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A educação do Infante ao Príncipe nas obras de Ramon Llull: caminhos da formação pedagógico-cristã no século XIII

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A EDUCAÇÃO DO INFANTE AO PRÍNCIPE NAS OBRAS DE RAMON LLULL: CAMINHOS DA FORMAÇÃO PEDAGÓGICO-CRISTÃ NO SÉCULO XIII

THE EDUCATION OF THE INFANT TO THE PRINCE IN THE WORKS OF RAMON LLULL: WAYS OF TEACHING AND CHRISTIAN FORMATION IN

THE THIRTEENTH CENTURY

Fabiana de Oliveira Universidade Federal de Alfenas

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Resumo: O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o caminho educativo percorrido pela criança até a idade adulta na figura do príncipe. Articulamos essa discussão, pois compreendemos que esse príncipe para ser um bom representante de Deus na terra precisa antes ter sido formado e ter percorrido o caminho educativo traçado para esse sujeito enquanto criança. Essa reflexão se dará a partir da análise das obras

Doutrina para Crianças e A Árvore Imperial

de Ramon Llull. Essas obras foram escritas no século XIII e compõem um conjunto de textos da literatura medieval característicos dos espelhos de príncipe por meio dos quais se difundiam modos e hábitos. O caminho educativo a ser percorrido pela criança é um trajeto que envolve os princípios da fé cristãos, mas que não dispensa a aprendizagem das artes liberais. Considerando a natureza humana corrompida pelo pecado original, a educação é vista como purificação.

Palavras-chave: Ramon Llull, Educação, Criança, Príncipe.

Abstract: This paper aims to reflect on the educational path taken by the child to adulthood in the prince's figure. We articulate this discussion, because we understand that this prince to be a good representative of God on earth must first have been formed and have covered the educational path marked out for this guy as a child. This reflection will occur from the analysis of the works Doctrine for

Children and The Imperial Tree Ramon

Llull. These works were written in the thirteenth century and comprise a set of characteristic texts of medieval literature of the Prince of mirrors through which were spreading ways and habits. The educational way to go for the child is a path that involves the principles of Christian faith, but that does not relieve the learning of liberal arts. Given human nature corrupted by original sin, education is seen as purification.

Keywords: Ramon Llull, Education, Child, Prince.

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Recebido em: 25/11/2015 Aprovado em: 23/02/2016

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Introdução

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o “caminho educativo” percorrido pela criança até a idade adulta na figura do príncipe a partir da análise de obras do filósofo catalão, Ramon Llull, que foram escritas no século XIII.

Como o próprio título do trabalho sugere, utilizamos a ideia de “caminho” como uma metáfora para discutirmos o percurso de formação da criança sugerido por Llull por meio dos “bons ensinamentos” a partir de princípios pedagógicos e cristãos que deverão ser transmitidos por meio da educação para que as crianças possam aprender a amar e temer a Deus, sendo esta a vocação de um “bom cristão” que busca a salvação de sua alma.

Esses mesmos princípios pedagógico-cristãos visavam também à formação política do príncipe, do “bom príncipe”, que, na verdade tinham um caráter mais moral do que necessariamente político. Articulamos essa discussão, pois compreendemos que esse príncipe para ser um bom representante de Deus na terra precisa antes ter sido formado e ter percorrido o “caminho educativo” traçado para esse sujeito enquanto criança.

A metáfora do “caminho” enquanto uma ferramenta conceitual estabelece a relação entre o real significado do termo “caminho” e seu sentido metafórico, no caso específico dessa reflexão, o percurso de formação do sujeito da educação na perspectiva de Llull. Nesse sentido,

Os problemas filosóficos relativos à metáfora incluem a questão de saber como se deve estabelecer a divisão entre o significado literal e o significado metafórico (Nietzsche, por exemplo, considerava que a verdade literal não era mais do que uma metáfora morta ou fossilizada); como conseguimos interpretar as metáforas com a rapidez e a certeza com que frequentemente, conseguimos fazê-lo, e se as metáforas podem por si mesmas ser veículos de compreensão, ou se devem apenas ser vistas como meros remetentes para verdades e falsidades literais acerca do assunto em questão1.

De acordo com Matos, a formação de um sistema metafórico está relacionada à linguagem, ao pensamento, à ação e à cultura, por isso, “é possível haver ‘frames’ mais

1Blackburn citado por JARRA, S. L. Metáforas, memórias e narrativas - aproximações e distâncias na

formação de professores: uma análise de narrativas de professores de Artes do Programa Redefor.

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usuais e outros mais inusitados para um mesmo conceito e para definir uma mesma situação, numa rede coerente de implicações que vai dar força de verdade à metáfora2”.

As metáforas estão relacionadas às nossas experiências e, por isso, carregam sentidos expressos nas relações que estabelecemos com as coisas e os objetos que nos constituem. Assim é a metáfora do “caminho” enquanto percurso formativo que carrega de sentidos e significados todos aqueles que por esse processo educativo são tocados e, consequentemente, transformados.

O “caminho educativo” proposto por Llull está calcado num ideal de sociedade cristã, então, a criança deve percorrer um trajeto que a leve a atingir esse ideal. Esse “caminho educativo” está sendo compreendido nessa perspectiva como um caminho de purificação e humanização da natureza infantil da criança para se tornar um futuro adulto- príncipe.

Segundo Costa, as terminologias “príncipe” e “imperador” estavam fora de uso no contexto apresentado por Llull e que seria até paradoxal à tendência da época, pois “no final do século XIII, a ideia de Império se fortaleceu justamente quando se passou a ser uma abstração sem fundamento prático na realidade3”.

Consideramos nessa análise do “caminho educativo” proposto por Llull duas obras que são as seguintes: “Doutrina para Crianças” e “A Árvore Imperial” e que compõem um conjunto de textos característicos da literatura medieval. Podemos fazer referência dessas obras aos “espelhos de príncipe” por meio das quais se difundiam “modos” e “hábitos”, ou seja, formas de ser e estar no mundo Ibérico Medieval considerando os aspectos morais e religiosos.

Esse conjunto de textos pode ser denominado de “espelhos de príncipes”, pois de acordo com Matos4 constituem uma forte pedagogia normativa e prescritiva voltados à formação moral e religiosa da nobreza e especificamente dos príncipes. Podemos

2MATOS, E. S. B. de. A educação do príncipe nas empresas políticas de Diego Fajardo. Dissertação de Mestrado. (UFRRJ). 2011. p.02.

3COSTA, R. da. O Pensamento Político no final do século XIII: a imagem do príncipe tirano na Árvore Imperial de Ramon Llull. Dimensões: Revista de História da UFES, n. 11, 2000. p.49.

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acrescentar também que esse gênero da literatura também possuía orientação política direcionada aos príncipes e aos primogênitos dos reis segundo Hahn5.

Segundo Matos, os “Specula Principum”, como também são conhecidos esses tratados didáticos, tem uma longa tradição que alude à representação anterior ao período de centralização monárquica iniciado no século XII6”. O referido pesquisador traz informações de historiadores que afirmam a existência desse tipo de literatura medieval desde a Antiguidade e que a compreensão acerca desses manuais eram de que “representavam um conjunto de modelos e práticas políticas a serem adotadas pelo futuro rei e tinham como característica principal o elenco de modelos e ações a serem seguidas por ele7”.

De acordo com Hahn, “essa natureza literária era típica dos últimos séculos do período medieval até o início da época moderna, adentrando com algumas características até o século XVIII8”. Essa informação se contradiz à apresentada anteriormente a partir de Matos9 no qual apresentam fontes a respeito desse dado desde a Antiguidade.

A obra “A Nicoles” de Isócrates escrita no século III a.C . é um exemplo desse tipo de literatura, bem como, “O Policraticus (1159)” de João de Salisbury e, a obra de Santo Agostinho, “Cidade de Deus”, que é apontada como uma dos primeiros espelhos de príncipe do início da Idade Média tendo como princípios a ideia de que a governança exercida deveria estar calcada na utilização política da bíblia e no governo de almas10.

A presente reflexão está organizada em três partes que se complementam: na primeira parte é apresentada uma discussão envolvendo a infância e sua compreensão no período medieval; na segunda parte discutimos a respeito do “caminho educativo” a ser percorrido por essa infância presente na criança do século XIII, sendo que essa formação pedagógico-cristã da criança nas classes abastadas significava a formação política das classes dirigentes, especificamente, dos príncipes; e, finalizamos com uma reflexão acerca da compreensão da criança presente na obra de Llull e que se articula

5HAHN, F. A. Reflexos da perfeição: alguns elementos do gênero espelhos de príncipe na idade moderna.

Varia Scientia, v. 6, n. 12. p. 151-157, 2006.

6 MATOS, E. S. B. de. A educação do príncipe nas empresas políticas de Diego Fajardo. Dissertação de Mestrado (UFRRJ). 2011. p.15.

7 Ibid., p.15.

8HAHN, F. A. Op. cit. 2006. p.152. 9 MATOS, E. S. B. de. Op. cit., 2011. 10 Ibid..

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com uma concepção de educação para a época enquanto processo de purificação/humanização da natureza da criança no “caminho” da salvação de sua alma. A infância no período medieval

A reflexão presente nesse texto se faz no contexto da Idade Média e, para isso, é preciso apresentar um breve panorama das características do que se denominou por Idade Média. De acordo com Guenée11 a Idade Média nasceu de um desprezo concebido por meio de ideias estereotipadas e preconceituosas construídas a respeito desse período histórico.

Uma consideração bastante ferrenha em relação a esse período pode ser encontrada em Voltaire quando o mesmo afirma que

cuando el Imperio romano fue destruido por lós bárbaros, se formaron muchas lenguas com lós despojos Del latín, como se elevaron muchos reinos sobre lãs ruínas de Roma. Los conquistadores llevaron por todo el Occidente su ignorância y su barbárie. Todas lãs artes perecieron: hasta ochocientos años después no comezaron a renacer. Lo que desgraciadamente nos resta de la arquitectura y la escultura de aquellos tiempos, es um grotesco conjunto de groseías y de baratijas. Lo poço que escribían era Del mismo mal gusto. Los monjes conservaron la lengua latina para corromperla12.

Segundo Franco Junior13, o italiano Francesco Petrarca (1304-1374), já se referira ao período como de tenebrae, contribuindo assim para o nascimento do mito historiográfico da Idade das Trevas.

A Idade Média e a sociedade feudal foram construídas a partir do Renascimento com uma imagem de atraso e não desenvolvimento das artes, da cultura, da política, da economia, pois

a ideia enraizou-se quando em meados do século XVI Giorgio Vasari, numa obra biográfica de grandes artistas do seu tempo, popularizou o termo ‘Renascimento’. Assim, por contraste,

11 GUENÉE, B. Histoire et culture historique dans l’Occident médiéval. Paris: Aubier, 1991 apud ALMEIDA, N. de B. A Idade Média entre o "poder público" e a "centralização política" itinerários de uma construção historiográfica VARIA HISTORIA, Belo Horizonte, vol. 26, nº 43: p.49-70, jan/jun 2010.

12BARUQUE, J. V. La valoracion histórica de la edad media: entre El mito y la realidad. In: XIII Semana

de Estudios Medievales – Memoria, mito y realidad en la historia medieval. Nájera, 29 de Julio al 2 de

agosto de 2002. p . 314.

13 FRANCO JUNIOR, H. A Idade Média: nascimento do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001. 2. ed. rev. e ampl.

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difundiram-se em relação ao período anterior as expressões

media aetas, media antiquitas e media tempora”14.

No entanto, sabemos que esse período passou por muitas transformações como pontua Tanaka e Oliveira,

ao mesmo tempo em que o feudalismo se consolidava, ressurgia o desenvolvimento das cidades e do comércio. A economia crescente, aliada à paz feudal estava exercendo um papel fundamental a forma dos homens enxergarem a relação Deus/Homem e na maneira de se pensar a própria existência15. Segundo Souza, no feudalismo partia-se do princípio de que o conhecimento e a divisão do trabalho eram desígnios de Deus, “era o primado da Fé da Razão, sustentado pela concepção geocêntrica de universo e justificado pelas verdades bíblicas, que colocam Deus na origem de todas as coisas e o homem, seu semelhante, no centro do universo16”.

Em relação à infância na Idade Média, segundo Ariès17, a infância era um período no qual não havia distinção entre o mundo das crianças e o mundo dos adultos. A criança era uma figura marginal no mundo adulto devido à indiferença pelas características próprias da infância que levaram o historiador francês a afirmar a inexistência de um sentimento da infância na Europa.

De acordo com Ariès18, a adolescência foi confundida com a infância, pois se conhecia apenas o termo enfant (criança). Empregava-se indistintamente a palavra puer e

adolescens, já que jeunesse significava 'idade média', não tendo lugar para a adolescência.

Ao contrário desses dados, Oliveira19 nos apresenta informações a respeito da infância nesse mesmo período histórico, afirmando a existência da consciência de fases e idades desde a Antiguidade Clássica, fato esse também presente na Idade Média, pois consideravam

14 FRANCO JUNIOR, H. A Idade Média: nascimento do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001. 2. ed. rev. e ampl.

15TANAKA, J., OLIVEIRA, T. Pedro Abelardo e as mudanças no pensamento do século XII. Acta

Scientiarum. v. 24, n. 1, 2002. p.125.

16SOUZA, A. A. A. Literatura e História na Educação Medieval. Mirabilia, n. 13, Jun-Dez 2011. p.07. 17 ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Editora Guanabra Koogan. 1981. 18 Ibid.

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a infantia como a primeira das idades de um conjunto que tendia a ser até seis, antecedendo a pueritia (dos seis aos quatoreza anos), a

adolescentia (dos catorze aos vinte), a juventus (até os quarenta), a senectus (até aos sessenta anos) e a senium (depois dos sessenta)20. De acordo com Ariès21, a evolução em direção a uma representação mais realista e mais sentimental da criança começaria muito cedo na pintura numa miniatura da segunda metade do século XII com a maternidade da Virgem Maria, a tenra infância ingressou no mundo das representações.

Isso não significa que a criança estava ausente na Idade Média, ao menos a partir do século XII, mas nunca era o modelo de um retrato de acordo com Ariès (1981), pois segundo o historiador, não se pensava, como normalmente se pensa hoje, que a criança já contivesse a personalidade de um homem. Elas morriam em grande número e essa indiferença era uma consequência direta da demografia da época, por isso, as crianças eram tão insignificantes “que não se temia que após a morte ela voltasse para importunar os vivos22”.

Cassagne também nos aponta questões a respeito da mortalidade infantil no período romano, inclusive mostrando dados de como as crianças indesejáveis principalmente as deficientes e as meninas eram abandonadas, vendidas ou mortas, mas a pesquisa encontra indícios de alteração dessas práticas que ela denomina de “pagãs” que foram convertidas a uma nova consciência cristã “deu lugar a uma mudança cultural realmente revolucionária. Ela se manifestou em fins da Idade Antiga, e depois, mais plenamente na Idade Média23”.

Mesmo considerando o alto nível de mortalidade infantil, de acordo com Oliveira24, havia uma legislação ampla entre os canonistas e legistas com referências às crianças enquanto um grupo etário atendido por seus direitos, normas e procedimentos jurídicos, o que segundo a autora “possibilita a construção medieval de uma concepção de criança valorizada e diferenciada, mesmo que, atendendo à reduzida esperança de vida desta época”.

20OLIVEIRA, A. R. As idades da criança. Medievalista on line,. a. 2, n. 2, p. 01, 2006.

21 ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Editora Guanabra Koogan. 1981. 22 Ibid., p.57.

23CASSAGNE, I. de. Valoración y educación Del niño en la Edad Media. Pesquisado em:

http://pt.scribd.com/doc/272190677/La-Valoracion-Del-Nino-en-La-Edad-Media-Ines-de-Cassagne#scribd. Acessado em 20/11/2015. 24 OLIVEIRA, A. R. Op. cit., p.01-18, 2006.

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Quanto às questões educacionais da época, Cassagne25, citando Pierre Riché a partir dos seus estudos acerca da cultura cristã nos séculos VI, VII e VIII em diferentes países do Ocidente, pôde fazer a seguinte afirmação: “os monges redescobrem a criança”. Nos monastérios as crianças de classes sociais distintas eram vestidas, alimentadas e educadas. O monastério se caracterizou como uma “nova escola” criada pelos monges e, com isso, há segundo Riché “um redescobrimento da natureza infantil e de suas características específicas”.

Ariès26 desconsiderando esses dados a respeito da infância presentes desde a Idade Média justificou a ausência do sentimento da infância e apontou seu início tímido no século XIII e sua evolução na história da arte e da iconografia a partir dos séculos XV e XVI, mas os sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e significativos a partir do fim do século XVII e durante o século XVIII.

Oliveira27 aponta que era possível encontrar na Baixa Idade Média uma problematização e especificação das primeiras idades do homem a partir de uma consciência atenta à realidade do crescimento infantil, inclusive com a consideração do início da infância antes mesmo do nascimento da criança pelo fato de que no feto já conteria uma alma, pois desde 1234 com o papa Gregório IX, que se encontram nas atas diocesanas e nos livros de milagres portugueses a afirmação de que os nascituros eram chamados de fruytos, ou seja, “fetos que já se encontram concebidos como crianças”.

É neste sentido que queremos pontuar a obra de Ramon Llull, pois em pleno século XIII produziu “Doutrina para Crianças” especificamente voltada à educação da criança. Isso pode nos apontar a presença de um “sentimento da infância”, pois ao se propor um manual voltado às crianças pode-se deduzir que há uma compreensão de sua especificidade perante os adultos e da necessidade de materiais próprios adequados à sua faixa etária, ou seja, o início do sentimento da infância pontuado por Ariès no século XIII pode ser confirmado pelas produções de Llull neste mesmo período.

No Brasil, podemos citar também como exemplo, Kuhlmann Jr, que se opõe à

25 CASSAGNE, I. de. Valoración y educación Del niño en la Edad Media. Pesquisado em:

http://pt.scribd.com/doc/272190677/La-Valoracion-Del-Nino-en-La-Edad-Media-Ines-de-Cassagne#scribd. Acessado em 20/11/2015. p. 21.

26 ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Editora Guanabra Koogan. 1981. 27 OLIVEIRA, A. R. As idades da criança. Medievalista on line, a. 2, n. 2, p.01-18, 2006.

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pesquisa de Ariès, pois constata de forma diversa que os sinais do desenvolvimento de um sentimento da infância já estavam presentes desde o século XVI devido à educação desenvolvida por meio do Ratio Studiorum, pois

quando os jesuítas desenvolveram sua catequese alicerçada na educação dos pequenos indígenas, e trouxeram crianças órfãs de Portugal para atuarem como mediadoras nessa relação, ou então, na inovação dos colégios com o Ratio Studiorum, o programa educacional jesuítico, que estabeleceu as classes separadas por idade e a introdução da disciplina28.

Do mesmo modo, Ferreira e Bittar29 também encontraram aspectos relacionados à educação das crianças no período colonial por meio dos colégios jesuíticos, inclusive para as crianças negras escravizadas. Os colégios das primeiras letras ocupavam um espaço físico central nas fazendas da Companhia de Jesus, já que essas escolas eram um importante meio para a realização do ritual da catequese com o objetivo de conversão ao cristianismo, desta forma, em função da catequese, os filhos das famílias escravas também foram submetidos à escolarização.

A educação da criança: estudo acerca dos “caminhos” da formação pedagógico-cristã presente nos escritos de Ramon Llull

Ramon Llull foi um filósofo catalão nascido na região de Maiorca. Essa região era habitada por cristãos, muçulmanos e judeus. De acordo com Zierer e Messias30, o pai de Llull participou da conquista de territórios em Maiorca e que por meio desses serviços recebeu terras do rei Jaime I levando à ascensão social da família, o que possibilitou que Llull tivesse uma educação voltada para as armas, para a formação do guerreiro, tornando-se um cavaleiro.

De acordo com sua autobiografia denominada “Vida Coetânea”, a partir de uma visão divina que foi considerada por ele como um chamado de Deus, passando então, a dedicar sua vida à conversão dos infiéis. Publicou várias obras e escolhemos duas específicas para realizarmos a presente reflexão e que possuem uma forte conotação

28KUHLMANN JR, M. Infância e Educação Infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação. 1998. p.22.

29 FERREIRA JR, A., BITTAR, M.. Educação jesuítica e crianças negras no Brasil Colonial. Revista

Brasileira de Estudos Pedagógicos, n. 196, v. 80. p. 472-481, 1999.

30 ZIERER, A., MESSIAS, B. T. O mundo da cavalaria do século XIII na concepção de Ramon Llull.

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educativa considerando princípios à formação da criança, e também princípios para a sua vida futura enquanto um “bom príncipe”.

Nesse sentido, nossa reflexão se pautará em duas obras de Ramon Llull denominadas “A Árvore Imperial” e “Doutrina para Crianças” que datam do século XIII. Optamos pela articulação das duas obras de Llull citadas anteriormente, pois a formação do príncipe contida na obra “A Árvore Imperial” não pode ser realizada sem antes considerar a formação da criança presente na obra “Doutrina para crianças”. A primeira obra trata das ações de um adulto que necessariamente deve ser formado quando ainda criança e dessa criança é que trata a segunda obra.

A “Doutrina para crianças” foi escrita entre 1274 e 1276 e possui onze capítulos. Todos os capítulos estão voltados para os ensinamentos cristãos afirmando a necessidade dos pais apresentarem esses conhecimentos aos seus filhos desde cedo. Esses conhecimentos passariam pelas coisas que são gerais no mundo chegando até as especiais e também é conveniente que se ensine a construção gramatical para o latim. É importante iniciar esse aprendizado desde cedo para que “a criança se acostume a amar e temer a Deus, conforme os bons ensinamentos31”.

É preciso ensinar às crianças que esse Deus existe, a figura de Deus é apresentada como invisível aos olhos dos homens, mas acessível aos olhos da alma. Esse Deus é digno de toda honra, louvor e amor, e se caracteriza a partir de qualidades como, por exemplo, bondade, grandeza, bondade, poder, sabedoria, amor, verdade, virtude, glória, perfeição etc.

A Trindade Santa é apresentada como sendo constituída pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Llull32 alerta os pais de que a criança não poderá compreender a Santa Trindade pela sua complexidade, pois a Trindade de Deus é maior que o seu entendimento. Aqui a ideia da criança como um ser imaturo que não alcança certa compreensão a respeito de assuntos que poderiam extrapolar sua natureza infantil.

31 LLULL, R. Doutrina para Crianças (1274-1276). Trad. Prof. Dr. Ricardo da Costa. Barcelona: Editorial Barcino. 1957, p.05.

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A concepção de Maria é descrita segundo Llull como obra das três pessoas da Trindade, “mas somente a pessoa do Filho se encarnou, demonstrando a diversidade que existe entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo33”. O filósofo também ensina às crianças sobre a morte e ressurreição do Filho de Deus, Jesus Cristo. Afirma veementemente que, a crucifixão e morte de Jesus, se deram por amor à humanidade, mas mostra também que esse mesmo Cristo ressuscitou no terceiro dia “para manifestar a grande misericórdia de Nosso Senhor34”.

As crianças devem crer que Deus criou o mundo, essa criação é apresentada em sete dias com a descrição do que foi criado por Deus na sua majestade e que, por isso, tudo que criou é bom e belo. Llull35 associa a crença em Deus Criador para a salvação da alma.

É ensinado às crianças que o matrimônio “é o ajustamento corporal e espiritual para teres filhos que sejam servidores de Nosso Senhor Deus e que Dele recebam graças e bênçãos36”. A união entre homem e mulher visa à procriação e ao aumento do número de fiéis tementes a Deus e dispostos a servi-lo. Apresenta a mulher como uma figura subserviente e virtuosa que não deve fazer o homem se desviar da ordem do matrimônio.

Llull recomenda nessa obra que os ensinamentos às crianças deveriam levá-las a aprender “os 14 artigos da Santa fé católica, os 10 mandamentos que Nosso Senhor Deus deu a Moisés no deserto, os 7 sacramentos da igreja, os 7 pecados mortais e os outros capítulos seguintes37”.

Esses “outros capítulos seguintes”tratam também dos ensinamentos relacionados às ciências das Sete Artes que compõem um quadro amplo de conhecimentos apresentados da seguinte forma: “Da gramática, Lógica e Retórica”; “Da geometria, Aritmética, Música e Astronomia”; “Da Ciência da Teologia”; “Da Ciência do Direito”; “Da Ciência da Natureza”; “Da Ciência da Medicina”; “Das Artes Mecânicas”.

33 LLULL, R. . Doutrina para Crianças (1274-1276). Trad. Prof. Dr. Ricardo da Costa. Barcelona: Editorial Barcino. 1957. p.10.

34 Ibid., p.13. 35 Ibid.. 36 Ibid., p.25. 37 Ibid., p.05.

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Para essa reflexão específica, trataremos especificamente da primeira arte “Gramática, Lógica e Retórica”. A Gramática era vista por Llull como a arte mais importante, pois mesmo que o sujeito não desejasse conhecer outra arte ou ciência, deveria necessariamente passar pela arte da Gramática considerada “o portal pelo qual se passa para saber as outras ciências38”. Nessa arte o sujeito deverá aprender a construção, a declinação e os vocábulos, após isso deverá ser passado para o latim que poderá ser aprendido por meio de romances com as rimas.

A Lógica é considerada o meio pelo qual se pode chegar às coisas verdadeiras ou falsas, mas que também contribui para a exaltação do entendimento humano ascendendo das coisas gerais para as especiais por meio de cinco universais descritos pro Llull como os gêneros, as espécies, as diferenças, as propriedades e os acidentes.

A Lógica também contribuirá para o “bem falar” por meio do qual o sujeito terá condições de iniciar um assunto, defendê-lo e concluí-lo, mas também deverá ter cuidado para que não seja enganado com as palavras sofísticas. A Lógica possibilitará a aprendizagem da Retórica, pois essa visa falar “bem e ordenadamente” levando a quem fala dar bons exemplos de coisas belas e que o maior objetivo seja atingir o coração dos que o ouvirão e que sejam “agradáveis às gentes e a Deus39”.

Detivemo-nos nessa Arte específica, pois ela está diretamente relacionada às atividades do Príncipe de que trata a obra “A Árvore Imperial”, pois “o bom governante” deve saber educar o seu povo e dizer palavras que o leve a também crer e amar a Deus, pois

o príncipe, na medida em que queira ser justo, casto, humilde e queira ter as outras virtudes, eduque seu povo para amar coisa amáveis em si mesmas, e com essa educação também eduque seu povo para amar coisas amáveis em si, e que ambas educações, o amor eduque o desamor para desamar as coisas desamáveis, que são a injúria, o orgulho, a luxúria e todos os outros vícios40.

A obra, “A Árvore Imperial”, escrita em 1295, como consta no seu prólogo derivou da solicitação de um monge que pediu a Llull que escrevesse um livro geral

38LLULL, R. Doutrina para Crianças (1274-1276). Trad. Prof. Dr. Ricardo da Costa. Barcelona: Editorial Barcino. 1957, p. 58.

39 Ibid., p. 59. 40 Ibid., p. 12.

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para todas as ciências. Esse livro deveria ser de fácil entendimento, pois sua função era levar a devoção a Deus, ao contrário, dos livros que geram confusão de entendimento e impedem essa devoção.

Llull estava abatido e desconsolado após seu retorno de Roma diante da impossibilidade de realizar o propósito que tinha se colocado a essa viagem de propagação da fé e conversão dos judeus e muçulmanos. Llull diante da solicitação do monge diz que muitos homens o tomam por louco e que seus livros são considerados de pouco valor, por isso, não tinham nenhum desejo em escrever esse ou qualquer outro livro41.

Porém, diante da insistência do monge que implorou a escrita do livro, Llull diz sim à essa solicitação e o monge lhe fez a seguinte promessa: “eu vos prometo que se vós fizerdes este livro, eu o levarei a uns e outros e farei todo o bem que possa todo o tempo enquanto eu viver42”.

O livro produzido foi considerado por Llull como a “Árvore da Ciência”, e, esta está dividida em dezesseis partes que, segundo ele “através dessas dezesseis árvores o homem pode tratar de todas as ciências43”. São as seguintes as dezesseis partes: “Árvore Elemental”, “Árvore Vegetal”, “Árvore Sensual”, “Árvore Imaginal”, “Árvore Humanal”, “Árvore Moral”, “Árvore Imperial”, “Árvore Apostolical”, “Árvore Celestial”, “Árvore Angelical”, “Árvore Eviternal”, “Árvore Maternal”, “Árvore Divinal e Humanal”, “Árvore Divinal”, “Árvore Exemplifical”, e, “Árvore Questional”.

Na presente reflexão, nos pautaremos na “Árvore Imperial”, pois nosso interesse é conhecer e discutir a narrativa pedagógica, presente nessa obra, “cuja ciência apresentada por Llull estava calcada no conhecimento do regimento dos príncipes e da finalidade pela qual elas são pessoas comuns44”.

Essa obra está dividida em sete seções assim denominadas: das raízes, do tronco, dos braços, dos ramos, das folhas, das flores e dos frutos. A partir dessas seções, o “bom príncipe” é apresentado como o “centro” dessa árvore, como um tronco comum

41LLULL, R. A Árvore Imperial (1295). Trad. Prof. Dr. Ricardo da Costa. Barcelona: Editorial Selecta. 1957.

42 Ibid., p. 05 43 Ibid., p. 06. 44 Ibid., p. 06.

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interligado a outros troncos. Esse tronco central deve ser a imagem de Deus na terra, é aquele que deve reger muitas bondades que estão ligadas a princípios gerais e não particulares, por isso sua bondade é livre e está ancorada em sete ramos: justiça, amor, temor, sabedoria, poder, honra e liberdade.

Somente a partir desses ramos é que o “bom príncipe” poderá ter boas flores e bons frutos. As flores do “bom príncipe” são os regimentos e as ordens em favor da justiça dos povos, já um “príncipe mau” colhe flores más e delas não se pode formar bons frutos, pois nascem com mau sabor e odor. O fruto é a paz que se concede ao povo “para que possam estar, lembrar, entender, amar, honrar e servir a Deus45”.

O “bom príncipe” é o Juiz Geral que deve exercer seu poder com liberdade, mas essa liberdade deve estar ancorada nos princípios divinos no caminho que o leva a fazer o bem desviar-se do mal, no entanto, o homem tem a liberdade para fazer o mal em razão da sua natureza originada do pecado.

Essa liberdade deve estar ancorada nos princípios divinos no caminho que o leva a fazer o bem desviar-se do mal, no entanto, o homem tem a liberdade para fazer o mal em razão da sua natureza originada do pecado. Essa natureza original é a do “não-ser”, já que o “ser” se afasta dessa natureza corrompida por meio da educação que é purificação e se constitui como um caminho que leva a Deus e às suas virtudes necessárias ao homem para que “seja-ser”.

Nesse livro, encontramos a imagem do príncipe como a imagem de Deus na terra, por isso, na obra há a dicotomização das figuras do bom e do mau governante. Para ser um “bom governante”, esse príncipe deve ser formado nos preceitos cristãos desde a mais tenra idade como apresentamos nas prescrições presentes na obra “Doutrina para crianças”. Considerações Finais

À guisa de conclusão podemos depreender que mesmo o período medieval tendo desconsiderado a criança em sua especificidade de acordo com Ariès46, a obra de Llull

45LLULL, R. A Árvore Imperial (1295). Trad. Prof. Dr. Ricardo da Costa. Barcelona: Editorial Selecta. 1957, p.17.

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denominada “Doutrina para Crianças” representou um ponto de inflexão nessa lógica ao considerar a importância de uma educação desde a tenra idade que inserisse a criança nos modos de vida cristãos ao elaborar verdadeiros manuais de civilidade na difusão dos preceitos religiosos.

Mas é preciso nos perguntarmos acerca da compreensão dessa criança, pois apesar de encontrarmos referência à sua educação desde a mais tenra idade e isso significar algum tipo de consideração em relação à sua especificidade infantil, mesmo assim, a visão de criança ainda estava atrelada a uma ideia de “natureza infantil” corrompida pelo pecado original.

Nesse sentido, o “caminho educativo” a ser percorrido pela criança na sua formação pedagógico-cristã indica a ideia de que a criança originalmente corrompida pelo pecado deve ser purificada/humanizada pela educação para que a mesma seja retirada de um estado inferior que sua condição infantil lhe confere. A imagem da criança é representada pela perversidade, impulsividade, desordem, já que ela nasce má, corrompida, é “natureza pura”, portanto, instinto47.

Na obra, “Doutrina para Crianças”, é ensinado às crianças que elas possuem uma linhagem pecadora, pois descendem de um primeira pai (Adão) e de uma primeira mãe (Eva) que caíram no erro, pois foram desobedientes a Deus, levando toda a descendência humana ao pecado. Nesse sentido, o pecado é original, de origem, é de nascimento. É uma corrupção primeira como nos diz Charlot48.

É uma pedagogia que não ignora a criança, mas o modo como é considerada é a partir da ideia de negatividade, de uma natureza corrompida, por isso, a criança é um ser “em construção”, “um vir-a-ser”, pois ainda não é um “homem”. Essa ideia de homem abarca as considerações a respeito de um ser dotado de razão e controle das suas emoções e que não se deixa enganar pelo mal.

47CHARLOT, B.. A ideia de infância. In: CHARLOT, B.. A mistificação pedagógica: realidades sociais

e processos ideológicos na teoria da educação. Rio de Janeiro: Zahar, 1983, p. 99-149.

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Oliveira49 nos chama a atenção para o fato de que os médicos e os pedagogos medievais atribuíam à infância características como carentes e débeis, fato este que

acentuava a ideia de imperfeição, aspectos que as Etimologias de Isidoro de Sevilha tinham contribuído para evidenciar, dado registrarem para a infantia a etimologia de in-fans, ou seja, quem não sabe ainda falar, ou articular palavras, porque “ter ainda desenvolvido os dentes, lhe faltava a faculdade da linguagem50”. Na obra “A Árvore Imperial” a ideia de natureza corrompida também aparece, pois para além da dicotomização entre o “bom” e o “mau” príncipe, há também algo que os une, que é a pertença à mesma natureza corruptível que se traduz na figura do “não-ser” tendo como zona limítrofe a liberdade. A liberdade para escolher entre fazer o bem ou o mal, é neste sentido que a liberdade deve estar ancorada na sabedoria que poderá lhe ajudar a compreender sua função e ter clareza da missão que foi lhe confiada enquanto príncipe cristão na terra.

O “caminho educativo” a ser percorrido pela criança é um trajeto que envolve todos os princípios da fé cristãos, mas que não dispensa também a aprendizagem das artes liberais e do ato de governar. A obra denominada “A Árvore Imperial” se caracteriza por apresentar o modo como o príncipe na figura do “bom governante” deve amar e temer a Deus, por isso, consideramos relevante a discussão acerca da formação cristã da criança que se tornará esse adulto que serve a Deus e se distancia do pecado para que sua alma não seja condenada e alcance a salvação.

Assim, esse “caminho educativo” percorrido pela criança se projetava na imagem do homem enquanto um ser completo em detrimento à criança que não tinha importância “em si mesma”, por isso a preocupação com a educação da criança estava no seu “vir-a-ser”, ou seja, no seu “tornar-se adulto”.

Não estamos dizendo que a criança era desconsiderada, pois havia uma preocupação com a sua formação, mas essa preocupação estava associada à criação de uma sociedade que servisse a Deus. Nesse sentido, a preocupação principal era com o projeto da salvação e não com a criança.

49 OLIVEIRA, A. R. As idades da criança. Medievalista on line, a. 2. n. 2. p.01-18, 2006. 50 Ibid..

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O que se visava era a humanidade futura dessa criança, ou seja, sua maturidade presente na “forma-homem”, por isso sua educação tinha como meta principal aproximá-la dos bons ensinamentos, entenda-se, “bons ensinamentos” sendo os cristãos, para que este sujeito desde cedo pudesse aprender a amar e temer Deus, por isso, o “bom príncipe”, de acordo com Llull51, deve ser a representação de Deus na terra levando suas gentes para o caminho da bondade e das virtudes visando alcançar o Paraíso e a salvação da alma.

As duas obras de Llull se caracterizam como narrativas pedagógicas para a formação do infante ainda criança e do adulto enquanto príncipe, sendo que essas narrativas estavam calcadas numa moral cristã da época que apregoava fazer o bem, escolher as coisas em nome do universal e não do particular, visava manter da paz entre os povos e a perspectiva missionária de salvação de almas.

51LLULL, R. A Árvore Imperial (1295). Trad. Prof. Dr. Ricardo da Costa. Barcelona: Editorial Selecta. 1957.

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