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A inclusão escolar dos surdos: políticas educacionais para assegurar o direito à educação / The school inclusion of deaf: educational policies that ensure the right to education

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.60795-60806 aug. 2020. ISSN 2525-8761

A inclusão escolar dos surdos: políticas educacionais para assegurar o direito à

educação

The school inclusion of deaf: educational policies that ensure the right to

education

DOI:10.34117/bjdv6n8-481

Recebimento dos originais: 24/07/2020 Aceitação para publicação: 24/08/2020

Valdecir da Silva

Doutorando em Educação Instituição: UNESA E-mail: valguara@gmail.com

Regiane Cristina de Oliveira Morais

Doutoranda em Educação e professora Instituição: UNESA; UNIP E-mail: gigica2214@gmail.com

Carlos Herivelto Santana

Pós graduado em Libras, tradução e interpretação e TILS Instituição: UNIP

E-mail: carlosherivelto@hotmail.com

Tabata de Oliveira Santana

Pós graduada em Libras: educação de surdos, Tradutora e Intérprete de Libras Instituição: IFSP Campus Jacareí

E-mail: tabata.lessa@hotmail.com

Sônia Regina Mendes Santos

Professora Dra. do Programa de Doutorado em Educação Instituição: UNESA

E-mail: soniamen@superig.com.br

Stella Maria Peixoto de Azevedo Pedrosa

Professora Dra. do Programa de Doutorado em Educação Instituição: UNESA

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RESUMO

O presente estudo, traz uma reflexão sobre a inclusão dos surdos no sistema regular de ensino, em diálogo com a análise de alguns dos marcos regulatórios federais que garantem o direito a inclusão escolar dos surdos. A fundamentação teórica baseou-se nos estudos sobre políticas públicas, como Araújo, Almeida (2008), Oliveira (2010) e Cavalcanti (2007); e na legislação, para estratificação das leis que garantem o direito no acesso à educação para pessoas surdas, conforme a Constituição, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e Estatuto da Pessoa com Deficiência. O estudo de cunho qualitativo utilizou como procedimento metodológico a análise bibliográfica e documental. Conclui-se que a inclusão dos surdos no sistema educacional, transcorreu por um processo de transformações sociais e políticas ao longo do tempo, resultando no surgimento de políticas públicas que asseguram o direito à educação.

Palavras-chave: Inclusão, Surdos, Políticas Públicas, Políticas Educacionais.

ABSTRACT

The present study reflects the inclusion of the deaf in the regular education system, dialoguing with the analysis of some of the federal regulatory frameworks witch guarantee the right to school inclusion of the deaf. The theoretical basis was the studies on public policies, such as Araújo, Almeida (2008), Oliveira (2010) and Cavalcanti (2007); and the legislation, to extract the laws that guarantee the right of access to education for deaf people, according to the Constitution, the Law of Directives and Bases of National Education, and the Statute of the Person with Disabilities. The qualitative study used bibliographic and documentary analysis as a methodological procedure. Concluding that the inclusion of the deaf in the educational system went through a process of social and political transformations over time, resulting in the arise of public policies that ensure the right to education.

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1 INTRODUÇÃO

Observando-se a perspectiva da inclusão, este artigo pretende realizar uma análise bibliográfica e documental valendo-se das leis federais, com foco na garantia do direito básico à educação das pessoas surdas, em diálogo com a bibliográfica da área de políticas públicas (OLIVEIRA, 2010; ARAÚJO e ALMEIDA 2008; CAVALCANTI, 2007; entre outros autores).

Primeiramente, foram selecionadas para análise regras e normas expressas na legislação que expressassem políticas públicas e educacionais voltadas a garantir o direito de acesso à educação, e aquelas destinadas a fomentar a inclusão nas escolas. Destaca-se que, nesse processo optou-se pela organização dos documentos a partir de uma trajetória cronológica, conforme as datas de publicação das leis.

As políticas públicas são promulgações representadas por leis necessárias para a organização e aos interesses da sociedade ou de um povo. Destaca-se que para efetivar o direito a educação necessita-se de um conjunto de ações definidas pelas políticas públicas. Os aspectos financeiros, pedagógicos, estruturais e educacionais dentro da educação e, em especial, da inclusão escolar são regidos pelas políticas públicas.

Neste contexto, os surdos se valem de diretrizes e normas em leis gerais federais, assim como por leis próprias específicas, em prol da defesa do direito e das necessidades destas pessoas. É essencial conhecer e difundir tais leis, para que se possa orientar as reivindicações em função dos direitos dos surdos. Nesta pesquisa o foco foi identificar as questões centrais presentes na legislação que assegurem a inclusão escolar dos surdos.

1.1 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS EM TELA

Ao pensar em políticas públicas é necessário de antemão compreender as definições adotadas que perpassam o conceito. Segundo Viegas, Santana, Noda (2020), a complexidade do entendimento do que venha ser uma política pública inicia por sua própria definição na língua portuguesa, ou seja, seu significado depende do contexto e, portanto, pode ser interpretada de diversas formas.

“A política pública não pode ser reduzida a um único acontecimento, a um único ator, a um único tempo histórico, nem mesmo podemos dizer que é simplesmente a soma desses elementos. A política pública é mais que isso, ela é complexa e traz consigo a impossibilidade de reducionismos, visto que está em movimento” (VIEGAS; SANTANA; NODA, 2020, p. 43418).

Neste trabalho as acepções às quais melhor definem o conceito destacado, estão de acordo com Araújo, Almeida (2008), Oliveira (2010) e Cavalcanti (2007).

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Araújo, Almeida (2008) compreendem políticas públicas como sendo tudo o que abarca a cidade, o público, o urbano, sendo que “refere-se, hoje, principalmente ao conjunto de atividades, que, de alguma maneira são atribuídas ao Estado moderno, ou que dele emanam" (ARAÚJO, ALMEIDA, 2008, p. 4). Ou seja, as políticas públicas estão ligadas intrinsecamente aos atos do Estado, do governo, em prol da população em geral.

No entendimento de Oliveira (2010) a política pública na sua concepção: “é uma expressão que visa definir uma situação específica da política [...] Assim, política pública, do ponto de vista etimológico, refere-se à participação do povo nas decisões da cidade, do território” (OLIVEIRA, 2010, p. 93).

Segundo Cavalcanti (2007), a palavra “política” é entendida como um termo polissêmico, que pode estar associado a vários fenômenos, ações e intenções e deste modo, o termo pode ser empregado para uma amplitude de definições.

Pressupõe-se que o termo política, conforme as ideias de Cavalcanti (2007), esteja vinculado a práticas para diligenciar regras internas, por exemplo, pode ser empregado como mecanismo de controle dos governos a seus povos, desta vez no contexto público e encarada como uma ciência social que trata do governo e da organização dos Estados.

A política pública expressa assim o binômio de forças que visam atender os interesses do povo legitimados pelos governos, uma luta sem fim entre instancias e participação para que se legitime a expressão das necessidades das populações.

2 METODOLOGIA

De modo a contribuir com os estudos sobre inclusão escolar e mais especificamente, a inserção dos surdos no sistema regular de ensino é preciso conhecer e analisar os marcos regulatórios federais, que asseguram o direito à educação. O estudo investiga por meio de uma progressão cronológica, as transformações sociais e políticas transcorridas ao longo do tempo, na educação dos surdos no Brasil, em virtude do estabelecimento da garantia do direito ao acesso à educação por pessoas com surdez.

Deste modo, a metodologia usada na pesquisa de abordagem qualitativa, está em acordo com Minayo (2001), ao defini-la como orientada por um conjunto de crenças, valores aos quais os sujeitos atribuem a determinado fenômeno social, ou seja, entende-se por pesquisas qualitativas os estudos investigativos “particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. [...] trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações” (Minayo, 2001, p. 22). Quanto aos procedimentos técnicos realizou-se uma pesquisa documental,

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em que foram selecionadas e analisadas leis, resoluções e portarias na legislação brasileira vigente que buscam assegurar o direito à educação; e uma pesquisa bibliográfica sobre o conceito de política pública.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nos países democráticos se observa que, as ações do governo são expressas direta ou indiretamente por meio de leis, que visam promulgar e garantir o acesso aos direitos.

Entre os principais direitos civis está o direito à educação, que precisa ser viabilizado para todos na sociedade, de acordo com o que está estabelecido na Constituição Federal Brasileira.

A educação atualmente é assegurada pelo Estado, amparada pelo artigo 205 da Constituição Federal (C.F.) por estabelecer que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa” (BRASIL, 1988). Todas as pessoas, independentemente de sua condição física, psíquica, intelectual e se tem ou não todos os órgãos dos sentidos funcionando como esperado, todos têm direito à educação, principalmente a ter convívio social e desenvolver a aprendizagem nas escolas públicas regulares.

Santos e Brocanelli (2014, p.1) ressaltaram que “o objetivo é encontrar meios eficazes para combater as atitudes discriminatórias enfrentadas pelos estudantes” como está preconizado desde a Constituição Federal de 1988.

Deste modo, incluir nas instituições escolares públicas as pessoas com deficiência, lhes confere o direito à educação, e, mais do que isso, pode-se fomentar a convivência respeitosa, pacífica e digna entre todos os alunos, independentemente de sua condição.

3.1 MARCOS REGULATÓRIOS FEDERAIS PARA GARANTIR O DIREITO À EDUCAÇÃO DOS SURDOS

Um primeiro aspecto a ser considerado no que se refere as pessoas surdas é que fazem parte de uma minoria cultural da população, pois possuem uma língua visual própria, traduzida pela a comunicação em forma de sinais. A utilização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) pelos surdos é assegurada pela Lei 10. 436/2002. Santos, Morales (2020), evidencia em seu estudo, uma visão deturpada sobre a capacidade das pessoas surdas, que perdurou durante um longo período da história e que ainda sim carece de estudos, para que as práticas de ensino, tanto de escolas especiais, como do ensino comum, sejam adaptadas ao que se referem ao uso da LIBRAS.

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Por Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) entende-se que seja a forma de comunicação e expressão dos surdos e deste modo, esta legislação assegurou o direito aos surdos de se comunicar por meio da Libras, em todos ambientes da sociedade e consequentemente nas instituições escolares. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é “a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades surdas do Brasil” (BRASIL, 2002, p. 1).

Contudo, a educação dos surdos, atualmente é executada pelo Estado em regime de inclusão escolar, em instituições regulares, afiançada pelo artigo 205 da Constituição Federal (C.F.) por estabelecer que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa” (BRASIL, 1988).

Tal especificação, se traduz na legislação mais significativa de nosso país, pois a C.F. serve de marco inicial para desencadear diversas políticas públicas mais recentes. Ou seja, todas as pessoas, independente de sua condição, têm direito à educação, principalmente a ter convívio social e desenvolver a aprendizagem nas escolas públicas regulares.

Há também uma lei explícita e designada especialmente a assegurar a frequência das pessoas com deficiência nas escolas de ensino regular, a Lei nº 7.853 que estipula a obrigatoriedade de todas as escolas em aceitar matrículas de alunos com deficiência, e transforma em crime a recusa a esse direito. Neste caso, todas as pessoas com deficiência devem receber igual atenção e prioridade na educação, mesmo porque estes direitos e deveres são extensivos a todos os cidadãos.

Mais especificamente, o artigo 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reforça o direito à educação anteriormente garantido pela Constituição Federal, pois destaca que:

I. Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II.Progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III.Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 1990);

Percebe-se que este artigo do E.C.A. nos remete ao que foi instituído primeiramente na C.F. (1988) e está descrito nos artigos 205 e 208. É possível verificar que houve um desdobramento que foi complementado no E.C.A. De tal modo, tais leis passaram a abrir as portas das escolas públicas para todos.

Parte-se do pressuposto que o ambiente escolar forma o cidadão e o qualifica para o trabalho, para a convivência social sadia. Deste modo, a partir da criação, difusão e implantação destas leis,

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não se justifica mais segregar aqueles que têm alguma deficiência, como se vivenciava antes na história da educação brasileira, quando eram impedidos de matricular-se em escolas regulares.

Todavia, a Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 227 afirma que a criança e o adolescente, são sujeitos considerados em condição peculiar, por ser pessoa em desenvolvimento, assim fazendo jus a absoluta prioridade em relação a garantia e proteção de seus direitos fundamentais. Neste sentido, vale destacar que o parágrafo 1º, especificamente no inciso II, da C.F. (1988) é reservado ao público da Educação Especial, pois instituiu que:

II- criação de programas de prevenção e atendimento especializado para pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como a integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação (BRASIL, 1988).

Basicamente neste trecho da lei, se disciplina como ocorrerá o acesso das pessoas com deficiência a vários direitos civis primordiais, sempre respeitando a condição e particularidades destes indivíduos. Observa-se que as premissas estabelecidas pelos artigos da Constituição Federal desencadearam o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, a lei 8.069, que também reconhecem os direitos e os deveres destes. Neste caso, todas as pessoas com deficiência devem receber igual atenção e prioridade, porque estes direitos e deveres são extensivos a todos os cidadãos em geral, todos os brasileiros desta faixa etária.

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (1996) também existem artigos que fundamentam e amparam o direito à educação para todos. Destaca-se, entre eles, o artigo 58, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira Nacional (LDBEN /1996), o qual foi reservado a definir o que se entende por educação especial, como esta modalidade de educação deve ser ofertada às pessoas com deficiência e reforça que a mesma deve iniciar na educação infantil a todas as pessoas público alvo da Educação Especial.

Em linhas gerais, segundo a LDBEN (1996) o conceito de educação especial abrange uma modalidade de educação em que se oferece acesso a educação as pessoas com deficiência, preferencialmente, em escolas regulares de ensino. No inciso 2º coloca-se uma exceção, ou seja, que “o atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular” (BRASIL, 1996).

Basicamente isso significa que, os estudantes com deficiência, que não conseguirem frequentar as aulas em classes regulares, devido a impedimentos ou particularidades da deficiência severa ao qual estão sujeitos, podem continuar matriculados em escolas ou classes especiais, que

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atendam suas necessidades. Abre-se um precedente para manter as instituições especiais, em que se atendem as pessoas com deficiência de acordo com a perda física, intelectual ou sensorial que apresentam. Além deste precedente, também se destaca que no inciso 1º do artigo 58 da LDBEN (1996) ratifica os serviços de apoio especializado nas escolas para alunos com deficiência.

Esses sujeitos precisam ter atenção peculiar e amparo para acompanhar as aulas em classes comuns, para se desenvolverem no processo de aprendizagem. Tais pessoas surdas necessitam de intérpretes de Língua Brasileira de Sinais devido utilizar esta língua visual e espacial para se comunicar e ter a Língua Portuguesa como segunda língua. Segundo a Lei nº 10.436 / 2002, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a maneira dos surdos se comunicarem, por meio de sinais visuais e espaciais, destaca-se que essa lei reconhece a LIBRAS como língua oficial dos indivíduos surdos, também utilizada por pessoas que apresentam perda auditiva significativa.

A referida lei em algumas partes, recebeu o complemento dos artigos de nº 17 e 18 da Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000, a qual estabeleceu regras e normas gerais para promoção de acessibilidade das pessoas com deficiência. O que se procurou indicar nesta lei nº 10.098 / 2000 previamente a conhecida como Lei de LIBRAS foi dirimir entraves para a comunicação com pessoas as quais tenham uma deficiência sensorial. No artigo 4º da Lei nº 10.436 / 2002 descreve-se ainda que, o sistema educacional seja federal, estadual ou municipal precisa implantar o aprendizado e o incentivo ao uso de Libras para afiançar a inclusão escolar dos alunos e alunas surdas.

Outro instrumento legal promulgado para garantir acessibilidade, o uso da LIBRAS e principalmente estabelecer diversas regras e normas sobre a inclusão social, educacional dos surdos e pessoas com deficiência auditiva foi o Decreto de Lei 5.626 / 2005, que aborda a inclusão de LIBRAS como disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores, nas licenciaturas e no curso de fonoaudiologia.

Em seu capítulo IV o Decreto 5.626/2005 estabeleceu normas sobre o acesso das pessoas surdas à educação, assim:

as instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e a à educação [...] em todos os níveis, etapas e modalidades da educação, desde a educação infantil até a superior. (BRASIL, artigo 14, 2005).

Tal artigo demonstra que todos os alunos e alunas surdas ou com deficiência auditiva tem o direito à educação, deste modo a inclusão destes sujeitos está ratificada e prevista na lei, a qual fornece medidas sobre isso. Ainda sobre o atendimento das necessidades da pessoa surda faz-se necessário, sobretudo, conhecer o Plano Nacional de Educação (PNE) e cumpri-lo, uma vez que,

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neste documento, se institui a obrigatoriedade de pessoas com deficiência matricular-se preferencialmente em escolas regulares.

Outro ponto relevante da política educacional na perspectiva da educação inclusiva é a criação de salas de recursos multifuncionais, a qual se destina o atendimento educacional especializado em contra turno. De acordo com a legislação brasileira sobre a inclusão, em seu capítulo IV, art. 28, inciso 2º é dever do Estado, da família e da Comunidade Escolar, "O aprimoramento dos sistemas educacionais, visando garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena" (BRASIL, 2015, p. 7).

Portanto, trata-se de um incentivo a parcerias e a colaboração relacionadas a inclusão para que o indivíduo portador de deficiências supere os obstáculos e se desenvolva dignamente e integralmente nos espaços sociais, principalmente na escola.

Destaca-se que legislação foi se modificando no decorrer do tempo, aos poucos o molde militar que impedia que a inclusão avançasse na sociedade foi sendo desfeito e uma nova política educacional foi sendo construída (SHIROMA, MORAES E EVANGELISTA, 2002).

Tais mudanças sociais interferiram significativamente para a transformação nas políticas educacionais. E o ponto alto desse desenvolvimento aconteceu com a promulgação da LDBEN (Lei 9.394/96), que proporcionou uma ressignificação e aspectos como a capacitação de professores de forma profissional, a descentralização da responsabilidade do Estado. Observa-se que a educação é uma tarefa que não se restringe apenas a relação professor e aluno, mas envolve outros aspectos como as características sociais da realidade na qual os sujeitos estão envolvidos. De acordo com Orso (2015, p.271) “ao plano de trabalho docente, articulam-se os Planos de Ensino, a Proposta (plano) Curricular, o Plano Municipal (PME), Plano Estadual (PEE), o Plano Nacional de Educação (PNE) e até mesmo o Plano Internacional (orientado pela UNESCO).”

Cabe ao professor compreender todos os documentos e legislações que amparam a educação, já que esses materiais podem servir de parâmetros legais e pedagógicos, assim como a escola, família e comunidade contribuir com a educação e a inclusão de forma ética.

Ao reconhecer que todas pessoas surdas ou com deficiência auditiva tem o direito à educação, nas escolas públicas ou privadas de ensino regular, o governo federal, estadual e municipal deve oferecer mais do que assistência técnica e financeira, mas prover a educação com equidade.

Os resultados obtidos remetem a garantia da inclusão escolar dos surdos como um direito assegurado legalmente, preferencialmente em escolas de ensino regular. Desta maneira, o direito à

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educação, por meio de acesso e permanência destes alunos surdos em escolas públicas é garantido em todos os níveis de ensino no Brasil hoje em dia.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verifica-se que a inclusão dos surdos, assim como a educação, passaram por transformações sociais e políticas ao longo do tempo, resultando em políticas públicas as quais surgiram para atender as necessidades dos indivíduos, nas diferentes esferas sociais. Com o avanço da luta pela inclusão e o reconhecimento dos direitos da pessoa surda, as políticas educacionais acabaram tendo que ser reformuladas, acompanhando assim as transformações sociais e educacionais. Neste contexto, os surdos se valem de diretrizes próprias, para que a educação e a sociedade se adaptem às necessidades destas pessoas.

Nos dias atuais é essencial que os familiares, a sociedade e a comunidade escolar conheçam as leis, que são reflexos das políticas públicas e educacionais relacionadas a inclusão do aluno surdo, e assim saibam reivindicar seus direitos e até redefini-los em função de novas necessidades e conquistas.

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poderíamos citar ODS 4? a ODS( objetivo de desenvolvimento sustentável) fala sobre o ensino de qualidade ???

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Referências

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