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Preconceito racial e estereotipo sexual no Brasil

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Academic year: 2021

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(1)

lsop

lnstitut~ Supe~ior

de

~s~udos

e Pesqwsas Ps1cossoc1a1s

PSICOLOGIA

SOCIAL

n~6

Preconceito Racial e

Estereótipo

_

Sexual no Brasil

Centro Brasileiro

de Pesquisas Psicossociais

(CBPP/ISOP/FGV)

411"

Editora da

---~-...

FGv

Fundação Getulio Vargas

BPP

(2)

APRESENTAÇÃO

O presente volume da série CADERNOS DO ISOP in: .clui as duas primeiras pesquisas conduzidas pelo Programade Psicologia Social do Centro Brasileiro de Pesquisas Psicos--sociais, depois que assumimos a responsabi !idade pelo setor,.

em abril de 1983.

Em virtude de estarmos, jâ hã alguns anos,condu-zindo pesquisas no Brasil à luz da teoria atribucional de Bernard Weiner~ propusemos aos integrantes do Programa de Psicologia Soc:al a condução da primeira pesquisa aqui re -portada.Nela,a teoria de Weiner ,assoc.,iada à contribuição teó rica de Kay De.::ux, sobre o papel mediador das expect;tivas de resultados r 1 fenômeno de atribuição diferencial de cau-salidade,const~.tuem os dois pilares bâsicos para o estudo de preconceito racial contra pessoas da raça negra e de es-tereotipia sexual negativa contra ' as mulheres. Os resulta-dos desta pesquisa motivaram o grupo a explorar de forma mais aprofundada os dois tópicos acima referidos. A segunda pesquisa foi planejada com o objetivo especÍfico de verificar, atrave.s de metodologia adequada, se era ou não verda -deira a hipótese sugerida pela pesquisa anterior, segundo a qual, em nossa cultura, as atitudes reportadas são favorã veis, de uma maneira geral, à ausência de discriminação ra~ cial contra os negros e de estereotipia negativa contra as mulheres, havendo, porêm, uma crença generalizada na exis

-tência de preconceito racial e de estereotipia sexual nega-tiva contra as mulheres. Os dados da segunda pesquisa

com-provaram esta hipótese. ·

f

No momento, continuamos investigando a realidade __ ~, brasileira à luz da teoria de Weiner e uma pesquisa recêm ~ conclufda nos fornece dados sobre as atribuiç~es feitas por; vestibulandos ao sucesso e ao fracasso no exame de admissão

ã

universidade. Utilizando noç~es da teoria atribucional de Weiner, uma outra pesquisa, visando à verificação dos crite rios· dominantes de justiça distributiva entre brasileiros : acha-se em fase final de analise dos dados. Esperamos que, em breve,. possamos incluir em futuras publicaç~es da presen te serie, os resultados destas pesquisas.

-Aroldo Rodrigues

(3)

I S O P .

Instituto Superior de~Estudos e Pesquisas Psicossociais

/

.

Preconceito Racial e Estereótipo Sexual no Brasil

EQUIPE ~CN:OCA

Aroldo Rodrigues (Coordenador) Angela Maria Venturini Moreira

Emília Maria V.F. Rebelio de Mendonça Jarbas de Moraes Bastos

Yara Silveira Faria Bernardo Jablonski

Maria de Fátima Braga de Oliveira Maria Vitoria de Carvalho Pardal

ESTAGIÁRIAS Eliane Mendes

Marcia Angelica Barbosa Maia Marcia Regina Gontijo de Souza· Monique Rose Aimée Augras

Chefe do Centro Brasileiro de Pesquisas Psicossociais (CBPP) - Supervisara

(4)

CADERNOS DO ISOP N9 6 - 1985 EXPEDIENTE Bll3LIOTECA I FUNDAÇAOGETOLIO VARGAS

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I

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D!RETOR: Franco Lo Presti Seminê COORDENAÇÃO: Athayde Ribeiro da Silv

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36 53 3- 3

I

· Direitos reservados desta edição

ã

Fundação Getúlio Vargas Praia de Botafogo, 190 - CEP 22.253

CP 9.052-CEP 20.000 Rio de Janeiro - Brasil

~ vedada a reprodução total ou parcial desta obra Copyright (c) da Fundação GetÚlio V~rgas

Ficha Catalogrâfica

~---,

I

Centro Brasileiro de Pesquisas ·Psicossociais

I

Preconceito racial e estereótipo sexual no Brasil I

I

Aroldo Rodrigues, Coordenador; ·Angela Maria Venturi ni Moreira ••• I et al.l. - Rio de Janeiro: FGV,ISOP, CBPP, 1985.

76p. : il. - (Cadernos do ISOP; 6) Bibliografia: p. 25;' 68.

1. Psicologia social. 2. Racismo Brasil. 3. Este -reótipo (Psicologia). I. Rodrigues, Aroldo. II. Mo-rei r a, Angela 'Maria Venturini. III. Centro Brasilei-ro de Pesquisas Psi'cossociais. IV. Série.

CDD 301. 451960'81 CDU 323.12 (81)

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-

---

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(5)

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I

l

SUMARIO

1. DETECTAÇÃO DE PRECONCEITO RACIAL E ESTEREÓTIPO SEXUAL ATRA \Tts DE ATRIBUIÇÃO . DIFERENCIAL DE CAUSALIDADE 1.1. Introdução 1.2. Mêtodo 1.3. Resultcdos 1.4. Discussão 1.5. Referências Bibliográficas 1.6. Anexos

2. ATITUDE E CRENÇA EM RELAÇÃO A PRECONCEITO RA CIAL E ESTEREÓTIPO SEXUAL NO-BRASIL

2.1. Introdução 2.2. Procedimento 2.3. Resultados 2.4. Discussão 2.5. Referências Bibliogrâficas 2.6. Anexos 7 11 12 21 25 27 41 45 48 . 62

1

68 ~-~ < 71 .o.

(6)
(7)

' ., . : . . . :'' ' : .:.!). .-: !i'J (~ ~ ~- :.: :) ~-!

DETECTAÇÃO DE PRECONCEITO

RAClAL'

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Ê~ÍEREÕTI:PO SEXUAL

ATRA-vts

DE A'J;'Rl'-'ll!ÇÃO .DIFERENCIAL: DE-~ CAUSALIDADE

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'1.1. Introdt~,çãq > '; ; :: ... , :' .- __

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-pa~ detectar a possível existência de .p~~oon<:.ei.to racial con

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'dê' ,éstere6tLipo!se'iüal..•: c~np::~ _as

'·pessoas do sexo fewinino. numa,·amos~r:a>:de habitantés'da.''

'êida-. de do Rio de.,Jane-i,rP:• .. A_ amostra

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fo~ütepresentativa, dada a escas!>~Z -~e, recur~s:p.s; pa:ra .sua obtenÇ~Q. ;·Foram con_taet?.df!S pessoas-:_ adult,as r,~side~~.es na· .cidade· do. R~o :ode_ Janeiro ,. -• ·com

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re-li~çao ~j>re~<;n~cêito 'iaciat;· êonstitu~úffi:.'estímul<;>-ã-sua rea-dização.

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·comum

encontrar..:.:: se entre· ri~s :a''posição q~e

defel:l-~-de a·:'ine:ds·tênéiâ: ''de preconceito radal 'tro Brasil. ,Não-. menos · comum •:é.;a corrénte

'Ctue

aiiiie-vera o'ôpost6:~ isto

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-s:a

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a ·~ale.gaçã~ •dá inexis têri,êia de precc;>p.çefto'.' 'racial :, : entre

_brasileiros~\ "Anlbaá _as·''posiÇÕes apres~i),truii',·)fém3,sua d~_fesa, im

~pressÕes,. ~ditos··:iÍópul~res; experienc:iás _ocasionais e_ .. dq.dos

·anedê5tfcos~~" ri'enhutna c:JtÜâs ~ po):'êm:, se '~pé)f:a · em dados -em,pÍ ri . .,....

-cos·:c~az:es~· de substandã-las de

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coí:wi~cente .• .

A

escas_.,.. sez.de. ~ados empíricos sobre o assuntô 'e ·a dificuldade de se

. 'i -1 .. \-<"•·•-·-<~r:. • ' -·.

-p,~,rlir.:..se, :. ~m nos,se3,, r,~ali;da,de:, .r~ça ·l~ :cla$:se soc1~l-~- ( For~,~m

part.icularmente difíç~l a. soluçao .. do;problf$a (ve-:r~ Ro.dri.g~es,

1973),_.. Alem disso,

\la

.uW? impressão-generalJ:~adá de q~e· ···as

pessoás no Brasil, . __

einbpra,.

ppssuam prectmceitõ':· r

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exk mem de manifestá-lo quand,o solicitadas

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• • • • ..• . tJ. • _- . . . ~- ... : .-,·-:.·}'i't_l::~,:-·:' .. 1 ce1:to ser1a ma1S 1n4;~~,qt:J. em .. nossa·:real1dade.

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'fa~o_;·~,P~-~ .. ,-:::.

quisas realizadas

e:ui

-pu,tras .çultutas ·(po,r ~~~16'J:: ~ ~Yar~~n_; Town e Wallston, 19,~g1)!1,I10St;,raJ:atn que ~ J!~S:$1Íye1 :<;;~etectai;~s;~,

preconc~ito racial ê,:.~S:t:er,eQtipo .~~:~exual(:~t.t:~v:ês'~de úrii td~~péiÇi

• • ' • , ', , ' , :J • ' , •, , ~ ' .. ;. •• .• t, ·r• , ':.I. f'.•·•; ._l

1.~~-1~.eto, tal· co~_,:~ q':l~: i:o1 adP:.tado n~:: px~s-~n~~. ·' P'~'s~(u;7s,fl:.

F1~fiJrilente, . a nQ!;OFila~ ~d~~ç.a do. ·pape 1 ,. ~P.S J.,~~:dat, mulh'~t, . _ 1 na socilúíâ.de 1 1hbde#j.~ ': to~•-'~pó.#~pno inves 1; i ga~,_F9J#~l!s

tênt

:i_ i( . ou

não de ;~ste~~ôtipo ,neg~t·i-yó !e~ relação ao s'exo !eminfno·~ não sê5 para '·comi>árar os:,;sJa?.qs cp~ os ,existentes em outras cul

tu-ras, como também para que se tenha uma visão mais objetiva em

(8)

.. . -. _;- ":'? - i ' . .

nossa realidade sócio-cultural •

. Com o intuito, pois, de contribuir para o escla-recimento destas questÕes em nossa realidade, foi planejada

uma pesquis·a, emp{rica inspirada no trab'alho acima citado de

Yarkin, Town e Wallston (1982) e amparada teoricamente nos

modelos de Deaux e de Weiner e seus colaboradores(Weiner et al., 1972).

Weiner et al. (1972),baseados principalmente nos conceitos desenvolvidos por Heider, estabeleceram duas dimen

sões segundo as quais categorizam.

âs

·atribuições càusais ó ':Pe=

rante o sucesso e o fracasso: a dimensão internalidade -

ex-ternalidade e a dimensão estabilidade.- instabilidade. Segun

do estes autores a capacidade da pes·soa' .-seria uma causa in

=

terna e estável; o esforço seria interno,·-.porem, instável; a

dificuldade da tarefa seria externa é'+:estâvel; e a sorte, ex

terna e instável. Uma terceira dimensão foi acrescentada pos teriormente por Weiner, a dimensão controlabilidade - incon= trolabilidade. Capacidade e sorte são incontroláveis, enquan

to esforço e dificuldade ~a tarefa são controláveis. Dentrõ

de um contexto de realização ("achievement") ,parece que capa

cidade, esforço, dificuldade da tarefa e sorte ou acaso sãO

as causas mais comumente invocadas para explicar o sucesso

ou fracasso das pessoas. Es~a posição teõriça derivada de

Heider e de Weiner e seus .associados (Weiner et a1.,1972 por

exemplo), constituiu um dos pilares teóricos em que se

ampa-rou a presente pesquisa. ,:nr. .. í_:; ,

<--·

. O modelo de Deaux, segundo o qual'a ~;q,ectativa

de um resultado e um mediador importante na atribuição cau-;

sal, constituiu o segundo pilar em que se f~ndamentou esta!

investigação. Deaux utiliza as dimensÕes caus.ais propostas

por Weiner e seus colaboradores como variãveis dependentes .,

Assim, se em virtude de certas caracterí~ticas pessoais (pre

conceitos, estereótipos, valores, crenças, tendenciosidades

cognitivas, etc.) criamos determinadas expectativas, estas

expectativas mediarão a escolha do fatÔr:~ ç~üsal que serã

itl.-vocado ao fazermos atribuiçÕes para suç~ssô~ ,~ fracasso. ~spe

cificamente, se uma pessoa acha que. q1,l'~ra e inferior intelec

tualmente, um eventual sucesso acadêmico desta Última contrã

ria a expectativa da primeira. Esta contradição entre a ex

=

pectàtiva e a realidade induz a atribuir a fatores ·externos

o sucesso inesperado (sorte, facilidade da tarefa). Este mo

8

(9)

..

..

· 'i ~:) (~ ·: ._:;.

····">.; ·.

delo recebeu inequÍvoca confirmação em estudos empÍricos des tinados a testá-lo (por ex.: Deaux e Emswiller, 1974). Send~, assim, o modelo de Deaux nos fornece uma forma indiretr+ de detectar preconceitos e estereõtipos -em situações de sucesco e fracasso, pois as atribuiçÕes refletirão as expectativas mantidas pelas pessoas. Estas expectativas, por sua vez,obe-dec~rão às atitudes, aos valores e às tendenciosidades indi-viduais.

. A presente pesquisa, ancorad~ nestes alicerces teôiicos,,se propÕe verificar como as pessoas atribuíam o l'>U

ces,so de homens' mulheres •. ·. negros e brancos. Mantendo-se cons tari:te o suçesso e o Çontexto·:_em ~que ele se verificou e v ar

i=

arúfõ~se, si'stemati,:Ç,~ménfe', osexo e a cor da pessoa-estimulo, espenwâ-'se' quê

ó

_

s

~;·s.uj eii:os

:

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pesq~isa mari.ife.~tassem sua a-tittiCÍ:~. ·-· 'ê' preconceituos_~ .. e/ou seu estereótipo s~&.~al' atribu

in-.• '. . .,_,_. -:...-~ .· ., __ , .. . .-; · .. •·:\.·:·'

-r:lO''·'Q. sUcesso dél pês~oa""é~tl.mulo diferencialtl1~t(~~-·'ª-s quatro .<:â:uSas. 'de suces(:l:o·

do

'nío~elo ·de Weiner (capaçiàcade,; , esforço dif-iculdadé dá·'i:_ar~fá,·',e.' s·0rtê!,_~:- Ass_im, uma· péss&a ',q~e · 'jtilga

-- ,--

·p,'-'

serem

os "n'e.gr_ó$ 'in;f~:rJ.9-res ;in\F~lectualnief1~'e._, ·ter~ irtfi·

clilda-.-:·~c; :,:~-'-de-~ em~átr'il)uir o s'Ucesso -déiiima-:J}esspa~.d'e cor

ã

sua ciá'pacida

:~; ··:r< de; 'simíüi.rmente,''üina pess~â'':,quê 'considere as mulheres infe-=

,riores aos homens, tendel:'â. mais a· atribuir o .. seu sucesso a fatore.s outros que não a sua'·(capaçídade.

. Yarkin, \T.own e Wallston (1982) encontraram esta atribuiçãg -:diferencial em estudo conduzido nos Estados Uni -dos. "Ho:mens ''négl-os e mulheres de ambas as raças quando bem suceq,~Ô:_~~s' e.rarrl'percebidos tanto por homens como por mulhe -res ~J::~p.CÇJ.$ co~o menos capazes e mais esforçados que os ho-mens branco.s bem sucedidos. Aparentemente, mulheres e negros

têm que e~forçar-se mais" (Yarkin,. Town e Wallston, 1982, p. 23).

No intuito de verificar-se o mesmo s.e dava no Brasil, Rodrigues (1984) replicou o estudo de Yarkin, Town e Wallston. Primeiramente o fez com 96 estudantes de uma uni versidade parti-cular do Rio de Janeiro; em seguida, com a a-= juda dos professores Jose Augusto Dela Coleta e Marília Dela Coleta, obteve dados de 138 estudantes de uma Universidad~

Federal .do estado de Minas Gerais~ A tarefa dos sujeitos erà a de ler um? cartaem que um funcionário de um banco solici--ü:rva .promoção e justificava seu pedido com base em seu exce-lente desempenho profissional. Afêm-da carta, era ainda apr~

(10)

I J: I I.

I• 1:

I "

sentado aos sujeitos o clirricut'um-vitae do.funcionãrio, o qual corroborava o fato de tratar-se de pessoa bem sucedi-da profissionalmente. O teor sucedi-da carta e o curriculm-vi_tae e ram idênticos nas quatro condições, variando-se apenas o

se

xo e a cor da pessoa-estimulo (no caso, funcionário de um banco) de forma a que se constituíssem as seguintes condi -çÕes experimentais: homem branco, homem negro, mulher bran-ca, mulher negra. Em seguida, os sujeitos respondiam a um questionário, onde a variável principal era a atribuição que faziam para o sucesso do funcionário: se a sua capacidade '

ao seu esforço, ã natureza da tarefa ou ã sorte. 11 Em ambos os estudos não se notou qualquer

indi-cação de estereótipo sexual contras as mulheres. Na amostra mineira foram detectados sinais muito leves de preconceito racial. O homem negro ê visto como o que mais esforço.fazpa ra conseguir sucesso e ª,porcentagem de pessoas que atribui seu sucesso ã sua capacidade ê significativamente menor que a porcentagem de pessoas que atribui o sucesso à capacidade da pessoa estÍmulo nas demais condiçÕes. Tal não ocorre, to davia, em relação ã mulher negra. Consequentemente, este a~ chado ê pouco confiável. Outro dado importante deste estudo

e

que uma porcentagem menor de pessoas acha que os negros (homens e mulheres) conseguirão a promoção pleiteada, en-quanto uma porcentagem maior acha que os brancos (homens e mulheres) a obterão. Este achado não revela necessariamente a existência real de preco~ceito por parte dos respondentes; pode ele significar apenas a percepção de discriminação contra os negros na sociedade. Uma pesquisa visando .ao es -clarecimento deste ponto ê reportada em seguida a esta.

A presente pesquisa seguiu o modelo do estudo de Yarkin, Town e Wallston e as replicas de Rodrigues, am -pliando todavia a abrangência da amostra e levando em conta certas variáveis demográficas (idade, sexo, .escolaridade. v·

cor do respondente e estado civil) que não haviam sido con-sideradas nas pesquisas anteriores. A principal finalida de da pesquisa foi a de responder ãs seguintes pergun= tas:

a) existe, na ·~~stra pesquisada, indidaÇ.Ões de preconceito racial contra as pessoas de raça negra? ·' · ··' .. b) existe, na amostra pesquisada, ·. indj.caç,Ões de estereótipo sexual· contra as mulheres? ·· · ·

(11)

A variâvel dependente principal do estudo era a atribuição de causalidade para o sucesso da pessoa-estimulo

(capacidade, esforço, facilidade da tarefa ou sorte). Foram consideradas também como variáveis dependentes, o grau de ím portância atribuÍdo pelos sujeitos a cada uma destas pos ~

siveis causas na explicação do sucesso da pessoa-estimulo e ainda a crença em sua promoção ou não seguida da razão mais provável (capacidade, esforço, facilidade da tarefa ou sor-te) para a obtenção ou não da promoção pleiteada.

1.2. Método a) Sujeitos

740 pessoas de 17 a 74 anos serviram como sujei tos. Esta~p_essoas foram abordadas em seu local de estudo ou trabalho por estagiarias e técnicos do Programa de Psicolo-gia Social do Centro Brasileiro de Pesquisas Psicossociais

(FGV/ISOP). Uma descrição mais pormenorizada das caracte-risticas demográficas da amostra serâ apresentada na seç~o

de_ resultados. Destas 740, 121 foram eliminadas por nao terem res-pondido corretamente às três primeiras perguntas do questionário, destinadas a verificar se haviam percebido a pessoa-estímulo como bem sucedida e como sendo do sexo e da cor correspondentes às condiçÕes experimentais-da pes-quisa.

b) Procedimento ..

Os sujeitos foram abordados individualmente ou em grupos de não mais de 30 pessoas. O E solicitava sua co laboração e lhes entregava um conjunto de 7 folhas mimeogra=-fadas (ver Anexo I), do qual cons·ta_vam {a) as instruçÕes; (b) uma carta de um(a) bancârio(a)solicltando promoção; (c) o seu curriculum-vitae; e (d) o questionâtio-da pesquisa ..

,:, . ;_: .·

As instruçÕes eraj:nras. ?eguintes:

"Este

ê

um estudO de como as pessoas avaliam ou-tras pessoas com base em-documentos escritos, sem entrevista direta.

Voce encontrara em anexo uma carta de um funcio-nário de um Banco solicitando promoção. Além da carta, estâ também em anexo um breve resumo do CurriculumVitae do fun

(12)

cionârio.

Leia com atenção estes dois documentos e, ~

se-guida, responda ãs perguntas que se encontram na folha

se-guinte a eles. Para responder, baseie-se nas informaçÕes con

tidas nos dois documentos (carta e curriculum-vitae1.

O questionário constava de quatro perguntas

ini-Clals das quais três delas se destinavam a verificar se o

sujeito havia, de fato, percebido o(a) funcionârio(a) como

bem sucedido(a), e se havia percebido corretamente o sexo e

a cor da pessoa-estimulo. A quarta pergunta se referia ao es

tado civil da pessoa-estimulo e tinha a função de distrator:

O )9 item do questionário solicitava que a pessoa indica~se

urn2 (e apenas urna) das quatro possíveis causas do sucesso da

pe;soa-estimulo: capacidade, esforço, facilidade da tarefaou

so·:·te. Seguiam-se quatro itens nos quais se solicitava que o

sujeito indicasse quão importante cada um dos quatro fatores

causais - capacidade, esfor~o, facilidade da tarefa e

sor-te - havia sido na explicaçao do sucesso da pessoa-estímulo.

A escala era do tipo Likert, possuía 7 pontos e variava de

"nada importante" até "extremamente importante". O item

se-guinte perguntava se, na opinião do sujeito, a pessoa-estirou

lo havia obtido a promoção pleiteada. Finalmente, lhes era

solicitado que indicassem a razão mais provável para a obten

ção ou não da próm~ção (capacidade, esforço, natureza da ta=

refa ou acaso). Âs Últimas perguntas do questionário referi-am-se ao suJe1to. Era-lhes solicitado que indicasse sua ida-de, seu sexo, seu grau de escolaridaida-de, sua cor e seu estado civil.

1.3. Resultados

a) Características da amostra ~

Uma amostra não aleatôria de residentes da cida- '

de do Rio de Janeiro totaiizou, apos a eliminação dos quenão responderam corretamente ãs primeiras três das quatro pergun

tas do instrumento utilizado (ver seção anterior), 619 pes =

soas. Dessas, 405 tinham 29 anos ou menos e 209, 30 ou mais

(cinco não indicaram a i'dade); apenas 9 pessoas tinham mais de :

60 anos; 322 eram do sexo masculino, 293 do sexo feminino e 4mo

indicaram o sexo; 35 tinham cursei de primeiro. grau completo (13)

ou incompleto(22); 142 tinham o segundo grau completo(98) ou

(13)

I

r

j

incompleto(44); 438 tinham o terceiro grau completo (172) ou estavam cursando (266) o terceiro grau; e quatro não indica-ram o nível de escolaridade. No que diz respeito à cor, 540 eram b-rancos, 17 negros, 58 mestiços e uma pessoa· indicou " outra cor; tres pessoas nao respon eram a este " - - d ~tem. F~ • . -nalmente, quanto ao estado civil, 366 eram solteiros, 221 ca sados, 18 desquitados, quatro divorciados, cinco viúvos, e cinco não indicaram o estado civil.

b) A Atribuição de Causalidade ao Sucesso e Ca -racterísticas dos Respondentes

A Tabela 1 mostra a distribuição de atribuição causal para as quatro condiçÕes do estudo, levando-se em con ta a amostra total de 619 pessoas.

Tabela 1

Distribuição de Frequência de Indicação dos Quatro Fatores Causais pelas Quatro CondiçÕes de Pessoa EstÍmulo

(N=617)

Fator Causal

Condição Capaci- Esforço Facil. da Sorte N

da de Tarefa f % f % f % f % Homem Branco 30 19,2 123 78,8 2 1,3 1 0,6 156 Homem Negro 27 18,4 112 76,2 8 5,4

o

o

147 Mulher Branca 35 21,6 117 72,2 8 4,9 2 1,2 !õ2 Mulher Negra 34 22,4 116 76,3

o

(} 2 1,3 152

Nota:Não há diferenças significantes ~ntre as percentagens das vã:das condiçÕes.

As variáveis idade, sexo, grau de instrução, cor e estado civil dos respondent.es não mostraram diferenças sl.ji nificantes entre as quatro condiçÕes do estudo. Sendo assim, julgamos desnecessário reportar os dados a elas relativos.

(14)

I

(

I

~

~ '

.

:

c) Crença na Promoção da Pessoa-Estimulo e Carac teristicas dos Respondentes

Uma possível forma de manifestar tratamento dife rencial para negros e brancos e para homens e mulheres

ê

a crença na obtenção ou nãó da promoção pleiteada pela ,pessoa-estimulo da pesquisa. Vejamos, a seguir, como nossa amostra

respondeu

à

pergunta sobre se a pessoa-estimulo obteve ou

não a promoção desejada.

Tabela 2

. Distribuição da FreqUência da Crença·na Promoção Pleiteada pelas Quatro CondiçÕes de Pessoa Estímulo

(N=619)

Crença na Promoção Pleiteada

Condição SIM TALVEZ NÃO N

f % f % f % Homem Branco 116 74,4 37 23,7 3 1,9 156 ,. Homem Negro

.

93 63,3 51 34,7 3 2,0 147 Mulher Branca 113 69,3 44 27'

o

6 3,7 163 Mulhej:r ~ Negra 85 55,6 61 39,9 7 4,6 153

Nota: ~As percentagens de pessoas brancas (homens e mulheres)

je de pessoas negras (homens e mulheres) na coluna SIM

~ão, respect~yamente, 72% e 59%. A diferença entre

es-i'tas duas p_ercentagenp se aproxima do nível convencia

-'nal de Si'gnificâncbr estatística (~=1, 86, p=O, 06).

Nas tab~las 3, 4, 5, 6 e 7 se encontram distri

buiçÕes de freqUência relptivas às variáveis da Tabela 2, le vando-se em conta, respectiv~ente, a influência da faixa e= târia (Tabela 3), do sexo (Tabela 4), do grau de instrução (Tabela 5), da cor (Tabela 6) e do estado civil (Tabela 7) dos respondentes.

(15)

I

1

Tabela 3

Distribuição da Freqfiência· da Crença na Promoção Pleiteada pelas Quatro Condições de Pessoa-Estímulo de acordo com a

Faixa Etãria dos Respondentes (N=616)

Crença na Promoção Pleiteada Faixa

Condição SIM TALVEZ NÃO N

Etãria

f % f % f .%

Homem Branco - '84 76,4 24 21,8 2 1,8 110 • Até 29 anos Homem Negro 55 59,8 34 37,0 3 3,3 92

(N=406) Mulher Branca 76 70,4 28 25,9 4 3,7 108 Mulher Negra 50 52,1 43 44,8 3 3,1 96

-

-Homem Branco 3~ 70,5 12 27,3 1 2,3 44 30 anos ou . Homem Negro 38 69,1 17 30,9

o

o

55

mais

Mulher Branca 37 68,5 15 27,8 2 3,7 54 (N=210)

Mulher Negra 35 61,4 18 31,6 4 7

,o

57 Nota: Na faixa etãria atê 29 anos, as percentagens de bran

-cos (homens e mulheres) e de negros (homens e mulheres) na coluna SIM são, respectivamente, 70% e 56%. A dife-rença entre estas duas percentagens

ê

significante es tati:sticamente (!_=2,0, p

<

0,05).

(16)

Tabela 4

Distribuição da FreqUência da' Crença na Promoção Pleiteada

pelas Quatro CondiçÕes de Pês'Soa-Estímulo de acordo com o

Sexo dos Respondentes (N; • 617)

Cren~a na Promo~ão Plei!teada

Faixa

qondição .SIM. _ TALVEZ···.; NÃO N

Etâria f ._,! % i f . -% . ... f % ~ Homem Branco 58 74,4 18 23,1 2 2,6 78 Masculino Honiem"Negro

-

50 65,8 24 31,6 2 2,6 76 (N=320) Muiher · Branca, 57 71,3 19 23,8 4 5,0 80 Muiher Negra - - 48 53,3 . 36 40,0 6 6,7 90 ·-. -··. -- . --. Hotêm Branco 56 73,7 19 25,0 1 1,3 76

Feminino Ro*eni Negro 43 60,6 27 38,0 ., 1 : 1,4 71

.t

(N=293) Mulher Branca 56 67,~ 25 30,1 2' 2,4 83

Mulher Negra

'·- 37 58,7 25 ·39,7 1 1,6 63

Nota: Para as pessoas de sexo masculino, as percentagens··_ Q.e

i

'

1 6

brancos (homens e mulheres) e de negros (homens e mu - -.

lheres) na coluna SIM são, respectivamente, 73% e 59%. ~

A diferença entre estas duas percentagens

e

significa~ v

(17)

Tabela 5

Distribuição da FreqUência da Crença na Promoção Pleiteada pelas Quatro Condições de Pessoa-Estimulo de acordo com o

Grau de Instrução dos Respondentes (N=617)

Grau de Instrução 19 grau com pleto ou i!!_ completo (N=35)

.

29 grau com pleto ou i:!'i completo (N=141) 39 grau com 1 .-p eto ou ~n '

-completo (N=441) . ' ' Condição Homem Branco Homem Negro Mulher Branca Mulher. Negra Homem Bra~co· Homem Negr·o· · Mulher Brdnca Mulher Negra '-·' I i !Homem Branco !Homem Negto j ' 'Mulher. Branca Mulher Negra SIM f % 7 70,0 5 71,4 10 83,3 4 66,7 2'9 76,3 19 .70,4 40 85,1 20 69,0 79 73,8 69 61,1 63 60,6 61 52,1 TALVEZ NÃO N f % f % 2 20,0 1 10,0 10 2 28,6

o

o

7 2 16,7

o

o

12 2 33,3

o

o

6 9 23,7

o

o

38 8 29,6

o

o

27 5 '10,6 ' 2 4,3 47 9 31,0

o

o

29 26 24,3 2 1,9 107 41 36,3 3 2,7 113 37 35,6 4 3,8 104 49 41,9 7 6,0 117

Nota: Não hâ diferenças significantes entre as percentagens das vârias condiçÕes.

(18)

~--Tabela 6

Distribuição da Freqüência da Crença na Promoção Pl~iteada

pelas Quatro CondiçÕes de Pessoa-Estimulo de acordo com a Cor dos Respondentes (N=618)

,,

Crença na Promoção Pleiteada

Cor Condição SIM TALVEZ .

.-;" f % f %

Homem Branco 101 74,3 32 23,5:.

Branca Homem Negro 82 62,6 46 35,1'

' (N=541) • Mulher Branca 103 69,1 40 26, 8; . Mulher Negra 71 56,8 48 38,4 ,:·: < -~ Homem Branco 14 73,7 5 .... 2~,,~

Negra : Homem Negro 11 68.,8 5 31;:3

(N= 77) Mulher Branca 10 71,4 4 28,6

Mulher Negra 14 50,0 13 46'4

,

'.

;-..

·.-i .. ,·.·. Nota: Não hâ diferenças significantes entre as

das vârias condiçÕes.

1 8 NÃQ N f _r.::- % 3 -.J; -~-

;

·-::. 2~2 "' 136 3 .c, 2 3

,

131 6 .. 4,0 149 6 4,8 125 o~'.··

;,,o

19 -~ ...

o

o

16

o···

·

o

14 1 . ' ,:},6 28 .. percentagens 1. I ..

(19)

Tabela 7

Distribuição da FreqUência da Crença na Promoção Pleiteada pelas Quatro CondiçÕes de Pessoa-Estimulo de acordo cóm o

Estado Civil dos Respondentes (N=589)

Estado

Condição SIM TALVEZ NÃO N

Civil

f % f % f %

Homem Branco 74 76,3 22 22,7 1 1,0 97 Solteiro Homem Negro 53 61,6 30 34,9 3 3,5 86 (N=367) Mulher Branca 66 68,0 27 27,8 4 4,1 97 Mulher Negra 42 48,3 41 47,1 4 4,6 87

Homem Branco 36 69,2 14 26,9 2 3,8 52 Casado Homem Negro 34 64,2 19 35,8

o

o

53 (N=222) Mulher Branca 42 76,4 12 .21, 8 1 1,8 55 Mulher Negra 40 64,5 20 32,3 2 3,2 62

Nota: Não hâ diferenças significantes entre as percentagens das vãrias condiçÕes.

Para os solteiros, as percentagens de brancos (homens e mulheres) e de negros (homens e mulheres) na coluna SIM são, respectivamente, 72% e 55%. A diferença entre estas duas percentagens

ê

significante estatisticamen

te (~=2,33, p

<

0,02).

(20)

Alêm de solicitar aos respondentes que indicas -sem qual, dentre os quatro fatores causais sugeridos (capaci dade, esforço, facilidade da tarefa e sorte), foi o responsã vel pelo sucesso da pessoa-estimulo, foi-lhes pedido tambem que indicassem, em escalas que iam de l .(nada importante)atê

7 (extremamente importante), qual a importância de cada um

destes quatro fatores causais no sucesso daquela pessoa. A

Tabela 8 mostra a importância media atribuÍda a cada fator pela amostra total, em cada condição.

Tabela 8

Importância Média AtribuÍda a Cada Fator Causal (N=617)

l

. ' '

'

Fator Causal

Condição

j

Capaci-

l

Esforço !Facil. da! Sorte

da de l Tarefa 1 i i Homem Branco

I

5,08

!

5,78 4,00 3,47 Homem Negro

I

5,12 5,83 4,24 3,45

I

Mulher Branca! 5,19

.s,

79 4,25 3,43 Mulher Negra I 5,29

I

6,04 3,95 3,20 I

1

l N I 156 147 161 153 Nota: Não hâ diferenças significantes entre as medias das vã

rias condiçÕes.

Levando-se em conta as variáveis faixa etaria,se xo, grau de instrução, cor e estado civil dos respondentes~

também não se verificou qualquer diferença significativa

en-tre as medias observadas em cada fator causal através das

quatro categorias do estudo.

Foram também levantados os dados relativos

ã

a -tribuição a cada um d'os fatores causais- capacidade, esfor-.

ço, facilidade da tarefa e.sorte- no caso de o sujeite acre ditar que a pessoa-estÍmulo logrou a promoção pleiteada, bem como a atribuição a um dos fatores causais - falta de capaci dade, falta de esforço, dificuldade da tarefa ou azar - no

(21)

caso de o sujeito acreditar que a pessoa-estímulo não

lo-grou a promoção. Como os dados mostraram a mesma tendência

verificada na atribuição de sucesso da pessoa-estímulo,ou se

ja, ampla pr.~dominância da atribuição ao esforço, vindo em

seguida a atribuição ã capacidade e, raramente, aos outros

dois fatores causadores de sucesso (ver Tabelas 1 a 6),deixa

mos de apresentar estes dados aqui. No que diz respeito

ã

zão do fracasso (não promoção) predomina, em todas as condi= çóes da pesquisa, a atribuição a fatoresexternos (dificulda

de da tarefa em primeiro lugar, seguido de azar). Os dados

relativos a estes aspectos da pesquisa acham-se arquivados

no Programa de Psicologia Social do CBPP do ISOP,:·ã

disposi-ção dos interessados.

1.4. Discussão·

A amostra da presente pesquisa apresenta uma ní-tida predominância de pessoas jovens (69% de pessoas com

me-nos de 30 ame-nos), de pessoas com o 39 grau -completo ou

incom-pleto (71%), de pessoas de cor branca (87%) e de pessoas

solteiras ou casadas (96%). Na discussão dos resultados que se segue, é mister que o leitor tenha em conta estas caracte

risticas demográficas da amostra estudada que, muito prova =

velmente,terão deixado sua influência nos resultados obti -dos. Não se trata, pois, de uma amostra representativa da P!?.

pulação da cidade do Rio de Janeiro. ·

A tendência dos dados reportados no item b da

seção anterior é clara e prevalente em todas as tabelãs de

resultados. A amostra estudada atribui primordialmente ao es -~

forço o êxito da pessoa-estÍmulo, independentemente de suã '}

cor e de seu sexo. Em segundo luga~ atribui este sucesso ã"

capacidade da pessoa-estímulo, também independente de -sua"

cor e sexo, e as causas externas - facilidade da tarefa e~·

sorte- são raramente apontadas. Este quadro se repete, com

insignificantes modificaçÕes, quando as variáveis idade, se

-xo, instrução,.· cor

e

estado civil dos respond~l1;es são lev~

dos em conta. O mesmo se verifica quando a variavel dependeo

te considerada é o grau de importância atribuÍdo a cada

fa

.=

tor causal.

~

Do exposto se infere que a amostra estudada nao

revelou atitude preconceituosa contra pessoas da raça negra

(22)

ou de estereotipia negativa em relação às pessoas do sexo fe

minino, através do método indireto de detectação destas ca'

-racteristicas utilizado nesta pesquisa.

Isto foi verdadeiro para ambos os sexos e para ambas as raças, de vez que, como foi visto na seçao anterior, não houve influência do sexo e da cor dos Ss nos resultados encontrados.

Apesar de o número de pessoas não brancas inte-grantes da amostra ser de apenas 13%, ê interessante verifi-car que as pessoas de cor, embora não façam distinção signi-ficativa entre as quatro condiçÕes de atribuição de causali-dade ao sucesso, tendem a indicar, com maior freqüência que

as pessoas brancas, a capacidade das pessoas como causa de

seu sucesso. Com efeito, enquanto 19% das pessoas de cor

branca atribuem ã capacidade da pessoa-estimulo a razio de

seu êxito, 31% das de cor não branca o fazem. Esta

diferen-ça

e

estatisticamente significante (z=3,00, p ~ 0,01). Talvez

as pessoas da raça negra considerem mais importante que as

da raça branca a capacidade das pessoas na explicação deseus

êxitos. Note-se, todavia, que não houve discriminação entre.

as quatro condiçÕes na atribuição de importância da capacida

de da pessoa-estimulo por pessoas brancas ou negras.

Os resultados desta pesquisa confirmam os obti -dos anteriormente por Rodrigues (1984) no Rio de Janeiro e,

de uma maneira geral, os por ele obtidos em Minas Gerais e

diferem dos reportados por Yarkin, Town e Wallston(l982) co~

sujeitos americanos, onde se verificou que maior esfor~o e

atribuído às pessoas de cor e às mulheres na explicaçao de

seus êxitos. A julgar-se por estes dados, conclui-se neces -

1

sariamente que, nas amostras brasileiras, não se encontram ;

os indicadores de preconceito racial e estereotip~a sexual

verificados com a amostra americana. A rêplica dos estudos _

de Yarkin, Town e Wallston (1982), portanto, suscitou resul-tados distintos no Brasil.

O presente estudo introduziu um aspecto novo,não

explorado no trabalho original de Yarkin, Town e Wallston

(1982). Foi também solicitado aos Ss que indicassem sua cren

ça na obtenção ou não da promoção da pessoa-estimulo.· Os

da::-dos obtida::-dos e reportada::-dos no item c da seção anterior revelam

que, na percepção·dos Ss desta-pesquisa, uma porcentagem-

me-nor de pessoas de cor consegue a ·promoção, quando comparadas

(23)

i

com a porcentagem de pessoas brancas que a logram.Principal-mente quan~o. ~, p~St>oa~~stímul,c;>

ê

a mulher negra, a crença em sua. promoçao ~r. b;e~-ft,nt:~JJoi, ~\le: nos . d~maiS cal) OS, e clara'me~

te inferior ã crençÇ~. . .p,~·'p_ro~oÇã~ do homem branco -e da mulher brancà. Tal como no. c~iso' arl't:erior de atribuiÇão' causal ·· ·· ao sucesso, as variáveis idade, sexo, instrução, cor e estado civil dos respondentes não influÍram, de um mo:d_o geral, nes te quadro obtido com a am<:)stra toda:,. independentemente dos "breakdowns" realizados -para verificar< 'o eventual efeito des tas variáveis demográficas.

Este dado revela que o~'-ss, embora não tenham in dicado at:itude 'preconceituosa contra-pessoas .negras, quandÕ solicitados a apontar 'a causa mais impor-tante do êxito da pessoa-estimulo, mostram .acreditar na exis.tência de discrimi nação racial na S.ociedade em que vivem. A Tabela 6 mostra que os Ss rião bráncos (negros e mulatos) também acreditam que uma-porcentagem menor de negros obtêm a promoção pleitea da quando comparados com os brancos. Sendo assim, não se po~ de interpretar a crença no m~nor Índice de promoção de ne -gros como uma atitude preconceituosa dos Ss. O que ela pare-ce indicar

ê

uma crença na existência de discriminação ra -cial na sociedade em que vivemos. Alguns sinais de maior pe'C cepção de, existência de discriminação racial na sociedade s~ encontrados entre os 'mais jovens (Tabela 3), entre os que estão cursando ou que jâ concluÍram o 39 grau (Tabela 5) e entre os solteiros (Tabela 7). Em todos estes casos, as dife renças entre a crença na promoção de brancos e negros difere significativamente. Estes dados parecem indicar maior sensi-bilidade nas pessoas mais jovens

à

existência da discrimina-çao.

Estes dados nos parecem extremamente interessan-tes e podem talvez, explicar a contradição de posições em r~ lação a preconceito racial no Brasil mencionada na encetadu ra deste Relatório Técnico. Parece que~ no Brasil, boa parte das pessoas não revela uma atitude preconceituosa, porem,crê na existência de discriminação contra os negros em nossa so-ciedade. No caso da presente pesquisa, por exemplo,se houves se atitude preconceituosa contra os negros por parte dos ss: era de esperarse que se confirmassem os resultados da pes -quisa de Yarkin, Town e Wallston (1982), através da atribui-ção de maior esforço aos negros na obtenatribui-ção de sucesso, pois lhes seria mais difícil aceitar que os negros tivessem

(24)

-cidade (um dom n~tural e positivo). Como vimos, isto nao se verificóu. Entretanto, constatou-se que estes mesmos Ss acre ditam que os' negros são promovidos em menor proporção-que

os

brancos.

Este achado ensejou uma outra pesquisa destina-da, especificamente, a detectar atitudes e crenças de sujei-tos brasileiros em relação a preconceito racial.

A

equipe do Programa de Psicologia Social do CBPP empreendeu esta pesqui sa e seus resultados serão reportados a. seguir.

-. No que diz respeito

ã

crença na promoção de ho -mens e mulheres, embora a porcentagem dos que acreditam ·qu~

os homens serão promovidos (69%) seja um pouco superior a dos que crêm que as mulheres obterão a promoção (63%), esta diferença entre porcentagens não atinge o nível convencional mente estabelecido de s~gnificância estatística (z ; 1,50~ p

=

n.s.).

A conclusão da presente pesquisa e que a amostra estudada não apresenta indicaçÕes de atitude preconceituosa contra pessoas da raça negra e não possui um estereótipo ne- .

gativ~ em relação às pessoas do sexo feminino, quando a

for-ma de detectar tais atitudes

e

a atribuição diferencial de causalidade aos êxitos de pessoas brancas e negras e de ho -mens e mulheres.

*

*

*

(25)

1.5. Referências Bibliográficas

Deaux, K.; Sex: A perspect,ive on the attribution process. In

John H.Harvey, William J.Ickes e Robert F.Kidd (Eds) New

Directions in Attribution Research (Vol.l, Hillsdale·, N.J.:

Lawrence Erlbaum Assoc1.ates, Pubhshers, 1976.

Deaux, K., e Emswiller, T.; Explanations on successful per

-formance on sex-linked tasks: What is skill for the male

is luck for the female. Journal os Personality and Social Psychologz, 1974, 29, 8Q-85.

Heider, F.; The Psychology of Interpersónal Rélations. New

York: Wiley, 1958.

Rodrigues, A.; Interracial marriage in Brazil. In Irving R.

Stuart e Lawrence E.Abt (Eds.) Interracial Márriáge:Expec tations and Realities. New York: Grossman Publishers·, 1973

Rodrigues, A.; Atribuição de causalidade: Estudos brasilei

-ros. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 1984 (no prelo)

Weiner, . B, et al. ;. Percei ving the causes o f success and f ai-lure. In E.E. Jones et al. (Eds.) Attributión: Perceiving the Causes of Behavior. New Jersey: General Learning Press

1972. .

Weiner, B.; The role of affect·in rationa1 (attrihudíonaD

approaches to human motivàtion. Educa.tional Researcher 1980, 9 (7), 4-11.

Yarkin, K.L.; Town, J.P. e Wallston, B.S.; Blacks and women must try harder: Stimulus person's race and sex atribu tions of causality. Personality and Social Psychology Bul letin, 1982, ~, 21-24.

(26)

'ti (" ., l ~ I, I, I ~ ;1 " I

.

.

' ICI I • ~· I I~ ;. f. ~.L_

(27)

-1.6. A N E X O S

ANEXO I - exemplo de instrumento utilizado na condição

Ho-mem Negro.

ANEXO II - modelo de carta utilizado na condição Mulher Bran ca ou Negra

ANEXO III - modelo de Curriculum-Vitae utilizado na condição Homem Branco

ANEXO IV modelo de Curriculum-Vitae utilizado na condição

Mulher Branca

ANEXO V - modelo de Curriculum-Vitae utilizado na condição

Mulher Negra

27

1

(28)
(29)

~-ANEXO I

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS PSICOSSOCIAIS

INSTRUÇÕES

;:

Este

ê

um estudo de como as pessoas av-aliam ou-tras pessoas com base em documentos escritos, sem entrevista direta.

Você encontrari .em anexo uma carta de um funcio-nário de um Banco solicitando promoção. Alem da carta, estâ também em anexo um breve resumo do CurriculumVitae do fun -cionârio.

Leia com atenção estes dois documentos e, em seguida, responda às perguntas que se encontram na folha se -guinte a eles. Para responder, baseie-se nas informaçÕes con <·

(30)

I d' (

I,' I ~I (.'

''I

i~ i

.

.

, I ' J

Rio de Janeiro, 20 de agosto de 1983.

Prezado Senhor Gerente:

A finalidade da presente e solicitar-lhe a consi deração do meu nome para promoção ao cargo de Sub-Gerente Au

xiliar em virtude das rz.zÕes que passo a expor:

-1 - hã quase três anos trabalho neste Banco, nun

ca tendo sido repreendido por atraso, falta ou erro no desem penho da minha função;

2 - durante este tempo aperfeiçoei meus conh eci-mentos através de cursos de extensão e de especialização lis

tados no anexo curriculum-vitae;

-3 - nas duas avaliaçÕes de rendimento realizados ate agora, fui considerado superior

ã

media merecendo elo -gios de meus superiores conforme consta dos assentamentos da Divisão de Avaliação de Desempenho deste Banco;

4- ao ser contratado me foi informado que osfun cionãrios deste Banco, quando apresentam desempenho superior sao promovidos dentro de um prazo máximo, de 3 anos.

Aguardo sua decisão, renovo-lhes meus protestos da mais alta estima e consideração.

ANTONIO CARVALHO NUNES

(31)

CURRICULUM VI'IAE

a) Dados Pessoais

Nome: Antonio Carvalho Nunes Idade: 27 anos

Local de Nascimento: Estado do Rio de Janeiro Cor: Negra

Estado Civil: Solteiro b) Educação:

Curso Primârio - Escola Santa Inês

Curso Secundário - Educandário Rio de Janeiro

Curso de Contabilidade - Instituto de Ciências Contâbeis c) Cursos de Extensão e de Especialização:

Cur~o sobre Investimentos Bancârios - ICC, Rio de Janeiro

Curso sobre Juros e OperaçÕes Financeiras- UFRJ, R.J. Curso sobre Direito Fiscal - UGF, Rio de Janeiro

d) Outras Atividades!

Membro da Diretoria do Clube Aruama

Diretor da Campanha para Melhoria das CondiçÕes Sociais e das Oportunidades das Pessoas da Raça Negra

(32)

• a· I.·

,

..

~I

..

QUESTIONÁRIO

l - Pelos dados apresentados, você considera esta pessoa (as sinale uma das alternativas):

muito bem sucedida em seu trabalho

---bem sucedida em seu trabalho

---

ligeiran:ente bem sucedida em seu trabalho

mediana em seu trabalho

- - - --·-- - ligeiramente mal sucedida em seu trabalho mal sucedida em seu trabalho

muito· mal sucedida em seu trabalho

2 - Esta pessoa e: um homem uma moça 3 - Esta pessoa

...

e: branca negra 4 - Esta pessoa

-

e: solt~~ra casada

5 - Qual fator, dentre os abaixo indicados que,em sua opi -nião, foi o fator mais importante no sucesso desta pes-soa (indique apenas um):

32

sua capacidade (isto

e:

a inteligência, a~

(33)

seu esforço (isto ê: a tenacidaçle, a força de von

--- tade, a perseverança desta pessoa)

-·a facilidade da tarefa (a atividade bancaria

ê

--- facil e a maioria dos funcionários obtêm êxito)

sua sorte (o destino esta sempre ao seu lado)

---6 - Que importância você atribui a cada um dos f~t.ores abai-xo indicados nas realizaçÕes profissionais desta pessoa: a) sua capacidade

---

nada importante

muito pouco importante

---

relativamente importante

importante

---

bem importante muito importante

---extremamente importante

---b) seu esforço nada importante·

---

muito pouco importante

relativamente importante

---importante

---bem importante

---müito importante extremamente importante

---c) facilidade da função que desempenha nada importante

---

muito pouco importante relativamente importante

---importante

·

(34)

---

bem importante

---

muito importante ·

---

extremamente importante

d) sorte

---

nada importante

---

muito pouco importante

relativamente importante importante

---

bem importante

---

muito importante

---

extremamente importante ::}

7 - Você acha que esta pessoa conseguirá a promoção que plei teia?

---

seguramente sim

---

provavelmente sim

talvez sim, talves não

---provavelmente não

---

···. ·~' I

seguramente nao

---

.·.· ..

8 - Caso esta Eessoa venha a ser promovida, você considerará

sua promoçao como resultado: (assinale apenas a razão

mais provável)

----

de sua capacidade ;

---

de seu esforço

---

da facilidade em obter promoçao no Banco

-de sua sorte

(35)

9 - Caso esta pessoa não venha a ser promovida, você conside

-

-.

rara sua nao promoçao como resultante: (assinale apenas a rázão mais provâvel).

de sua falta de capacidade de sua falta de esforço

da dificuldade em obter a promoçao

-

no Banco de seu azar

10- Por favor, para terminar preencha os dados abaixo:

Idade anos

---Sexo M

---

F

---Escolaridade: 19 grau completo 19 grau incompleto 29 grau cqmpleto 29 grau ipcoinpleto ''f;; 39 grau completo _ _ 39··grau iricdmpleto Cor: Estado Civil: Profissão:

---35

(36)

'I• c;; "li! •, 'I

,

,

..

..

·li :1 : . " ij '! ANEXO Il

Rio de Janeiro, 20 de agosto de 1983

Prezado Senhor Gerente:

A finalidade da presente e solicitar-lhe a consi deração do meu nome para promoção ao cargo de Sub-Gerente Au xiliar em virtude das razÕes que passo a expor:

1 - hã quase três anos trabalho neste Banco, nun ca tendo sido repreendida por atraso, falta ou erro no desem penho da minha função;

2 - durante éste tempo, aperfeiçoei meus conheci mentos através de cursos de extensão e de especialização lis

tados no anexo curriculum-vitae;

-3 - nas duas avaliaçÕes de rendimento realizadas ate agora, fui considerada superior

ã

media, merecendo elo-gios de meus superiores, conforme consta dos assentamentos da Divisão de Desempenho deste Banco;

4 - ao ser contrâtada me foi informado que os

funcionários deste Banco, quando apresentam desempenho sup~

rior, são promovidos dentro de um prazo máximo de 3 anos. Aguardando sua decisão, renovo-lhe meus protes-tos da mais alta consideração.

MARIA DE LOURDES C. NUNES

(37)

ANEXO III

CURRICULUM VITAE

a) Dados Pessoais:

Nome: Antonio Carvalho Nunes Idade: 27 anos

Local de Nascimento: Estado do Rio de Janeiro Cor: Branca

Estado Civil: solteiro b) Educação:

Curso Primário - Escola Santa Inês

Curso Secundário - Educandário Rio de Janeiro

Curso de Contabilidade - Instituto de Ciências Contábeis

c) Cursos de Extensão-e de Especialização:

Curso sobre Investimentos Bancários - ICC,Rio de Janeiro

Curso sobre Juros e OperaçÕes Financeiras -UFRJ, R.J.

Curso sobre Direito Fiscal - UGF, Rio de Janeiro d) Outras Atividades:

Membro da Diretoria do Clube A,ruama

Diretor da Campanha de Vacinação na Zona Rural

(38)

ANEXO IV

CURRICULUM VITAE

a) Dados Pessoais:

Nome: Maria de Lourdes Carvalho Nunes Idade: 27 anos

Local de Nascimento: Estado do Rio de Janeiro Cor: Branca

Estado Civil: Solteira b) Educação:

Curso Primário - Escola Santa Inês

Curso Secundário - Educandário Rio de Janeiro

Curso de Contabilidade - Instituto de Ciências Contábeis c) Cursos de Extensão e de Especialização:

Curso sobre Investimentos Bancários - ICC,Rio de Janeiro Curso sobre Juros e OperaçÕes Financeiras - UFRJ, R.J. Curso sobre Direito Fiscal- UGF, Rio de Janeiro

d) Outras Atividades:

Membro da Diretoria do Clube Aruama

Diretora da Campanha de Vacinação na Zona Rural

38

f

(39)

ANEXO V

CURRICULUM VITAE

a) Dados Pessoais:

Nome: Maria de Lourdes Carvalho Nunes Idade: 27 anos

Local de Nascimento: Estado do Rio de Janeiro Cor: Negra

Estado Civil: Solteira b) Educação:

Curso Primário- Escola Santa Inês

Curso Secundário - Educandário Rio de Janeiro

Curso de Contabilidade - Instituto de Ciências Contábeis c) Cursos de Extensão e de Especialização:

Curso sobre Investimentos Bancários - ICC,Rio de Janeiro Curso sobre Juros e OperaçÕes Financeiras - UFRJ, R.J.

Curso sobre Direito Fiscal~ UGF, Rio de Janeiro

d) Outras Atividades:

Membro da Diretoria do Clube Aruama

Diretora da Campanha para Melhoria das CondiçÕes Sociais

e das Oportunidades das Pessoas de Raça Negra ~

(40)
(41)

ATITUDE E CRENÇA EM RELAÇÃO A PRECONCEITO RACIAL E ESTEREOTIPO SEXUAL NO BRASIL

2.1. Introducão

As pessoas no Brasil pos~uem atitude preconcei

-tuosa contra os negros e estereótipo negativo em relação

ãR

mulheres? Independentemente de posst,1Írem p,u não estas cRrac

terísticas, estas pessoas acre.Qi,t:lil!l na existência ;de dís~ri::­

minação racial

e

estereotipia ;~e~~l na. s.ociedade ·\?.r asilei

ra? A presente pesquisa procut:<iu respo,nder a estas pergctn

-tas, as quais foram suscitadas por pesquisas anteriores . (ku··

drigues, 1973; Rodrigues et al., 1984), com dados obtidÓs Pn

uma amostra de habitant·es d.a'·'cidade do Rio de Janeiro .Devidc·

à

limitação de fl,lndos, '-Íião·foi possível extrair-se uma amo;.;.

tra verdadeiramertte·reprêsen,tativa da população da cidade á(:'

Rio de Janeiro. Este éstttdo não tem, consequentemente, pie

-tensÕes de generalizar seus "âchados ã população desta cida

--de, e, muito menos, à de oufras regiÕes brasileiras.Entretar.

to, devido ã car~ncia de dadbs objetivos sobre os tópicos en

focados nas questões acima·,' acredita-se que os resultados

d:·

.

presente investigação constituam'i.Jtn passo significativo ··_>na

busca de esclarecimento definitivo dos''assuntos envolvi~o~

nas perguntas que iniciam este relatório.

Pesquisas recentes (Rodrigues, 1984; Rodrigue~

et al., 1984), ao replicarem em. parte o procedimento utilí·

zado por Yarkin, Town e Wallston (1982) para detectar precoL

éeito racial e estereotipo sexual numa amostra americana,nãG

indicaram a existência de atitudes preconceituosas contra <'r.

1

negros ou estereotipadas negativamente contra as mulhere~::.

Tais estudos envolveram amostras de 96 estudantes universitb ~

rios d~ cidade do Rio de Janeiro, 138 estudantes universit;.: 1

rios da cidade de Uberlândia e 720 adultos residentes na c•.· dade do Rio de Janeiro. Neles se solicitava aos sujeitos que

, in_diç4~sem qual, dentre os quatro fatores causais apontados

·por Weiner et alli (1972), como comumente utilizados na

ex-plic~ção de êxito em situações de realização (capacidade, .'es

forÇo{''tacilidade da tarefa ou sorte), era o mais provável

pÃra ju~tificar o su-c·esso·:profissional de uma p~s;;Qa~,:···i _Esta·

pessóa/'.::éonforme a

eondiçe•.J

do estudo, era. um ho~m,~ J~ranco, •

um homéilFnegro, Uffi4 m'4lb~r bra .. ,c.a ou uma mu:i.her negra...

f'

o das.

as demais informaçÕes sob..:-e .~ pessoa est:f:mulo ·eram

(42)

mente idênticas. Os dados destas três pesquisas mostraram, inequivocamente, que os sujeitos não diferenciam entre asqua tro condições na escolha de uma das quatro causas acima indi cadas para justificar o se·u êxito. Na pesquisa original de Yarkin, Town e Wallston, ao contrario, o esforço foi indica-do como a causa mais importante para explicar o sucesso indica-dos negros· e· das mulheres, levando seus autores a concluírem que, para obter sucesso, ."negros e mulheres d_e,vem esforçar-se mais" (Yarkin, T.own e Wallston, 1982). O fato de indicarem com maior intensid-ade o esforço de negros e de mulheres na explicação de seus· sucessas, faz com que se-infira que os Ss deste estudo apresentam sinais de preconceito racial e este-reótipo sexual.

Nas três pesquisas conduzidas no Brasil,todavia, verificou-se um dado interessante. Foi acrescentado nos estu dos, brasileiros um aspecto novo, inexistente na pesquisa ori ginal de Yarkin, Town e Wallston (1982). Perguntou-se aos ·su

jeitos destas pesquisas qual a probabilidade ,de a pessoa-es= timulo (no caso um(a) funcionãrio(a) bem sucedido(a) de um Banco _e que solicitava pxomoção por meio;.de ~ma carta idênti ca para 'todas as condiçÕes) conseguir.:de_.tfato a promoção ple!. teada. Em todas as-três pesqui-sas,--maior-probabilidade de ob tenção da promoção pedida fo'i atribuída às pessoas brancas que ãs negras. Com rebrção a este--ponto-, dissemos anterior -mente .. (Rodrigues et alli, 1984): . "Este .dado revela que os Ss, embora não tenham indic-ado atitude preconceituosa contra pessoas negras quando solicitadas a apontar a causa mais

im-portante do êxito da pessoa-estímulo, mostram ·acreditar na existência de discriminação racial na sociedade em que vivem

(p.29).

4

A possibilidade de haver na sociedade brasileira ;

uma crença gener:aiizada na existência de discriminação ra - -~ cial contra negros·, ap'esar-da aparente ausência de atitude preconceituosa contra os representantes da raça negra entre nós, constitui uma hipótese merecedora de estudo mais apro -fundado. A presente pesquisa teve-por objetivo empreendertal tipo de estudo.

Infelizmente, são poucos os estuq9;~ empíricós conduzidos no Brasil em relação ao preconceito'~~~l entre brasileiros. Autores americanos têm, . esporadicameiL. ... ~. se

de-dicado ao assunto( por ex.: Harris, 1964) e escolhem preferencial

(43)

I

mente o estado da Bahia para suas investigaçÕes. Embora seja notória a escassez de estudos empíricos sobre preconceito no Brasil, .sociólogos, economistas, cientistas politicos,ensaís tas e romancistas não têm poupado especulaçÕes sobre o rela= cionamento entre negros e brancos em nosso país(por ex •. Fre~

re, 1975; Furtado, 1963; Lamounier, 1966; Vianna Moog,1966). Não hã unanimidade entre estes especialistas sobre a real si tuação racial no Brasil, embora se notem duas tendências pre dominantes: (a) a de associar raça ã classe social e (b)a de reconhecer que, pelo menos em comparação com alguns outros países, o problema racial no Brasil ê bem menos sêrio ou mes mo in·existente, pois, segundo Vianna Moog (1966) "somos em conjunto contra qualquer preconceito de raça, não só porq~e não acreditamos em pureza étnica em termos absolutos, senao também porque nos recusamos a aceitar superioridades ou infe rioridades raciais como explicação exclusiva ou mesmo prepon derante nas diferenças entre civilizaçÕes" (p.48).

-Um estudo conduzido por Rodrigues (1973) sobre casamento entre brancos e negros revelou alguns dados ínte -ressantes sobre o tópico aqui considerado. Uma amostra não aleatõri·a, porem, representando proporcionalmente certas va-riáveis da população branca da cidade do Rio de Janeiro, foi entrevistada por pesquisadores devidamente treinados. A amos tra era constituída por 248 adultos e as variáveis levadas em conta para sua constituição,· através de quotas pr~porcio­ nais, foram idade, instrução, classe social e sexo: 12% da amostra era constituída de mulatos muito claros os quais, no Brasil, passam geralmente por brancos.

Na pesquisa de Rodrigues (1973) foi inserida no

1

questionirio uma escala de atitude em relação a casamento en ~ tre brancos e negros. Tratava-se de uma escala de sete itens ~ do tipo Likert. Havia cinco alternativas de respostas (con-cordo plenamente, con(con-cordo em parte, etc.) e foram constituí dós cinco níveis de intensidade de aprovação ao casamento eÜ tre branÇos e negros. Os resultados indicaram que 73% daspes !Das mtrevistadas se situaram nos dois níveis mais altos de favorabpidade ao casamento entre brancos e negros, 14% na categoria'intermediária e 137. corresponderam ao nível indica do·rae pps'ição desfavorável a este tipo de casamento. Alem

desf~{ 'e~-(:~ala, duas perguntas se relacionavam ao tÕpico de ca saniento'_éntre brancos e negros: (a) "se uma pessoa de quem

(44)

você gosta muito lhe dissesse que iria casar com um(a) ne

-gro(a), você consideraria isto bom, Jll8U ou você ficaria

ih.di-ferente?"

e

(b) "se uma campanha destinada a eliminar

pos-síveis restri~Ões ao casamento entre brancos e negros fosse

iniciada, voce apoiaria esta campanha?". Em relação

à

primei

ra destas duas perguntas, 24% da amostra respondera~queacha=

ria "bom", 21% que acharian "mau" e 55% se mostraram:inâiferen

te ao casamento interracial; no que tange

ã

segunda

pergun:-ta,74Zindicaram que apoiariam a campanha e 26% que não o fa-rian.Estes dados indicam que predomina, na amostra estuda:da,_

uma atitude de indiferença em relação ao casamento entre

brancos e negros com apenas 21% dos entrevistados exibindo

uma atitude indicadora de discriminação racial. Entretanto,.

quando os integrantes ·da amostra foram perguntados se "em sua

opinião, a reação geral dos brasileiros ao casamento ~e ·uma

pessoa branca com uma pessoa negra ou mulata escura é favórã

vel, desfavorável ou indiferente", 51% responderam que a rea=

ção seria desfavorável, 29% que seriamindiferente e apenas

20% indicaram que a reação dos brasileiros em geral seria .

fa-vorável. Vemos nestes dad9s mais uma comprovação do que foi comentado anteriormente, ou seja, parece que os brasileiros percebem a existência de discriminação racial contra os

ne-gros em nossa sociedade, embora, quando indagados sobre -sua

atitude.pessoal em relação ~o problema, evidenciam,

predomi-nantemente, uma atitude não indicâdóra de preconceito racial.

Para ~eforçar esta posição, os Ss da 'pesquisa de Rodrigues

(1973) quando diretamente confrÕntados com a pergunta:

"Mui-tas pessoas acham que não ha preconceito racial no Brasil;vo

cê acha que isto

e

verdadeiro, falso, ou Ilão tem opinião

ã

respeito?", apenas 15% deles responderam que achavam ~ afir-

t

mação verdadeira, 44% a consideraram falsa e 41% não: se defi -:

niram.

Estas vârias indicações de que, entre brasilei -ros, predomina urna atitude não preconceituosa contra as pes-soas da raça negra e de que, entretanto, os brasileiros per-cebem a sociedade em que vivem como sendo preconceituosa,des pertaram nosso interesse em examinar diretamente o

assunto:-A presente pesquisa teve, como dissemos anteriormente, a fi~

nalidade específica de verificar a validade desta inferência. Como vimos acima, as pesquisas brasileiras não replicaram os

achados de Yarkin,· Town e \-lallston (1982) nem no que diz res

peito

ã

indicação de preconceito contra negros, nem no que

41+

Imagem

Tabela  4  para  as  escalas  de  crença.  · · &#34; .,

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