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Qualidade e inovação na cooperativa agroindustrial no sul da Bahia/ Quality and innovation in agroindustrial cooperative south Bahia

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761

Qualidade e inovação na cooperativa agroindustrial

no sul da Bahia/

Quality and innovation in agroindustrial cooperative

south Bahia

DOI:10.34117/bjdv5n10-026

Recebimento dos originais: 10/09/2019 Aceitação para publicação: 03/10/2019

Maria Josefina Vervloet Fontes

Doutorado em Ciências Sociais, Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade CPDA/UFRRJ Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz

Endereço: Campus Prof. Soane Nazaré de Andrade, Km 16 Rodovia Jorge Amado - UESC. Bairro Salobrinho, Ilhéus - BA, Brasil

E-mail: mjvfontes@uesc.br

Helen Morais de Albuquerque

Graduanda em Engenharia de Produção DCET/UESC Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz

Endereço: Campus Prof. Soane Nazaré de Andrade, Km 16 Rodovia Jorge Amado - UESC. Bairro Salobrinho, Ilhéus - BA, Brasil

E-mail: helenalbu@gmail.com

Tarik Vervloet Fontes

Mestrado em Direito Tributário na Escola de Direito FGV/SP Instituição: Fundação Getúlio Vargas

Endereço: Avenida Aziz Maron, 1141. Bairro Jardim Vitória, Itabuna – BA, Brasil

E-mail: tarikfontes@hotmail.com

RESUMO

No intuito de contribuir para o debate, o presente estudo teve como objetivo identificar a trajetória de uma cooperativa agroindustrial de agricultura familiar com a dinâmica socioeconômica de desenvolvimento local, buscando oportunidades na eficiência da gestão e na acessibilidade as políticas públicas. Partindo do pressuposto que grande parte da agricultura familiar brasileira ainda não consegue se sustentar economicamente torna-se fundamental o incremento de novas estratégias calcadas no fortalecimento de ações centradas na governança, na definição de seus processos de qualidade, imprescindíveis à participação desta em mercados competitivos e exigentes. A análise teve como objeto de estudo a Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacentes (COOPFESBA) detentora de uma pequena planta de produção de chocolate, localizada no município de Ibicaraí, na região produtora de cacau no Sul da Bahia. Para a analise a pesquisa contou com as contribuições da Teoria Francesa das Convenções por ter relevância na compreensão da atual dinâmica da reestruturação agroalimentar, com destaque para a agro industrialização oriunda da produção de agricultura familiar, e por ter o foco

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 privilegiado na qualidade e confiança, com seu efeito diferencial em todos os setores do sistema como uma poderosa ferramenta analítica. A trajetória da cooperativa aponta que apesar da certa descontinuidade operacional, esta vem alcançado melhores resultados devido ao acesso as políticas públicas e a implantação de um modelo de gestão e governança relativamente bem estruturado, inovando nos produtos de valor agregado. Foi realizado um estudo exploratório-descritivo, com dados bibliográficos e documentais, além de publicações online e sites oficiais. Operando com a cadeia do cacau/chocolate, a cooperativa se fortaleceu na industrialização como forma de agregar valor à matéria-prima, qualificando a produção dos associados e gerando postos de trabalho.

Palavras-Chaves: Agricultura Familiar, Cooperativa Agroindustrial, Qualidade, Chocolate

ABSTRACT

In order to contribute to the debate, the present study aimed to identify the trajectory of an agro-industrial cooperative of family agriculture with the socioeconomic dynamics of local development, searching for opportunities in the efficiency of management and accessibility to public policies. Based on the assumption that a large part of Brazilian family agriculture still cannot sustain itself economically, it is fundamental to increase new strategies placed on strengthening actions focused on governance, defining its quality processes, which are essential for its participation in competitive markets and demanding. The Family Agriculture and Solidarity Economy Cooperative of the Salgado River Basin and Adjacent (COOPFESBA) was the study object for the analysis. This Cooperative owns a small chocolate production plant located in the municipality of Ibicaraí, in the cocoa-producing region of southern Bahia. For the analysis the research counted on the contribut ions of the French Theory of Conventions to have relevance in understanding the current dynamics of the agrifood restructuring, with emphasis on the agroindustrialization, originated from the production of family agriculture and for having the privileged focus on quality and trust, with its differential effect across all sectors of the system as a powerful analytical tool. The cooperative's trajectory indicates that despite a certain operational discontinuity, it has achieved better results due to access to public policies and the implementation of a relatively well-structured management and governance model, innovating in value-added products. An exploratory-descriptive study was carried out, with bibliographical and documentary data, as well as online publications and official websites. Operating with the cocoa/chocolate chain, the cooperative strengthened in industrialization as a way of adding value to the raw material, qualifying the production of the associates and generating jobs.

Keywords: Family Agriculture, Agroindustrial Cooperative, Quality, Chocolate

1 INTRODUÇÃO

A presente análise pretendeu levantar alternativas que apontem para a elucidação das oportunidades tem a pequena produção agroindustrial de cacau/chocolate, oriunda de uma cooperativa de agricultura familiar localizada no interior da Bahia, que possam conduzi-la a uma maior competitividade e ao aumento de sua capacidade inovativa com foco na qualidade

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 de sua produção. Através da reestruturação produtiva com projetos potencializadores da economia regional/local, utilizando princípios de governança e acessibilidade às políticas públicas, os atores dessa cadeia têm buscado inserção em mercados nacionais e internacionais viabilizando sua sustentabilidade.

Buscando contribuir para o debate, a análise buscou identificar a trajetória de uma cooperativa agroindustrial de agricultura familiar (COOPFESBA) com a dinâmica socioeconômica de desenvolvimento local, e a inserção dessa população a mercados agroalimentares, com a implantação de uma agroindústria de Chocolate (BAHIA CACAU), sua relação com o Estado e acessibilidade às políticas públicas. Partindo do pressuposto que parte da agricultura familiar brasileira ainda não consegue se sustentar economicamente torna-se fundamental o incremento de novas estratégias calcadas por políticas públicas e parcerias para o setor que visem o fortalecimento dos processos de produção e gestão.

Princípios de governança aliados a criação de estratégias para a melhoria das condições de acesso aos mercados e de agregação de valor à produção agroindustrial são alguns dos desafios enfrentados pelos agricultores familiares brasileiros. Além das transformações da agricultura e dos novos contornos da ruralidade, permeiam o debate do desenvolvimento local o alcance da competitividade para a pequena agroindústria no país.

Desde os anos 90, a perspectiva da emergência de uma nova ruralidade está em curso no debate nacional e internacional: pesquisadores vêm estudando elementos que permitam repensar a importância, as especificidades e as particularidades do mundo rural. Nesse contexto é que se observa o uso de algumas designações, tais como: a emergência de uma nova ruralidade, o renascimento do rural, a valorização do meio rural, entre outros, criando até mesmo novos paradigmas mercadológicos como os conceitos de fair trend, indicação geográfica, denominação de origem e produção orgânica.

No centro desta análise encontra-se a capacidade do meio rural, no contexto de uma economia específica da agricultura familiar, na construção de parâmetros próprios de atuação e análise para a condução de um desenvolvimento rural sustentável. A proposição de concepções inovadoras das atividades produtivas, especialmente daquelas ligadas ao cacau / chocolate , remetem a nova percepção do “rural” como patrimônio a ser usufruído e a ser preservado. Destaca-se o papel efetivo do setor na economia do país, que conforme dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), no Brasil, 70% dos alimentos que chegam à mesa da população são produzidos pela agricultura familiar. (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2017)

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 Os mercados, assim como os territórios, não são entidades constituídas naturalmente. Eles são o resultado de formas específicas de interação social, da capacidade dos indivíduos, das empresas e das organizações locais em promover ligações dinâmicas, propícias a valorizar seus conhecimentos, suas tradições e a confiança que foram capazes, de historicamente, construir.

Diversos estudos convergem no sentido de caracterizar o meio rural de acordo com alguns atributos básicos que postulam um valor cada vez mais significativo para as sociedades contemporâneas em razão de sua relação com a natureza. A ruralidade supõe o contato muito mais imediato dos habitantes locais com o meio natural do que nos centros urbanos e também que o próprio crescimento e a interiorização das grandes e médias cidades abrem uma oportunidade de novas atividades e da valorização de atributos do meio rural.

O dinamismo rural depende também da renda urbana, sobretudo da que se volta ao aproveitamento das virtudes mais valorizadas no meio rural, como a produção territorializada de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e um certo modo de vida. O pressuposto aí é que o meio rural justamente não se “urbanize”, mas que ele tenha, ao mesmo tempo, um conjunto de organizações que planejem o aproveitamento econômico de atributos que os mercados convencionais dificilmente serão capazes de revelar.

Nesse contexto, o pequeno produtor rural vive hoje no país uma nova realidade. Embalado pelo sucesso do agronegócio brasileiro e por contínuas conquistas sociais, o rural brasileiro passa por avanços sócio econômicos impactantes. À aposentadoria rural, que garantiu renda aos mais pobres, somaram-se, na última década as transferências do Bolsa Família. O aumento do emprego, no campo e na cidade, ampliou-lhes a perspectiva de melhoria de vida, conquistada de forma autônoma. Os programas de assentamento de famílias campesinas e programas de regularização fundiária iniciados nos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio da Silva também contribuíram para construir esta nova realidade das populações mais carentes da área rural.

Assim, surgem oportunidades para as pequenas agroindústrias, que podem se aproveitar de todas as especificidades do mundo rural, construindo suas próprias capacidades de inovar e competir, possibilitando a promoção de desenvolvimento local através da reestruturação produtiva e inserção dos pequenos produtores rurais em mercados nacionais e internacionais (FONTES, 2013).

As pesquisas acadêmicas mais recentes têm apontado para o reconhecimento de que o desenvolvimento sustentável nas regiões campesinas poderá ser possível se os pequenos

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 produtores rurais agregarem valor a sua produção introduzindo elementos inovadores. O atual desafio para o desenvolvimento das pequenas agroindustriais passa por alternativas tecnológicas adaptadas a produção de pequeno porte, à construção de conhecimento necessário para a viabilização de processos de gestão e de organização da produção, e da diferenciação de produtos e mercados, que possibilitem seus atores a acompanhar o nível de inovação e da padronização tecnológica exigidos pelas novas formas de organização dos processos produtivos estruturados em padrões de demanda globalizado (FONTES, 2012, LIMA e WILKINSON, 2002).

Nessa perspectiva de necessidade de alternativas inovadoras e competitivas, também se inserem as regiões produtoras de cacau no Brasil, principalmente a região Sul da Bahia por ter sua economia enormemente vinculada ao cacau, e responsável pela maior parte da produção nacional dessas amêndoas, onde 80% das propriedades rurais de cacau são pequenas propriedades (CEPLAC, 2010), o que se impõe a necessidade de projetos potencializadores da economia local.

O setor agroindustrial cacau/chocolate no país também passa hoje por uma verdadeira revolução inovativa. As diversas crises registradas ao longo da historia da cacauicultura contribuíram para que nesta última década, ocorresse uma incessante busca por inovações. O desenvolvimento de soluções para a recuperação da economia do agronegócio local tem acompanhado o processo de modernização agrícola que vem ocorrendo em todo território nacional, demonstrando sua importância e as suas implicações na dinâmica do desenvolvimento do setor.

Nas mudanças e inovações que vêm ocorrendo no âmbito da produção cacau/chocolate, alguns indicadores já apontam para novos formatos de parcerias e negócios que conduzem ao que Wilkinson (2008, pg.47) chamou de “noção de heterogeneidade da formas organizacionais dentro do mesmo espaço econômico como uma alternativa a economias de escala” bem como a uma segunda questão que leva aos pequenos produtores a irem em direção a mercados baseados na construção de novos valores, padrões de qualidade próprios, redes e instituições. Neste contexto a análise buscando a contribuição da Sociologia Econômica, no viés da Teoria Francesa das Convenções, analisou conceitos e princípios norteadores para a pesquisa, possibilitando a construção de um referencial que postule entendimentos se a pequena agroindústria do cacau chocolate de uma cooperativa de economia solidária no interior da Bahia tem realmente capacidade de inovação e competição para atender aos novos paradigmas do consumo contemporâneo.

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2 METODOLOGIA

O presente estudo tem como objeto de estudo a Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacentes (COOPFESBA) detentora de uma pequena planta de produção de chocolate a BAHIA CACAU, localizada no município de Ibicaraí, no Estado da Bahia. A cooperativa envolve agricultores familiares cooperados de 16 municípios localizados numa região denominada Território de Identidade do Litoral Sul, extensão territorial da chamada região cacaueira, no Sul da Bahia. Entretanto, o município referência, conforme apontado acima é o Município de Ibicaraí, onde está localizada a agroindústria de chocolate BAHIA CACAU.

Com o propósito de atingir os objetivos da presente análise, foi realizada, inicialmente, uma revisão da literatura visando contribuir para o debate teórico em torno da temática da inserção da agricultura familiar em mercados cada vez mais exigentes, buscando explicações na Teoria Francesa das Convenções e na sociologia econômica. Portanto, a revisão teve como propósito aprofundar o conhecimento em torno do papel da verticalização da produção e fortalecimento das Cooperativas na mediação, articulação e consolidação da agricultura familiar buscando melhores desempenhos com o desenvolvimento do seu rural e ao mesmo tempo com os mercados.

A presente análise pode ser caracterizada como um estudo de caráter exploratório, descritivo, que segundo Malhotra (2001 apud OLIVEIRA, 2011) “a pesquisa exploratória é usada em casos nos quais é necessário definir o problema com maior precisão. O seu objetivo é prover critérios e compreensão.” O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa documental, com dados dos relatórios de atividades da Cooperativa e secundários obtidos no IBGE, CEPLAC e outros sites governamentais.

Em relação a sua natureza de pesquisa a mesma, está pautada em uma pesquisa qualitativa, que segundo Oliveira (2011) “a pesquisa qualitativa é entendida, por alguns autores, como uma “expressão genérica”. Isso significa, por um lado, que ela compreende atividades ou investigação que podem ser denominadas específicas.” E Bogdan e Biklen (1994) complementa que “a pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos obtidos no contexto direto do pesquisador com a situação estudada.”

Para a obtenção e análise dos dados, esta pesquisa se deu por meio de pesquisas bibliográficas, procurando uma base de entendimento do tema cooperativismo agroindustrial oriunda a agricultura familiar, através dos dados obtidos da COOPFESBA, e seus resultados

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 na esfera social e econômica. Portanto, o estudo se deu por meio de dados obtidos em web sites, entrevistas publicadas, publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas e reportagens relacionadas ao entrelace da cooperativa/cooperativados com a produção do cacau/chocolate.

O MUNICÍPIO

O Município de Ibicaraí onde está localizada a sede da cooperativa objeto do presente estudo, tem em sua história uma relação com o cacau assim como a Cooperativa. Segundo IBGE (2017) que por meio de relatos do seu fundador, o município se estabeleceu à margem esquerda do rio Salgado, onde seu fundador Manoel Marques dos Santos Primo, inicia a produção de cacaueiros, por volta de 1916, tornando-se o introdutor dessa cultura na localidade. Atualmente, Ibicaraí, segundo dados do último censo do IBGE (2010) apresenta uma população estimada de 24.272 habitantes e densidade demográfica de 104,65 hab/Km². O PIB per Capita do município é de 7.311,82 reais e conforme TCM (2018) uma receita própria de 2.694.841,53 reais. Em relação ao cultivo de cacau, segundo dados mais recentes do SEI (2016), estima-se que se tenha um total de 5.023 hectares em área plantada de Cacau, com área colhida de 4.980 hectares e uma quantidade produzida de Cacau (amêndoas) de aproximadamente 721 toneladas. |q

Num contexto nacional, o IBGE (2016) apresenta que o PIB per Capita “comparando com outros municípios no país, Ibicaraí está na posição no ranking da Bahia de 185º e no ranking nacional na posição 2736º, com 173.801, 93 x 1000 R$”. Se comparada à Itabuna e Ilhéus, o IBGE (2016) mostra uma diferença discrepante em relação ao PIB per Capita, na qual, Ilhéus “está na posição no ranking da Bahia de 9º e no ranking nacional na posição 226º, com 3.874.969,51 x 1000 R$” e Itabuna “está na posição no ranking da Bahia de 10º e no ranking nacional na posição 227º, com 3.859.881,30 x 1000 R$”. Esses dados expressam a fragilidade do município, situação essa encontrada em grande parte dos municípios do Estado da Bahia.

Atualmente Ibicaraí apresenta conforme dados do IBGE (2016) um total de 374 empresas de diferentes setores atuantes na cidade, o que a coloca em um ranking do estado da Bahia na posição de 102º, estando muito abaixo das principais cidades circunvizinhas, como no caso de Itabuna, que está no 5º lugar no ranking com um total de 5075 empresas.

Ao que se refere no IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, segundo a PNDU – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2010) Ibicaraí está na posição “3587º

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 no ranking nacional, com IDHM de 0,625; IDHM Renda de 0,609; IDHM Longevidade de 0,764; e IDHM Educação de 0,524.”

Se comparada com a cidade mais próxima certifica-se uma longa distância em relação aos parâmetros de IDH, o que coloca o município de Ibicaraí em uma baixa colocação, o que pode ser observado conforme a PNDU – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2010) o município de Itabuna está na posição “1546º no ranking nacional, com IDHM de 0,712; IDHM Renda de 0,695; IDHM Longevidade de 0,807; e IDHM Educação de 0,643.”

Em relação à taxa de escolaridade, o município de Ibicaraí apresenta conforme dados do IBGE (2010) uma “taxa de escolarização de 6 á 14 anos de idade de 98%” e com 3.209 matriculados no ensino fundamental (IBGE, 2017). No entanto, em um comparativo no estado da Bahia em quesito educação, Ibicaraí está na posição 279º no ranking e no contexto nacional a posição 4391º (IBGE, 2016),

Os dados acima comprovam a precariedade no município, o que torna ainda mais estratégico a consolidação de projetos como o da agroindústria de chocolate, que se estabelece como um vetor efetivo de melhoria das condições para o desenvolvimento local, produção esta que impõe padrões de qualidade superiores e sofisticados.

3 REFLEXÕES DA TEORIA DAS CONVENÇÕES NO CONTEXTO DA AGROINDÚSTRIA DA AGRICULTURA FAMILIAR

A Sociologia Econômica que surgiu como uma resposta a expulsão da vida social da análise econômica, tanto na visão neoclássica quanto nas formulações da nova economia institucional, bem como ao esforço de estender essas abordagens ao conjunto das ciências sociais, apresentou-se como o melhor caminho conceitual e teórico para o entendimento da construção de conceitos de qualidade no âmbito de uma certificação para a efetividade da pequena produção e sua verticalização (FONTES, 2013).

A contextualização deste enfoque teórico no entendimento da dinâmica das agroindústrias propiciou a geração de conhecimento para responder às demandas da presente análise, nas formas específicas de desenvolvimento de uma cooperativa e suas implicações de melhoria dos serviços e produtos comercializados, indo desde as novas leituras Schumpeterianas, ao contexto da Nova Sociologia Econômica, na expressão de Granovetter,

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 na Teoria Francesa das Convenções ajudando decisivamente a compreender o universo de mercados diferenciados, objeto deste estudo.

A abordagem da Teoria das Convenções para a análise do sistema agroalimentar, tem relevância na compreensão da atual dinâmica da reestruturação agroalimentar, com destaque para a agro industrialização oriunda da produção de agricultura familiar com coordenação cooperativista, por ter o foco privilegiado na qualidade e confiança, com seu efeito diferencial em todos os setores do sistema como uma poderosa ferramenta analítica. Wilkinson (1999) traz para o debate como a noção de qualidade abre uma perspectiva institucional original acerca de análise econômica com uma dinâmica intrinsecamente interdisciplinar. O autor enfatiza: “um reconhecimento do enraizamento da atividade econômica em mundos heterogêneos de ação justificável é um instrumento importante para resistir à ideologia de mercado universalizante que domina as atuais propostas de políticas agroalimentares”. Ao mesmo tempo, a abordagem das convenções demonstra ser capaz de captar as características específicas das estratégias competitivas que dominam a reestruturação agroalimentar estabelecendo uma ponte importante para outras correntes de análise nas ciências sociais, mais notavelmente as abordagens ator-rede e do conceito "enraizamento" (embeddedness) da Sociologia Econômica.

Para a teoria das convenções, as regras não são anteriores à ação e tampouco são elaboradas de fora da ação, surgindo no interior do processo de coordenação dos atores. Mais especificamente, representam uma resposta a problemas que aparecem no interior de tal coordenação e deveriam ser entendidas como mecanismos de clarificação que também estão, eles mesmos, abertos a desafios futuros. São, por isso, representações dinâmicas da negociação e, com o tais, dependem da existência de pontos em comum entre os atores envolvidos. Esse "conhecimento comum", ou essa "identificação intersubjetiva das regras", não existe em abstrato, nem pode ser conhecido por um exercício de mera racionalidade. Em vez disso, tem que ser recorrentemente interpretado em situações específicas, através do modo como os atores se relacionam com um conjunto comum de objetos que são mobilizados por sua ação. A qualificação de objetos é por isso, simultaneamente, a qualificação dos atores envolvidos. O alcance de tal ação coletiva é dinamicamente determinado por um processo de justificação e testagem permanente (LIVET, THÉVENOT, 1994). Por sua vez, pressupõe a qualificação do trabalho e das organizações envolvidas em sua produção. Esse processo recíproco está em forte contraste com a idéia neoclássica de transparência e autossuficiência do produto, onde o mecanismo de preços incorpora toda a informação requerida. Aqui, ao contrário, a qualidade

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 do produto é interpretada à luz de uma avaliação dos produtores e organizações que subscrevem o produto. Tal controle de qualidade numa "economia da qualidade" segundo Wilkinson (2002), é assegurado preferencialmente pela consolidação de redes e pelo desenvolvimento de relacionamentos baseados em confiança.

No trabalho de L. Boltanski e L. Thévenot (1989), “De La Justification”, ícone da teoria francesa das convenções, tem-se o reconhecimento de que não apenas o trabalho, mas qualquer mercadoria (entendendo que mercadoria como produtos e ou serviços), é afetada por deficiências de "contratos incompletos", precisando, por isso, de regras, normas e convenções para sua produção e sua troca. Enquanto o "fordismo" se baseava na "qualificação" do trabalho para a maior quantificação da produção, a atual dinâmica econômica baseia-se precisamente na qualificação do produto e/ou serviços, capturada pela atual obsessão com a "qualidade". Para os autores, toda ação, inclusive a ação supostamente atomística do mercado competitivo, justifica-se por referência a princípios comuns ou "bens comuns" de nível mais elevado, representados, por exemplo, no último caso, por uma aceitação comum da equivalência de preço dos bens negociados (WILKINSON, 1999, FONTES, 2013).

Enquanto a teoria das convenções insiste na multiplicidade de formas de coordenação econômica de ação coletiva justificada, no mundo "doméstico" é sem dúvida particularmente relevante e talvez seja onde a teoria das convenções se provou mais forte. O modo doméstico partilha com o conceito de "enraizamento" de Granovetter, uma base comum na confiança que surge das relações interpessoais. Contudo, torna-se ratificado por decretos e regulações que representam o reconhecimento de seus critérios de justificação bem além dos membros da comunidade original de atores.

O ponto subjacente, porém, é provavelmente ainda mais forte, sugerindo uma "afinidade eletiva" entre o modo doméstico, com seu componente de confiança interpessoal, e a emergente "economia da qualidade". Esse tornou-se, nos últimos anos, um forte tema de reflexão. Ele reaparece em todas as principais contribuições da teoria das convenções — nos "mundos da produção" de Saiais e Storper, nas tipologias das empresas de Eymard-Duvernay e na noção de "aprendizado coletivo" de Favereau.

A diferenciação via marcas e rótulos introduzem um estágio novo crítico na organização do mercado. Ela é com frequência interpretada como uma simples estratégia de concorrência pelo mercado, mas Thévenot (WILKINSON, 1999), afirma que, ao deslocar a concorrência para fatores extra preço, outros elementos de coordenação são acionados. Em suas palavras: "É a coordenação pela opinião, na qual o valor é uma 'notoriedade cujo suporte

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 não é o bem apropriável mas um signo reconhecível, que está em questão". Aqui também há uma tendência ao "monismo" no esforço de mobilizar outras formas de coordenação num sentido instrumental para apoiar a base de qualificação na notoriedade ou na reputação. No caso do agroalimentar, a publicidade baseada na marca tenta situar-se nos valores da tradição e na noção de produtos "da fazenda" ou associam seus produtos a valores ecológicos. Os produtos tradicionais, contudo, estão enraizados em mecanismos domésticos de coordenação e justificação e estão fixos no espaço (um lugar específico) e no tempo (uma tradição específica). Lançados com base na confiança interpessoal, na valoração comum de práticas particulares, os produtos precisam então ser "traduzidos" com êxito para envolver outros atores, caso devam ser ratificados com o produtos de Denominação de Origem Controlada (DOC) e ou outras certificações de qualidade. Os procedimentos subjacentes ao modo doméstico de coordenação apresentam, com isso, limites para a expansão de modos de coordenação pela marca ou pela opinião. De maneira similar, a ocupação de espaços ecológicos por estratégias de "marca" é limitada por pressões de modos cívicos de coordenação (exigências técnicas apoiadas em leis e regulações), que orientam a atribuição de rótulos ecológicos (FONTES, 2013).

Segundo Toledo (1993), a qualidade do produto e ou serviço não se apresenta de forma identificável e nem é observável diretamente, sendo percebida por meio de suas características interpretativas, o que introduz uma dimensão subjetiva na sua análise. Neste sentido a percepção da qualidade no contexto da produção oriunda da agricultura familiar se expressa muito além de padrões e formalidades exigidas legalmente, mas abrange aspectos da economia da experiência, da confiança, da força do laços fracos (Granovetter). O conceito de qualidade de produto portanto pode aqui significar como uma propriedade de múltiplos atributos do produto que determinam o grau de satisfação do cliente, podendo ser avaliada por meio de um conjunto de características e parâmetros, específicos a cada caso, que são intrínsecos ou estão associados ao produto.

4 AGRICULTURA FAMILIAR, COOPERATIVA E O DESAFIO DA AGROINDUSTRIALIZAÇÃO

A agricultura familiar vem desempenhando papel estratégico tanto no viés econômico como social para o Brasil nas últimas 3 décadas, visto ser responsável por 70% da produção de alimentos no país, representando 10% do PIB nacional e 75% da mão de obra trabalhadora no campo (Bezerra & Schlindwein, 2017), fato que vem contribuindo para o setor estar

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 permanentemente na agenda pública, propositora e beneficiária de diversas políticas públicas. Entretanto, dado a importância sócio econômica devida, novas ações e interferências públicas são necessárias para seu fortalecimento.

Aliada a características de sua identidade regional e cultural, possui uma relação afetiva do produtor para com a terra, fato evidenciado pela FAO (2016), na qual, designa que “a agricultura familiar tem dinâmica e características distintas em comparação à agricultura não familiar. Nela, a gestão da propriedade é compartilhada pela família e a atividade produtiva agropecuária é a principal fonte geradora de renda. Além disso, o agricultor familiar tem uma relação particular com a terra, seu local de trabalho e moradia.”

Pesquisadores apontam que “os agricultores familiares não se diferenciam apenas em relação à disponibilidade de recursos e capacidade de geração de renda e riqueza, mas também se diferenciam em relação às potencialidades e restrições associadas tanto à disponibilidade de recursos e de capacitação/aprendizado adquirido, como à inserção ambiental e socioeconômica.” ( BUAINAIN; SABBATO; GUANZIROLI, 2012)

Em termos econômicos, o Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (MDA, 2017) salienta que os produtos oriundos da agricultura familiar “representa 84,4% do total dos estabelecimentos agropecuários do país.” E segundo a TV NBR (2016) “os produtos oriundos da agricultura familiar corresponde a cerca de 70% dos produtos que são consumidos no território nacional e empregam em média 77% da mão de obra existente no campo.” Ao que se refere na relação e posicionamento de localidade e território, a agricultura familiar no contexto nacional, segundo o IBGE (2009) pontua como:

“No Censo Agropecuário de 2006 foram identificados 4.367.902 estabelecimentos de agricultura familiar. Eles representavam 84,4% do total, mas ocupavam apenas 24,3% (ou 80,25 milhões de hectares) da área dos estabelecimentos agropecuários brasileiros. Já os estabelecimentos não familiares representavam 15,6% do total e ocupavam 75,7% da sua área. Dos 80,25 milhões de hectares da agricultura familiar, 45% eram destinados a pastagens, 28% a florestas e 22% a lavouras. Ainda assim, a agricultura familiar mostrou seu peso na cesta básica do brasileiro [...]”(IBGE, 2009).

Empregando em âmbito regional, a “ agricultura familiar no Nordeste apresenta uma diversidade de condições agroecológicas e de relações sociais de produção, que determinaram a formação de uma multiplicidade de sistemas agrários e de produção, muitos dos quais em acelerado processo de transformação.” ( BUAINAIN; SABBATO; GUANZIROLI, 2012). Na

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 Bahia a agricultura familiar, segundo a CEPLAC (2012) está representada por “mais de 665 mil unidades produtivas e com mais de 1,8 milhão de pessoas ocupadas no rural.”

Para a região do Litoral Sul da Bahia, o Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (MDA, 2016) pontua que existe hoje nessa região 13.925 estabelecimentos da agricultura familiar, com 32.805 pessoal”. Segundo Buainain; Sabbato; Guanziroli (2012), “no Litoral, a monocultura extensiva (cana-de-açúcar e cacau, ambos atravessando forte crise) é parte da história do país e formadora da economia e cultura da região.”

Neste contexto, a produção de cacau oriunda da agricultura familiar tem sua representação segundo a CEPLAC (2012) onde “62% dos produtores de cacau são da Agricultura Familiar e a elevação nos custos de produção de cacau nos últimos 10 anos fez com que houvesse redução em mais de 50% na rentabilidade efetiva da atividade.”

Diante desse cenário destaca-se o sistema cooperativista, cuja importância estratégica para o desenvolvimento da área rural produtora de cacau vem sendo estudado e apontado como um dos vetores para a melhoria do desempenho dos agricultores familiares. Rios (2017) observa que “O cooperativismo aparece, pois, no Brasil, sob uma dupla e contraditória face. Por um lado, é um instrumento rotineiro e eficaz na organização econômica, de agricultura da exportação ( café, açúcar, cacau, soja, etc.), da agricultura capitalizada, voltada para o abastecimento interno (hortifrutigranjeira) ou da agricultura latifundiária do algodão nordestino. Por outro lado o cooperativismo é sistematicamente apresentado como a solução para a comercialização agrícola dos produtos de pequenos agricultores, de pescadores e de artesãos.”

Do ponto de vista econômico, o autor complementa que “o cooperativismo brasileiro responde por um volume de transações econômicas equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera cerca de 150 mil empregos.” (RIOS, 2017). Reisdorfer (2014) complementa que o cooperativismo é definido como “o sistema fundamentado na reunião de pessoas e não no capital. Visa às necessidades do grupo e não do lucro. Busca prosperidade conjunta e não individual. Essas diferenças fazem do cooperativismo a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com equilíbrio e justiça entre os participantes.”

O cooperativismo está assumindo um espaço cada vez mais relevante no âmbito da economia social, frente às dinâmicas tradicionais da economia competitiva e de mercado. Atuando na economia de mercado, o cooperativismo agrega valor as dinâmicas humanas e suas relações com o ambiente do trabalho, da produção e dos serviços. Visando o seu fortalecimento como organização e também a ampliação da sua capacidade de contribuição

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 com o desenvolvimentoregional e as interfaces com a governança cooperativa e territorial, o cooperativismo vem sendo referência de diferentes pesquisas acadêmicas e jornalísticas, explorando entre outros interesses, seus modelos de governança e gestão, sua interface com a

governança territorial e contribuições com o desenvolvimento da localidade onde está inserida. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2016) a governança “atua no âmbito dos negócios para buscar e garantir a sustentabilidade e a proteção de ativos, a imagem da empresa, sua reputação e sua relação com as partes interessadas (stakeholders).” A governança no espectro das políticas públicas e da legislação, é apresentada pelo Decreto nº 9.203 (2017), na qual, a governança pública é um “conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade.”

As ações da governança no setor público e privado afetam diretamente diferentes setores, entre eles o setor agroalimentar no Brasil, na qual, segundo Daher (2015) apud Teixeira (2015) “sendo que, no Brasil, o crescimento no agronegócio foi de 3,4%, setor este que impulsiona todas as outras áreas, pois é dele que vem a base para a indústria se desenvolver.” Essas medidas são formas de fomentar e agregar valor à uma produção, por auxiliar expressivamente o setor produtivo agroalimentar e em especial o sistema cooperativista, que segundo o Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (MDA, 2017), sua aplicação nas cooperativas busca “melhorar a gestão das cooperativas e de associações da agricultura familiar e garantir o assessoramento a esses empreendimentos.”

Segundo Büttenbender et all (2017) as cooperativas, nos processos de governança territorial exercem um aporte decisivo no empoderamento dos processos de desenvolvimento. As cooperativas, orientadas por seus princípios e doutrinas, fundamentam o seu desenvolvimento através da participação, da autonomia, da democracia, valorização das identidades sócio territoriais e a dimensão do pertencimento. Os autores apontam que “este posicionamento estratégico se estende para as organizações locais-regionais de governança e concertação dos processos de desenvolvimento”. A participação não expressa apenas pela participação dos líderes institucionais das cooperativas, mas de seus membros, nos diferentes extratos constitutivos, no engajamento, participação e pertencimento nos conselhos, agências, e instituições comunitárias.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 4.1. O IMPACTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Na procura de promover medidas e programas para o bem estar social e o desenvolvimento funcional da população, as políticas públicas desenvolvem ferramentas que permitem esse processo evolutivo ocorrer. Para Gianezinni et al (2017) a origem e a definição de política pública não é algo concreto, vide não existir nenhuma teoria completa e definitiva sobre o tema, tais políticas estão associadas estritamente ao estado e compreende os três poderes políticos: Executivo, Legislativo e Judiciário. Seguindo como base, Dallari (2013) identifica o estado como autor constituinte que visa satisfazer a necessidade dos elementos sociais, aspirando o bem comum que lhe é de direito.

Delgado & Romano(1999) consolidam a definição de políticas públicas explicando: "...compreendem tanto as intervenções realizadas pelos governos (em nível federal, estadual e/ou municipal) como também pelas ONGS e entidades do setor privado, desde que destinadas a atender objetivos que sejam públicos". Esta referência sinaliza a análise dos processos envolvidos para implementação das políticas de desenvolvimento rural.

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), exemplifica uma das mais impactantes ações governamentais que atendem ao nicho de agricultores familiares, assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais, ofertando financiamentos para o desenvolvimento estrutural, organizacional e econômico. Investimentos estes, que proporcionam o beneficiamento dos processos envolvidos na produção, comercialização e industrialização do segmento agrícola familiar do país.

Políticas públicas como o PRONAF surge de uma demanda causada pelas necessidades dos agentes do campo, grupos sociais que sinalizavam a necessidade de políticas que propiciassem as ferramentas necessárias para o desenvolvimento da produção agrícola familiar do Brasil. O PRONAF, atualmente é o maior expoente das políticas públicas de apoio a agricultura familiar do Brasil, atuando em todo o território nacional. (IPEA, 2012).

Traçando uma linha para um segmento agrícola específico, analisando a cadeia de produção do cacau, em especial a produção de chocolate e as políticas públicas que permeiam esse nicho, vale o destaque para a Lei nº 13.710, sancionada no Diário Oficial da União no dia 24 de agosto de 2018 sancionou ações que para o fortalecimento da cultura e produção do cacau e chocolate através de um conjunto de regulamentações que: “... incentiva a produção de qualidade, com o objetivo de elevar o padrão de qualidade do cacau brasileiro por meio do estímulo à produção, industrialização e comercialização do produto em categoria superior”.( Imprensa Nacional, 2018) Somado a isto, outros investimentos públicos acrescentam na

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 melhoria da cadeia produtiva do cacau, como por exemplo, o recurso superior a R$ 2 bilhões em crédito para implantação, melhoramento e manutenção das lavouras, estes recursos, advém do Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC). (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2017)

A Bahia reúne mais de 700 mil famílias de agricultores familiares, muitas organizadas em cooperativas e responsáveis por uma diversidade de produtos que fazem parte da mesa dos baianos. O setor congrega 12 cooperativas ligadas ao sistema agroalimentar no estado operando no mercado de produtos naturais, probióticos e integrais, fitoterápicos e tratamentos complementares, além de sua participação em mercados tradicionais.

Na esteira das políticas públicas, o governo estadual tem fomentado a participação das cooperativas e demais organizações produtivas da agricultura familiar para feiras nacionais e internacionais visando posicionar em novos mercados, promover o aumento da comercialização e, consequentemente, a renda dos agricultores familiares.

As cooperativas operantes no Estado são: Agroindustrial de Itaberaba (Coopaita); Mista Regional de Irecê (Copirecê); de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc); da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (Coopfesba); de Apicultores de Canavieiras (Coaper); de Produtores Orgânicos e Biodinâmicos da Chapada Diamantina (Cooperbio); de Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves Coopatan); dos Cajucultores Familiares do Nordeste da Bahia (Cooperacaju); dos Produtores de Palmito do Baixo Sul da Bahia (Coopalm); Regional de Agricultores Familiares e Extrativistas da Economia Popular e Solidária (Coopesabor); dos Produtores de Cana e Seus Derivados da Microrregião de Abaíra (Coopama); e de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes).

4.2. CACAU E CHOCOLATE

Matéria-prima do chocolate, o cacau representa uma cultura que marcou a história do Brasil e principalmente a economia e vida social do Estado da Bahia. Foi no sul do Estado, que o cacaueiro, árvore também conhecida como “fruto de ouro”, encontrou as melhores condições de solo e clima para expandir-se. Assim, por muitos anos, as fazendas cacaueiras tiveram uma importante representação na economia nacional.

Em 1989, a praga vassoura-de-bruxa quase devastou a produção cacaueira, trazendo graves efeitos socioeconômicos e ambientais para as regiões de cultivo. Da safra 1990 até a de 2000, a produção de cacau na Bahia caiu de 356 para 98 mil toneladas. Foi com a

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 contribuição da tecnologia que o controle da doença da lavoura vem sendo aos poucos construído, desenvolvendo variedades tolerantes ao fungo.

Em 2016, o país produziu 146.998 toneladas de cacau e, desse total, 68,9% foi frutificado no sul da Bahia, o que representa 101,308 toneladas, segundo a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC, 2019). Além do chocolate, outros derivados são obtidos a partir do fruto: polpa, manteiga, geléias, licor, entre outros, destacando que o aproveitamento é integral, incluindo a própria casca o fruto.

De acordo com o coordenador de pesquisas da Ceplac, José Marque Pereira, o cacau ainda é o principal produto agrícola do sul da Bahia e é muito adequado à agricultura familiar. Dos 15.256 produtores assistidos pela instituição, no ano passado, 12.432 foram agricultores familiares, atingindo mais de 80% do total. “É um cultivo que ainda dependente muito de mão de obra, necessitando ativamente dos produtores rurais.”, explica.(CEPLAC, 2019)

O cultivo do cacaueiro, em sua maioria, é feito de maneira agroecológica. Além de preservar as espécies florestais nativas, a produção contribui para a retenção de água, manutenção dos recursos hídricos e até mesmo da fauna original - 70% do cacau plantado na Bahia desempenha esses benefícios ecológicos.

Uma nova dinâmica vem sendo registrada e construída na Região Sul da Bahia: o nascimento de quase uma centena de pequenos negócios na produção de chocolate no formato tree to bar e bean to bar. A região oferece hoje mais de 70 marcas de chocolate, e quase todas oriundos da pequena agricultura ou mesmo da agricultura familiar.

Nesse contexto encontra-se a Coopfesba e a sua agroindústria de chocolate Bahia Cacau, que com loja própria as margens de importante rodovia estadual vem consolidando seu espaço no mercado de chocolates especiais.

4.3 A COOPFESBA

Com o nome de Bahia Cacau, em 2010 foi instalada a primeira fábrica de chocolate da agricultura familiar do país, gerida pela Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (COOPFESBA). A agroindústria surgiu da necessidade de fortalecimento da produção cacaueira e de toda cadeia do cacau para assentados e pequenos agricultores Os principais produtos lançados são as barras com 35%, 50%, 60% e 70% cacau, de 20 e 80 gramas, com nibs de cacau além de bombons recheados com frutas.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 A cooperativa representa hoje 120 agricultores familiares cooperados (inicialmente eram 200) que cultivam o cacau orgânico para a industrialização do chocolate, além da produção e comercialização de achocolatados, polpas de frutas e mingau, produtos que vão para 270 escolas estaduais de Salvador, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), além de produzirem bombons com nibs, barras de chocolate e amêndoas. Sua comercialização inicialmente ocorria em feiras locais e em estabelecimentos comerciais cadastrados.

A Coopfesba recebe suporte da Subsecretaria do Desenvolvimento Rural (SDR), da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), por meio de acompanhamentos e avaliações das produções; e pela Ceplac, através de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e capacitação em cultivos, recebe apoio no acesso às políticas públicas e na formação de jovens empreendedores rurais.

Em 2016, foi inaugurada loja própria as margens da Br-415, km 66, frente da agroindústria, na entrada do Município de Ibicaraí. Produzindo bombons originais com concentrações de 58 a 90% de cacau, com recheios de diversas frutas como jaca, maracujá, cupuaçu e abacaxi, além de barras de chocolate com concentrações de cacau variadas que representam os produtos mais comercializados, a Bahia Cacau vem conquistando o mercado baiano e de outros estados, além de algumas incursões de exportação.

O selo envolve a produção cacaueira de 120 agricultores familiares, entre eles, 58 assentados baianos. Atualmente, o mix de produtos com o selo Bahia Cacau fatura uma média de R$ 150 mil ao mês. A marca, está levando sua produção da cadeia do cacau para serem comercializadas em venda direta aos consumidores, em bairros da capital baiana, como Ondina, Pituba e Barra, além da Superintendência Regional do Incra na Bahia, que fica no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Os valores dos produtos variam de R$ 2 a R$ 15.

Metade dos produtos da marca vem sendo comercializada em Salvador. Há pontos em shopping centers e delicatessens que revendem as variações de chocolates e bombons. O restante da produção vai para estabelecimentos localizados em Pelotas (RS), Curitiba (PR), Brasília (DF) e São Paulo (SP), como também, para outras cidades baianas, entre elas, Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus e Juazeiro.

O atual presidente da cooperativa é um dos assentados na área de reforma agrária Etevaldo Barreto. Em sua dinâmica de comercialização a Bahia Cacau opera hoje remunerando a arroba da amêndoa do cacau por R$ 220 de seus cooperados, enquanto no

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 mercado o valor é de R$ 140: “Queremos chegar a R$ 300 por arroba para cooperados fidelizados”, declarou o presidente em recente entrevista televisiva.

Atualmente a agroindústria trabalha com 22 famílias de agricultores familiares que efetivamente produzem amêndoas de cacau de qualidade superior essenciais a produção do chocolate. A cooperativa vem incentivando e capacitando através de parcerias esses cooperados a produzirem um cacau diferenciado, adotando novas técnicas de cultivo e cuidados específicos. Essas famílias delimitam dois hectares para a produção de cacau de qualidade.

Já a cooperativa atualmente conta com 60 cooperados, entre 4 municípios (Ibicaraí, Floresta Azul, Coaraci e Barro Preto), sendo todas as propriedades associadas.

Seu modelo de governança tem focado no suprimento de suas deficiências através do conhecimento sistemático de oportunidades pautadas no estabelecimento de parcerias e políticas públicas.

Incentivo do governo do Estado, que busca promover não somente a produção de uma amêndoa de qualidade, mas também o estímulo para que essa produção se torne vertical, processando este cacau, transformando-o em um chocolate considerado de alto valor agregado. Os investimentos do governo do estado baiano na cultura cacaueira da região Sul da Bahia, vem de ações de :

- Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC/MAPA (Plano Operacional para o Cacau e Chocolate da Bahia 2018 – 2022 que gerou assinaturas e convênios no montante superior a R$ 9,3 milhões de reais, beneficiando cerca de 32 cooperativas e associações de agricultura familiar, assentamentos, indígenas e quilombolas. (SEMA)

- Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) do Projeto Alianças Produtiva do Governo da Bahia/ CAR, através dos Editais nº 001/2019 e nº 002/2019, de 31 de janeiro de 2019, para serviço especializado de assistência técnica para formação de base de produção e gestão.

Essas políticas públicas fomentam a produção, a diversificação, a agroindústria, o turismo, e além de aproximar instituições como universidades, bancos e parceiros em um bem socioeconômico comum, conjunto de ações que fortalecem a cadeia produtiva do cacau, mas também todo entorno das potencialidades que existe junto a cacauicultura.

A abordagem da Teoria das Convenções para a análise leva à compreensão da atual dinâmica da reestruturação agroalimentar, com destaque para a agroindustrialização oriunda

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 da produção de agricultura familiar que ocorre com a Coopfesba, por ter o foco privilegiado na qualidade e confiança, com seu efeito diferencial em todos os setores da cadeia cacau/chocolate.

Corroborando sobre a força dessa cadeia produtiva, vale a reflexão de especialistas do setor: “é importante investir na verticalização, da amêndoa de cacau ao chocolate, adotando práticas que permitam a comercialização com melhores preços. Existe um mercado crescente de chocolates premium e a agricultura familiar está inserida nesse contexto”. (Governo do Estado da Bahia, 2018)

A riqueza da Mata Atlântica do cacau dentro da Cabruca dialoga também com a fruticultura, atividades produtivas da mandioca, essa diversificação que tem o cacau como centro abre possibilidades também para dinamizar outras cadeias produtivas" (SEMA, 2019).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal propósito deste estudo foi abordar alguns aspectos relacionados com o fortalecimento das cooperativas da agricultura familiar localizadas em pequenos municípios brasileiros com as dinâmicas socioeconômicas de desenvolvimento rural e a necessidade e importância de efetivação de sua verticalização. Mais especificamente, teve o propósito de aprofundar a discussão em torno do papel das cooperativas na mediação e articulação do fortalecimento da agricultura familiar com o desenvolvimento rural e com os mercados agrícolas, agroindustriais e, destacadamente, agroalimentares, por meio da verticalização da produção mesmo que ainda em pequena escala.

Nas atuais teorias e políticas de desenvolvimento regional, a premissa tem sido a necessidade de pensar o território como um sistema local que sofre influência de variáveis internas e tem grande interação com sistemas territoriais de maior escala. Este projeto partiu da premissa de que, sob o ponto de vista socioeconômico, as ações deveriam ter como objetivo a implantação e gestão de projetos potencializadores da economia regional-local, visando à geração de renda e oportunidades de trabalho, o fortalecimento da agricultura familiar e a implementação de estratégias de integração competitiva desta com os mercados regionais e global.

A importância de um estudo como este está no entendimento de que os seus resultados poderão contribuir com subsídios para as ações e políticas que venham a incrementar o desenvolvimento dos territórios rurais e da agricultura familiar e a sustentabilidade socioeconômica e ambiental da região.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761 O que se verifica quando se estudam os territórios rurais mais dinâmicos é que há um ambiente onde são utilizadas algumas potencialidades próprias do território e são aproveitadas as oportunidades externas. Nesses territórios há uma dinâmica socioeconômica local diferenciada de desenvolvimento regional-rural instrumentalizada e mediada por meio de cadeias produtivas, que no caso do território de abrangência da Cooperativa COOPFESBA, está centrada na produção de cacau de qualidade, o que cria dinâmica favorável a produção do chocolate, produto que se concretiza com qualidades e atributos superiores e desejados na atualidade pelo mercado. Nesse caso, as potencialidades estão na presença da agricultura familiar e do capital social e da disponibilidade de terras férteis, infraestrutura de transporte (estradas asfaltadas) e logística, entre outros.

As oportunidades externas são representadas de diversas formas, como a proximidade com mercados consumidores de alimentos com poder aquisitivo relativamente elevado, a exemplo dos municípios turísticos como Itacaré, Barra Grande, Trancoso, ) disponibilidades tecnológicas e possibilidade de acesso a grandes mercados consumidores externos de alimentos processados, como é o caso da China, Rússia e de alguns países do Oriente Médio e da Europa. As ligações e as relações entre o local e o global, dentro dos territórios rurais com predominância de agricultores familiares, podem ser facilitadas quando são realizadas pelas cooperativas agroalimentares ou agroindustriais incentivadas pelas parcerias, políticas públicas e sistema de gestão e governança eficientes.As convenções, como já explorado neste estudo, são as regras que coordenam os processos.

Segundo a NEI, são as “regras do jogo”, as normas que devem ser seguidas pelos atores, mas, com a contribuição da TC, essas regras e normas vêm de uma demanda interna, com o objetivo de alcançar um bem que irá beneficiar todos os “jogadores”, o atores, e, no caso do sistema agroalimentar e deste trabalho, toda a comunidade rural.

A abordagem da Teoria das Convenções para a análise do sistema agroalimentar, tem relevância na compreensão da atual dinâmica da reestruturação agroalimentar, com destaque para a agro industrialização oriunda da produção de agricultura familiar com coordenação cooperativista, por ter o foco privilegiado na qualidade e confiança, com seu efeito diferencial em todos os setores do sistema como uma poderosa ferramenta analítica.

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Referências

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