrocefalia ex-vacuo) secundária à perda do tecido cerebral (MAXIE & YOUSSEF, 2007).

Em búfalos a doença foi descrita no sul do Rio Grande do Sul sendo sugerida a possibilidade de ter origem hereditária e transmissão por um gene recessivo autossômico. Os sinais clínicos nos búfalos caracterizam-se por depressão, incoordenação motora, estação em base larga nos animais que conseguem manter-se em pé, ausência ou diminuição de reflexos, movimentos ritmados e tremores, principalmente da cabeça e do pescoço, impossibilidade de mamar e cegueira (FISS, 2009).

2.7.3.2 Hipermetria hereditária

Hipermetria hereditária em bovinos Shorthorn é uma doença neurológica caracterizada por hipermetria simétrica bilateral transmitida por um gene recessivo autossômico. A enfermidade foi descrita no Rio Grande do Sul em um rebanho da raça Shorthorn após a introdução de um touro que apresentava discretos problemas de equilíbrio nascendo cerca de 15 animais afetados de um total de 2.000 no período de 10 anos (SCHILD et al., 1993). Após a eliminação dos animais afetados do rebanho a doença não foi mais observada.

2.7.3.3 Degeneração cerebelar cortical

Degeneração cerebelar cortical caracteriza-se por degeneração precoce e progressiva das células de Purkinje do cerebelo. Os sinais clínicos caracterizam-se por hipermetria, ataxia e quando os animais são excitados ou movimentados observa-se, também, extensão do pescoço e membros anteriores, quedas, opistótono e nistagmo. Não são observadas alterações macroscópicas e histologicamente observa-se degeneração das células de Purkinje e esferóides axonais na capa granular do cerebelo (SUMMERS et al., 1995).

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No Rio Grande do Sul essa enfermidade foi observada em um rebanho holandês afetando seis animais, de um total de 200, nascidos em um período de dois anos. Apesar de os animais afetados serem filhos do mesmo touro, o retrocruzamento deste com suas filhas, demonstrou que, neste caso, esta enfermidade não é hereditária uma vez que, dos 38 animais nascidos, 29 que sobreviveram não apresentaram sinais clínicos, e o estudo histológico do sistema nervoso central de nove animais que nasceram mortos não revelou as lesões características da enfermidade (RIET-CORREA et al., 1998; SCHILD et al., 2001a).

2.7.3.4 Hipoplasia cerebelar

Este é o defeito congênito do sistema nervoso central mais comum observado nas espécies domésticas. Pode ocorrer pela infecção do cerebelo em desenvolvimento por vírus, como o da diarréia viral bovina, da enfermidade da fronteira, da peste suína, entre outros. Há, também, evidências de ser geneticamente transmitido em algumas raças bovinas (MAXIE & YOUSSEF, 2007).

Os sinais clínicos observados variam entre ataxia discreta ou quase imperceptível nos animais recém nascidos, até a completa ausência de coordenação e inabilidade de manter a postura normal. Os animais mais afetados são incapazes de se manter em pé e assumem variadas posições, incluindo opistótono. Tremores da cabeça e nistagmo podem ser, também, observados. Nas primeiras semanas de vida pode haver melhoras nos sinais clínicos por mecanismos de compensação. Macroscopicamente ocorre diminuição do tamanho do cerebelo, dependendo do estágio de desenvolvimento do sistema nervoso no momento da infecção, porencefalia, hidranencefalia, e hipomielinização. (DE LAHUNTA, 1983).

Microscopicamente, as alterações são confinadas ao cerebelo com adelgaçamento das camadas molecular e granular, ausência quase completa das células de Purkinje e redução na quantidade de substância branca (LEIPOLD et al., 1972).

Em 2001, no Rio Grande do Sul, foi diagnosticado hipoplasia cerebelar em dois bezerros da raça Charolês de um total de 128 animais nascidos em um estabelecimento, apresentando sinais clínicos de incoordenação motora,

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hipermetria, tremores da cabeça e do pescoço e opistótono tendo sido atribuída a infecção pelo vírus da diarréia viral bovina (SCHILD et al., 2001b).

2.7.3.5 Deficiência de Cobre

O cobre (Cu) é um dos micro-elementos essenciais para os animais e plantas. Nos animais participa da hematopoiese, metabolismo dos tecidos conectivos, formação da mielina e dos ossos e pigmentação e formação de lã e pêlos (RADOSTITS et al., 2000).

A deficiência de cobre pode ser primária, quando a ingestão dietética do elemento for insuficiente diante dos níveis requeridos pelo animal para os processos metabólicos dependentes do cobre. Pode, também, ser secundária quando, apesar da ingestão adequada, sua absorção e utilização pelos tecidos estiver prejudicada pela presença de antagonistas na dieta, tais como molibdênio (Mo), enxofre (S) e ferro (Fe) (RADOSTITS et al., 2000).

Em bovinos, diversos quadros clínicos são observados na deficiência de Cu, podendo ocorrer menor desenvolvimento corporal e baixo desempenho reprodutivo, anemia, osteoporose, alterações da pigmentação dos pêlos e diarréia. Ocorrem, também, ataxia neonatal, hipomielogênese congênita e morte súbita. Em ovinos, a deficiência de Cu pode causar fragilidade e perda da ondulação da lã ou despigmentação da lã preta, alterações congênitas ou adquiridas da mielina (ataxia enzoótica), osteoporose, anemia e redução do crescimento (RIET-CORREA, 2007).

2.7.4 Sistema tegumentar

2.7.4.1 Dermatólise mecânico-bolhosa

Dermatólise mecânico-bolhosa pertence a um grupo de enfermidades hereditárias caracterizada pela formação de bolhas secundárias a fricção moderada da pele (BASSET, 1987).

O grupo mais importante dessas enfermidades é o das denominadas epidermólises bolhosas e a enfermidade é transmitida por um gene recessivo autossômico. As lesões caracterizam-se por desprendimento da epiderme em conseqüência de um trauma mecânico na pele e as áreas mais afetadas são

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aquelas mais expostas a traumatismos como o rodete coronário, a face anterior do carpo e posterior do tarso, regiões escapular e glútea e base e ponta da cauda (BASSET, 1987).

No Rio Grande do Sul dermatose mecânico-bolhosa foi descrita em búfalos da raça Murrah, transmitida por um gene recessivo autossômico. Os sinais clínicos caracterizam-se por fragilidade da pele com desprendimento da epiderme e pelos, em conseqüência de traumatismos mecânicos na pele previamente normal. Histologicamente caracteriza-se por acantólise com separação suprabasilar da epiderme (RIET-CORREA et al., 1994).

2.7.4.2 Albinismo

O termo albinismo compreende as doenças genéticas que envolvem a síntese de melanina. A hipopigmentação cutânea observada nesta doença varia da completa ausência de melanina a redução mínima da cor da pele e dos pelos (CARDEN et al., 1998).

As doenças relacionadas com a redução do pigmento podem ter origem hereditária ou podem ser adquiridas. A hipopigmentação hereditária pode ser dividida em hipopigmentação melanocitopênica, que se caracteriza pela ausência de melanócitos ou por hipopigmentação melanopênica em que os melanócitos estão presentes, mas que apresentam falha ao sintetizar a melanina (HARGIS & GINN, 2009).

O albinismo foi descrito em bovinos das raças Holstein, Hereford, Pardo Suíço entre outras (PETERSEN et al. 1944). Em bubalinos da raça Murrah albinismo com pigmentação normal dos olhos foi descrito em uma província da China com uma prevalência de 30%, alguns animais apresentando manchas brancas nos membros com a coloração normal do restante do corpo (LEVINE, 1925). De acordo com COCKRILL (1974) búfalos malhados são albinoides e têm sido observados em várias raças de bubalinos.

2.7.5 Olho

Anoftalmia é uma doença rara, caracterizada pela ausência uni ou bilateral dos tecidos oculares (MORITOMO et al., 1994; WILCOCK, 2007). Microftalmia caracteriza-se pela presença de algum vestígio de tecido ocular.

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Geralmente, estas enfermidades estão associadas a defeitos do sistema esquelético ou do sistema nervoso central (WILCOCK, 2007).

Ciclopia é uma malformação fetal caracterizada por uma única órbita ocular mediana contendo um globo ocular. Foi descrita em bovinos, ovinos, aves e cães. Defeitos crânio faciais estão associados à ciclopia, como ausência ou deformidade das orelhas, fenda palatina, microcefalia, hidranencefalia e hidrocefalia (WILCOCK, 2007).

Displasia de retina ocorre devido a uma diferenciação anormal da retina caracterizada pela mistura das camadas da retina e pela proliferação de células da glia. Pode ocorrer em bovinos, ovinos, caninos e felinos e na maioria dos casos está associada à infecção pelo vírus da diarréia viral bovina, o vírus da língua azul, herpesvírus canino e outros (WILCOCK, 2007).

Opacidade de córnea congênita é causada pela malformação da câmara anterior, ocorrendo aderência das estruturas da câmara ao endotélio da córnea. Ocorre em bovinos da raça Holstein-Friesian (WILCOCK, 2007).

Defeitos oculares tais como microftalmia, degeneração da retina, catarata e neurite óptica podem ocorrer na infecção pelo BVDV, em geral associados a outros defeitos (ROSS et al., 1986; YERUHAM et al., 2001).

2.7.6 Sistema Gastrintestinal

2.7.6.1 Megaesôfago

Megaesôfago é uma disfunção esofágica que resulta da atonia da musculatura do esôfago com flacidez e dilatação luminal, em conseqüência de uma disfunção motora do corpo esofágico (BROWN et al., 2007). Tem sido descrita em diversas espécies domésticas, sendo relativamente comum em cães, raro em bovinos, bubalinos e pequenos ruminantes (GELBERG, 2009).

O megaesôfago pode ser adquirido, também, em conseqüência da obstrução do esôfago por alimentos, compressão, presença de corpo estranho e também associado a hérnias de hiato e a trauma faringiano ou por lesão no nervo vago em bovinos (BROWN et al., 2007).

Os sinais clínicos associados ao megaesôfago adquirido podem aparecer subitamente e os animais param de se alimentar, apresentam sinais de ansiedade, inquietação e regurgitação dos alimentos. A enfermidade pode,

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também, ter curso crônico com sinais clínicos de timpanismo. Em muitos casos pode ocorrer pneumonia por aspiração (GELBERG, 2009).

No Rio Grande do Sul megaesôfago congênito foi descrito em búfalos da raça Murrah. A etiologia da enfermidade não foi determinada, entretanto a alta consanguinidade do rebanho de bubalino afetado sugere que a mesma possa ser de origem hereditária. Os animais apresentam sinais de crescimento retardado, timpanismo crônico, regurgitamento e pneumonia por aspiração. Na necropsia observa-se dilatação acentuada do esôfago, algumas vezes contendo restos de alimentos parcialmente digeridos no seu interior e sinais de pneumonia por aspiração e no exame histopatológico não são observadas lesões significativas (SCHILD, 2007).

2.7.6.2 Atresia anal

Atresia anal é o defeito congênito mais comum do trato gastrintestinal inferior. Afeta todas as espécies animais e é mais freqüente em bovinos (ARAÑEZ, 1956; BROWN et al., 2007), suínos (BROWN et al., 2007) e ovinos (GHANEM et al., 2004). Em ovinos atresia anal parece estar ligada a um gene recessivo autossômico (GHANEM et al., 2004).

Atresia anal pode ser um defeito congênito isolado ou estar associado a outras malformações tais como o disrafismo espinhal, agenesia sacral ou coccígea, fístula retrovaginal, agenesia renal, rins policísticos, criptorquidismo, duplicação do escroto, atresia intestinal e agenesia do cólon (BROWN et al., 2007).

2.7.7 Sistema Linfático

2.7.7.1 Hipoplasia linfática hereditária

Hipoplasia linfática hereditária é uma doença congênita hereditária do sistema linfático periférico que afeta várias espécies animais e é caracterizada por edema que envolve principalmente as extremidades (MORRIS et al., 1954).

Esta enfermidade foi observada em bovinos Hereford no Rio Grande do Sul, transmitida por um gene dominante de penetrância incompleta e expressividade variada (SCHILD et al., 1991). Enfermidade semelhante foi

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37

observada em bovinos Red Angus cuja transmissão é aparentemente por um gene autossômico recessivo (MACÊDO et al., 2009).

As lesões macroscópicas observadas caracterizam-se por engrossamento da pele, principalmente nas regiões onde o edema é mais proeminente, ulcerações, miíases, linfonodos diminuídos de tamanho. Estudos radiológicos demonstraram a presença de vasos linfáticos distendidos ou ausentes (SCHILD et al., 1996). Histologicamente, as lesões observadas no sistema linfático caracterizaram-se por hipoplasia, edema (SCHILD et al., 1991; MACÊDO et al., 2009) e esclerose de seios linfáticos dos linfonodos, dissociação das células do córtex e da região paracortical dando aos linfonodos aparência hipocelular (SCHILD et al., 1991).

2.7.8 Sistema Cardiovascular

2.7.8.1 Persistência do ducto arterioso

O ducto arterioso é um canal vascular entre as artérias aorta e pulmonar que permite o sangue dos pulmões se desviar do ventrículo esquerdo para o direito resultando em hipertensão pulmonar (VAN LEET & FERRANS, 2009).

Persistência do ducto arterioso é um dos defeitos cardíacos congênitos mais comumente observados nos animais domésticos e de causa não determinada em bovinos (GOPAL et al., 1986; MAXIE & ROBINSON, 2007). No cão está associada a uma herança poligênica (MAXIE & ROBINSON, 2007). Em um estudo realizado em bovinos durante 14 anos para identificação de malformações congênitas, 36 bovinos apresentaram 14 diferentes defeitos cardíacos, dos quais cinco eram persistência do ducto arterioso, sendo dois bovinos da raça Hereford e três da raça Holandês (GOPAL et al., 1986). Este defeito é descrito também por LEE & KIM (2004) em um bovino Holandês.

2.7.9 Outros

2.7.9.1 Gêmeos anômalos

Gêmeos anômalos são gêmeos monozigóticos imperfeitamente separados, estando geralmente unidos pela parte anterior do corpo. Ocorrem geralmente associados a partos distócicos. São afetados com maior freqüência

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bovinos, ovinos e suínos, ocasionalmente cães e gatos. A malformação é rara em eqüinos. A etiologia é desconhecida (DENNIS, 1975).

Gêmeos anômalos podem ser classificados em: diplopagos (gemelaridade conjugada igual e simétrica); dípigos (gemelaridade conjugada incompleta com duplicação caudal), diprosopo (duplicação quase completa da face); dicéfalo dípigo (duplicação de ambas as regiões cranial e caudal da cabeça); sincéfalo dípigo (duplicação de ambas as regiões cranial e caudal com as duas cabeças quase completamente fusionadas); heterópago (gemelaridade desigual e assimétrica, sendo o gêmeo maior aparentemente normal e o menor incompleto - parasítico); pigópago parasítico (gemelaridade parasítica ligada à região sacral do outro gêmeo); e, melodimo (gemelaridade com membros supernumerários) (DENNIS, 1975).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizado um levantamento dos defeitos congênitos e/ou doenças hereditárias em bovinos, ovinos e bubalinos diagnosticados no Laboratório Regional de Diagnóstico (LRD) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no período de janeiro de 1978 a dezembro de 2009.

3.1 Epidemiologia

Para o estudo epidemiológico dos casos observados foi realizada revisão nos protocolos de necropsia do LRD/UFPel obtendo-se informações referentes à procedência dos animais, ao tipo de manejo utilizado, técnicas de reprodução (monta natural, inseminação artificial), tipo de criação (intensiva, semi-intensiva, extensiva), aplicação de vacinas e medicamentos, e tipo de alimentação (campo nativo, pastagem, concentrados), quando estes dados constavam nos protocolos.

3.2 Patologia e classificações dos defeitos congênitos e/ou doenças hereditárias

Os diferentes defeitos congênitos observados foram classificados de acordo com o sistema afetado, resgatando-se dos protocolos de necropsia os dados relativos aos sinais clínicos, quando os animais sobreviviam após o nascimento e a patologia macroscópica de cada caso. Foram utilizadas, também, para este estudo, fotografias existentes no acervo do LRD. Os casos recebidos a partir de 2008 foram estudados pela realização da necropsia.

Quando dois sistemas estavam afetados em um só indivíduo ambos eram considerados para o cálculo do percentual de cada sistema afetado.

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Quando mais de dois sistemas estavam afetados os casos foram incluídos como uma alteração multissistêmica.

Nos casos em que as lesões afetavam macroscopicamente órgãos ou tecidos e não a estrutura foi realizado o estudo histológico utilizando-se as técnicas de rotina. Em dois casos foi feito o estudo radiológico das alterações esqueléticas observadas.

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4. RESULTADOS

Entre janeiro de 1978 e novembro de 2009 foram recebidos 5.409 materiais de bovinos, 843 materiais de ovinos e 106 de bubalinos para análise no LRD. Desse material 1.121 (20,72%) corresponderam a necropsias em bovinos, 310 (36,77%) a necropsias em ovinos e 61 (57,54%) a necropsias em bubalinos.

Dos 1.121 bovinos necropsiados 48 (4,28%) apresentaram malformações congênitas. Dos 61 bubalinos oito (13,11%) foram diagnosticados com defeitos congênitos e dos 310 ovinos três (0,97%) foram diagnosticados com defeitos congênitos.

Os defeitos congênitos e doenças hereditárias observados foram classificados de acordo com o sistema afetado em bovinos, ovinos e bubalinos e são apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3, respectivamente.

Três bovinos apresentaram defeitos no sistema cardiovascular (casos 1, 32 e 33). No bovino 1 havia coágulos na traquéia e brônquios, hemorragia nasal, hemopericárdio e dilatação das valvas sigmóides pulmonares com a presença de uma valva supernumerária. O bovino 32 era uma fêmea da raça Jersey com 30 dias de idade encontrada morta. Na necropsia apresentava líquido na cavidade abdominal, fígado aumentado de tamanho com aspecto de noz moscada. O coração estava aumentado de tamanho com áreas esbranquiçadas no epicárdio. Ao corte o ventrículo direito apresentava encurtamento das cordas tendinosas que fixam a valva tricúspide, havia estenose da aorta após a saída do tronco braquicefálico e persistência do ducto arterioso. O bovino 33 era uma fêmea da raça Aberdeen, recém nascida, proveniente de inseminação artificial. Na necropsia observou-se edema da cabeça, persistência do ducto arterioso e cistos hemáticos nas valvas mitral e tricúspide, malformação e hipertrofia do músculo papilar da valva tricúspide,

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displasia valvular e defeito septo-atrial entre as aurículas. Apresentava, ainda, tireoides aumentadas de tamanho.

O bovino 2 apresentou malformação do sistema nervoso central caracterizada por hipoplasia dos lobos frontais e olfatórios, com edema meníngeo e circunvoluções cerebrais dorsal aos lobos olfatórios mais largas.

Cinco bovinos eram gêmeos anômalos e a malformação era caracterizada por duplicação craniofacial denominada diprosopo (casos 4, 7, 29, 39 e 42). O bovino 4 apresentou, também, defeitos septais cardíacos. O bovino 39 (diprosopo tetraoftálmico) (Fig.1) apresentava duas cabeças unidas pelos ossos frontal, parietal e temporal, dois membros anteriores e dois posteriores. Havia duplicação da face que apresentava quatro olhos, dois focinhos, duas bocas e duas orelhas, as quais eram localizadas no lado externo da fusão. Os hemisférios cerebrais eram unidos a um tronco encefálico comum (Fig. 2 A e B) e havia ainda duas línguas unidas a um esôfago. O bovino 42 apresentava duas cabeças unidas na altura da terceira vértebra cervical (dicéfalo dipos dibráquios) e artrogripose (Fig. 3 A e B). Havia malformação dos dentes e fenda palatina em ambas cabeças (Fig. 4 A e B). Havia, também, atresia anal e o intestino grosso terminava em fundo de saco. O coração apresentava uma fenda na base (Fig.4 C) e uma terceira câmara entre os dois ventrículos (Fig. 4 D).

Degeneração cerebelar cortical (caso 11) foi observada em bovinos da raça Holandês e descrita anteriormente por Schild et al (2001a), assim como hipoplasia linfática hereditária em bovinos Hereford (caso 12) (Schild et al. 1991; Schild et al. 1996) e hipermetria hereditária (caso 14) em bovinos da raça Shorthorn (Schild et al. 1993).

Onze bovinos apresentaram condrodisplasia tipo Telemark (bovinos 6, 9, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 27, 28, 43). A principal malformação desses animais caracterizava-se por encurtamento e rotação dos ossos dos membros principalmente nas articulações úmero-rádio-cubital e rádio-carpiana (Fig. 5 A e B); o crânio era arredondado e maior que o normal e havia exoftalmia (Fig. 5 A, B e C), prognatismo e protrusão da língua. O focinho era achatado e o osso parietal espesso, os ossos da base do crânio eram curtos e a cartilagem articular entre o baso-esfenóide e o pré-esfenóide era espessa (Figs. 6 A, B, C e D). O bovino 13 era filho de vaca primípara e foi feita premunição contra

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tristeza parasitária na mãe. Apresentou, também, defeitos nos septos cardíacos e desvio dos principais troncos venosos e arteriais, escoliose e fígado com áreas de degeneração. Na histologia observou-se congestão hepática. O bovino 28 apresentou articulações aumentadas, presença de líquido sub-meningeano e rins com múltiplos infartos. O bovino 43 era oriundo de programa de inseminação artificial, sem histórico de ocorrência de malformações anteriores. Com exceção do bovino 15 todos apresentavam fenda palatina.

Três bovinos apresentaram condrodisplasia do tipo Dexter (casos 10, 30 e 41), e todos apresentavam malformações generalizadas. A cabeça era arredondada e o focinho achatado, havia protrusão completa da língua, braquignatia superior, ausência do palato duro e malformação dos dentes (Fig. 7 A). Dorsalmente observava-se o pescoço e membros curtos (Fig. 7 B). Havia hérnia abdominal com exposição das vísceras abdominais (Fig. 7 C). Radiologicamente no bovino 41 observava-se o encurtamento dos membros e vértebras e as costelas estreitas (Fig. 8).

Em nove casos de malformação congênita em bovinos foi realizado o diagnóstico de artrogripose (casos 3, 5, 21, 24, 35, 37, 40, 44 e 48). O bovino 21 apresentava ainda espinha bífida e lordose. O bezerro era filho de uma vaca que teve três abortos e que pariu dois bezerros com defeitos congênitos, todos filhos do mesmo touro. As lesões se caracterizavam por membros torcidos para frente, a coluna abria-se ao exterior na altura do púbis expondo a medula, os ossos do coxal estavam unidos e havia atrofia muscular dos membros posteriores. Este bovino apresentava também o cerebelo fora da cavidade craniana. No caso 24 artrogripose afetou quatro de 38 bezerros resultantes de um acasalamento experimental entre um touro e oito de suas filhas, em um período de 5 anos, obtendo-se uma freqüência de 10,52% de animais defeituosos (Tabela 4). Na necropsia os animais apresentavam curvatura dos membros, rigidez articular múltipla, deformação do externo e atrofia muscular (Fig. 9 A). As lesões histológicas caracterizaram-se por ausência de neurônios motores nos cornos inferiores da substância cinzenta da medula espinhal sem presença de lesões inflamatórias. Os músculos apresentavam marcada falta de desenvolvimento das fibras que estavam reduzidas de tamanho com espaço entre elas ocupado por tecido conjuntivo (Fig. 9 B). O bovino 37 nasceu de parto distócico, era da raça Holandês e não conseguia se manter em pé e nem

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