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VOTO EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELO INSS. PENSÃO POR MORTE. MARIDO NÃO INVÁLIDO. ÓBITO ANTERIOR À PROMULGAÇÃO DA

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(1)

PROCESSO Nº 0500001-32.2015.4.05.8501

ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SERGIPE

REQUERENTE: INSS

REQUERIDO(A): JOSE FRANCISCO COSTA

RELATOR: JUIZ FEDERAL DOUGLAS CAMARINHA GONZALES

VOTO – EMENTA

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELO INSS. PENSÃO POR

MORTE. MARIDO NÃO INVÁLIDO. ÓBITO ANTERIOR À PROMULGAÇÃO DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. IMPOSSIBILIDADE. INCIDENTE

CONHECIDO E PROVIDO.

1. Prolatado acórdão pela Turma Recursal de Sergipe, o qual reformou a r. sentença e

julgou procedente o pedido de concessão de pensão por morte pleiteado pelo marido

(não inválido) em decorrência do falecimento de sua mulher aos 06.06.1982. De acordo

com o Colegiado, apesar da legislação em vigor na data do falecimento da mulher não

contemplar o marido não inválido como beneficiário da pensão, a Constituição Federal

confere a isonomia de direitos ao autor.

2. Interposto incidente de uniformização pelo INSS, com fundamento no art. 14, § 2º,

da Lei nº 10.259/2001. Alega o recorrente que a legislação vigente à época do

falecimento da titular não contemplava o marido não inválido como dependente. Não há

direito adquirido, pois sequer há direito subjetivo a pensão do autor.

3. Incidente admitido na origem, sendo os autos encaminhados à TNU, e distribuídos a

este Relator.

(2)

4. Nos termos do art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/01, o pedido de uniformização

nacional de jurisprudência é cabível quando houver divergência entre decisões sobre

questões de direito material proferidas por turmas recursais de diferentes regiões ou

em contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante da Turma Nacional de

Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça.

5. O incidente merece ser conhecido, até porque o acórdão recorrido é contrário à

jurisprudência dessa Casa.

6. De início, devo registrar que fiel à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,

aplica-se tão somente a legislação vigente à ocasião do falecimento da titular –

ocorrido aos 06.06.1982 – em sintonia ao direito da

saisine.

Nesse sentido é a

jurisprudência: "O direito à pensão de ex-combatente é regido pelas normas

legais em vigor à data do evento morte. Tratando-se de reversão do benefício à

filha mulher, em razão do falecimento da própria mãe que a vinha recebendo,

consideram-se não os preceitos em vigor quando do óbito desta última, mas do

primeiro, ou seja, do ex-combatente" (MS 21.707/DF, Redator para o acórdão o

Ministro Marco Aurélio, Pleno DJ de 22.09.95). No mesmo sentido: AI 537.651-AgR,

Relator o Ministro Eros Grau, Primeira Turma, DJ de 11.11.05; AI 724.458-AgR,

Relator o Ministro Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJ de 1º.10.10.

7. Nesse passo, por imperativo lógico necessário, há de se perquirir primeiramente

quem a lei vigente à ocasião do falecimento contemplava como dependente.

Interpretação diversa da presente tergiversa o princípio da vigência da lei no tempo,

secular no direito:

tempus regit actum.

Justamente por isso, resta equivocado o

acórdão impugnado.

(3)

nº 3.807/60/60, o qual disciplinou, em seu art. 11, I, o seguinte:

“Art. 11.

Consideram-se dependentes dos Consideram-segurados, para os efeitos desta Lei: (...): I - a esposa, o marido

inválido, a companheira, mantida há mais de 5 (cinco) anos, os filhos de qualquer

condição menores de 18 (dezoito) anos ou inválidos, e as filhas solteiras de qualquer

condição, menores de 21 (vinte e um) anos ou inválidas.(...)”

, de forma que o autor não

contemplou a

facti specie

em questão. Assim, o autor não obteve a pensão por morte

da mulher, tanto porque a legislação à época considerava o varão como arrimo da

família – daí a inteligência de sua exclusão em condições normais, e sua inclusão quando

inválido.

9. A mesma orientação teve o Estatuto do Trabalhador Rural, Lei n. 4.214/63:

Art. 162. São dependentes do segurado, para os fins desta lei:

I – a espôsa, o marido inválido, os filhos de qualquer condição quando inválidos

ou menores de dezoito anos, as filhas solteiras de qualquer condição, quando

inválidas ou menores de vinte e um anos;

Il – o pai inválido e a mãe:

lIl – os irmãos inválidos ou menores de dezoito anos e as irmãs solteiras,

quando inválidas ou menores de vinte e um anos.

§ 1º O segurado poderá designar, para fins de percepção de prestações,

qualquer pessoa que viva sob sua dependência econômica.

§ 2º A pessoa designada apenas fará jus à prestação na falta dos

dependentes enumerados no item l dêste artigo, e se por motivo de idade condição

de saúde ou encargos domésticos, não puder angariar os meios para seu sustento

(4)

8.213/91 a fatos anteriores refoge do resguardo da isonomia e da jurisprudência

vigente.

10. Nesse sentido é o julgado da TNU:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE

A ESPOSO NÃO INVÁLIDO. ÓBITO ANTERIOR À PROMULGAÇÃO DA

CONSTITUIÇÃO

FEDERAL

DE

1988.

IMPOSSIBILIDADE.

ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DESTA TNU. INCIDENTE CONHECIDO

E IMPROVIDO. 1. Prolatado acórdão pela 2ª Turma Recursal de Pernambuco,

a qual manteve a sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de

pensão por morte a esposo não inválido, ao argumento de que o óbito da

esposa ocorreu anteriormente à Constituição Federal de 1988, promulgada em

05/10/1988, que passou a estender, conforme inciso V do art. 201, o direito

ao benefício ao cônjuge ou companheiro, independente do sexo. 2. Incidente

de Uniformização de Jurisprudência interposto tempestivamente pelo autor,

com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001. Alegação de que o

acórdão recorrido diverge do entendimento da 1ª Turma Recursal de São

Paulo. Acostou como paradigma o acórdão proferido nos autos nº

200261840163081 (Relatora: Juíza Federal Mônica Autran Machado Nobre.

DJ: 09/11/04), segundo o qual a Constituição Federal de 1988, que contempla

o direito à pensão por morte ao cônjuge ou companheiro independentemente

do sexo, inválido ou não, possui efeito ex tunc, de modo que revoga toda a

legislação anterior com ela incompatível. 3. Incidente não admitido pela

Presidência da Turma Recursal de origem, sendo os autos encaminhados à

Turma Nacional de Uniformização após agravo. 4. No caso dos autos, verifico

comprovada a divergência entre os julgados cotejados. Passo, portanto, à

análise do mérito. 5. A questão a ser dirimida diz respeito ao direito de

ser receber ou não o benefício de pensão por morte pelo autor, esposo da

segurada falecida. 6. Importa mencionar que o aludido benefício é regido

pela legislação vigente à data do óbito, em atenção ao princípio do tempus

regit actum. Tendo este ocorrido em 14/09/1974 (arquivo 003.pdf), a

situação fática estava sob a regência normativa da LOPS nº

3.807/60/60, o qual disciplinou, em seu art. 11, I, o seguinte: “Art. 11.

Consideram-se dependentes dos segurados, para os efeitos desta Lei:

(...): I - a esposa, o marido inválido, a companheira, mantida há mais de

5 (cinco) anos, os filhos de qualquer condição menores de 18 (dezoito)

(5)

anos ou inválidos, e as filhas solteiras de qualquer condição, menores de

21 (vinte e um) anos ou inválidas.(...)”, grifos não originais. 7. Dessa

forma, de acordo com a legislação vigente à época do óbito, o marido,

exceto o inválido, não era considerado dependente do segurado, não

fazendo jus ao benefício de pensão por morte. 8. Ressalte-se que a

Constituição Federal de 1967, vigente na época do óbito, nada dispôs acerca

do benefício de pensão por morte. Por sua vez, o artigo 201, inciso V, da

Constituição Federal de 1988 (promulgada em 08 de outubro de 1988), o qual

entendo como autoaplicável, estendeu o direito à pensão por morte do

segurado, homem ou mulher, ao cônjuge varão ou companheiro, inválido ou não.

Assim, somente após promulgada a Constituição de 1988 é que se materializou

a igualdade entre os cônjuges para fins previdenciários, passando a ser

considerados, recíproca e indistintamente, dependentes um do outro. 9. Em

recente sessão de julgamento realizada em 14 de fevereiro de 2014, esta

Turma Nacional, ao apreciar recurso idêntico ao presente, no PEDILEF nº

0507408-95.2010.4.05.8200, da relatoria do ilustre Juiz Federal Luiz Cláudio

Flores, consolidou a tese no sentido da impossibilidade de concessão de

pensão por morte a esposo não inválido, na hipótese de óbito da esposa em

data anterior a 08 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição

Federal atualmente em vigor, que estendeu o direito aos maridos e

companheiros, inválidos ou não. 10. Logo, não verificados, no caso dos autos, os

requisitos necessários ao deferimento do pleito, de modo que deve ser

mantido o acórdão recorrido. 11. Incidente conhecido e improvido,

reafirmando esta a TNU a tese de que não é possível a concessão de pensão

por morte a marido não inválido, na hipótese de óbito da esposa em data

anterior a 05/10/1988, data da promulgação da Constituição Federal, que

introduziu

o

direito

aos

cônjuges

indistintamente.

(PEDILEF 05033653220124058302, JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE,

TNU, DOU 21/03/2014 SEÇÃO 1, PÁG. 97/127.)

11. Nesse quadro, o autor não tem direito à pensão por morte postulada.

12. Incidente conhecido e provido para reafirmar a tese no sentido de que não é

possível a concessão de pensão por morte a marido não inválido, na hipótese de óbito

da esposa em data anterior a 05/10/88, data da promulgação da Constituição Federal

(6)

de 1988. Sentença de improcedência restabelecida. Sem condenação em honorários

advocatícios, porquanto a parte autora é beneficiária da assistência judiciária

gratuita.

ACÓRDÃO

Acordam os membros da TNU - Turma Nacional de Uniformização CONHECER e DAR

PROVIMENTO ao incidente de uniformização interposto, nos termos do voto-ementa

do Juiz Federal Relator.

Brasília/DF, 16 de março de 2016.

DOUGLAS CAMARINHA GONZALES

Juiz Federal Relator

(7)

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO

Presidente da Sessão:

MINISTRO OG FERNANDES

Subprocurador-Geral da República:

Secretário(a):

VIVIANE DA COSTA LEITE

Relator(a):

JUIZ

FEDERAL

DOUGLAS

CAMARINHA

GONZALES

Requerente:

INSS

Proc./Adv.:

PROCURADORIA-GERAL FEDERAL

Requerido(a):

JOSE FRANCISCO COSTA

Proc./Adv.:

PAULO NORMANDO TORRES BATISTA

Origem:

SE - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SERGIPE

Proc. Nº.:

0500001-32.2015.4.05.8501

CERTIDÃO

Certifico que a Egrégia Turma de Uniformização, ao apreciar o processo em epígrafe, em

sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Turma, por unanimidade, conheceu do incidente de uniformização e lhe deu provimento

nos termos do voto do(a) Juiz(a) Relator(a).

Participaram da sessão de julgamento, os Srs. Juízes e Sras. Juízas Federais:

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE, JOSÉ HENRIQUE GUARACY REBÊLO,

DOUGLAS GONZALES, DANIEL MACHADO DA ROCHA, WILSON WITZEL,

ANGELA CRISTINA MONTEIRO, GERSON LUIZ ROCHA, SUSANA SBROGIO

GALIA, REGINALDO MÁRCIO PEREIRA, CARMEN ELIZANGELA RESENDE,

FÁBIO CESAR SANTOS OLIVEIRA, FLÁVIA MILLANI, CARLOS WAGNER,

RONALDO JOSÉ DA SILVA e MARCOS ANTÔNIO CARVALHO.

Brasília, 16 de março de 2016.

VIVIANE DA COSTA LEITE

Secretário(a)

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