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AULA As causas que suspendem a exigibilidade do crédito tributário também impendem a fluência do lapso prescricional.

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Academic year: 2021

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Turma e Ano: Flex A (2014)

Matéria / Aula: Direito Tributário / Aula 26 Professor: Mauro Luís Rocha Lopes Monitora: Mariana Simas de Oliveira

A

ULA

26

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CONTEÚDO DA AULA: Extinção do crédito tributário: prescrição (cont.) Exclusão do Crédito Tributário: Isenção; Anistia.

Extinção do crédito tributário (cont.)

Prescrição tributária (cont.)

Suspensão do prazo prescricional

Embora o CTN não preveja expressamente as causas suspensivas do curso da prescrição, ele dispõe sobre causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art.151). Quando o CTN prevê causas que suspendem a exigibilidade do crédito, está implicitamente prevendo causas que suspendem o curso da prescrição, pois, à luz do princípio da “actio nata”, não faria sentido que o Fisco ficasse impedido de ajuizar a execução fiscal, mas a prescrição continuasse a fluir.

∗ As causas que suspendem a exigibilidade do crédito tributário também impendem

a fluência do lapso prescricional.

Exemplo: se uma liminar vigorou por um ano e meio, naquele um ano e meio o prazo da prescrição não pode ser computado.

No caso do parcelamento, o que interrompe a prescrição é o pedido do parcelamento, pois o contribuinte está tacitamente reconhecendo o débito. Deferido o parcelamento fica suspenso o prazo até o seu descumprimento, voltando a correr a partir do zero.

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A Lei 6830/80 prevê, em seu art.2º, §3º, uma causa suspensiva da prescrição: Art. 2º. § 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.

Cuidado, pois A LEF é lei ordinária editada em 1980, quando já havia no texto constitucional reserva de lei complementar para o trato de normas gerais do Direito Tributário. A prescrição é tratada por norma geral tributária. A jurisprudência é pacífica no sentido de que o art.2º, §3º, da LEF só é aplicável a dívida ativa não tributária.

Exemplo de débito não tributário, inscrito em dívida ativa: multa de trânsito, ambiental, penal, ressarcimento ao erário, laudêmio, etc.

Prescrição intercorrente na execução fiscal

O art.40 da LEF trata da suspensão da execução por falta de bens penhoráveis ou quando não localizado o devedor, nos seguintes termos:

Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o

prazo de prescrição.

Na prática, a simples não localização do devedor, pura e simples, não gera a suspensa do processo. Isso porque, há o antídoto processual contra a não localização do devedor: a citação por edital.

Observe-se, nesse ponto, a súmula 196 do STJ: “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos”.

Cuidado, pois a prescrição interrompida pelo despacho que ordena a citação não volta a correr apenas porque o juiz decretou a suspensão do processo.

§ 1º - Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública.

Isso ocorre porque cabe à Fazenda Pública localizar bens penhoráveis do devedor.

§ 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.

Se o processo ficar suspenso um ano por falta de bens penhoráveis, ele é encaminhado para o arquivo provisório. Atualmente, tratando-se de autos virtuais não cabe se falar em arquivo provisório.

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O STJ, na súmula 314, entendeu que: “Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente”.

Expirado o praza máximo de um ano sem fluência da prescrição, ela volta a correr do zero.

A prescrição é chamada de intercorrente porque correrá integralmente dentro do processo.

§ 3º - Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução.

§ 4º Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o

juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.

Inicialmente, o STJ exigia que a Fazenda fosse intimada, aplicando a nulidade independentemente da prova do prejuízo no caso de ausência de intimação. Atualmente, no entanto, é pacífico no STJ que se o juiz pronunciar a prescrição intercorrente sem ouvir a Fazenda e ela recorrer questionando o fato de não ter sido ouvida, deve comprovar o prejuízo.

§ 5º. A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4º deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído pela Lei nº 11.960, de 2009)

O Ministro da Fazenda editou a portaria 227/2010 regulamentando o art.40, §5º, fixando o limite em R$ 10.000,00.

Exclusão do crédito tributário

Excluir o crédito tributário significa evitar que ele se constitua, afastando-se a realização do lançamento.

Dispõe o art.175 do CTN:

Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção;

II - a anistia.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente.

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Isenção

Junto com a remissão, a isenção representa de renúncia de receita, por isso há uma série de exigências na Lei de Responsabilidade Fiscal para que benefícios como esses sejam concedidos.

Sobre a natureza jurídica da isenção existem duas correntes:

(i) Doutrina clássica: considera a isenção como uma dispensa legal do pagamento do tributo. A isenção, portanto, não afasta a incidência do tributo, mas apenas o lançamento (a liquidação do vínculo). Almicar Falcão, por todos.

(ii) Doutrina moderna. Ricardo Lobo Torres, por todos. Não é razoável conceber uma obrigação tributária que nada obriga. Não faz sentido juridicamente que a isenção apenas dispense o pagamento do tributo. Ela faz mais do que isso: afeta a própria lei de tributação, derrogando-a.

Há relativo consenso entre os autores modernos no sentido de que a isenção afeta parte da eficácia da lei de tributação, paralisando-a: o resultado é que o tributo deixa de incidir.

Para essa corrente, a isenção significa a supressão parcial da eficácia da lei de tributação. Com isso, o tributo é destituído, não havendo se falar em fato gerador e obrigação tributária.

Se a isenção for retirada, para o partidário da primeira corrente foi excluído o benefício correspondente, havendo mera dispensa de pagamento. Por outro lado, para aqueles que defendem a segunda corrente, a solução é mais complexa, pois o tributo foi destituído. Se a isenção foi revogada ele volta a ser instituído e isso atrai o princípio da anterioridade aplicável à espécie (se o tributo não for submisso à regra de anterioridade não haverá diferença na solução final). Para o Supremo, isentar é dispensar o pagamento (1ª corrente). Para concurso da DPE, é aconselhável mencionar as duas posições, fazendo menção ao posicionamento do STF, mas defender a segunda que é mais favorável ao contribuinte.

Prosseguindo, o art.176 do CTN assim prevê:

Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.

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Nada impede que o Poder Executivo de uma determinada entidade federativa, por exemplo, contrate uma isenção. Mesmo que o Estado se comprometa a dar uma isenção por contrato, ela depende de lei.

Note-se que a isenção deve ser concedida por lei específica (art.150, §6º, da CF2).

Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares.

Fazer remissão ao art. 151, I, da CRFB/88:

Art. 151. É vedado à União:

I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do

desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País.

Na forma do inciso II do art.151 da Constituição, a isenção heterônoma é vedada: Art. 151. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

A lei que concede isenção, a teor do art.111 do CTN, deve ser interpretada de forma estrita (“o legislador disse exatamente o que quis dizer”):

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;

II - outorga de isenção;

Por seu turno, o art.177 do CTN dispõe:

Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria;

Exemplo: isenção de IPTU não se estende à taxa de coleta domiciliar de lixo. II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.

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CF. Art.150. § 6.º: “Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g”.

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Isenção concedida gera direito adquirido ou é plenamente revogável, a qualquer tempo?

R.: A regra geral é a plena revogabilidade da isenção, salvo na hipótese do art.178 do CTN:

Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.

Assim, a isenção que gera direito adquirido deve ser dada por prazo certo e sob condição. Cuidado, pois essa condição deve ser uma condição onerosa.

Exemplo: o Município concede isenção, em favor de deficientes físicos, por cinco anos. No terceiro ano ela é revogada. O deficiente físico não tem direito adquirido à isenção por cinco anos, pois a condição não é onerosa, mas uma condição que ele já ostentava (deficiência física). A condição onerosa é o caso da montadora que se fixa em determinado lugar em razão de isenções tributárias dadas pela Administração.

Súmula 544 do STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas.

A súmula não fala em prazo certo, devendo ser interpretada de acordo com o art.178 do CTN.

Como qualquer benefício fiscal, a isenção pode ser concedida em caráter geral (ex.: isenção de IPTU para moradores de determinada localidade) ou individual (nesse caso é necessário despacho da autoridade administrativa (ex.: isenção de IR para portadores de

doenças graves, aposentados ou pensionistas). Tudo o que foi estudado sobre benefício

na moratória aplica-se para a isenção.

Excluem o crédito tributário a isenção, a decadência e a anistia. Falso ou verdadeiro?

R.: Na realidade é verdadeiro, pois a decadência impede a constituição do crédito tributário e, portanto, o exclui. No entanto, o CTN arrola a decadência no art.156 que trata das hipóteses de extinção do crédito e, em prova objetiva, a assertiva possivelmente seria falsa.

Anistia

Anistia vem do grego, amnestia, e significa perdão de infrações (multas) já cometidas. Não se isenta multa e não se anistia tributo.

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Como benefício fiscal que é, tudo aquilo estudado para eles será aplicado para a anistia: depende de lei da entidade tributante, a interpretação é de forma estrita, etc.

Os arts. 180 e 181 do CTN contém a seguinte redação:

Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando:

A anistia é um instituto tipicamente retroativo, pois representa esquecimento, que só é possível fazer com relação ao que aconteceu no passado. Se a anistia liberasse o infrator de responder a penalidades de infrações futuras ela corresponderia a “abolitio”.

I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem

essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo

ou por terceiro em benefício daquele;

II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais

pessoas naturais ou jurídicas.

Conluio significa conjugação de dolos.

Há evidente contradição entre os incisos, pois se apenas uma pessoa praticar o ato com dolo não é possível a anistia (inciso I). No entanto, se o dolo foi em conluio o CTN ressalta a possibilidade de haver disposição em contrário.

Art. 181. A anistia pode ser concedida: I - em caráter geral;

II - limitadamente:

a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;

b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;

c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares;

d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa. (Essa é a chamada anistia arrecadatória e a mais conhecida).

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Principais diferenças entre anistia, isenção e remissão

Anistia Isenção Remissão

Excluem o crédito tributário. Extingue o crédito.

Impedem a constituição do crédito. Pressupõe a prévia

constituição do crédito.

Alcança a multa. Alcança o tributo. Alcança o tributo e/ou a

Referências

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