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A adubação azotada na cultura do trigo. Resultados de três ensaios de campo

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Academic year: 2021

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A adubação azotada na cultura do trigo

(Resultados de três anos de ensaios de campo)

pelo

Prof. L. A. VALENTE ALMEIDA da Cadeira de Química Agrícola

e

J. QUELHAS DOS SANTOS

Professor agregado do Instituto Superiror de Agronomia

1 _ INTRODUÇÃO

A adubação azotada na cultura do trigo, como aliás na grande maioria das culturas, exige normalmente mais cuidados do que a apli­ cação de qualquer dos outros elementos nobres, não só por ser o azoto em geral o nutriente que maior influência exerce no desen­ volvimento das plantas e, por isso, considerado como o «motor da vegetação» (1) mas também porque está mais sujeito a perdas no solo por lavagem, especialmente nos solos ligeiros e nas regiões com invernos muito chuvosos (2).

O azoto é, por outro lado, o nutriente mais caro da adubação sendo a rentabilidade económica da sua aplicação dependente das condições do seu emprego, tais como quantidade e forma do nutriente e modo de aplicação do fertilizante.

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Com o objectivo de determinar aproximadamente algumas destas condições, foram efectuados diversos ensaios de campo (*) no Alen­ tejo, onde a cultura do trigo continua a ocupar posição de relevo. Nestes ensaios, que o presente trabalho dá conhecimento, procurou-se estudar a influência das diferentes formas do azoto mineral, aplicado à sementeira ou em cobertura, na quantidade e em alguns aspectos da qualidade da produção.

2 — EXPERIMENTAÇÃO

A experimentação compreendeu dez ensaios de campo que foram efectuados nos anos agrícolas de 1963/64 a 1965/66 em solos do Sul do País, habitualmente destinados à cultura do trigo, em zonas já cartografadas pelo Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrá­ rio. A análise física e química, segundo os métodos normalmente seguidos no Laboratório de Química Agrícola do Instituto Superior de Agronomia, revelou que eram solos de textura franca a argilosa, com valores de pH em KC1 IN compreendidos entre 4,6 e 6,5, pobres em matéria orgânica e com teores médios de fósforo e de potássio solúveis em lactato de amónio (Método de Riehm).

Os ensaios foram estabelecidos em blocos casualizados de três repetições, tendo cada talhão a área de 50 m2.

O esquema experimental, tendo como objectivo o estudo das formas do nutriente e o modo de aplicação do adubo, compreendeu as seguintes modalidades:

1. Testemunha, sem adubo azotado 2. Azoto à sementeira, sulfato de amónio

( 1/3 do azoto à sementeira, sulfato de amónio | 2/3 do azoto ao afilhamento, sulfato de amónio | 1/3 do azoto à sementeira, sulfato de amónio | 2/3 do azoto ao afilhamento, ureia

(*) Estes ensaios de campo foram efectuados no quadro da experimentação realizada pelos Serviços Agronómicos do «Amoníaco Português» e já referida em trabalhos anteriores. Os autores agradecem à Ex.m“ Administração desta Empresa a autorização concedida para a publicação dos resultados obtidos.

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5. 6. 7. 8. | 1/3 do azoto [ 2/3 do azoto (1/3 do azoto \ 2/3 do azoto | 1/3 do azoto \ 2/3 do azoto J 1/3 do azoto | 1/3 do azoto ( 1/3 do azoto

à sementeira, sulfato de amónio

ao afilhamento, sulfonitrato de amónio à sementeira, sulfato de amónio

ao afilhamento, nitroamoniacal a 20,5 % N à sementeira, sulfato de amónio

ao afilhamento, nitrato de cálcio à sementeira, sulfato de amónio ao afilhamento, nitrato de cálcio ao encanamento, nitrato de cálcio

A adubação azotada foi efectuada à razão de 40-60 kg de N por hectare, consoante a capacidade produtiva atribuída ao solo consi­ derado. Ã sementeira foi apenas aplicado o sulfato de amónio, para obviar possíveis perdas do azoto por lavagem, em consequência das chuvas invernais. As coberturas ao afilhamento foram efectuadas em princípio de Janeiro e ao encanamento em meados de Fevereiro.

Em todos os ensaios foi aplicada uma adubação fosfo-potássica de cerca de 70 kg de P205 e 75 kg de K.O por hectare, respectiva- mente de superfosfato de cal de 42 % de P205 e de cloreto de potássio com 50 % de K20.

As formas de trigo semeadas foram as cultivares «Mara» e «ím­ peto», com a densidade de sementeira de 150 kg/ha.

A colheita ocorreu normalmente em Junho, tendo a debulha sido feita mecanicamente. Depois de pesado o grão de cada talhão reti­ raram-se amostras para a determinação do peso de 100 grãos e do azoto.

O peso de 100 grãos foi calculado pela média dos pesos de 100 grãos provenientes de três amostragens.

O azoto foi determinado pelo processo de Kjeldahl e expresso em proteína na substância seca, multiplicando o valor obtido pelo factor 5,7.

3 —RESULTADOS E SUA APRECIAÇÃO 3.1 — Produção

No Quadro 3-1, são indicadas as produções obtidas nos solos en­ saiados e nos três anos dos ensaios, expressas pelos números rela­ tivos, considerando iguais a 100 os valores referentes às testemunhas.

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A apreciação dos resultados é de certo modo difícil dada a sua variabilidade em consequência dos factores experimentados e ainda devido ao número relativamente pequeno de ensaios. A interpretação dos resultados foi feita, por isso, pelos valores médios relativos, e embora o método não seja o mais correcto, no entanto, representa em certa medida uma tendência dos factos. No aspecto prático as deduções feitas devem ser, por isso, consideradas como tendências que poderão não ser reais em toda a sua extensão, em consequência de circunstâncias locais e ocasionais, e necessitam de ser confirmados pela continuação da experimentação.

Os valores apresentados mostram que a aplicação do azoto pro­ vocou em todos os casos uma elevada melhoria da produção regis­ tando-se um aumento médio de cerca de 70 % relativamente à moda­ lidade sem qualquer adubo azotado.

Verifica-se, além disso, que as modalidades mais produtivas foram em geral aquelas em que se aplicou uma parte do azoto à se­ menteira sob a forma de sulfato de amónio e o restante ao afilha- mento sob a forma de ureia ou de nitroamoniacal a 20,5 % de azoto. A eficácia aproximada destes dois adubos, quando aplicados em cober­ tura vem confirmar os resultados de outros ensaios (3) e (4), obtidos também com a cultura do trigo no Sul do País.

O sulfonitrato de amónio aplicado em cobertura originou uma produção média relativa ligeiramente inferior às das modalidades referidas, mostrando-se, no entanto, mais eficiente do que o sulfato de amónio e o nitrato de cálcio aplicados nas mesmas condições.

É de surpreender a menor eficiência, em geral, do nitrato de de cálcio em relação aos adubos contendo azoto nítrico e amoniacal e à ureia, o facto devendo explicar-se possivelmente pelas perdas de azoto nítrico que o adubo aplicado em cobertura no solo terá sofrido em consequência das elevadas quedas pluviométricas que normal­ mente se verificam durante o Inverno.

A apreciável eficiência observada para o sulfato de amónio apli­ cado apenas à sementeira deverá atribuir-se à fixação do azoto amo­ niacal pelo complexo adsorvente do solo e consequente redução das perdas de azoto por lavagem. Esta observação merece ser mencio­ nada em virtude das vantagens de ordem prática e económica, mas não deve, no entanto, ser generalizada, pois certamente não será válida em todos os tipos de solos.

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QUADRO 3-2 — Características de qualidade (Testemunha = 100)

ADUBAÇÃO AZOTADA Peso

de 100 grãos de proteínaTeor

Sulfato de amónio à sementeira 105 109

Sulfato de amónio à sementeira

Sulfato de amónio à cobertura 106 109

Sulfato de amónio à sementeira

Ureia em cobertura 106 109

Sulfato de amónio à sementeira

Sulfonitrato em cobertura 105 108

Sulfato de amónio à sementeira

Nitroamoniacal a 20,5 % de N em cobertura 106 111 Sulfato de amónio à sementeira

Nitrato de cálcio em cobertura 106 112

Sulfato de amónio à sementeira

106 114

Nitrato de cálcio em duas coberturas

3-2 — Características de qualidade

No Quadro 3-2 encontram-se os pesos de 100 grãos e o teor de proteína, expressos pelos valores relativos à testemunha.

Como era de esperar, dentro das condições climáticas dominan­ tes, a adubação azotada influenciou benèficamente o tamanho do grão

e o seu teor em proteína.

As diferentes formas de adubação azotada e o modo de aplicação não tiveram, pelo contrário, pràticamente efeito no tamanho do grão e foi pouco evidente a sua influência no teor de proteína, notando-se, no entanto, um ligeiro aumento quando a cobertura foi efectuada ao encanamento, o que está de acordo com os resultados já obtidos em ensaios sobre as aplicações tardias do azoto na cultura do trigo e referidos em trabalho anterior (5).

SUMÁRIO

Apresentam-se os resultados obtidos em 10 ensaios de campo, efectuados de 1963/64 a 1965/66 em solos do Sul do País com o objectivo de verificar a influência das diferentes formas do azoto mineral, aplicado em cobertura em conjugação com o sulfato de amó­ nio à sementeira, na produção e nas características de qualidade representados pelo peso de 100 grãos e o teor de proteína.

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Observou-se que as melhores produções foram em geral obtidas quando se empregou em cobertura a ureia e o nitroamoniacal a 20,5 % de N, seguidos pelo sulfonitrato de amónio. As coberturas com sul­ fato de amónio e nitrato de cálcio mostraram eficiência inferior e aproximada, e sensivelmente igual à do sulfato de amónio aplicado todo à sementeira.

No aspecto qualitativo a influência das diferentes formas de azoto foi pouco evidente.

BIBLIOGRAFIA

(1) Schmitt, L. — Vom Segen der Diingung. DLG—Verlags-GmbH. Frankfurt am Main 1940, pg. 84.

(2) Almeida, L. A. Valente — A lavagem do azoto dos adubos azotados pelas

águas das chuvas num solo granítico. Anais do Inst. Sup. de Agron.

XXVII, 263-288 (1965).

(3) Balbino, L. R. e Pereira, A. J. C. — Comparação, Ureia-Nitroamoniacal em

Trigo. Lavoura 16, 8 (1962).

(4) Almeida, L. A. Valente e Santos, J. Quelhas — Quelques resultats de

Vexperimentation avec Vurée, au Portugal. Agrochimica, XI, 431-438

(1967).

(5) Almeida, L. A. Valente e Santos, J. Quelhas — As aplicações tardias de

azoto na cultura do trigo. Anais do Inst. Sup. de Agron. XXIV, 163-174

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