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Outubro de 2014 Relatório de Estágio Mestrado em Ciência Politica e Relações Internacionais Especialização em Globalização e Ambiente

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“Enquadramento da Segurança privada

nos desafios da segurança global”

Frederico Aires Pequito e Mesquita

Outubro de 2014

Relatório de Estágio

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Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais, especialização em Globalização e Ambiente, realizado sob a orientação científica da

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[DECLARAÇÕES]

Declaro que este Relatório de Estágio é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão

devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia.

O candidato,

____________________

Lisboa, 15 de Outubro de 2014

Declaro que este Relatório de Estágio se encontra em condições de

ser apreciado pelo júri a designar.

O(A) orientador(a),

____________________

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AGRADECIMENTOS

S.W.A.T. REG 390404, “Mammy”, “Pappy”, “Papoy”, “Afilhado”, Professora Doutora

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“ENQUADRAMENTO DA SEGURANÇA PRIVADA NOS DESAFIOS DA SEGURANÇA GLOBAL”

Frederico Aires Pequito e Mesquita

RESUMO

O estágio, cujo relatório é agora apresentado, foi desenvolvido na Securitas SA., uma das maiores empresas de segurança privada do mundo, com filiais em quase todos os continentes. Procurou-se perceber qual o enquadramento mais adequado ao exercício da segurança privada em Portugal, designadamente no ponto de vista da maior empresa de segurança privada no mundo, face aos novos tipos de ameaça e de necessidades dos seus clientes ou público-alvo. O enfoque da análise assenta nas limitações impostas não pela capacidade técnico-operacional dos prestadores deste tipo de serviço, mas sim pelas restrições impostas pela legislação em vigor e a sua adequação às necessidades demonstradas. O objectivo final é a elaboração de um relatório que deverá conter as considerações que se destacarem no que respeita às dificuldades encontradas e consequentes respostas ou soluções para as mesmas.

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ABSTRACT

The Internship, whose report is now presented, was developed at Securitas SA., one of the largest private security firms in the world, with branches in almost every continent. It has been tried to understand what is the most appropriate framework for the exercise of private security in Portugal, particularly at the eyes of the largest private security company in the world, facing the new threat types, customers needs or target audiences. Focus of analysis is based on the limitations imposed not by the technical-operational capabilities of the providers of this type of service, but the restrictions imposed by the legislation and its adaptation to the needs demonstrated. The final ultimate goal is to prepare a report which shall contain the considerations that stand out with regard to the difficulties and consequent responses or solutions to those challenges.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ... 1

1. DEFINIÇÃO DE SEGURANÇA PRIVADA E A EVOLUÇÃO DO CONCEITO ... 6

1.1. Contributo contextual ... 6

1.2. Definição de Segurança Privada ... 9

1.3. Estrutura da Indústria ... 13

1.4. Segurança Privada e Forças Policiais Públicas ... 15

1.5 Enquadramento legislativo da segurança privada em Portugal ... 20

2. DESCRIÇÃO DA EMPRESA E SUA ESTRUTURA ... 25

2.1. Historial Internacional ... 25

2.2. Organização Internacional ... 28

2.3. A Securitas em Portugal ... 29

3. DESCRIÇÃO DO PLANO DE ACTIVIDADES ... 33

3.1. Funções do Director de Segurança: Enquadramento Geral ... 33

3.2. Funções do Director de Segurança: Securitas ... 35

3.2.1. Competências, Responsabilidades e Autoridade ... 35

3.2.2. Requisitos da Função ... 36

3.3. Exercício das Funções ... 37

4. REFLEXÕES E RECOMENDAÇÕES ... 40

4.1 Reflexões ... 41

4.2 Recomendações ... 42

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INTRODUÇÃO

As dinâmicas resultantes da globalização e o crescente desenvolvimento das tecnologias da comunicação e da informação promoveram o aparecimento e expansão de novas ameaças, em larga medida independentes das fronteiras nacionais. Por isso, pode dizer-se que, de certa forma, a generalidade dos Estados enfrenta hoje um conjunto de novos desafios e diferentes tipologias de conflitualidade, porque totalmente diferentes são também as principais ameaças à segurança nacional. Estas já não resultam, exclusivamente, de disputas territoriais e ideológicas entre os Estados, mas também da evolução e crescimento da globalização, de ameaças tecnológicas e de redes criminosas transnacionais (Zaluar & Zeckhauser 2002).

Não surpreende, pois, que as discussões em torno do conceito de Segurança Nacional tenham evoluído rapidamente, atendendo a que o actual ambiente de segurança é dinâmico e incerto, repleto de ameaças e desafios, que são transnacionais por natureza e que revelam potencial para se tornarem cada vez mais letais (Almudhaf, 2008: 39).

Essas ameaças transnacionais são independentes da delimitação das fronteiras nacionais e integram um rol de diferentes factores de risco que parecem intermináveis, indo dos diferentes crimes transnacionais como o terrorismo, o tráfico de drogas e seres humanos, criminalidade financeira, etc., até à degradação ambiental, pandemias, mudanças climáticas e até a políticas passíveis de ameaçar a

soberania dos Estados (Brainard & O’Hanlon, 2004, 56-57). Este novo quadro provocou alterações significativas no conceito de segurança nacional, que agora se relaciona mais com os povos do que com os territórios, e mais com o desenvolvimento do que com o poder militar. Agora, a noção de segurança nacional encerra a segurança tradicional e a segurança humana1. A segurança nacional é agora percebida numa dimensão muito mais global, incluindo segurança de pessoas e bens, segurança económica e dos recursos económicos nacionais, segurança alimentar e das

1 Para as múltiplas definições de segurança humana, ver, por exemplo, United Nations Trust Fund for

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primas, a segurança da saúde e sanitária, a segurança ambiental e as já tradicionais preservação da integridade nacional e da população e respectivos bens (cf., entre outros, Nte, 2011).

Neste contexto, a evolução do fenómeno da segurança privada resultou, sobretudo, de uma forte procura de protecção por parte das sociedades modernas, que são também sociedades de risco, preocupadas com as múltiplas ameaças que pesam sobre elas. Estas ameaças são mais graves e complexas do que as do passado. Os riscos tecnológicos e o terrorismo internacional são disso exemplos incontornáveis, tanto mais que as suas origens e os seus efeitos são globais. Assim, um acidente nuclear ou um ataque bioterrorista pode ocorrer em qualquer lugar e os seus efeitos fazerem-se sentir, rapidamente, a uma escala global.

Neste novo quadro, a actividade policial e a segurança privada tendem cada vez mais a constituir uma parte integrante do sistema de segurança global de cada um dos Estados. Numa perspectiva funcional e organizacional, este sistema implica direitos, deveres e responsabilidades tendo em vista alcançar a segurança e a estabilidade necessárias ao funcionamento regular dos Estados e das sociedades. Em todo o mundo, a segurança privada constitui um subsistema deste sistema de segurança global. Hoje em dia, os cidadãos vêm a eficácia da segurança como uma prioridade, estando os governos apostados em investir sensivelmente nela para satisfazer essa ambição. Porém, a fronteira entre as funções dos sectores público e privado pode ser fluída, e nem sempre muito clara, enquanto a regulamentação dos dois sectores pelo Estado nem sempre tem sido exemplar.

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O estágio realizado, cujo relatório é agora se apresenta, foi desenvolvido na Securitas SA., uma das maiores empresas de segurança privada do mundo, com filiais em quase todos os continentes. Procurou-se perceber qual o enquadramento mais adequado ao exercício da segurança privada em Portugal, designadamente no ponto de vista da maior empresa de segurança privada no mundo, face aos novos tipos de ameaça e de necessidades dos seus clientes ou público-alvo. O enfoque da análise assenta nas limitações impostas não pela capacidade técnico-operacional dos prestadores deste tipo de serviço, mas sim por potenciais restrições impostas pela legislação em vigor e a sua adequação às necessidades demonstradas.

O objectivo final é a elaboração de um relatório que se pretende conter as considerações que se destacarem no que respeita às dificuldades encontradas e consequentes respostas ou soluções para as mesmas.

Devido à extensa área de actuação da segurança privada (civil ou militar) a nível global e às limitações legislativas em Portugal, o relatório pretende tomar como ponto de partida a empresa referida, na sua dimensão portuguesa, e inserir a actividade por ela realizada no contexto das dinâmicas de escala global.

O presente estágio estará enquadrado na figura do Director de Segurança, o qual, entre as funções previstas na Portaria nº1142/2009 de 2 de Outubro e da Lei nº34/2013 de 21 de Fevereiro, é responsável pela preparação, treino e actuação do pessoal de vigilância, zela pelo rigoroso cumprimento das regras de segurança, assegura a necessária ligação entre a entidade, forças e serviços de segurança, bem como deve manter actualizados os registos da actividade e dos incidentes ocorridos. Atendendo às múltiplas funções e competências atribuídas ao director de segurança, a referida portaria estabelece a formação considerada adequada ao bom exercício daquelas funções.

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O plano de actividades associado ao Estágio implicou as seguintes funções:

1. Organização e estruturação da informação recolhida: arrumação da informação recolhida dentro de parâmetros lógicos por áreas de actividade; sistematização da informação obtida através do desempenho operacional; sistematização da informação documental;

2. Tratamento da informação: seriação de toda a informação organizada e previamente estruturada, tendo em vista a identificação e selecção da informação mais relevante para a realização do presente relatório;

3. Análise da informação: leitura e estudo dos conteúdos da informação recolhida e devidamente tratada. Análises temáticas, legislativas factuais, operacionais. Análise dos limites dos problemas. Tratamento de dados;

4. Conclusões: Apresentação das conclusões possíveis extraídas de uma simbiose entre as partes documental/teórica e operacional. Resposta à pergunta de partida. Elencagem de eventuais pistas de reflexão;

5. Elaboração e correcção do relatório: Redacção e correcção final do Relatório;

A estrutura deste relatório consiste numa divisão temática de 4 capítulos englobando assim, o 1º capitulo uma abordagem conceptual, o 2º capitulo a apresentação da empresa e sua estrutura, o 3º capitulo a descrição das actividades e o 4º as reflexões e recomendações.

Mais detalhadamente:

Capitulo 1 – Aborda-se o conceito de globalização em relação às ameaças à sociedade e indivíduos; designadamente como é que o conceito de Segurança privada se adapta e evolui. Pese embora as particularidades do contexto internacional, as referencias as evoluções nos Estados Unidas da América justificam-se por se considerar serem pioneiras na relação estabelecida entre as forças de segurança privada e as forças de segurança pública.

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transnacional, e por permitir verificar, no decorrer do estágio, através do contacto com a realidade como empresa desta envergadura reage na sua evolução organizativa aos desafios da globalização, ao mesmo tempo que se procura perceber a sua adaptação ao contexto nacional.

Capitulo 3 São apresentadas brevemente as actividades realizadas no âmbito do estágio com particular destaque para aquelas relacionadas com o tema escolhido:

“Enquadramento da segurança privada nos desafios da segurança global”,

Capitulo 4 Conclui-se com uma breve análise e algumas recomendações que resultam da articulação da 1ª parte conceptual e das 2ª e 3ª partes relativas à empresa e às actividades realizadas pela mesma.

Pretende-se que as actividades realizadas bem como a pesquisa de informação complementar para realização deste relatório principalmente na vertente conceptual

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1. Definição de Segurança Privada e a Evolução do Conceito

1.1. Contributo contextual

A segurança privada é essencial para garantir a segurança, nas vertentes

security2 e safety3, de pessoas e bens, da propriedade intelectual e das informações corporativas sensíveis. No actual contexto nacional e internacional, agentes de segurança privada são responsáveis por proteger muitas das instituições nacionais e sistemas de infra-estruturas críticas.

Desde sempre que as pessoas buscam segurança, protecção, ausência de medo e de perigo. Armaram-se, construíram barreiras à volta das suas habitações e criaram regras e leis que tentaram impor individualmente, enquanto grupo e através de outros.

Charles Reith (1975: 13-15) refere quatro fases na evolução da busca de segurança. Inicialmente, os indivíduos ou pequenos grupos comunitários uniam-se em busca da segurança colectiva, na procura de alimentos ou na satisfação de outras necessidades individuais. Depois, descobriram a necessidade de regras e de leis,

considerando que a adopção de ‘boas’ leis era suficiente; o exército do governante poderia aplicá-las. Porém, verificaram que alguns membros da comunidade não obedeciam às regras. Tal significaria que se as leis não fossem cumpridas, até mesmo as melhores delas seriam inúteis e os legisladores e os governos seriam percepcionados como fracos. Foram, em qualquer caso, encontrados e estabelecidos meios para obrigar à observância das leis, cuja eficácia se veio a revelar variável.

2

Security é a condição de estar protegido contra o perigo ou perda. Esta é alcançada através da mitigação de efeitos negativos associados com as acções intencionais ou injustificáveis de terceiros” (Talbot & Jakeman, 2009: 5).

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Hoje em dia é manifesto o rápido crescimento da indústria da segurança privada (Johnston, 1992; Jones & Newburn, 1998; Sanders, 2005). Essa evolução fica a dever-se à concorrência de um conjunto de factores, tais como a redução do peso do Estado, o liberalismo económico, uma redirecção das prioridades da polícia pública, a diminuição dos orçamentos disponíveis, o aumento da procura de segurança em sociedades em que as ameaças, reais ou percepcionadas, se reforçam. Tudo isto apoiado pelos progressos tecnológicos, que também eles estimularam desenvolvimentos na indústria da segurança (Mulone, s/d).

Os clientes dos serviços de segurança privada procuram protecção contra múltiplos riscos naturais e de causa humana, com ênfase nos associados a esta última, como sejam acidentes, roubo, furto, fraude, deslealdade dos funcionários, subversão, espionagem, sabotagem, greves, tumultos, manifestações e crimes violentos, incluindo actos terroristas (Hess, 2009: 4). As empresas também têm investido fortemente na segurança privada, contratando empresas de segurança para executar funções como segurança de lojas, investigações particulares, pré-triagem de contratação de emprego e tecnologias da informação de segurança.

Estes serviços são utilizados numa grande variedade de mercados, desde o residencial ao comercial. Algumas empresas contratam os seus próprios agentes de segurança, enquanto outras celebram contractos com empresas de segurança para realização destes serviços ou usam uma mistura de pessoal nos serviços prestados.

Uma maior atenção para a problemática teve início nos anos 1970, com a RAND Corporation a publicar um conjunto de regulamentos sobre a regulamentação, licenciamento e responsabilidades das agências de segurança privada e pessoal (Kakalik & Wildhorn, 1971a, 1971b, 1971c, 1971d). Alguns anos mais tarde, a Hallcrest Systems publicou dois estudos exaustivos sobre a Indústria da Segurança Privada, um sobre Segurança Privada e da Polícia na América – o Relatório Hallcrest (Cunningham, Taylor, & Hallcrest Systems, Inc., 1985) – e outro sobre Segurança Privada e suas tendências 1970-2000 – o Relatório Hallcrest II (Cunningham, Strauchs, Van Meter, e Hallcrest Systems, Inc., 1990).

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as tendências do sector e o ajustamento das políticas estatais para esta área de actividade. Além destes documentos entendidos como fundadores, muitas organizações governamentais, comerciais e de estudos de pesquisa, compilaram informações sobre o sector de segurança privada.

Embora estes últimos relatórios e perfis da indústria da segurança privada tenham sido marcantes, ainda há muito a ponderar quando se examina esta indústria, incluindo a crescente variedade de papéis desempenhados hoje em dia pela segurança privada.

Com efeito, como salientam Johnston & Shearing (2003), o surgimento de propriedades privadas de massas abriu caminho ao aparecimento e desenvolvimento

dos chamados grupos de “governance corporativa”, ou seja, grupos de interesses

privados que produzem, distribuem e controlam a segurança de forma completamente independente do Estado, salvo o reconhecimento das obrigações legais e constitucionais (Shearing & Wood, 2000). A posição monopolística do Estado é posta em causa a tal ponto que este ocupará actualmente um lugar equivalente aos demais actores da governance da segurança, dessa forma ultrapassando tanto a visão

weberiana do Estado centralizador4 como a perspectiva neoliberal do Estado regulador (Shearing, 2006). Em consequência, o Estado já seria apenas um núcleo de

governance entre tantos outros, devendo a segurança ser pensada de maneira a

ultrapassar a falsa necessidade que consiste em colocar as instituições reguladoras do estado no centro da sua governabilidade.

Enquanto alguns autores defendem a ideia de que o Estado continua e continuará a ocupar um lugar privilegiado na governance colectiva (Loader & Walker, 2001; Crawford, 2006; Loader & Walker, 2006). Todos estão de acordo em reconhecer que a distinção simplista entre os sectores público e privado já não é adequada para falar de um sector cuja complexificação das relações e a multiplicação dos actores

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híbridos5 reivindica um grau mais elevado de conceptualização (Johnston, 2000; Brodeur, 2003; Dupont, 2005; Crawford, 2006). Tal complexificação exige, por sua vez, a adequação das propostas apoiando-se numa base empírica sólida, isto é, de se separar temporariamente de toda e qualquer intenção de produção normativa para se limitar ao domínio descritivo, quer relativamente à segurança privada, quer no que respeita aos laços que esta mantém com certos actores da esfera pública, em particular as instituições reguladoras do Estado e a polícia (Dupont, 2006a; Dupont, 2006b).

1.2. Definição de Segurança Privada

Não se verifica uma concordância entre especialistas acerca do que constitui a segurança privada, tendo sido utilizadas várias definições em estudos anteriores. Parte substancial dessa indefinição assenta no facto dos conceitos tenderem a reflectir as tarefas, a influência do lucro e do cliente, bem como a inclusão de produtos, tais como a fabricação, distribuição e instalação de equipamentos e tecnologia (Cunningham et al., 1990).

De acordo com Karen Hess (2009: 8), a segurança privada é uma indústria com fins lucrativos que fornece pessoal, equipamentos e procedimentos para evitar perdas causadas por erro humano, emergências, desastres ou actos criminosos. Como o nome indica, segurança privada atende às necessidades de indivíduos, empresas, instituições e organizações que necessitam de mais protecção do que é proporcionada por forças de segurança pública. Os clientes de serviços de segurança privada podem ser indivíduos ou instituições, públicos ou privados, grandes ou pequenos.

5“Tanto no interior dos Estados como transnacionalmente, as duas últimas décadas têm assistido à

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Num dos seus estudos iniciais, a RAND Corporation definia segurança privada

como “todos os tipos de organizações privadas e pessoas que prestem todos os tipos

de serviços relacionados com a segurança, incluindo a investigação, vigilância, patrulha, detecção de mentiras, alarme e transporte de valores”, referindo que uma

função comum na maior parte desses serviços é “a prevenção e detecção do crime”

(Kakalik & Wildhorn, 1971b: 3, 18).

Pode-se sustentar que uma definição mais ampla de segurança privada, que inclui segurança física (physical security), segurança da informação (information

security) e segurança relacionada com o emprego (employment-related security),

constituiu uma representação mais precisa dos papéis e responsabilidades da

segurança privada, ao contrário do rótulo de “polícia privada” que Kakalik e Wildhorn

(1971b) lhe aplicam.

Bottom & Kostanoski (1983: 1-23) afirmam que a segurança privada oferece protecção contra o crime, mas também contra quatro ameaças adicionais: desperdício, acidentes, erro e prática antiética.

Além de sua ênfase no crime, a definição da RAND foi criticada pela Private Security Task Force (PSTF), um grupo criado pela Law Enforcement Alliance of America (LEAA), pois (1) excluía os agentes quase-públicos (por exemplo, os responsáveis da segurança dos parques ou de locais recreativos) e (2) não incluía o relacionamento com o cliente ou a natureza do lucro da indústria. Em resultado, a PSTF adoptou uma

definição que inclui “os indivíduos autónomos e as entidades empresariais financiadas

pelo sector privado e as organizações que oferecem serviços relacionados com a segurança para clientela específica por uma taxa, para o indivíduo ou entidade que a mantém ou os emprega, ou por si mesmos, de modo a proteger as pessoas, a propriedade privada ou interesses dos vários perigos” (Cunningham et al., 1990: 4). Por fim, a PSTF também delimitou a sua definição às organizações com um sistema mais orientado para os fins lucrativos, dessa forma excluindo organizações de segurança quase-públicas, a menos que fossem pagas por fundos privados.

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segurança privada como “os indivíduos, organizações e serviços que não sejam

agências policiais públicas, que se dedicam principalmente à prevenção do crime,

perda ou danos a indivíduos, organizações ou instalações específicos”.

Embora essas definições históricas diferentes sejam comummente citadas, elas foram criticadas nos dois relatórios Hallcrest porque se cingem a pessoal e a empresas,

excluindo o que Cunningham et al. (1990) identificam como “o segmento de mais

rápido crescimento da segurança privada (...) fabricação, distribuição e instalação de

equipamentos de segurança e sistemas tecnológicos”.

Hoje prevalece uma visão mais ampla do papel da segurança privada. Por exemplo, da American Society for Industrial Security (ASIS) International, a maior associação de profissionais de segurança privada nos Estados Unidos, definiu

segurança privada como “a prática não-governamental, privada, de proteger as pessoas, bens e informações, a realização de investigações, e que de outra forma salvaguarda os activos de uma organização” (ASIS International, 2009ª : s.n.). A ASIS argumentou ainda que a segurança privada desempenha um papel relevante ao

“ajudar o sector privado a proteger os seus negócios e infra-estruturas críticas, seja de desastres naturais, acidentes ou acções planeadas, como ataques terroristas, vandalismo, etc” (ASIS International, 2009b : s.n.).

Especialistas que participaram num simpósio da ASIS foram convidados a elaborar uma definição do campo de segurança e identificaram 18 elementos centrais (ASIS Foundation, 2009): 1. segurança física, 2. segurança pessoal, 3. segurança dos sistemas de informação, 4. investigações, 5. prevenção de perdas, 6. gestão de riscos, 7. aspectos legais, 8. planos de emergência e contingência, 9. protecção contra incêndio, 10. gestão de crises, 11. gestão de desastres, 12. contra terrorismo, 13. inteligência competitiva, 14. protecção executiva, 15. violência no local de trabalho, 16. prevenção da criminalidade, 17. prevenção do crime através do desenho ambiental e 18. arquitectura e engenharia de segurança.

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pelo que as ameaças se circunscrevem às que pesam sobre as pessoas, os bens e a informação. Esta perspectiva aproxima-nos da abordagem de Martine Fourcaudot, para quem a segurança privada corresponde ao “conjunto das actividades e das medidas que visam a protecção das pessoas, dos bens e da informação, fornecidas no quadro de um mercado competitivo, orientado para o lucro, e onde os fornecedores não assumem, à luz da lei, responsabilidades de funcionários ao serviço do governo” (Mulone, s/d.).

Também na Europa tem havido um crescente reconhecimento de que o sector público não é o único actor envolvido no processo de manutenção da segurança nacional, realidade resultante do inegável crescimento da indústria da segurança privada (De Ward, 1999; Kalesnykas, 2007). Em Espanha, por exemplo, a Lei de Segurança Privada define a segurança privada como a actividade que consiste na

“prestação por pessoas, físicas ou jurídicas, privadas de serviços de vigilância e

segurança de pessoas ou de bens” (Carrasco, 2006: 93). Roldán Barbero (2001: 1) destaca que “o sistema de protecção privada baseia-se no temor cidadão em relação ao vindouro, ao que não é controlado. E esse temor tanto pode proceder do possível cometimento de um delito contra a pessoa ou a propriedade, como da eventualidade

de um incêndio, de uma inundação ou de um vendaval”.

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1.3. Estrutura da Indústria

De acordo com a definição ampla comummente usada na actualidade, o termo segurança privada pode representar uma ampla gama de organizações, incluindo a segurança corporativa, as empresas de vigilância de segurança, as empresas de transporte de valores, serviços de investigação, e muitos outros.

A indústria da segurança privada é frequentemente descrita a partir de distinções baseadas na natureza dos departamentos de serviços de segurança, no tipo de segurança prestada, nos serviços disponibilizados, nos serviços prestados e nos mercados. Passemos, agora, em revista algumas dessas características.

De acordo com a ASIS International (2009ª : s.n.), segurança proprietária (proprietary security) é “toda a organização ou departamento dessa organização que

fornece agentes de segurança em tempo integral apenas para si mesma”. Ela inclui os métodos destinados a instituir equipamentos próprios e o pessoal contratado por uma organização para a protecção exclusiva dos seus activos e do seu pessoal (Cunningham et al., 1990).

A segurança por contrato (contract security), por seu turno, prende-se com

“serviços de protecção fornecidos por uma empresa, especializada em tais serviços, a

outra empresa numa base contratual remunerada” (ASIS International, 2009ª : s.n.).

Cada tipo de segurança privada tem vantagens relativamente à outra. As organizações podem recorrer simultaneamente aos dois tipos de pessoal, dependendo dos componentes de segurança e das tarefas em questão.

As organizações de segurança de Propriedade e Contratual desempenham um papel em três grandes áreas: segurança física (physical security), segurança da informação (information security) e segurança relacionada com o emprego (employment-related security).

A segurança física (physical security) está relacionada com “medidas físicas

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(ASIS International, 2009ª : s.n.). A segurança física pode incluir protecção de perímetro e interior através do uso de barreiras, de bloqueios, de luzes, de sensores e de vigilantes, sendo estes um componente-chave da segurança física devido à sua alta visibilidade (Cunningham et al., 1990).

Cunningham et al. (1990) entendem segurança da informação (information

security) como a protecção de informação confidencial (mailing lists, documentação

sobre I&D e informação financeira) que é mantida em papel ou em formato electrónico. Esta área tem crescido imensamente com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação. Actualmente, a segurança da informação

inclui também a “manutenção da confidencialidade, confiabilidade e disponibilidade de dados criados, armazenados, processados” e/ou transmitidos através de sistemas

de informação automatizados. O pessoal de segurança de sistemas de informação desenvolve procedimentos e salvaguardas para proteger contra hackers e outras tentativas de acesso não autorizado para aceder a dados, além de proteger contra vírus e outras ameaças aos sistemas de informação (Dempsey, 2008: 33). Isto inclui protecção contra crimes cibernéticos, como o roubo de identidade e fraude, vírus de computador, pirataria de software e segurança de dados.

Finalmente, segurança relacionada com o emprego (employment-related

security) exige “saber as informações essenciais sobre os funcionários, tanto

permanentes como temporários, que podem afectar o seu desempenho no trabalho,

violar a segurança ou sujeitar a organização a responsabilidade legal” (Dempsey, 2008:

237). Isso pode incluir triagem dos candidatos a emprego por uso de drogas ou antecedentes criminais, protecção de executivos através do uso de medidas de segurança residencial ou guarda-costas, a monitorização de telefonemas e do uso dos computadores por parte dos funcionários, assim como a investigação de condutas impróprias de funcionários (Dempsey, 2008: 267-268).

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1.4. Segurança Privada e Forças Policiais Públicas

Deve notar-se que os agentes de segurança pública e privada podem, em certas circunstâncias, realizar as mesmas funções para os mesmos indivíduos ou organizações. Assim, as funções de segurança privada são essencialmente orientadas para o cliente, enquanto as funções de segurança pública são orientadas para a sociedade ou para a comunidade. Outra distinção importante é a posse e o exercício do poder de polícia isto é, o poder de ordem de prisão. A grande maioria dos agentes de segurança privada não tem poder de polícia, pois agem como cidadãos privados. Embora as funções dos dois grupos sejam semelhantes (de facto, sobrepondo-se mesmo em muitas áreas), não são idênticas. Os papéis devem ser complementares, mas na realidade os dois grupos inter-relacionam-se e interagem. A maior parte do contacto entre órgãos públicos e privados é espontâneo e cooperativo, mas existem também ocasiões em que o contacto é negativo, em prejuízo de ambos os grupos. Na verdade, a relação entre os dois grupos continua a ser tensa em virtude de algumas questões-chave, a saber:

1. falta de respeito mútuo;

2. falta de comunicação;

3. falta de conhecimento da lei de segurança privada;

4. competição percepcionada;

5. ausência de normas para o pessoal de segurança privada;

6. corrupção percepcionada da polícia;

7. conflito de jurisdição, especialmente quando os problemas privados estão envolvidos;

8. confusão de identidade e os problemas dele decorrentes, tais como armamento e treino de polícia privada;

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10. prestação de serviços em áreas limítrofes ou sobreposição de responsabilidade e de interesse;

11. diferença de poderes legais , o que pode levar a preocupações sobre o abuso de poder;

12. as taxas de falso alarme, entre outros (cf. Strom et al., 2010).

Conforme se considera patente nos pontos anteriores, a dimensão das percepções mútuas assume particular relevância. Como referem vários autores, historicamente existem percepções antagónicas, onde a polícia pública têm frequentemente acusado o sector privado de má condução dos casos, não cumprindo a lei para suscitar novos casos, sendo mal treinados e, geralmente, de ser composto por aqueles que não conseguem cumprir os requisitos para ser polícias. Já o sector da segurança privada muitas vezes considera o sector público como egocêntrico e arrogante. Além disso, os agentes da segurança pública muitas vezes fazem

moonlighting6, retirando assim trabalho ao sector da segurança privada (Dempsey,

2008: 372-373; Hess, 2009: 69). Ainda hoje as forças de segurança públicas consideram o sector privado pouco eficaz7.

Por outro lado, o emprego de polícias como pessoal de segurança privada durante períodos de folga também causou muitas críticas. Algumas opiniões chegam mesmo a considerar que os polícias moonlightning são meros pistoleiros e que subtraem trabalho às empresas de segurança privada. Outro problema refere-se à responsabilidade pelas acções de um dado agente nestas condições. Na verdade, essa responsabilidade recai sobre o seu empregador moonlightning ou sobre o departamento de polícia a que está adstrito? (Dempsey, 2008: 372-373; Hess, 2009: 69).

6Moonlighting: Trabalhar noutro emprego além do posto de trabalho pago a tempo integral. Muitas

vezes executado durante o período nocturno. Trabalho pago executado além de trabalho normal, especialmente sem informar o empregador principal (trabalho de dia).

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Outra fonte de conflito é a elevada taxa de falsos alarmes. A melhoria da tecnologia tem reduzido o número de alarmes falsos, mas ainda existem problemas associados com o elemento humano e a falha electrónica ocasional. Quando o alarme soa, um funcionário da empresa de segurança privada pode responder ou o departamento de polícia pode ser chamado.

No entanto, considera-se que grande parte do conflito entre instituições públicas e privadas resulta de equívocos. Há um engano geral dos papéis por elas desempenhados. Mas essa realidade acaba por ser compreensível se atendermos a que até mesmo dentro das suas respectivas áreas de actuação, a polícia e os agentes de segurança privada muitas vezes não conseguem entender os objectivos comuns de outras organizações. (Dempsey, 2008: 372-373; Hess, 2009: 69-70).

A eficácia da segurança privada pode depender, em grande medida, da forma como os profissionais das forças de segurança públicas e do sector da segurança privada são capazes de formar uma parceria estreita. Neste âmbito, Cunningham et al. (1990: 275) recomendaram:

1. a promoção da segurança privada, sendo necessários estatutos regulamentares estatais para verificação de antecedentes, treino, códigos de ética e de licenciamento;

2. o aumento do conhecimento da polícia acerca da segurança privada;

3. a expansão da Interacção, sendo necessários grupos de trabalho conjuntos que devem partilhar informações de investigação e equipamentos especializados;

4. o ensaio de transferência de funções policiais para a segurança privada.

O bom relacionamento e a cooperação entre forças de segurança privadas e forças de segurança públicas permitem uma melhor resposta as ameaças colocadas pela dinâmica da globalização e consequentemente um melhor serviço ao cidadão.

(26)

integridade territorial e a ordem constitucional, duas novas realidades alteraram paulatinamente esta perspectiva: (1) a emergência de poderosas ameaças securitárias não militares (escassez e degradação ambiental, propagação de doenças, crimes transfronteiriços, movimentos de refugiados, terrorismo) e (2) a consideração da segurança de indivíduos e de grupos (conflitos étnicos, guerras civis, ameaças ambientais e sobrevivência de indivíduo) (Karacasulu, 2006). Como refere Ian Clark (1997), parte substancial deste aumento da amplitude do conceito de segurança decorre dos efeitos da globalização, a qual, desde logo, tem vindo a esbater drasticamente a divisória entre a segurança (interna) e defesa (externa). Mas existem outras implicações da globalização para a segurança, a saber:

• o Estado já não pode controlar os aspectos não físicos da segurança, tais como a protecção da informação e dos activos tecnológicos. Hoje a protecção da informação e da tecnologia é um elemento vital (Kay, 2004);

• a emergência de economias baseadas na informação reduz a importância das indústrias nacionais. Por exemplo, o incremento do investimento directo estrangeiro através das firmas multinacionais mitiga o controlo do Estado sobre a economia nacional e torna-o mais vulnerável a crises e intervenções internacionais; (Cha, 2000);

• as ameaças à segurança tornaram-se mais difíceis de medir, de monitorizar e de lidar. Existem grupos não governamentais (étnicos, extremistas, terroristas, criminosos) que se sofisticaram em virtude da globalização da tecnologia e da informação (Cha, 2000);

• os Estados têm hoje acesso facilitado a armas de destruição em massa e a outras tecnologias letais, permitindo-lhes representar ameaças assimétricas e desproporcionadas com a sua dimensão (Clark, 1997).

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Justice Office (DoJ) of Community Oriented Policing Services (COPS). Este esforço de parceria conjunta envolveu a Association of Chiefs of Police (ACP) and the Security Industry Association (SIA), a ASIS International, a National Association of Security Companies (NASC) e a International Security Management Association (ISMA).

Através dos seus grupos de trabalho, os participantes da cimeira emitiram cinco recomendações. As quatro primeiras são de nível nacional, de esforços a longo prazo. A quinta recomendação diz respeito aos esforços locais e regionais, que poderiam ser imediatamente implementados, a saber:

1. os líderes das principais organizações policiais e de segurança privada devem celebrar um compromisso formal de cooperação;

2. o Department of Homeland Security (DHS) e/ou DoJ devem financiar a investigação e a formação sobre a legislação pertinente, a segurança privada e a cooperação entre os dois actores da segurança;

3. o DHS e/ou DoJ devem criar um conselho consultivo composto por profissionais de destaque nacional das forças policiais e de segurança privada para supervisionar as questões de implementação ordinária das parcerias conjuntas;

4. o DHS e/ou DoJ, em conjunto com organizações associativas relevantes, devem convocar os profissionais-chave para avançar com esta agenda;

5. as parcerias locais devem estabelecer prioridades e abordar os principais problemas identificados nesta cimeira:

 melhorar a resposta conjunta aos incidentes críticos;

 coordenar a protecção de infra-estruturas;

 melhorar a comunicação e partilha de dados de interoperabilidade;

 reforçar a informação e partilha de informações;

 prevenir e investigar crimes de alta tecnologia;

 elaborar respostas à violência no local de trabalho.

A execução das recomendações deve beneficiar todos os interessados:

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interna usando os muitos recursos da segurança privada na comunidade. A cooperação público-privada é um importante aspecto; na verdade, uma técnica poderosa de policiamento comunitário;

 as organizações de segurança privada serão mais capazes de cumprir a

sua missão de proteger as pessoas, os bens e as informações dos seus clientes individuais ou colectivos, servindo ao mesmo tempo os objectivos de segurança nacional. A nação como um todo beneficiará da elevada eficácia das instituições policiais e das organizações de segurança privada.

Face ao exposto, considera-se que a velha distinção entre segurança pública e segurança privada vai continuar a existir. No entanto, a história é diferente quando se considera a relação entre segurança de propriedade e a de contrato. Como o negócio continua a evoluir, parece que os sistemas híbridos se tornarão um esquema organizacional dominante para muitas empresas que estabelecem operações de segurança.

Finalmente, todas as pessoas preocupadas com a segurança terão de aprender a trabalhar conjuntamente no sentido da concentração dos recursos necessários para combater com sucesso as ameaças que entretanto de apresentam à segurança nacional dos Estados.

Pese embora as particularidades do contexto internacional, as referências às evoluções nos EUA justificam-se por se considerar serem pioneiras na relação estabelecida entre as forças de segurança privada e forças de segurança pública

1.5 Enquadramento legislativo da segurança privada em Portugal

(29)

231/98 de 2 de Julho. Posteriormente são publicados diversos diplomas que procuram uma regulamentação de questões específicas, como a segurança privada em recintos desportivos, aeroportos ou formação profissional. Em 2004 é publicado o decreto-lei 35/2004 que redefine o conceito de segurança privada; sendo que a última alteração legislativa é introduzida pela Lei 34/2013 de 16 de Maio cujo articulado a seguir se sintetiza.

Segundo a Lei 34/2013 entende-se por segurança privada:

“Artigo 3º

Serviços de segurança privada

1 - Os serviços de segurança privada referidos no n.º 3 do artigo 1.º compreendem:

a) A vigilância de bens móveis e imóveis e o controlo de entrada, presença e saída de pessoas, bem como a prevenção da entrada de armas, substâncias e artigos de uso e porte proibidos ou susceptíveis de provocar actos de violência no interior de edifícios ou outros locais, públicos ou privados, de acesso vedado ou condicionado ao público;

b) A protecção pessoal, sem prejuízo das competências exclusivas atribuídas às forças de segurança;

c) A exploração e a gestão de centrais de recepção e monitorização de sinais de alarme e de videovigilância, assim como serviços de resposta cuja realização não seja da competência das forças e serviços de segurança;

d) O transporte, a guarda, o tratamento e a distribuição de fundos e valores e demais objectos que pelo seu valor económico possam requerer proteção especial, sem prejuízo das actividades próprias das instituições financeiras reguladas por norma especial;

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de aeronaves e navios, sem prejuízo das competências exclusivas atribuídas às forças e serviços de segurança;

f) A fiscalização de títulos de transporte, sob a supervisão da entidade pública competente ou da entidade titular de uma concessão de transporte público;

g) A elaboração de estudos e planos de segurança e de projectos de organização e montagem de serviços de segurança privada previstos na presente lei.

2 - A prestação dos serviços referidos no número anterior bem como os requisitos mínimos das instalações e meios materiais e humanos das entidades de segurança privada adequados ao exercício da actividade são regulados por portaria do membro do Governo responsável pela área da administração interna.

3 - Excluem-se do âmbito previsto na alínea g) do n.º 1 os serviços que:

a) Sejam fornecidos por autoridades ou entidades públicas visando a prevenção criminal e a segurança de pessoas e bens;

b) Sejam prestados por entidades singulares ou colectivas relativamente a estudos e projectos visando outros riscos que não a prevenção da prática de crimes;

c) Sejam prestados por entidades singulares ou colectivas visando a segurança de sistemas de informação e dos dados armazenados por esses sistemas.

A mesma Lei distingue entre empresas de Segurança Privada Artigo 2º a), Entidades consultoras de Segurança Privada Artigo 2º b), e Entidades Formadoras Artigo 2º c), estão ainda consagrados Estudos e Concepção Artigo 2º d), e Estudos de Segurança Artigo 2º e).

De acordo com a mesma Lei, no seu o Artigo 4º, o exercício da actividade da segurança privada é:

“1 - O exercício da actividade de segurança privada carece de título, concedido pelo membro do Governo responsável pela área da administração interna, que pode revestir a natureza de alvará, licença ou autorização.

2 - A actividade de segurança privada pode ser exercida:

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b) Por entidades que organizem serviços de autoprotecção no âmbito dos serviços previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo anterior;

c) Por entidades consultoras de segurança;

d) Por entidades formadoras.

Já o artigo 5º define as proibições ao exercício da segurança privada:

“1 - É proibido, no exercício da actividade de segurança privada:

a) A prática de actividades que tenham por objecto a prossecução de objectivos ou o desempenho de funções correspondentes a competências exclusivas das autoridades judiciárias ou policiais;

b) Ameaçar, inibir ou restringir o exercício de direitos, liberdades e garantias ou outros direitos fundamentais, sem prejuízo do estabelecido nos n.º 1 e 2 do artigo 19.º;

c) A protecção de bens, serviços ou pessoas envolvidas em actividades ilícitas.

2 - As entidades e o pessoal de segurança privada, no exercício das suas funções, não podem interferir ou intervir em manifestações e reuniões públicas, nem em conflitos de natureza política, sindical ou laboral.

3 - É ainda proibido a qualquer pessoa, colectiva ou singular:

a) Instalar e utilizar sistemas de segurança susceptíveis de fazer perigar a vida ou a integridade física das pessoas;

b) Treinar ou instruir outrem, por qualquer meio, sobre métodos e técnicas de âmbito militar ou policial, independentemente da denominação adoptada;

c) Instalar sistemas de alarme susceptíveis de desencadear uma chamada telefónica automática para o número nacional de emergência ou para as forças de segurança, com mensagem de voz previamente gravada.”

Finalmente o artigo 6º que aborda o segredo profissional e que estipula:

(32)

2 - A quebra do segredo profissional apenas pode ser determinada nos termos da legislação penal e processual civil e penal, bem como nos casos expressamente previstos na presente lei.”

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2. Descrição da Empresa e sua estrutura

O Grupo Securitas, onde se realizou o estágio descrito neste relatório, lidera, a nível global, o conhecimento no mercado da segurança privada. A partir de uma ampla gama de serviços de Vigilância, Tecnologia, Consultadoria e Investigação, a Securitas oferece soluções personalizadas que se adequam às necessidades específicas de cada Cliente, de forma a prestar os mais eficazes serviços de segurança. Em todos os locais, desde as pequenas lojas aos Aeroportos, a empresa dispõe de cerca de 300.000 colaboradores.

2.1. Historial Internacional

No início de 1900, as Empresas de Segurança Privada tornaram-se cada vez mais comuns. O serviço que elas então ofereciam era essencialmente a prevenção de incêndios, bem como a vigilância de entradas e de portões. As soluções de segurança foram paulatinamente definidas para ir ao encontro das necessidades específicas dos clientes.

Em 1934, Erik Philip-Sörensen fundou a empresa Hälsingborgs Nattvakt na cidade sueca de Helsingborg. A sua expansão foi rápida, concretizando-se através da aquisição de outras empresas de segurança no sudoeste da Suécia.

Dada a procura de Tecnologia de Alarmes, e como complemento dos serviços de Vigilância, em 1949 era criada, também na Suécia, a Securitas Alarm.

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Em 1981, a empresa é dividida entre os dois filhos de Erik Philip-Sörensen. As operações internacionais desenvolvem-se e, hoje em dia, constituem o Group 4 Securicor, enquanto que o negócio sueco se tornou no actual Grupo Securitas.

Dois anos depois, em 1983, a Securitas, na Suécia, é vendida à Skrinet, para dois anos depois passar para as mãos de um novo proprietário: a Investment AB Latour. Focando a sua atenção na Segurança, é delineada uma nova estratégia, sendo abandonado o conceito de múltiplo serviço.

Entre 1989 e 1991, a Securitas empreende a sua expansão internacional sob a orientação de Melker Schörling, então Presidente Executivo do Grupo, passando a ser registada na Bolsa de Valores de Estocolmo.

Entre 1992 e 1993, a Securitas adquire a empresa Protectas, que desenvolve operações em França, Suíça, Áustria e Alemanha. Em Espanha, adquire a Esabe, dqurindo também negócios na Finlândia.

Em 1994, a Assa Abloy é distribuída aos accionistas e torna-se uma das empresas líder a nível mundial na área das fechaduras.

Em 1997, a Securitas Direct é estabelecida como uma divisão internacional, ao mesmo tempo que o Serviço de Transporte e Tratamento de Valores é estabelecido como uma unidade individualizada, no contexto da Securitas.

No ano seguinte, mais duas empresas são adquiras: a francesa Proteg e a alemã Raab-Karcher. Seria, no entanto, entre 1999 e 2000, que um dos grandes passos da empresa seria dado. A Securitas estabelece-se nos Estados Unidos através da aquisição da Pinkerton, a maior empresa de serviços de segurança a operar naquele país; em 2000, era a vez da Burns, a segunda maior empresa de serviços de segurança nos EUA, ter o mesmo destino.

Em 2001, a Securitas passa a ser organizada em cinco “divisões especializadas”,

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Em 2004, a divisão Securitas Systems adquire o britânico Grupo Bell plc e a francesa Eurotelis em França, tornando-se líder de mercado em clientes como Bancos e outros que exijam um nível de segurança elevado.

No ano seguinte, graças a uma boa organização local e com o resultante melhoramento na retenção de clientes, a Security Services USA volta a registar um crescimento orgânico positivo e um desenvolvimento financeiro estável.

As divisões Securitas Services, Securitas Systems e Securitas Direct foram distribuídas aos accionistas em 29 de Setembro de 2006 e registadas como empresas independentes na Bolsa de Valores de Estocolmo.

No dia 1 de Janeiro de 2007, a Securitas é reorganizada em Serviços de Segurança da América do Norte (Estados Unidos, Canadá, México e Pinkerton Consulting & Investigations), Serviços de Segurança da Europa, Serviços de Vigilância Mobile e Alert Services. No mesmo ano, dá-se a criação, a nível Europeu, de Centros de Competência, para o desenvolvimento do processo de segmentação, Centros de I&D tecnológicos, vocacionados para o suporte à actividade dos Vigilantes, e da Direcção Europeia de Recursos Humanos, com o objectivo de aprofundar os processos de selecção, recrutamento, formação e avaliação dos colaboradores. Ainda no mesmo ano, são estabelecidos planos para que a Loomis, componente de Transporte e Tratamento de Valores da empresa, possa vir a ser cotada em bolsa em finais de 2008, o que viria efectivamente a acontecer, com a sua indexação à Bolsa de Valores de Estocolmo.

Ainda em 2008, opera-se o lançamento do novo site do Grupo e das Subsidiárias, a nível internacional (www.securitas.com/www.securitas.pt), ao mesmo tempo que se dá uma expansão internacional em direcção a mercados emergentes: América Latina, Índia, China, Europa de Leste e África do Sul.

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Estados Unidos, aproximadamente 1/3 das operações são geridas com a segmentação por tipo de cliente.

Entre 2010-2012, a Securitas expandiu as suas operações no Sri Lanka, em Singapura, no Montenegro, no Equador, na Jordânia, na Croácia e na Costa Rica, estando hoje presente em mais de 51 países, com 300.000 colaboradores8.

2.2. Organização Internacional

A Securitas organiza as suas operações através de uma estrutura horizontal e descentralizada, focando-se nas áreas de mercado de vigilância na América do Norte, América do Sul e Europa.

A área América do Norte presta serviços de segurança nos Estados Unidos, Canadá e México, inclui a Pinkerton - Consultoria & Investigação, conta com cerca de 109.000 colaboradores e uma quota de mercado de 19%.

A área Ibero-América presta serviços de segurança em 9 Países, tem mais de 58.000 colaboradores e uma quota de mercado de 14%.

A área Europa, por sua vez, presta serviços de segurança em 27 Países, a Vigilância Aeroportuária providencia serviços de segurança aeroportuária em 14 Países, tem cerca de 110.000 colaboradores e uma quota de mercado de 19%.

Importa destacar que parte integrante da estratégia da Securitas é crescer em novos mercados e este esforço é importante para o futuro da Empresa. Para além dos negócios desenvolvidos nas áreas referidas, presta ainda serviços de Vigilância no Médio Oriente, na Ásia e em África.

Outra realidade incontornável é que o mercado da segurança tem vindo a consolidar-se. Um número crescente de clientes exige cada vez mais serviços especializados, de valor acrescentado. Este facto contribui para a profissionalização do

(37)

mercado, oferecendo às empresas de segurança um incentivo para especializar a sua oferta de serviços. A Securitas presta serviços a empresas de todos os sectores de actividade económica, sendo líder mundial, europeu e nacional no sector dos serviços de Vigilância Humana. A prestação do serviço vai sendo adaptada à evolução das necessidades do cliente, construindo-se, assim, passo a passo, uma verdadeira parceria.

Por fim, quando se trata dos clientes, accionistas e colaboradores em mais de 52 países a nível mundial, isto envolve um forte compromisso para atingir patamares elevados em tudo o que a empresa faz. À medida que prioritiza as suas responsabilidades, a Securitas olha para as áreas operacionais do dia-a-dia onde pode criar maior impacto em termos sociais, económicos e ambientais9.

Tal como se considera exposto, a Securitas representa um bom exemplo de empresa de segurança privada de caracter transnacional, pelo que se constitui um local privilegiado para a realização do relatório de estágio sobre o tema

“Enquadramento da segurança privada nos desafios da segurança global”

Pela evolução histórica descrita considera-se ficar latente a forma como empresas desta natureza reagem ao contexto da globalização.

2.3. A Securitas em Portugal

Em 1966, a Securitas SA instala-se em Lisboa, sendo a primeira empresa de segurança privada em Portugal. A sua actividade está predominantemente virada para os serviços de vigilância.

Quatro anos depois, abria uma filial no Porto, ao mesmo tempo que era admitida na Ligue Internationale des Societés de Surveillance, com sede na Suíça.

(38)

Em 1976, iniciou a comercialização e instalação de sistemas de alarme, ao mesmo tempo que abria mais um conjunto de filiais pelo país. No âmbito do alargamento das suas áreas de actividade, em 1978 lançava-se nas operações de transporte de Valores.

Dado o aumento do número dos seus colaboradores, a Securitas decidiu criar em Lisboa, em 1982, aquele que viria a ser o seu primeiro Centro de Formação, para dar início, seis anos depois ao Serviço de Tratamento de Valores e Apoio a ATM’S.

Nos anos 1990, a Securitas empreende a sua expansão em termos de mercado, que passa, em particular, pela aquisição de diversas empresas, nomeadamente da Ronda Serviços e Sistemas de Segurança, Ldª (1994), da Sonasa/Sotecnasa (1996), da Activa (1998) e da Sonasa Madeira e Açores (1999).

A partir de 2001, a Securitas focaliza-se especificamente em três áreas de negócio: Vigilância Humana, Segurança Electrónica, Transporte e Tratamento de Valores, ao mesmo tempo que obtém a Certificação do Sistema da Qualidade em conformidade com a Norma NP EN ISO 9002.

Para fazer face às novas necessidades impostas pelo sector, em 2003 a empresa decide-se pela especialização e segmentação na prestação de Serviços, passando a proporcionar aos seus colaboradores formação específica para os diferentes segmentos. Na mesma senda, no âmbito do Sistema de Gestão da Qualidade, transita da Norma NP EN ISO 9002 para a Norma NP EN ISO 9001, enquanto em 2009 obtém a Certificação Ambiental (NP EN ISO 14001: 2004). Já em 2012, procedeu à reintegração dos serviços de Segurança Electrónica - Área Tecnologia e Inovação.

(39)

São igualmente prestados serviços de vigilância Mobile (rondas), geralmente no período pós-laboral, bem como serviços de Segurança Aeroportuária.

A cultura da empresa está representada simbolicamente no seu logótipo através dos três círculos vermelhos: Integridade, Vigilância e Serviço.

As prioridades da Securitas estão perfeitamente definidas: Segmentação, Inovação e Formação. Este facto contribui para que a Empresa compreenda muito bem o mercado em que opera, podendo assim, mais facilmente, satisfazer as reais necessidades dos seus Clientes. É ponto assente que as soluções implementadas constituam uma mais-valia para a operação do Cliente, num espírito proveitoso para ambas as partes, liderado pelo conceito win-win.

A par desta segmentação, a Securitas aposta fortemente na formação, como forma de profissionalizar os serviços, acreditando que o desenvolvimento da Vigilância Privada está intimamente ligado à capacidade de transformar os colaboradores em especialistas profissionais de segurança. A formação ministrada tem em conta o processo de segmentação, ao seleccionar os candidatos com as características mais adequadas a cada função. Assim, pretende-se que os níveis de aptidão profissional evoluam para padrões superiores de desempenho e competência. Esta preocupação funciona ainda como fonte de motivação para o Colaborador, dando sentido à sua profissão, o que resulta num aumento de produtividade no desempenho de funções10.

(40)

Figura 1 – Organograma Interno

(41)

3. Descrição do Plano de Actividades

No contexto do estágio da componente não lectiva (ao abrigo do protocolo assinado entre a Universidade, o aluno e a Empresa), foram assumidas pelo estagiário as actividades relativas ao acompanhamento do desempenho da função de Director de Segurança de uma empresa de segurança privada.

Estas funções estão enquadradas pela Portaria nº1142/2009 de 2 de Outubro e a Lei nº34/2013 de 21 de Fevereiro, sendo este o quadro normativo que descreve as funções do Director de Segurança em Portugal.

Estando a desempenhar funções nesta empresa, ainda mais na área da direcção de Segurança trabalhando directamente com o Director de Segurança, permitiu uma verificação empírica dos processos e procedimentos adoptados, estratégias de resposta, praticas e organização de uma empresa de segurança privada e carácter internacional.

Sendo esta empresa um ‘exemplo transnacional’ no ramo da segurança privada, é possível verificar-se a simbiose e a troca de experiências entre as várias filiais internacionais, o que se entende resultar numa evolução dos serviços prestados devido à maior recolha de dados e seu processamento.

3.1. Funções do Director de Segurança: Enquadramento Geral

(42)

Ao Director de Segurança compete, designadamente:

a) analisar as situações de risco, planificar e programar as actuações concretas a implementar na realização dos serviços de segurança contratados;

b) inspeccionar o pessoal bem como os serviços de segurança privada prestados pela respectiva entidade de segurança privada;

c) propor a adopção de sistemas de segurança adequados e supervisionar a sua aplicação;

d) controlar a formação contínua do pessoal de vigilância e propor à direcção da entidade de segurança privada a adopção de iniciativas adequadas para atingir a constante preparação do pessoal de vigilância;

e) assegurar, sempre que necessário ou quando solicitado, a ligação e a colaboração com as forças e serviços de segurança, sendo o principal responsável por esse contacto e colaboração;

f) velar pelo integral cumprimento das normas e regulamentos e segurança privada;

g) organizar e manter actualizado o registo de actividades, nos termos previstos na alínea c) do n.º 1 do artigo 18.ºdo Decreto -Lei n.º 35/2004, de 21 de Fevereiro;

h) organizar e manter actualizado um registo dos incidentes e actos ilícitos ocorridos no interior das instalações da empresa de segurança privada ou em qualquer local onde esta preste serviço, que inclua o tipo de incidente ou acto ilícito ocorrido, o local, a data e a hora, bem como as acções tomadas.

O Director de Segurança tem ainda os seguintes deveres específicos:

a) comunicar às forças e serviços de segurança todos os elementos que cheguem ao conhecimento das entidades onde presta serviço e que possam concorrer para a prevenção da prática de crimes;

(43)

3.2. Funções do Director de Segurança: Securitas

De acordo com a ficha de descrição da função de Director de Segurança, 1ª Edição de 10 de Outubro de 2010, o Director de Segurança da Securitas depende funcionalmente do Administrador Delegado e pode ser substituído por um colaborador nomeado pela direcção em conformidade com os requisitos legais aplicáveis.

3.2.1. Competências, Responsabilidades e Autoridade

Entre as suas competências, responsabilidades e autoridade, o Director de

Segurança em sede da Securitas − Serviços e Tecnologias de Segurança, SA:

a) é responsável pela preparação, treino e actuação do pessoal de vigilância, em subordinação directa à Direcção da empresa;

b) analisa as situações de risco, planifica e programa as actuações concretas a implementar na realização dos serviços de segurança contratados à Empresa;

c) inspecciona o pessoal, bem como os serviços de segurança privada prestados pela Securitas;

d) propõe a adopção de sistemas de segurança adequados e supervisiona a sua aplicação;

e) controla a formação contínua do pessoal de vigilância e propõe à Direcção da Securitas a adopção de iniciativas adequadas para atingir a constante preparação do pessoal de vigilância;

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g) vela pelo integral cumprimento das normas e regulamentos de segurança privada;

h) organiza e mantém actualizado o registo de actividades, nos termos previstos na alínea c) do n.º 1 do artigo 18.º do Decreto -Lei n.º 35/2004, de 21 de Fevereiro;

i) organiza e mantém actualizado um registo dos incidentes e actos ilícitos ocorridos no interior das instalações da empresa de segurança privada ou em qualquer local onde esta preste serviço, que inclua o tipo de incidente ou acto ilícito ocorrido, o local, a data e a hora, bem como as acções tomadas Tem como colaboradores directos os Formadores do pessoal de Vigilância;

j) identifica, regista e comunica as Não Conformidades detectadas;

k) analisa e classifica as Ocorrências que lhe forem enviadas dando-lhes o seguimento adequado;

l) define, quando necessário com a DQA, as acções a implementar;

m) emite “Comunicações Internas” sendo responsável pelo seu controlo e divulgação. Sempre que o seu conteúdo tenha impacto no SGE deve apresentá-las, antes, ao DQA que avaliará a necessidade de alterar os documentos do SGE;

n) é responsável pelo arquivo e destruição de documentação do SGE que esteja a seu cargo;

o) é responsável pela selecção e avaliação de fornecedores no âmbito da sua Direcção, conjuntamente com a Direcção.

3.2.2. Requisitos da Função

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Como formação específica deverá ter o curso de Director de Segurança, incluindo o cumprimento integral dos requisitos previstos no regime jurídico da segurança privada, um bom nível de Inglês e conhecimentos de informática na óptica do utilizador.

A nível de experiência profissional o candidato ás funções deverá ter experiência superior a um ano em funções de direcção ou chefia.

As aptidões preferenciais para o desempenho do cargo são as de liderança, capacidade organizacional e de planeamento, boa capacidade de relacionamento humano, capacidade de motivação e comunicação, capacidade de decisão e plena disponibilidade.

3.3. Exercício das Funções

De acordo com as funções acima descritas, foi então enquadrada a presença do estagiário nas instalações e respectivas actividades/operações da empresa onde decorreu o estágio.

Após uma breve apresentação da empresa, das instalações, do pessoal e do tipo de actividades e operações contratadas pela mesma, teve lugar o escalonamento de horário, a emissão e atribuição de credenciais para permitir o acesso e respectiva permanência nas instalações da empresa bem como a identificação do estagiário em missões fora da propriedade da mesma, ou seja em espaços públicos ou em propriedade privada onde decorressem contractos com clientes.

Devido às competências técnicas e habilitações previamente adquiridas ao início do estágio, foi atribuída a designação de estagiário técnico indexado á Direcção de Segurança (Departamento nuclear e independente) em termos gerais, com a função específica de acompanhamento e assessoria directa ao Director de Segurança da Empresa.

Imagem

Figura 1  –  Organograma Interno

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