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3. METODOLOGIA

4.2 RELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS

Os resultados estão abaixo apresentados em forma de tabelas e gráficos a fim de esclarecer o grau de correlação entre as variáveis do presente estudo.

A tabela 7 apresenta o nível de correlação entre o Índice de Massa Corporal e os Estágios da Maturação Sexual para os sexos feminino e masculino.

Tabela 7: Valores de ρ para as correlações entre o Índice de Massa Corporal e os Estágios da Maturação Sexual.

Estágios da Maturação Sexual Sexo masculino Sexo feminino

Genitália Pelos Mamas Pelos

IMC 0,31 * 0,39 * 0,53 * 0,37 *

* p < 0,05

Observa-se que o coeficiente de correlação de (Spearman) entre o IMC e o estágio de maturação sexual embora considerado estatisticamente significante, para o sexo masculino foi fraco e para o sexo feminino foi moderado. A variação entre os estágios da maturação sexual pode explicar estes resultados. Ao avaliar crianças e adolescentes entre 8 e 18 anos, Castilho (2001) encontrou resultados semelhantes aos do presente estudo.

Yalcin e Kinik (1999), ao estudarem transversalmente 167 adolescentes do sexo feminino, entre 9 e 16 anos, identificaram que o IMC se correlacionou positivamente com os estágios de maturação das mamas (r=0,79) e também com a idade cronológica. No entanto, quando foram consideradas independente da idade, meninas que se encontravam em um mesmo estágio de desenvolvimento mamário, o IMC deixou de se correlacionar com a idade cronológica.

Estes valores demonstram que a avaliação do IMC de acordo com o estágio maturacional e de acordo com a idade cronológica em crianças e adolescentes, apresenta limitações. Por este fato é importante que os diagnósticos de saúde, as avaliações e os acompanhamentos que envolvem crianças e adolescentes devem levar em consideração a análise da composição corporal frente aos estágios da maturação sexual.

Diversos estudos tem mostrado a associação entre indicadores maturacionais e a obesidade em meninas (HIMES ET AL., 2004; RIBEIRO ET AL., 2006).

A tabela 8 e a figura 4 correspondem à distribuição do IMC de acordo com estágio de maturação das mamas para o sexo feminino.

Tabela 8: Distribuição do IMC de acordo com os estágios de maturação das mamas para o sexo feminino.

Estágio n med ± dp min p5 p10 p25 p50 p75 p90 p95 max 1 54 16,3 ± 1,8 13,4 14,2 14,5 15,1 15,8 17,5 18,9 19,6 23,1

2 58 18,7 ± 3,3 14,7 15,0 15,1 16,3 17,7 20,7 23,7 25,3 27,8

3 34 20,0 ± 3,3 14,5 15,0 16,0 17,5 19,5 22,3 25,2 26,5 27,7

4 7 22,3 ± 5,5 16,4 16,4 16,4 18,7 21,2 24,0 -- -- 33,2

5 3 24,2 ± 5,3 18,5 18,5 18,5 18,5 24,8 -- -- -- 29,1

Onde: med = média; dp = desvio padrão; min = mínimo; p__ = percentil; max = máximo

Figura 4 – Distribuição do IMC de acordo com os estágios de maturação das mamas para o sexo feminino.

Percebe-se que no sexo feminino, o IMC aumenta na proporção que o estágio maturacional avança, ao passar no p50 de 15,8 kg/m2 no estágio 1 para 24,8 kg/m2 no estágio 5. Na pesquisa realizada por Castilho (2001), este valor do IMC passou de 17,0 kg/m2 no estágio 1 para 21,5 kg/m2 no estágio 5.

Nas meninas, o estirão do crescimento marca o início da maturação sexual. As mamas começam o desenvolvimento no estágio 2, à medida que a velocidade de crescimento aumenta (TANNER, 1962; MARSHALL, 1977; TANNER, 1986).

Em estudo realizado por Díaz et al. (1996), foi considerado o IMC de acordo com o grau de maturação sexual frente a avaliação do estado nutricional de adolescentes entre 7 e 17 anos, de ambos os sexos. Concluíram que o IMC aumenta significativamente a cada estágio de maturação sexual, entre 0,5 e 1,3 kg/m2 . A partir disto, foi proposta uma classificação de IMC para avaliação nutricional, segundo o estágio da maturação sexual para adolescentes. Assim, foram considerados como ponto de corte de percentil 10 e percentil 90 para diagnóstico de baixo peso e sobrepeso respectivamente. Sendo desta forma, os sujeitos do sexo feminino que se encontravam nos estágios 2 com valores de IMC acima de 21,0 kg/m2, com aumento de 1 kg/m2 em cada estágio de desenvolvimento puberitário, atingindo o valor de 24,0 kg/m2 no estágio 5.

Foster et al. (1977), realizaram pesquisa em Lousiana, Estados Unidos, envolvendo 3524 crianças e adolescentes e identificaram que em meninas com maior massa corporal, a maturação sexual ocorreu mais cedo. Esta diferença não foi observada no sexo masculino.

Santos et al. (2007) avaliaram meninas atletas e não atletas entre 7 e 17 anos e encontraram no grupo de não atletas médias de IMC de 18,16 kg/m2, 20,31 kg/m2 e 22,35 kg/m2, nos estágios pré-púbere, púbere e pós-púbere respectivamente. Estes resultados corroboram com os valores encontrados na presente pesquisa.

De acordo com Barbosa et al. (2006), o diagnóstico de sobrepeso que considera o estágio de desenvolvimento puberitário apresenta maior sensibilidade em relação a proposta clássica. Adami e Vasconcelos (2008), afirmam que meninas com maturação sexual precoce têm maiores prevalências de sobrepeso e obesidade.

A tabela 9 e a figura 5 correspondem à distribuição do IMC de acordo com estágio de maturação da genitália para o sexo masculino.

Tabela 9: Distribuição do IMC de acordo com os estágios de maturação da genitália para o sexo masculino.

Estágio n med ± dp min p5 p10 p25 p50 p75 p90 p95 max 1 37 17,8 ± 2,6 14,6 15,1 15,5 16,1 17,0 18,5 20,9 24,2 27,7

2 77 18,7 ± 4,3 14,4 14,6 15,3 16,2 17,3 20,0 24,3 29,3 39,0

3 41 20,6 ± 5,2 14,6 14,8 15,7 16,8 19,1 23,3 26,5 29,2 42,0

4 18 20,6 ± 5,3 13,3 13,3 17,1 18,4 18,9 20,9 31,6 -- 36,9

5 5 21,0 ± 4,0 14,0 14,0 14,0 18,1 22,3 23,3 -- -- 24,1 Onde: med = média; dp = desvio padrão; min = mínimo; p__ = percentil; max = máximo

Figura 5 – Distribuição do IMC de acordo com os estágios de maturação da genitália para o sexo masculino.

Observa-se que no sexo masculino, o IMC aumenta na proporção que o estágio maturacional avança do 1 para o 3, ao passar no p50 de 17,00 kg/m2 no estágio 1 para 19,1 kg/m2 no estágio 3. Deste estágio para o 4, há uma leve queda e logo um aumento ao chegar no último estágio. Esta diminuição do IMC do entre os estágios 3 e 4, pode ser explicada pois os meninos iniciam a puberdade em média

cerca de dois anos depois do que as meninas e iniciam a maturação do genital por volta do estágio 2, antes de iniciar a aceleração do crescimento. Quando atingem esta fase, já encontram-se no estágio 3, ocasionando uma diminuição no IMC, já que este representa a relação entre massa e estatura2 (TANNER, 1962; MARSHALL, 1977; TANNER, 1986).

Em pesquisa realizada por Linhares et al. (2009) envolvendo meninos atletas entre 10 e 14 anos identificaram o aumento progressivo do IMC entre os estágios 1 e 2, uma leve queda entre os estágios 2 e 3 e posterior aumento ao avançar nos estágio 4 e 5. Foi constatado também que os resultados apontam diferença significativa entre os estágios puberais na massa corporal, na estatura e logo, no IMC. Zeferino et al. (2003) afirmam que a estatura, a massa corporal e o IMC estão relacionados ao crescimento e desenvolvimento de jovens que possuem ritmos biológicos distintos, principalmente durante a puberdade que é caracterizada por transformações físicas que acompanham o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.

Klein e Fernandes Filho (2003), relataram ter observado tendência de aumento da idade, da massa corporal e da estatura entre indivíduos pré púberes e púberes de 10 a 13 anos. O mesmo aumento foi encontrado por Schneider et al. (2002). Freitas et al. (2002) também identificaram súbito aumento nos valores de massa corporal em estudo envolvendo meninos entre 7 e 18 anos.

Em estudo realizado por Díaz et al. (1996), foi considerado o IMC de acordo com o grau de maturação sexual frente a avaliação do estado nutricional de adolescentes entre 7 e 17 anos, de ambos os sexos. Concluíram que o IMC aumenta significativamente a cada estágio de maturação sexual, entre 0,5 e 1,3 kg/m2 . A partir disto, foi proposta uma classificação de IMC para avaliação nutricional, segundo o estágio da maturação sexual para adolescentes. Assim, foram considerados como ponto de corte de percentil 10 e percentil 90 para diagnóstico de baixo peso e sobrepeso respectivamente. Sendo desta forma, os sujeitos do sexo masculino que se encontravam nos estágios 2 e 3 com valores de IMC acima de 21,0 kg/m2, foram classificados como sobrepeso; no estágio 4 acima de 22,0 kg/m2 e no estágio 5, acima de 23,0 kg/m2 .

Ao comparar os dados obtidos referentes aos meninos e meninas no presente estudo, pode-se observar que o aumento do IMC se deu em um percentual menor

no sexo masculino à medida que o estágio maturacional avançou. Esta percepção fica clara ao analisar e comparar as figuras 3 e 4.

Para Wang (2002), a obesidade esta associada em ambos os sexos à maturação sexual. Contrariamente aos meninos, as meninas com IMC mais alto tem a tendência de avançarem mais cedo nos estágios da maturação sexual. Segundo Castilho (2001), o IMC durante a adolescência é um marcador de amadurecimento orgânico, que reflete as alterações na composição corporal. As diferenças sexuais no ritmo de amadurecimento explicam as alterações que ocorrem no organismo durante este processo.

A Tabela 10 apresenta valores para as correlações entre o percentual de gordura, massa gorda, massa muscular, massa residual e massa óssea e os Estágios da Maturação Sexual propostos por Tanner (1962).

Tabela 10: Valores de ρ para as correlações entre o percentual de gordura, massa gorda e massa muscular e os Estágios da Maturação Sexual.

Estágios da Maturação Sexual Sexo masculino Sexo feminino

Genitália Pelos Mamas Pelos

Percentual de gordura -0,06 -0,01 0,41 * 0,23 * Massa gorda 0,28 * 0,33 * 0,60 * 0,45 * Massa muscular 0,49 * 0,54 * 0,65 * 0,70 * Massa residual 0,56 * 0,61 * 0,71 * 0,63 * Massa óssea 0,61 * 0,64 * 0,66 * 0,65 * * p < 0,05

Pode-se perceber que o coeficiente de correlação (Spearman) entre a massa gorda e o estágio de maturação sexual do sexo masculino (genitália) é fraca e do sexo feminino (mamas) é moderada. O coeficiente de correlação (Spearman) entre a massa muscular e o estágio de maturação sexual para meninos e meninas, pode ser considerado moderado. Os coeficientes de massa residual em relação a maturação sexual no sexo masculino foi moderado e para o sexo feminino está correlação pode ser considerada forte. Para a massa óssea, em ambos os sexos este coeficiente

pode ser entendido como moderado. Todas as correlações se mostraram mais fortes no sexo feminino. O percentual de gordura apresentou correlação muito fraca e negativa no sexo masculino e moderada no sexo feminino.

De acordo com Barbosa et al. (2006), existem crescentes evidências de que a maturação sexual precoce, constitui um fator de risco para o maior percentual de gordura corporal. Entretanto, os sujeitos com percentual de gordura mais elevado, têm maiores chances de maturar precocemente. Siervogel et al. (2003) afirma que não somente para o sexo feminino, mas também para o masculino são necessários determinados níveis de gordura corporal para que possibilite a ocorrência do estirão puberal.

De acordo com Siervogel et al. (2000), a diferença entre os sexos ocorre somente em relação a idade de ocorrência dos eventos puberais, mas também em função das modificações antropométricas e de composição corporal que são características deste processo. Tanto para meninas, quanto para meninos ocorre aumento significativo da massa de gordura corporal. Entretanto, no sexo masculino este aumento se dá de maneira mais lenta, sendo superado pelo ganho de massa magra.

A fim de verificar o grau de correlação entre o IMC com a maneira em que as crianças e adolescentes percebem sua imagem corporal, a Tabela 11 considera o coeficiente de correlação de Spearman entre as variáveis de Imagem Corporal Percebida e IMC dos sexos masculino e feminino.

Tabela 11: Valores de ρ para as correlações entre a imagem corporal percebida e o Índice de Massa Corporal.

Imagem corporal percebida Sexo masculino (n = 176) Sexo feminino (n = 156) Geral (n = 332) IMC 0,53 * 0,54 * 0,51 * * p < 0,05

É possível observar que o coeficiente de correlação (Spearman) entre a imagem corporal percebida e o IMC pode ser considerado moderado para ambos os sexos.

Para Hargreaves e Tiggemann (2002), a insatisfação com a imagem corporal de meninas a partir da puberdade, é verificada mesmo entre aquelas que encontram-se com o IMC dentro da classificação considerada normal. Ricciardelli e McCabe (2001), durante o processo de maturação sexual, principalmente devido aos efeitos da puberdade, as meninas tendem a acumular maior quantidade de gordura corporal e muitas vezes, se percebem mais distantes do padrão considerado ideal.

Em Santo André-SP, Conti et al. (2005) verificaram que os sujeitos do sexo feminino que apresentaram excesso de peso, identificaram maior insatisfação com determinadas regiões do corpo do que os sujeitos do sexo masculino. Neste mesmo estudo, foi constatada associação estatisticamente significante entre excesso de peso e insatisfação para as áreas do estômago, cintura e peso corporal de meninos. Para as meninas, foram apontadas as regiões do cabelo, nádegas, quadril. Coxas pernas, estômago, ombros/costas, tônus muscular, peso e aparência geral.

Em estudo realizado por Triches e Giugliani (2007) envolvendo crianças de 8 a 10 anos em dois municípios do Rio Grande do Sul, identificaram que 63,9% dos sujeitos estavam insatisfeitas com a imagem corporal e destas, apenas 16,9% foram classificadas com sobrepeso.

4.3 INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NO IMC

Neste capítulo, estão apresentados os dados que avaliam a proporção em que cada um dos tecidos (massa gorda, massa muscular, massa residual e massa óssea) participa do aumento do IMC para cada sexo.

A figura 6 apresenta a contribuição dos quatro componentes (IMGC, IMMC, IMRC e IMOC) no IMC médio dos sujeitos dos sexos masculino e feminino.

4,3 4,2 4,3 7,8 8,2 8,0 4,6 3,9 4,3 2,5 2,2 2,3 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Sexo masculino Sexo feminino Geral

IM C [k g /m *m ] .

IMGC IMMC IMRC IMOC

Figura 6 – Contribuição dos quatro componentes no IMC médio.

A figura 7 apresenta a contribuição percentual dos quatro componentes (IMGC, IMMC, IMRC e IMOC) no IMC médio dos sujeitos dos sexos masculino e feminino. 20,1% 21,8% 20,9% 42,6% 45,3% 43,8% 24,1% 20,9% 22,6% 13,3% 12,0% 12,7% 0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Sexo masculino Sexo feminino Geral

IM C [k g /m *m ] .

%IMGC %IMMC %IMRC %IMOC

Figura 7 – Contribuição percentual dos quatro componentes no IMC médio.

Nota-se que o percentual de massa gorda teve pouca variação média entre os sexos frente a contribuição percentual de IMC, apresentando no sexo feminino uma proporção levemente maior. Logo, o percentual de massa magra envolvendo os outros três componentes (massa muscular, massa residual e massa óssea) também apresentou pouca variação. A massa muscular das meninas apresentou maior contribuição frente ao aumento do IMC no sexo feminino do que no sexo masculino.

A figura 8 relaciona a proporção em que os quatro componentes (IMGC, IMMC, IMRC e IMOC), participam do aumento do IMC, de acordo o estágio de maturação da genitália para o sexo masculino.

3,3 4,3 5,1 4,4 4,9 7,8 7,5 7,9 8,5 8,3 4,3 4,5 5,0 5,0 5,1 2,4 2,4 2,6 2,7 2,7 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 1 2 3 4 5

Estágios da Maturação Sexual

IM C [k g /m *m ] .

IMGC IMMC IMRC IMOC

Figura 8 – Contribuição dos quatro componentes no IMC médio em relação aos estágios de maturação da genitália para o sexo masculino.

A figura 9 relaciona a proporção em percentual em que os quatro componentes (IMGC, IMMC, IMRC e IMOC), participam do aumento do IMC, de acordo com o estágio de maturação da genitália para o sexo masculino.

17,9% 20,6% 21,9% 17,9% 21,8% 44,6% 42,1% 41,0% 44,3% 41,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 13,4% 13,2% 13,0% 13,6% 13,0% 0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0% 1 2 3 4 5

Estágios da Maturação Sexual

IM C [k g /m *m ] .

%IMGC %IMMC %IMRC %IMOC

Figura 9 – Contribuição percentual dos quatro componentes no IMC médio em relação aos estágios de maturação da genitália para o sexo masculino.

A figura 10 relaciona o aumento dos quatro componentes (IMGC, IMMC, IMRC e IMOC), relativos ao IMC, com o estágio de maturação da mamas para o sexo feminino. 3,0 4,4 5,1 6,6 7,7 7,9 8,1 8,5 8,6 9,3 3,4 3,9 4,2 4,7 5,1 2,1 2,2 2,3 2,4 2,1 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 1 2 3 4 5

Estágios da Maturação Sexual

IM C [k g /m *m ] .

IMGC IMMC IMRC IMOC

Figura 10 – Contribuição dos quatro componentes no IMC médio em relação aos estágios de maturação das mamas para o sexo feminino.

A figura 11 relaciona o aumento percentual dos quatro componentes (IMGC, IMMC, IMRC e IMOC), relativos ao IMC, com o estágio de maturação da mamas para o sexo feminino.

17,9% 22,7% 24,4% 27,5% 30,6% 48,5% 44,4% 43,2% 40,7% 39,7% 20,9% 20,9% 20,9% 20,9% 20,9% 12,7% 11,9% 11,5% 10,9% 8,9% 0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0% 1 2 3 4 5

Estágios da Maturação Sexual

IM C [k g /m *m ] .

%IMGC %IMMC %IMRC %IMOC

Figura 11 – Contribuição percentual dos quatro componentes no IMC médio em relação aos estágios de maturação das mamas para o sexo feminino.

Observa-se que a medida que os estágios 1, 2 e 3 avançam no sexo masculino, há um incremento na massa gorda e na massa muscular em termos relativos. Ao considerar a massa magra envolvendo os três componentes (massa muscular, massa residual e massa óssea), pode-se dizer que há um aumento de massa gorda e de massa magra nestes estágios. Por consequência disto, há também um aumento progressivo do IMC nestas fases onde há maior concentração da amostra deste estudo.

Percebe-se que a medida que os estágios da maturação sexual evoluem, o percentual de massa gorda que contribui frente ao aumento do IMC, avança também progressivamente, passando de 17,9% no Estágio 1 (M1) para 24,6% no estágio 3 (M3) e para 30,6% no estágio 5 (M5). Contrariamente a isto, o percentual de massa muscular diminui progressivamente ao longo do avanço dos estágios, passando de 48,5% no estágio 1 (M1), para 43,2% no estágio 3 (M3), para 39,7% no estágio 5 (M5). Considerando os três componentes (massa muscular, massa residual e massa óssea) como massa magra, pode-se dizer que a medida que os estágios avançam, as meninas apresentam um ganho de massa gorda e uma diminuição de massa magra. Nota-se que à medida que a mulher amadurece sexualmente, pode-se observar neste estudo que em termos absolutos, ganha massa e massa gorda.

Estas mesmas evidências foram encontradas em pesquisa realizada por Castilho (2001), onde relativamente as meninas ganham tecido adiposo e perdem massa magra ao longo dos estágios da maturação sexual. Em pesquisa realizada por Ibanez et al. (2003), envolvendo sujeitos do sexo feminino, identificaram que independente do IMC, tanto as medidas que refletem a massa gorda e o percentual de gordura, como aquelas que referem-se à distribuição da gordura corporal, foram significativamente maiores em todos os estágios puberais em meninas com maturação sexual precoce. Isto significa que no sexo feminino, a maturação sexual precoce está relacionada à maior adiposidade e à distribuição centralizada de gordura.

Segundo Castilho (2001), o IMC durante a adolescência é um marcador de amadurecimento orgânico que reflete às alterações na composição corporal. Marino e King (1980) afirmam que as diferenças sexuais no ritmo de amadurecimento explicam as mudanças que ocorrem nesta fase no organismo.

Os meninos iniciam a puberdade em média, dois anos mais tarde do que as meninas. No sexo feminino, o estirão do crescimento marca o início da maturação

sexual. As mamas começam a se desenvolver em M2 a medida que a velocidade de crescimento acelera. Os meninos iniciam a maturação do genital em G2 antes de iniciar a aceleração do crescimento. Quando atingem esta fase, já estão no estágio G3 (TANNER, 1962; MARSHALL, 1977; TANNER, 1986).

Malina e Bouchard (1991) afirmam que durante a adolescência, as meninas tendem a ganhar maior massa gorda do que os meninos, sendo que no gênero feminino, a massa gorda refere-se a um percentual maior de massa corporal quando comparado ao sexo masculino. Oliveira e Veiga (2005) colocam que tem sido verificada associação significativa entre maturação sexual e a prevalência de sobrepeso e obesidade no sexo feminino. Van Loan (1996) observou também esta diferença entre os sexos e contribui afirmando que o aumento anual da gordura corporal em meninas pode chegar a 1,14 Kg, enquanto que nos meninos ocorre um decréscimo que pode ser explicado pelo aumento da massa magra.

A fim de avaliar a influência dos quatro componentes da composição corporal (massa muscular, massa gorda, massa residual e massa óssea) no IMC, a tabela 12 apresenta o coeficiente de determinação entre o IMC e a Massa Gorda, Massa Muscular, Massa Óssea e Massa Residual.

Tabela 12: Coeficiente de determinação entre o Índice de Massa Corporal e os componentes da Composição Corporal.

Índice de Massa Corporal Sexo masculino (n = 176) Sexo feminino (n = 156) Geral (n = 332) Massa Gorda 84 % (0,91 *) 83 % (0,91 *) 81 % (0,90 *) Massa Muscular 1 % (0,11) 23 % (0,48 *) 6 % (0,25 *) Massa Óssea 31 % (0,56 *) 34 % (0,59 *) 31 % (0,56 *) Massa Residual 72 % (0,85 *) 70 % (0,84 *) 67 % (0,82 *) Onde: Coeficiente de determinação (coeficiente de correlação de Pearson). * p < 0,05

Complementando as figuras (6, 7, 8 e 9) expostas anteriormente, percebe-se que em ambos os sexos, uma variação de massa gorda e de massa residual influencia muito mais na variação do IMC do que uma variação de massa muscular e

de massa óssea. Ao considerar os componentes massa muscular, massa óssea e massa residual como massa magra, pode-se dizer que os valores altos de massa residual podem ser explicados pois as vísceras, órgãos, líquidos e gases representam um peso maior (em quilos) quando comparada a massa óssea e massa muscular.

Observa-se que o grau de correlação da massa gorda e massa residual com o IMC pode ser considerado muito forte em ambos os sexos. A massa muscular no sexo masculino possui um grau de correlação fraco e no sexo feminino muito fraco. Em ambos os sexos, a massa óssea apresentou um coeficiente de correlação fraco em relação ao IMC.

A partir do desenvolvimento da presente pesquisa, foi possível identificar em que proporção as variáveis que envolvem a composição corporal (massa gorda, massa muscular, massa óssea e massa residual) participam no aumento do índice de massa corporal durante o processo de maturação sexual entre os sujeitos inscritos no Programa Mais Educação da Rede Municipal de São José - SC.

Percebeu-se que em média, o sexo masculino apresentou maior massa corporal e estatura em relação ao sexo feminino. Este fato reflete-se em um maior IMC também do sexo masculino. A média de idade dos sujeitos do sexo masculino foi ligeiramente maior do que do sexo feminino. A partir de classificação proposta pela WHO (2007), pode-se classificar a média de IMC do sexo masculino e do sexo feminino como normal.

Observou-se que a dobra cutânea tricipital dos sujeitos do sexo masculino teve uma leve diminuição entre os 10 e 13 anos, porém entre os 13 e 17 anos, os valores oscilaram entre aumento e diminuição. Entretanto, os dados referentes à dobra cutânea subescapular foram menores do que na dobra cutânea tricipital, considerando que com o avanço da idade, a concentração de gordura corporal tende

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