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Instalação de um pomar de kiwi em Pontevedra, Galiza

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Academic year: 2021

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1. INTRODUÇÃO

O kiwi é uma planta trepadora originária da China cultivada em muitas regiões temperadas do mundo pelo seu fruto, não só saboroso, mas também por ser um dos mais ricos em Vitamina C. Esta planta precisa de um clima húmido, chuvoso e de temperaturas moderadas, razão pela qual a zona das Rias Baixas Galegas é idónea para o seu cultivo, onde, aliás quase não tem doenças nem pragas.

A Galiza é o maior produtor de Kiwi de Espanha, país que nos últimos anos tem aumentado não só a sua importação, convertendo-se no principal importador europeu de Kiwi com um consumo per capita de 2 Kg/habitante e ano, mas também tem aumentado a sua exportação, tanto em volume como em valor. Ou seja, a produção desta fruta tem uma quota de mercado em crescimento em Espanha.

A empresa galega Kiwi Atlántico, maior produtora de kiwi em Espanha, e com sede em Pontevedra, é uma sociedade de produtores de kiwi do noroeste da Espanha que atualmente só coloca duas exigências para a compra da produção desta fruta: que seja produzida em regime de produção integrada, e produzir como mínimo 10 t/ha.

Dada a disponibilidade de uma parcela de 0,62 hectares na província de Pontevedra, Galiza, há mais de 15 anos sem cultura, a presente tese pretende estudar a viabilidade da instalação de um pomar de kiwi. Para o qual realizar-se-á:

 Uma análise das possíveis condicionantes: onde serão estudadas a topografia, o clima e as características edáficas da parcela, assim como da qualidade da água que será utilizada para a rega.

 Um plano de todas as operações culturais necessárias à instalação do pomar

Um estudo da rentabilidade do projeto mediante o cálculo a 30 anos dos proveitos e custos do pomar, e do cálculo de diferentes índices de rentabilidade.

2. A CULTURA DO KIWI

O kiwi é uma liana originária das montanhas do sul de China, no entanto, apesar de ser o seu país de origem, o seu cultivo na China só começou apenas há um quarto de século (Bascuñana, 1989; Zuccherelli & Zuccherelli, 1990; Childers et al., 1995; Ferguson et al.,1996).

Em 1847, Robert Fortune, um colecionista da Royal Horticulture Society de Inglaterra batizou botanicamente o kiwi como Actinidia chinensis. Meio século mais tarde as suas sementes viajaram para o Reino Unido, França, etc. e à Nova Zelândia, as primeiras sementes chegaram em 1904, mas não foi até 1930 que se cultivou com interesse comercial na “Bahia de Plenty”, conseguindo, depois de intensos trabalhos de melhoramento, as cultivares que ainda hoje são as mais difundidas.

Na década dos 50 começaram as primeiras exportações da Nova Zelândia para Austrália e Inglaterra desta fruta que chamavam “groselha chinesa”, mas numa tentativa de fazer o produto mais atrativo, os agricultores da Nova Zelândia, começara-nos a chamar “Kiwifruit” devido à semelhança da fruta com a ave endógena do seu país, o Kiwi, e este nome foi amplamente aceitado e publicitado.

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Durante as duas décadas posteriores o fruto foi ganhando fama e em finais dos anos sessenta, José Fernández López, criador de Pescanova, laboratórios Zeltia, a empresa de comboios Transfesa entre outras empresas teve conhecimento dum fruto especialmente saboroso procedente da Nova Zelândia que se vendia com êxito na Alemanha. Ao descobrir que o clima das Rias Baixas galegas, húmido, chuvoso e de temperaturas moderadas, podia ser apropriado para a cultura desta baga, não duvidou em trazer o fruto para Galiza e fundar a empresa Produtores de Actinidia Chinensis S.A. que exportava kiwis para Alemanha com o anúncio “Kiwis aus Galicien”.

Entre 1982 e 1987, a sua cultura expande-se pela Galiza, especialmente em Pontevedra, e sobe de 45 a 357 ha, para depois estender-se por toda a costa cantábrica. Atualmente, Espanha conta com mais de 1400 ha cultivados com kiwi e é o país que mais importações deste fruto regista, com um consumo per capita de 2,2 Kg/ano (Pérez-Lanzac, 2004; García et al., 2014).

2.1 SITUAÇÃO MUNDIAL DA CULTURA 2.1.1 Superfície e produção mundial

Os dados mais atuais da FAO são de 2012, onde se mostra que a superfície mundial ocupada com kiwi era de 98656 ha, o que representou um crescimento do 59,4% desde o ano 2003. Durante esse período, a Itália era o país com a maior superfície plantada de kiwi a nível mundial, mas no 2012, foi superada por Turquia com 28500 ha e 28,9% da produção de kiwi. A seguir encontram-se Itália, com 24,7%; Nova Zelândia com 12,9% e Chile, com 11,1%; somando todos eles juntos, o 77,6% da superfície mundial de kiwis.

Assim como a área plantada, a produção mundial também cresceu desde o 2003 até 1,41 milhões de toneladas em 2012, o que representa uma taxa anual de crescimento do 4,8%, e um crescimento do 52,2% desde o 2003. No entanto, este crescimento é bastante inferior ao registado pela superfície plantada, possivelmente devido a que este aumento de superfície foi levado a cabo na segunda metade da década, e parte da superfície ainda não entrou em produção.

Aliás, é importante mencionar que a produção mundial de kiwis registrou uma taxa anual de crescimento do 7,9% até o ano 2008, momento no que se registou uma descida drástica que coincide com a aparecimento da bactéria Pseudomonas syringae pv actinidiae (PSA), que tem afetado as plantações dos principais países produtores e exportadores de kiwi.

Apesar de ser líder em superfície, a Turquía não está entre os países com maior produção mundial, pois só representa um 2,6%. Os quatro países líderes são Itália com uma participação de 27,2%; seguida de Nova Zelândia, com 26,6%; Chile, com 17% e Grécia com 11%. Estes quatro países produzem 82% da produção mundial, o que concentra a oferta mundial dos kiwis em poucos países.

A produção mundial de Kiwis está orientada maiormente aos mercados externos, pois os principais países produtores; Itália, Nova Zelândia e Chile dedicam a maior parte da produção, mais do 80%, ao comércio externo (Mina, 2013).

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2.1.2 Principais países importadores

Os principais e mais tradicionais mercados importadores de kiwis estão concentrados no hemisfério norte. Segundo os dados do Centro de Comércio Internacional, CCI, o volume das importações mundiais de kiwi registou uma taxa de crescimento anual de 2,9% no período 2009-2013, no entanto, o valor das importações registou uma taxa anual de crescimento de 5,5% no mesmo período, o que implica um aumento dos preços médios.

Espanha lidera as importações mundiais em 2013, registando uma recuperação sofrida no 2011, provavelmente como resultado da crise económica europeia. Bélgica ocupa o segundo lugar, após a descida continua sofrida nos últimos 5 anos, e em terceiro lugar está Egito, que como podemos ver na Figura 1 do Anexo 2, mostra valores muito irregulares. Rússia ocupa o quarto lugar registando um crescimento contínuo nos últimos 5 anos.

De acordo com o valor das importações, o Japão é o país com maior importação de kiwi, o que não é de estranhar, pois o mercado japonês é um mercado de preços altos que depende quase totalmente da oferta neozelandesa. A seguir, encontram-se Espanha, Alemanha e Bélgica. A Rússia ocupa o quinto lugar, mas apresenta uma tendência de crescimento continuo nos últimos 5 anos, quase triplicando o valor das suas importações no período analisado (Figura 2 do Anexo 2).

2.1.3 Principais países exportadores

Segundo a FAO, as exportações mundiais de kiwis frescos estão altamente concentradas nos quatro países produtores principais, que concentram o 77% do volume mundial exportado no 2013.

Como podemos observar na Figura 3 do Anexo 2, a Nova Zelândia encabeça os maiores exportadores de kiwis no período 2009-2013, segundo o volume exportado. A Itália, que liderou as exportações em 2010, atualmente ocupa o segundo lugar, depois de registar uma descida continua no período analisado. O Chile ocupa o terceiro lugar com um crescimento do volume exportado nos últimos anos, e a Grécia o quinto, mostrando um crescimento ainda que com uma alta variabilidade dos volumes exportados.

Nova Zelândia também é o país que lidera as exportações de kiwis medidas pelo seu valor, como podemos observar na Figura 4 do Anexo 2, no entanto, mostra uma descida de 20% em 2013 em relação a 2012, quando a diminuição em volume das exportações para esse mesmo período representa o 13%. A Itália, o segundo exportador mundial, regista a situação inversa, pois apesar de registar uma descida de 5,5% no seu volume exportado no ano 2013 em relação a 2012, registou um crescimento do 20% no seu valor exportado. O Chile, que ocupa o terceiro lugar, tem registado um aumento continuo do valor exportado, especialmente no período 2012-2013, onde para volumes similares exportados, o valor aumentou 22,5%. No quinto lugar se encontra Grécia, que conseguiu manter o seu valor exportado apesar de sofrer uma redução do 22,2% do volume exportado no período 2012-2013.

A Nova Zelândia foi o único país que não aproveitou o incremento dos preços internacionais no período 2012-2013 (Mina, 2013).

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2.2 SITUAÇÃO EM ESPANHA

2.2.1 Superfície

Segundo os dados de FEPEX, a superfície plantada com kiwi em Espanha alcançou 1423 ha em 2013, registando um aumento de 21,5% desde o ano 2003. Como podemos observar na Figura 5 do Anexo 2, foi no ano 2012 quando se registou este aumento, provavelmente devido à grande implantação de pomares de kiwi realizada por parte da Comunidade autónoma de Aragão

A comunidade autónoma com maior extensão dedicada à cultura do kiwi é Galiza com 851 ha dedicados a esta fruta em 2013, concentrada, fundamentalmente nas províncias de A Corunha e Pontevedra com 271 e 535 ha, respetivamente. Em segundo lugar encontra-se Astúrias, com 180 ha; seguida de Aragão, com 106 ha; e País Basco com 103 ha. Todas elas juntas representam o 87% do território espanhol dedicado ao kiwi.

2.2.2 Produção

Ainda que no período 2011-2013 a comunidade autónoma de Aragão aumentasse consideravelmente a superfície dedicada ao kiwi, no ano 2013 Espanha registou uma produção de 19836 toneladas de kiwi, o que representa um 15,33% menos que o registado no ano 2011 (Figura 6 do Anexo 2). Esta descida drástica da produção coincide com o ataque da PSA que afetou gravemente a cultura da província galega de Pontevedra que passaram duma produção de 12401 toneladas no 2011 a 6622 em 2013 (Fepex, 2015).

Como podemos observar na Figura 7 do Anexo 2, a produção de kiwi em Espanha encontra-se localizada principalmente na comunidade autónoma da Galiza com uma produção de 12099 toneladas em 2013. Em segundo lugar encontra-se nas Astúrias, com uma produção de 2345 t, seguida de Aragão e País Basco com 1709 e 1027 t, respetivamente (Fepex 2015).

2.2.3 Exportações de kiwi

A exportação de kiwi em volume no 2014 alcançou as 15477 toneladas, 13% mais que no ano anterior, das quais o 66,68% ficou em dentro da União Europeia, principalmente em Portugal, com o 27,14%; Itália, com 12,30%; Reino unido, com 8,9%; e França, com 8%. Todos juntos somam 56,5% das exportações de kiwi. No mesmo ano, as exportações de kiwi em valor representaram 10760643 de euros, dos quais o 70% pertence aos países da União Europeia. O país que lidera esta lista volta a ser Portugal, com o 25%; mas o segundo desta lista é França, com 14,6%, seguido de Reino Unido e Itália, com 10,7 e 7,8%, respetivamente.

O aumento das exportações em volume em 13% no ano 2013 em relação a 2012, foi devido principalmente ao aumento do produto exportado a Itália e Reino Unido. No entanto, no mesmo período, o valor das exportações aumentou um 45%, o que demostra uma melhor gestão do produto (Fepex 2015).

2.2.4 Importações kiwi

As importações de kiwi em volume alcançaram em 2014 as 59911 toneladas, das quais o 76,6% vieram de países da união europeia.

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O principal país de onde Espanha importa kiwi é Itália, com o 43% do kiwi importado, seguido de Bélgica 13,5%; a seguir estão Portugal e França com o 10,6 e o 3,5%, respetivamente (Fepex 2015).

2.3 ECOLOGIA DA CULTURA

2.3.1 Requisitos edafo-climáticos 2.3.1.1 CLIMA

A temperatura, o vento, a humidade relativa do ar, a precipitação e a insolação são os fatores climáticos mais influentes no desenvolvimento e produção desta espécie, podendo tornarem-se limitantes para a sua cultura.

A influência da temperatura deve-se principalmente à possibilidade de geadas, pois temperaturas de -2 ou -3 °C durante várias horas podem ser suficientes para destruir os gomos florais e portanto, perder a produção do ano. No entanto, durante o inverno esta cultura pode resistir temperaturas até -20 ºC, e até -10 a partir de Fevereiro, momento em que recomeça a circulação de seiva e as temperaturas inferiores poderão danificar os troncos. É importante que a partir de Março a planta tenha entre 225 e 240 dias livres de geadas, pois é o momento no que as plantas tem folhas e estão mais sensíveis. As geadas no mês de maio, ou seja, durante a floração e nos meses de outubro e novembro, nos quais se procede a colheita também são causantes da perda de produção, mas não são acidentes habituais no nosso clima.

As necessidades de frio invernal não parecem perfeitamente quantificadas para cada área de cultura, estimando-se de uma forma global entre 600 e 800 horas por ano a temperaturas abaixo do zero vegetativo (situado entre os 7 e os 8 ºC) para quebrar a dormência dos gomos.

A ação do vento também é limitante na cultura do kiwi, pois pode ocasionar danos mecânicos e fisiológicos nas plantas, entre os quais podem-se citar a quebra de folhas, gomos e flores, dificultar a polinização por interferir no voo das abelhas, etc. Por isto, é importante colocar a cultura em lugares com abrigo natural contra os ventos dominantes e, se for necessário, instalar corta-ventos naturais ou artificiais.

A humidade relativa do ambiente deve ser superior ao 60%, perferivelmente entre 75-80%, para evitar perdas excessivas de água através da transpiração, as quais como consequência originariam uma paragem no crescimento vegetativo e desenvolvimento dos frutos. A instalação dum sistema de rega por micro-aspersão colocado a uma altura próxima das folhas é usado para elevar a humidade relativa do ambiente.

Estima-se que as precipitações necessárias para esta cultura estão entre os 1400 e 1500 mm, distribuídos uniformemente ao longo do ano. Os períodos de maior necessidades em água e que normalmente é preciso cobrir mediante a rega são imediatamente depois do vingamento do fruto e no mês de setembro.

Por último considera-se que a insolação ideal é de 2200 a 2300 horas por ano, podendo aumentar ou diminuir a exposição através do sistema de condução da cultura e da sua poda subsequente (CIREN, 1988; ; Antunes, 2008; García & García, 2010).

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2.3.1.2 SOLO

A Actinidia é uma planta sensível à asfixia radicular, sendo necessário para o seu cultivo os solos bem drenados, ricos em matéria orgânica e de pH neutro ou ligeiramente ácido. Por outro lado, esta cultura não tolera solos com toalhas freáticas pouco profundas e conteúdos elevados de argila ou calcário ativo (> 5%).

A produtividade desta cultura está intimamente ligada com o desenvolvimento que pode atingir o seu sistema radicular, otimizando-se nos solos e subsolos de textura franca ou franco-arenosa, onde as raízes possam atingir profundidades 1 metro (CIREN,1988; García & García, 2010).

2.4 CULTIVARES

O género Actinidia pertence à família Actinidiaceae e à ordem Ericales. Dentro deste género já foram descritas mais de 60 espécies (Bascuñana,1989; Ferguson, 1990; Ferguson et al., 1996; Cheah e Irving, 1997; Ferguson, 1997; Morley-Bunker e Lyford, 1999; Gil, 2000; Ferguson, 2007). As principais espécies pertencem a três seções:

a) Secção Stellatae: ricas em Vitamina C - A. chinensis Planch.

- A. deliciosa (Chef.) Liang & Ferg. - A. latifolia (Gardn. & Champ.) Merr - A. eriantha Benth.

b) Secção Leiocapae: mais adaptadas a climas frios. - A. arguta (Sieb & Zyucc.) Planch ex. Miq. - A. kolomikta Maxim. Rupr.

- A. melanandra Franch.

- A. polygama (Sieb & Zucc.) Maxim. c) Secção Maculatae

- A. chrysantha Liang. - A. indochinensis Merr.

O kiwi apresenta cultivares femininas e masculinas, pois apesar de ser uma espécie fisiologicamente dióica, ou seja, as flores apresentam os dois sexos na mesma flor mas um deles é estéril. As flores das plantas masculinas apresentam na posição central, um grande número de estames com anteras que produzem pólen, mas possui um pistilo atrofiado não funcional. Por outro lado, as flores das plantas femininas contêm grande número de estigmas funcionais, mas as suas anteras produzem pólen estéril. Desta forma, é preciso ter plantas femininas e masculinas no pomar ou realizar a enxertia de ramos da cultivar polinizadora (cv. masculina) na planta produtora (cv. feminina) (González et al., 1996; Antunes 2008).

Segundo Garcia e García, (2014), as três espécies de Actinidia de maior importância económica e as respetivas cultivares são:

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2.4.1 Cultivares femininas de A. deliciosa

As principais cultivares femininas de Actinidia deliciosa: ‘Abott’, ‘Allison’, ‘Bruno’, ‘Hayward’, ‘Monty’, ‘Kramer’, ‘Greensil’, ‘Vicent’, ‘Tewi’, ‘Gracie’, ‘Jones’ e ‘Elmwood’.

 ‘Hayward’

Foi selecionada em finais da década de 1920, mas ainda hoje é, com muita diferença, a mais cultivada no mundo. É a cultivar de A. deliciosa com maiores necessidades de frio invernal, entre 600 e 850 horas entre os meses de novembro e março, sendo as suas primeiras produções significativas, geralmente, após o quinto ano.

É uma planta medianamente vigorosa e muito produtiva. As suas flores são grandes e bancas com 5 a 7 cm de diâmetro e muito atrativas. Os frutos têm forma elipsoidal e são de grande tamanho, com pesos médios ao redor de 105 g e uma alta densidade, o que faz com que seja um dos melhores em relação volume/peso de todas as Actinidia. A sua epiderme é castanha e está recoberta por uma fina pilosidade. A sua polpa é verde brilhante de bom sabor.

A época de colheita é a primeira quinzena de novembro e é caracterizada por apresentar a melhor conservação frigorífica de todas as variedades, até mais de 6 meses em atmosfera controlada.

Nos últimos anos têm aparecido alguns clones derivados de Hayward, com melhores características do Fruto (Antunes, 2008; Rubio e Lena, 2010; Garcia et al., 2014)

 ‘Hayward CLON 8’

É um clone de ‘Hayward’ de origem grega. Este clone é também muito produtivo, mas os seus frutos apresentam um peso médio um 20% superior ao ‘Hayward’ e amadurecem uma semana antes. Aliás produz menos frutos duplos, é mais resistente às geadas e menos susceptível a Pytophthora (Garcia et al., 2014).

 ‘Top Star’

É uma mutação de ‘Hayward’ muito produtiva. A sua planta é vigorosa, com uma vegetação muito compacta. Caracteríza-se por dar um fruto de bom tamanho que carece de pilosidade (Garcia et al, 2014).

 ‘Summer Kiwi’

É uma seleção obtida na Itália mediante cruzamento dirigido. É uma planta um pouco mais vigorosa que a ‘Hayward’ e muito produtiva, no entanto, os seus frutos têm um peso médio de 85 g e são menos ácidos e mais doces que a maioria de cultivares de kiwi verde. Atualmente é a variedade de kiwi verde mais precoce cuja colheita é cerca de 35 dias antes que ‘Hayward’ (Garcia et al., 2014).

Outras cultivares de kiwi verde tradicionais e pouco ou nada cultivadas pelo seu escasso interesse comercial são:

 ‘Bruno’

A sua planta é muito vigorosa e rústica, que se distingue pela frondosidade da sua vegetação e o verde intenso da sua folhagem. É bastante produtiva, tem uma entrada em produção precoce

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(segundo ou terceiro ano) e as suas necessidades em horas de frio invernal é muito menor que as da ‘Hayward’, cerca de 300 horas.

Floresce uns dias antes que a 'Hayward’ e a colheita realiza-se uma semana antes mas a sua conservação frigorífica é inferior (até quatro meses).

Em relação aos frutos, são de pequeno tamanho, de 60 a 80 g de peso, e completamente cilíndricos. A sua epiderme é de cor castanho escuro e recoberta por pelos mais grossos e compridos que o resto de cultivares. No entanto, a sua polpa também tem mais Vitamina C que a maioria das cultivares. (Garcia et al., 2014).

 ‘Abbott’

É uma cultivar vigorosa e de entrada em produção precoce. Floresce 3 ou 4 dias antes da ‘Hayward’ e a sua colheita é uma semana antes.

Os frutos são de cor castanho claro e de abundante pilosidade, com a coluna central da polpa bastante mais dura do que as outras cultivares (Garcia et al., 2014).

 ‘Monty’

Esta planta é de vigor médio, rústica, com necessidades em frio invernal inferiores à ‘Hayward’ (500 h) e mais tolerante à seca do que as outras cultivares. As épocas de floração e colheita são similares às da ‘Abbott’ e ‘Bruno’, e a sua conservação é mais curta do que a da ‘Hayward’, 4 a 5 meses.

O seu fruto é de tamanho médio, com peso entre 80 – 90 g, com estrias verticais caraterísticas e com tendência a produzir 3 frutos por pedúnculo. Ainda que ligeiramente ácido, o seu fruto é saboroso.

Existem outras cultivares similares a estas: ‘Allison’, ‘Elmwood’, ‘Greensil’, ‘Gracie’, ‘Vicent’, ‘Blake’, etc. mas todas elas sem interesse comercial devido ao menor calibre do fruto, menor produtividade e fundamentalmente por ter uma conservação frigorífica muito mais curta (Garcia et al., 2014).

2.4.2 Cultivares femininas de A. chinensis

Segundo Garcia et al., (2014), as principais cultivares femininas de Actinidia chinensis são: ‘Golden King’, ‘Yellow Queen’, ‘MG06’ e ‘Farroupilha’.

É a segunda espécie mais importante de Actinidia em superfície cultivada, no entanto, a susceptibilidade desta espécie à bacteriose em geral, e particularmente, à Pseudomonas syringar pv. actinidiae, fez com que muitos agricultores optassem pela produção doutras espécies. Atualmente está-se recuperando o seu cultivo pelo aparecimento de novas cultivares mais tolerantes e pela maior informação sobre as técnicas de prevenção da doença (García e García, 2010; Garcia et al., 2014).

Os frutos desta espécie caracterizam-se por ter a polpa amarela brilhante e serem mais doces que o kiwi verde. Aliás, as necessidades em frio invernal desta espécie são inferiores às das cultivares de A. deliciosa, ficando abaixo das 300 horas de frio (Antunez, 2008; Garcia et al., 2014).

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 ‘Hort 16 A’ (‘Zespri® Gold’)

Esta cultivar foi obtida na Nova Zelândia em 1992, e hoje em dia é a cultivar desta espécie mais cultivada no mundo. É uma planta muito produtiva com uma colheita similar à da ‘Hayward’, com frutos de tamanho médio e o aroma floral muito pronunciado. A polpa é amarela e rica em açúcar, vitamina C, E e ferro (Garcia et al., 2014).

 ‘Sungold’

É uma seleção de ‘Zespri® Gold’ que se caracteriza pela sua ausência de pilosidade e por não ter o aroma floral tão pronunciado (Garcia et al., 2014).

 ‘Jintao’ (‘Jing Gold’)

É uma cultivar selecionada na China e introduzida na Europa pelo consórcio italiano Kiwi Gold em 1998. É uma cultivar muito produtiva, com uma época de colheita similar à da ‘Hayward’ e um tempo de conservação frigorífica de até 6 meses. Aliás é menos sensível à verticiliose e à bacteriose do que outras cultivares amarelas.

Em quanto aos seus frutos, têm a polpa amarela como o de ‘Hort 16 A’, no entanto, o seu calibre é inferior (Garcia et al., 2014).

 ‘A 19’ (‘Enza Gold’)

É uma cultivar selecionada na Nova Zelândia por D. Skelton. É muito produtiva, com um fruto de aspecto exterior similar ao da ‘Hayward’ e mais ácido que os anteriores (Garcia et al., 2014).

 ‘JB Gold’ (‘kiwi kiss’)

Esta cultivar também foi obtida por D. Skelton. A sua época de colheita é similar à da ‘Hayward’ ou ‘Jintao’ e os seus frutos são dos maiores dentro das cultivares amarelas. Aliás, é altamente produtiva, podendo ultrapassar as 50 t/ha (Garcia et al., 2014).

 ‘Soreli’

É uma variedade tetraploide selecionada em Itália pelo professor Testolin e o Dr. Cipriani, da Universidade de Udine, Itália.

É uma planta com entrenós muito curtos com uma alta produção de botões florais, pelo que é muito produtiva. Aliás, o calibre do fruto é superior ao da cultivar Jintao (cerca de 100 g). A sua época de colheita é 3 ou 4 semanas antes que ‘Hayward’ e assim como ‘Jintao’, tolera melhor o frio que outras cultivares de polpa amarela devido ao seu abrolhamento tardio (Garcia et al., 2014).

2.4.3 Cultivares femininas de A. arguta e A. kolomikta

A maioria das cultivares em cultura comercial pertencem a A. arguta. Os frutos destas espécies são conhecidos internacionalmente como “baby kiwi”, “mini kiwi”, “kiwi berry”; e na Espanha como “Kiwiño” (nome criado na Galiza) que aliás é o nome de uma variedade selecionada no Centro Fitopatológico de Areeiro (Pontevedra). Por outro laco, a Actinidia kolomikta é também chamada “Beleza do ártico”.

As necessidades edafo-climáticos são similares aos outros kiwis, mas são muito resistentes ao frio invernal dado que são originárias do norte de Ásia oriental.

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Mesmo que a maioria dos machos usados para as espécies A. chinensis e A. deliciosa possam atuar como polinizadores para A. arguta e A. kolomikta, é preferível que cada uma delas disponha de polinizadores da sua mesma espécie. Também existem algumas variedades fêmeas autoférteis que, nalguns casos, podem atuar como polinizadoras de outras cultivares. Os frutos da A. arguta são bagas ovaladas de pequeno tamanho, que não superam os 20 g. A sua pele é fina, sem pelo e comestível, de cor verde ou avermelhada segundo a variedade. A polpa é verde, de sabor similar ao kiwi verde ainda que muito mais doce, rica em antioxidantes, vitaminas e minerais.

A sua maturação é anterior à de A. deliciosa, e a época de colheita situa-se desde finais de agosto, até princípios de outubro; com ligeiras oscilações segundo a cultivar. A maioria das cultivares têm um período de conservação curto, uns 2 ou 3 meses (Garcia et al., 2014). Algumas das variedades comerciais mais comuns são:

 Ananasnaja (A. arguta)

É uma cultivar muito produtiva cuja colheita é em agosto. Os frutos de pequeno tamanho, 3-5 g e estão agrupados em cachos de três unidades. A pele é verde, com tons mais avermelhados nas zonas mais expostas ao sol e o sabor da polpa lembra o do ananás, daí o seu nome (Garcia et al., 2014).

 Meader (A. arguta)

Esta é uma cultivar autofértil, ainda que se for para produção comercial, é preferível ter polinizadores. Normalmente não produz frutos em cacho e são de cor verde pálido. A sua época de colheita é no mês de agosto (Garcia et al., 2014).

 Larger (A. arguta)

É uma cultivar originária das zonas montanhosas, pelo que suporta condições muito adversas, tanto a seca no verão como o frio e o vento no inverno. Costuma a produzir um único fruto por pedúnculo. O fruto é de pequeno tamanho, verde intenso e de polpa muito doce. A sua colheita é no mês de agosto (Garcia et al., 2014).

 Santyabraskaya (A. kolomikta)

É uma cultivar procedente de Ucrânia e muito atrativa descoloração da sua folhagem no outono. O fruto é de cor amarelo-esverdeado e de pequeno tamanho, 3-4 g. A sua colheita é durante o mês de agosto (Garcia et al., 2014).

 Szymanowski (A. kolomikta)

É uma cultivar autofértil obtida pelo Dr. Tadeusza Szymanowzki. Possui uma folhagem muito original por apresentar parte da folha de cor branco, que durante o inverno se torna rosa, e a outra parte verde. O fruto é de cor amarelo-esverdeado de pequeno tamanho, 3-4 g, cuja colheita é realizada entre agosto e setembro (Garcia et al., 2014).

 Jumbo (A. arguta)

Cultivar de origem italiana cujos frutos estão entre os maiores desta espécie. Apresentam uma coramarelo-esverdeado e a sua época de colheita é no mês de setembro. Precisa dum macho polinizador, mas também pode ser polinizada pela cultivar autofértil Weike (Garcia et al., 2014).

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 Issai (A. arguta)

Cultivar autofértil de origem japonesa. Poderia ser plantada estreme, mas se a sua produção tem uma finalidade comercial, é importante usar polinizadores para aumentar a produção. O fruto tem forma de cilindro, com uns 4 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. O peso médio do fruto é de 6-8 g e a sua colheita é realizada na primeira quinzena de outubro (Garcia et al., 2014).

 Transcarpacia (A. arguta)

É uma nova cultivar autofértil de floração tardia cuja colheita é realizada no mês de outubro, pelo que pode ser interessante para zonas com risco de geadas tardias. O fruto é de cor verde, cilíndrico e com um peso médio de 70-80 g, a maior das espécies arguta e kolomikta.

2.4.4 Cultivares masculinas  Matua (A. deliciosa)

É uma cultivar vigorosa e prolífica, com botões florais cor púrpura em grupos de três. É de floração precoce, entre 2 e 4 dias antes da cultivar Hayward, mas com uma floração de longa duração que consegue cobrir praticamente todo o período da floração desta. No entanto é incapaz de suportar baixas temperaturas (CIREN, 1988; Garcia et al., 2014).

 Tomuri (A. deliciosa)

Planta vigorosa de floração intermédia. Esta variedade consegue suportar as baixas temperaturas mas produz menos flores. Os seus botões florais são de cor verde pálida colocados em grupos de 3 até 7 flores. A floração começa 2 ou 3 dias depois da cultivar Hayward, assegurando assim a polinização das últimas flores (CIREN, 1988; Garcia et al., 2014).

 Serie M (M-51, M-52, M-54 E M-56)

Consta de uma serie de 8 cultivares selecionadas que foram selecionadas na Nova Zelândia nos anos 80. Entre elas se destacam a M 51 por apresentar uma floração precoce e a M 52 e a M56 com uma floração de meia estação (CIREN, 1988; Garcia et al., 2014).

 Chieftain

É uma cultivar selecionada nos anos 90, com floração abundante e boa sincronização com a cultivar Hayward (Garcia et al., 2014).

 Meteor (A. chinensis)

Cultivar neozelandesa obtida no 1996 recomendada para a polinização de Hort 16 A. Apresenta um vigor médio e uma floração precoce e abundante (Garcia et al., 2014).

 Sparkler (A. chinensis)

Cultivar neozelandesa obtida no 1996 que apresenta um vigor médio e uma floração tardia e abundante (Garcia et al., 2014).

2.5 SISTEMAS DE CONDUÇÃO E OPERAÇÕES CULTURAIS 2.5.1 Sistemas de condução

Devido ao seu modo de crescimento, a Actinidia requer obrigatoriamente uma estrutura de apoio resistente e durável, para ser capaz de suportar o peso da planta, a respetiva produção, e as

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condições ambientais adversas, como ventos, chuvas, etc. Por esta razão, os sistemas mais recomendados são a cruzeta e a pérgola (Antunes, 2008).

2.5.1.1 CRUZETA

Este sistema, também chamado T-bar, conta com postes de 2,70 m de altura, ficando cerca de 1,80 m acima da superfície do solo, e uma barra perpendicular de 1,5-2 m de largura, colocada a 1,6-1,8 m do solo. Nesta barra horizontal, encontram-se inseridos os arames nos que se apoiaram e tutoraram. Habitualmente utilizam-se três a cinco arames, onde o diâmetro do central será de pelo menos 4 mm e 2,5 mm para os ramos frutíferos laterais. Habitualmente utilizam-se de três a cinco arames, onde o diâmetro do central será de pelo menos 4 mm e 2,5 mm para os laterais.

As principais vantagens que esta estrutura apresenta são: menores custos de instalação, melhor actividade polinizadora, menor necessidade de mão-de-obra e melhor penetração de luz e circulação do ar. No entanto, a produção obtida é 30% inferior ao sistema em pérgola (Antunes, 2008; García e García, 2010).

2.5.1.2 PÉRGOLA

Este sistema de condução é caracterizado por contar com uma estrutura formada por barras verticais e horizontais que suportam a planta, para além de um conjunto de arames colocados paralelamente sustentados pelos postes. Estes arames permitem o apoio total dos ramos da planta, com o que se consegue aproveitar o máximo comprimento da vara, porque a zona terminal desta é a que produz mais frutos. No entanto, este sistema tem como principal desvantagem o elevado custo de instalação e de manutenção, assim como um fraco arejamento na entrelinha, que aumenta o risco de infeção por Botrytis cinerea (Antunes, 2008; García e García, 2010).

2.5.2 Poda

Uma poda racional pretende uma boa constituição da planta, precocidade da produção e regularidade na frutificação anual. O critério de poda se adaptará ao tipo de estrutura escolhido para a formação da árvore.

Nos pomares existem diferentes tipos de poda (García e García, 2010):

 Poda formação: é o conjunto de operações de poda realizados durante todo o período juvenil para formar a estrutura adequada da árvore. Com esta poda consegue-se o “esqueleto” da árvore: o tronco e os ramos principais.

 Poda de produção: é a poda que se realiza durante todo o período de frutificação da árvore, dirigido a proporcionar uma produtividade máxima, renovando os ramos frutíferos e eliminando a madeira morta ou doente para a produtividade adequada.

2.5.2.1 PODA DE FORMAÇÃO

Como o sistema de condução elegido neste projeto é o T-bar, o que se pretende com a poda de formação é conseguir que o tronco e os ramos principais das Actinidias formem uma T. Esta

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poda levara-se-á cabo ao longo dos três primeiros anos após a instalação e será realizada de igual forma para os exemplares femininos e masculinos.

No inverno, no momento da plantação, a planta é atarracada a 30 cm do solo para estimular o seu crescimento. A partir deste corte surgirão vários lançamentos, dos quais elegeremos o mais forte e vigoroso para ser tutorado e eliminaremos o resto.

Ao longo dos dois anos seguintes guiaremos o lançamento amarrando-o semanalmente, abaixo da inserção da folha, para que cresça vertical e evitar que a planta se enrole ao tutor. Se nesse tempo o lançamento perde força ou fica enrolado ao tutor, desponta-se para que cresça com o vigor adequado.

Antes de chegar ao sistema de sustentação devemos podar a cerca de 20 cm por baixo deste para estimular o abrolhamento dos gomos terminais que darão lugar aos ramos principais com as que conseguiremos a forma de T desejada. Escolheram-se dois rebentos, os mais vigorosos ou os que tenham a curvatura mais adequada para dirigi-los sobre o arame superior central em sentidos opostos, formando a estrutura principal da planta, juntamente com o tronco.

É importante vigiar a formação destes ramos principais, pois não se devem enrolar no arame para evitar provocar uma deficiente circulação da seiva. (Coque e Fueyo, 1987; Saila, 1989; Antunes 2008; García e García, 2010).

2.5.2.2 PODA DE PRODUÇÃO

A poda de produção ou frutificação é realizada anualmente, a partir do terceiro ano, para conseguir um adequado equilíbrio do crescimento vegetativo e da frutificação da planta, assegurar a renovação das varas e manter a sua distribuição na copa. Esta deve ser realizada no inverno e no verão.

 Poda de inverno

A poda de inverno é realizada no repouso vegetativo, ou seja, desde dezembro até mediados de fevereiro. Com esta pretende-se reduzir a madeira velha de modo a assegurar a renovação da madeira, proporcionando, uma elevada produção de flores

Consiste na eliminação de todos os ramos que já produziram, os menos vigorosos ou os mal inseridos; escolher ramos laterais de renovação e atá-los aos arames. Estes ramos de renovação podem estar inseridos num ramo lateral frutífero, neste caso, dever-se-á eliminar só a parte que já frutificou.

As vezes o ramo frutífero só deu fruto nos primeiros centímetros, pelo que podemos conserva-lo, no entanto é aconselhável que os ramos de renovação estejam inseridos nos braços principais para evitar que se formem nós muito grossos que darão lugar a espaços improdutivos. Aliás, cada ano os ramos estarão mais separados do esqueleto da planta e serão mais curtos, diminuindo como consequência a produção (Saila, 1989).

A produção de kiwi concentra-se desde a metade da vara até o final desta pelo que, ainda que as varas forem excessivamente longas, nunca devem ser cortadas pela metade. Devemos procurar deixar entre as varas laterais uma distância entre 25-35 cm e eliminar os ramos com

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menos de 1 cm de diâmetro, pois, ainda que possam dar kiwis, serão pequenos (Coque e Fueyo 1987).

Se a planta deixar de emitir ramos de renovação adequados, dever-se-á substituir parte da madeira dos braços principais, por um ramo de um ano (Coque e Fueyo, 1987; Saila, 1989; Antunes 2008; García e García, 2010).

 Poda de verão

Consiste em todas as operações realizadas ao longo do período de desenvolvimento vegetativo da planta, ou seja, desde maio até a colheita (Coque e Fueyo, 1987; Saila, 1989; Antunes 2008; García e García, 2010). Se tivermos espaços vazios no ramo principal, podemo-nos servir de um ladrão para transformá-lo num ramo frutífero. Uma ou duas semanas após a formação, ou seja, em finais de junho, cortaremos o ladrão por cima das duas folhas da sua base para favorecer a saída de um ou dois ramos. Também cortaremos os ramos frutíferos de escasso vigor a duas a quatro folhas depois do último fruto durante o mês de julho para contribuir ao engrossamento do fruto assim como melhorar a iluminação e o arejamento (Saila, 1989).

Poda de polinizadores

Assim como nas plantas femininas, nos polinizadores também são realizadas duas podas (Coque e Fueyo, 1987; Saila, 1989; Antunes 2008; García e García, 2010).

Depois da floração: a mediados de junho faz-se uma poda em verde cujo objetivo é assegurar uma renovação para o ano seguinte e a eliminação da folhagem em excesso a fim de evitar que ensombrem as plantas fêmeas e permitir uma melhor circulação do pólen e dos insetos polinizadores.

Assim, serão cortados os ramos que tiveram produzido flor na primavera para provocar a emissão de novos ramos, e os ladrões deixando 2 - 3 cm que originaram duas varas menos vigorosas e horizontais, de entrenós curtos e gomos bem desenvolvidas.

Antes da floração: durante o inverno faz-se uma poda cujo objetivo é obter o maior número possível de flores produtoras de pólen de boa qualidade. Assim, elimina-se a madeira velha que não tenha sido podada no verão, eliminam-se os ramos enroscadas, cruzadas ou débeis e reduz-se o comprimento das varas a 20-30 cm (varas que não foram podadas no verão).

2.5.3 Polinização

O kiwi é uma planta dióica, pelo que precisa de plantas macho e fêmea para conseguir produção. O peso e a qualidade do fruto dependerão do seu número de sementes que contêm, de forma que para conseguir um produto comercial de mais do que 75 g são necessárias 800 sementes por fruto e mais de um milhar para atingir 100 g.

Para uma planta masculina ser uma boa polinizadora, não só deve produzir pólen em quantidade e qualidade, mas também deve florescer ao mesmo tempo que as plantas femininas. Esta coincidência na floração é muito importante pois as flores femininas só serão receptivas ao pólen desde a sua abertura até a queda das pétalas (uma semana), e as masculinas só produzem pólen germinável apenas 2 ou 3 dias depois de abrir suas flores (Antunes, 2007).

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Entre as cultivares do sexo masculino de plantas existentes no mercado, a ‘Matua’, de origem neozelandesa, está bem adaptada às condições climáticas do norte da península, no entanto, são muitos os agricultores que utilizam machos selecionados que não estão registados nem têm nome comercial (Gardi et al., 2001).

O transporte do pólen é feito principalmente através de insetos, principalmente abelhas e abelhões e em menor medida, pelo vento. Normalmente recorre-se à instalação de colmeias de abelhas domésticas numa taxa de 6-8 colmeias por hectare, mas nos últimos anos também estão a ser muito usados os abelhões criados por empresas especializadas. Estas colmeias são colocadas na plantação no início da floração e são removidas quando caírem as últimas pétalas a fim de evitar que se acostumem à procura de flores de outras espécies mais atrativas (Gardi et al., 2001).

No entanto, podem dar-se condições ambientais, tais como temperaturas baixas, chuva ou vento que não permitam o voo das abelhas, e em consequência, a polinização. Neste caso, a polinização complementar constitui uma das formas mais eficazes de melhorar a polinização de Actinidia. Esta poderá ser realizada manualmente ou mediante pulverização do pólen, seco ou húmido (Gardi et al., 2001; Antunes, 2007).

Para realizar a polinização manual das flores, recolhem-se flores masculinas e esfregam-se com movimentos circulares sobre o estigma das flores femininas, sendo suficiente uma flor masculina para polinizar cinco flores femininas (Pinzauti, 1990; Gardi et al., 2001).

Para a polinização artificial por pulverização, normalmente é utilizado pólen congelado a -20 ºC que podemos encontrar a nível comercial e é aplicado seco ou misturado com água. Uma vez adquirido o pólen é importante conservá-lo no frigorífico no máximo três dias, tendo cuidado de não ultrapassar os 4 – 5 ºC. Esta temperatura deverá manter-se até o momento da aplicação, pelo que quando o agricultor for para o campo, o produto deve ser transportado numa arca térmica.

Se a polinização for por via seca aplica-se 200 g/ha de pólen misturado com um dispersante inerte, normalmente Lycopodium (400 g/ha), em dias encobertos, com manhãs frescas em que a humidade relativa supere o 70%. Por outro lado, se fosse por via líquida aplica-se 100 g/ha de pólen misturado com água desmineralizada na concentração de 5 g/l. Não existem restrições climatéricas à aplicação do pólen por esta via, sendo de ressalvar que se o dia estiver quente, com baixa humidade atmosférica, é aconselhável realizar uma rega. Em ambos casos o momento de aplicação é de extrema importância, sendo a melhor altura quando o 90% das flores estão abertas.

Outro dos problemas que dificulta a polinização é o florescimento simultâneo da flora silvestre (por ej. Trifolium incarnatum L.) nas proximidades do pomar, que pode afastar aos insetos polinizadores dos nossos kiwis por não produzirem néctar e serem menos atrativos. Para estes casos utiliza-se a “alimentação induzida” consiste em incentivar às abelhas com xarope de açúcar misturado com pólen de Actinidia, o que favorece a polinização e evita o alto custo da polinização artificial (Gardi et al., 2001).

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2.5.4 Monda de frutos

A monda de frutos operação muito importante quando se pretende obter produções de qualidade. O seu objetivo, além de evitar a quebra de ramos frutíferos pelo excesso de peso, é a eliminação das flores ou frutos em excesso para obter frutos de maior calibre.

A monda pode ser, pelo tanto, realizada em duas fases: antes da floração, na fase de botão floral, eliminando os botões florais deformados e os laterais; e após a floração, quando os frutos vingarem, eliminando os frutos mal polinizados e os que estão em excesso procurando manter os frutos de maior calibre e melhor distribuídos na planta. O aconselhável é deixar em cada ramo frutífero de quatro a cinco frutos e um por cada pedúnculo, preferivelmente o central, pois os laterais apresentam, geralmente, um tamanho de 20 a 30% menor que os centrais (Félix 2006; Antunes 2008).

2.6 DOENÇAS E PRAGAS DA CULTURA

Segundo a Legislação de Produção integrada, para uma boa resistência às doenças e pragas, é fundamental que a nossa cultura esteja em boas condições nutritivas e hídricas. Por outro lado, os danos que se possam produzir na cultura podem ser muito importantes, pois não só se pode pôr em perigo a colheita do ano, mas também a do próximo, assim como a viabilidade da árvore. As pragas e doenças das árvores são influenciadas pela climatologia, especialmente a pluviometria, temperatura e humidade relativa. Da mesma forma, a cultivar determinará muitas vezes a sensibilidade a uma praga ou doença.

A proteção das culturas deve cumprir com as recomendações da Produção Integrada. Desta forma, só quando os níveis populacionais das pragas excederem os limiares de intervenção e/ou, no caso das doenças, quando a estimativa de risco indicar; aplicaram-se medidas diretas de controle, dando prioridade aos métodos biológicos, biotécnicos, culturais, genéticos e físicos contra métodos químicos.

A estimativa de risco em cada parcela será feita através da avaliação dos níveis populacionais, estado de desenvolvimento de pragas e fauna úteis, fenologia do cultivo e condições climáticas. Se for necessária uma intervenção química, as substâncias ativas usadas serão selecionadas de acordo com os critérios de menor perigo para os seres humanos, animais e ambiental e permitir controlo eficaz das pragas, ou patógenos.

Descrevem-se seguidamente os possíveis e mais comuns problemas sanitários da planta e do fruto do kiwi na Galiza.

2.6.1 Doenças

2.6.1.1 DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS  PSA (Pseudomonas syringae pv. actinidiae)

O cancro bacteriano no kiwi, provocado pela bactéria Pseudomonas syringae pv actinidiae afeta as diferentes espécies de Actinidia, incluindo A. deliciosa, A. chinensis, A. arguta e A. kolomikta.

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Este patógenio foi descrito por primeira vez no Japão em 1984, e uns anos mais tarde na coreia do Sul.

Os sintomas mais característicos da doença manifestam-se na primavera, onde nos tecidos infectados aparecem gotas de exsudado branco, e ramos ou no tronco aparecem cancros com grandes quantidades de um exsudado vermelho. Com o tempo os ramos afetados secam, e os botões florais geralmente não se desenvolvem, ou, desenvolvem-se mas os frutos murcham e caem rapidamente. Durante o verão, as folhas e os botões florais desenvolvem pequenas manchas necróticas rodeadas por um halo amarelo. [http://www.ipm.ucdavis.edu/]; (Vanneste et al., 2010).

Se a infeção for severa a bactéria pode causar a morte da planta, especialmente das mais jovens e das cultivares mais sensíveis [http://www.ipm.ucdavis.edu/].

Observações sobre a doença

Os sintomas aparecem, geralmente, em primavera e em outono, quando as condições climáticas são mais favoráveis ao seu desenvolvimento, temperaturas entre 10-20 ºC (limitado com temperaturas superiores a 25 ºC) e alta humidade.

A bactéria penetra na planta através de aberturas naturais da planta, feridas ou cortes da poda, tendo capacidade de se movimentar através do sistema vascular. Na primavera (final do inverno), em condições de elevada humidade relativa, há produção de exsudado bacteriano, o que permite a dispersão da doença através de operações culturais inadequadas, pessoas, chuva, vento, assim como através do pólen contaminado [http://www.ipm.ucdavis.edu/].

Meios de luta

Não existem meios de luta curativos, pelo que se deve evitar a introdução da bactéria no pomar das seguintes formas de acordo com o Regulamento técnico de Produção integrada do Kiwi (2005):

- Tratamentos com cobre após as podas;

- Polinização assistida (utilizar pólen que não esteja contaminado com a bactéria); - Evitar os estresses provocados pelas feridas do inverno pode aliviar a doença;

- Cortar ramos infectados e queima-los no próprio local. A bactéria é capaz de manter-se viável 15 semanas nas folhas e 11 nas varas;

- Não podem ser colhidas varas para enxertia em de áreas onde a bactéria esteja presente, nem em pomares infetados, pelo que devem ser previamente colhidas amostras para análise de PSA;

- Utilizar cultivares resistentes: Green 14> Gold 3 > Gold 9 são mais resistentes do que Hort 16;

- Utilização de modelos de previsão (T; Hr; Pp): COUGARBLIGHT e MARYBLIGHT (McKay, 2012).

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2.6.1.2 DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS

 Podridão radicular (Armillaria mellea)

Normalmente, as plantas afetadas com Amillaria mellea enfraquecem progressivamente até morrerem. Nas plantas afetadas pode-se observar o fungo, ao escavar o solo que está em contato com o tronco e levantar a casca que recobre a zona húmida. Este apresenta-se como fios brancos que se entrelaçam ao tecido cortical e que serão os que posteriormente formarão os rizomorfos e propagarão a doença. Ocasionalmente pode ser visto o micélio branco sob a casca da base do tronco, mas não é o mais comum ([http://www.ipm.ucdavis.edu/]; Antunes, 2008).

Observações sobre a doença

As plantas saudáveis são infetadas a partir dos rizomorfos formados nas plantas doentes e que crescem e se estendem pelo solo.

Este fungo patogênico sobrevive na madeira doente e nos restos da cultura deixados no terreno por muitos anos podendo afetar as raízes das plantas saudáveis quando entrarem em contato com o inóculo dum pomar anterior ou de carvalhos próximos.

Embora as plantas do kiwi sejam tolerantes a esta doença, se o pomar for debilitado por uma infeção de Phytophthora, a sua morte poderá ser acelerada.

O fungo é favorecedo pelo encharcamento, que propaga a infeção pelo pomar. No outono, o fungo produz cogumelos ao redor da base do tronco da cultura (Antunes, 2008; Mansilla 1988).

Meios de luta

As medidas para prever esta doença são as seguintes (Mansilla 1988; DGPC, 2005; Antunes, 2008; [http://www.ipm.ucdavis.edu/])

 Se o solo no que se vai realizar a plantação estiver contaminado, há que respeitar um período de dois anos entre o arranque e a plantação.

 Durante a limpeza da terra para a plantação ou replantação do pomar, é importante remover e queimar todas as raízes com diâmetros superiores a 1 cm, assim como, posteriormente, assegurar que as plantas estão devidamente irrigadas e que não se formam charcos.

 Se o pomar for contaminado, as plantas afetadas deverão ser removidas na sua totalidade e queimadas ou criar barreiras físicas entre as plantas sãs e plantas doentes, escavando valas de 50 cm de profundidade e cobrindo a suas paredes com plástico.

 Podridão cinzenta (Botrytis cinerea)

A podridão cinzenta é uma podridão mole que pode provocar numa perda significativa da colheita durante o armazenamento. É considerada um problema de conservação, mas o seu aparecimento pode dever-se à contaminação no pomar.

Sintomas do possível desenvolvimento do patógenio na planta podem ser o enfraquecimento geral da planta, o aparecimento de frutos enrugados, entre outros. Embora os sintomas sejam pouco comuns em frutos imaturos, ocasionalmente podem-se encontrar frutos com o micélio cinzento desenvolvido na sua superfície, principalmente perto do pedúnculo, em redor das

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sépalas. Em estágios avançados de desenvolvimento, podem-se ver os esclerotos pretos do fungo cuja forma é irregular e o seu diâmetro pode ser de até 5 mm (Mansilla,1988; Antunes, 2008; [http://www.ipm.ucdavis.edu/])

Observações sobre a doença

O patógenio pode hibernar no pomar nos frutos caídos no chão, em tecidos infetados das plantas e em infestantes.

O inóculo pode ser disperso pela chuva e pelo vento, pelo caracol comum (Helix aspersa) que se alimenta das flores de Actinidia e das sépalas dos frutos imaturos. Além disso, a partir da baba do caracol podem ser induzidos conídios de B. cinerea [http://www.ipm.ucdavis.edu/]. Desta forma, as infeções podem ter começado nas sépalas das flores, que ao invadir o pedúnculo, passaram a infeção para a fruta, desenvolvendo-se comumente a partir da zona do pedúnculo por onde foi cortado durante a colheita ou a partir de feridas superficiais devido a quedas ou ao manuseio.

Para a germinação dos esporos e a infeção da planta, este o patógenio requer humidade, pelo que é maior o perigo de infeção com as chuvadas produzidas durante a floração e com as produzidas durante a colheita. Além da chuva, outros acidentes climáticos como o granizo, podem causar lesões na fruta que favoreçam a infeção.

As infeções precoces geralmente não causam a deterioração imediato da fruta, mas o patógenio é capaz de retomar o crescimento quando o fruto já está maturo. Como é capaz de crescer ao longo de um amplo intervalo de temperaturas, que inclui as que normalmente são utilizadas para armazenar a fruta (cerca de -1 ºC), geralmente retoma o crescimento quando já está armazenado na câmara fria, causando a infeção e a podridão da toda a colheita (Mansilla 1988; Dulce, 2008; [http://www.ipm.ucdavis.edu/]).

Meios de luta

A aplicação de fungicidas é apenas necessária quando períodos chuvosos ocorrerem durante a floração e a colheita. A decisão sobre a necessidade de uma pulverização com fungicida pode ser baseada na técnica BOTMON, que avalia o potencial para o desenvolvimento deste fungo na câmara frigorífica. Esta técnica avalia a colonização das sépalas e da extremidade do pedúnculo por B. cinerea, perto de um mês antes da colheita (DGPC, 2005).

 Doença do chumbo (Chondrostereum purpureum)

Trata-se de uma doença causada pelo fungo do Phylum Basidiomycota, Chondrostereum purpureum, que é comum a muitas espécies de árvores e arbustos lenhosos, como são os eucaliptos, roseiras, prunóideas, pomóideas, etc.

Esta doença deve o seu nome à cor de chumbo ou prateada que adquirem as folhas nas culturas afetadas. A cor é provocada por uma toxina produzida pelo patógenio e que migra pelo xilema até as folhas, provocando que a epiderme foliar se desprenda do parênquima e se forme uma câmara de ar. O efeito óptico provocado pela luz através desta câmara é o que dá às folhas a tonalidade prateada. Isto é algo que se pode comprovar facilmente raspando a superfície das

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folhas afetadas com a unha, pois ao desprender-se a epiderme é possível ver a cor original (Álvarez et al., 1991; Antunes 2008)

Observações sobre a doença

Os sintomas começam com uma perda de vigor nos ramos e a alteração de cor das folhas, passando do verde intenso a tonos prateados (mais acentuado nas folhas mais novas). Com o tempo, os ramos secam, as folhas murcham e caem prematuramente, e os frutos nunca atingem o tamanho normal nem amadurecem por completo. Ao cortar a madeira das plantas afetadas verifica-se a necrose do xilema que aumenta à medida que descemos pelo tronco até encontrar todo o centro necrosado na base da cultura.

Estima-se que as plantas doentes podem demorar até 2 ou 3 anos a mostrar sintomas, e morrer 3 ou 4 anos depois da infeção. Ao morrer, ou quando a planta se encontrar fortemente atacada, podem surgir frutificações típicas de Chondrostereum purpureum sobre a casca. Estas frutificações libertam esporos principalmente no outono e durante a noite, por encontrarem-se reunidas as condições ambientais mais favoráveis: humidade relativa alta (75%) e baixas temperaturas.

Geralmente a contaminação com este fungo é devida à penetração dos esporos através das feridas. Se for pequena, a infeção pode ficar localizada num único ramo ou porção da planta afetada, o que permitirá o controlo do avanço da doença com a simples remoção da madeira afetada (Álvarez, et al., 1991; Antunes, 2008).

Meios de luta

Igual que para a esca (DGPC, 2005 )

 Esca do Kiwi (doença do lenho)

Phaeoacremonium spp., Phaeomoniella chlamydospora e Fomitiporia mediterránea.

Embora não se tenha a certeza de quais são os agentes responsáveis e quais as formas de propagação, esta doença tem sido detectada em Itália, França, Espanha e Nova Zelândia. Caracteriza-se pelo enfraquecimento total da planta, perda de produção e eventual morte. Os primeiros sintomas aparecem no final de verão com a clorose entre as nervuras das folhas, para finalmente tornarem-se necróticas. Com o tempo, as folhas caem prematuramente e os frutos nunca atingem o tamanho normal nem amadurecem por completo.

A madeira fica descorada e por vezes com zonas moles, com consistência de “serradura” e cor branca (podridão branda). Normalmente estas lesões desenvolvem-se a partir de feridas de poda, dirigindo-se depois para o interior da planta, continuando a dessecação das ramificações para, eventualmente, morrer [http://www.ipm.ucdavis.edu/].

Observações sobre a doença

Atendendo aos organismos isolados de plantas afetadas e aos sintomas observados, este problema aparenta ser idêntico à esca da videira.

Os fungos detectados nas plantas infetadas são comuns a outras culturas como a vinha, e o olival, onde a sua disseminação é feita principalmente através dos esporos disseminados por via

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aérea. Com a libertação destes, geralmente após períodos chuvosos, são depositados sobre a superfície da madeira, constituindo a maior porta de entrada as feridas de poda.

Se as condições ambientais forem favoráveis para o seu desenvolvimento, o fungo invadirá a planta em direção descendente, necrosando o sistema vascular da planta com evidentes consequências para a mesma [http://www.ipm.ucdavis.edu/].

Meios de luta

As únicas medidas possíveis para combater esta doença são preventivas (DGPC, 2005): 1º Limitar o inóculo:

- Antes de começar a poda é necessário remover os ramos e plantas mortas, queimando-os longe do pomar para evitar novas contaminações;

- Remover do pomar e queimar a madeira podada de dois ou mais anos;

- Nas árvores afetadas com problemas do lenho (caso se opte pela renovação a partir de lançamentos), remover toda a madeira com sintomas de doença até atingir a madeira de aspeto são.

2º Reduzir e proteger as feridas de poda - Privilegiar a poda em períodos secos;

- Quando a poda é em verde, embora a infeção não seja impossível, é pouco provável (menos ainda se houver secreção de seiva);

- Durante a poda de inverno o período de maior receptividade das feridas de poda é de aproximadamente 15 dias após a poda, pois a contaminação vai-se tornando mais difícil com a cicatrização;

- Proteção das feridas de poda e outras. A proteção poderá ser mecânica ou química:  Protecção mecânica: esta medida nem desinfeta nem cura, só funciona como

uma barreira física, impedindo a penetração dos esporos. Consiste em recobrir a ferida com um selante (tipo mástique) imediatamente após a poda.

 Protecção química: O único que está permitido usar é um fungicida cúprico, cuja ação é de contacto. Esta medida protege e desinfeta, mas a sua ação é de contato.

Nestes casos, tem-se utilizado calda bordalesa, já preparada, a que se adiciona água até formar uma pasta.

2.6.2 Pragas  Nemátodos

A Actinidia é frequentemente atacada por nemátodes da família Meloidogyne spp, também chamados “nemátodes das galhas da raiz”, dos quais Meloidogyne hapla Chitwood, já identificado em Galiza, Espanha; parece ser a espécie mais comum. No entanto, Meloidogyne arenaria, M. incognita e M. javanica também foram identificadas na cultura do kiwi em vários países da bacia do Mediterrâneo (Antunes, 2008).

Estes nemátodes atacam as raízes finas das plantas, provocando a hipertrofia das células corticais e formando nódulos (galhas). Como consequência, a planta mostra os mesmos

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sintomas que os provocados pelo estresse hídrico, pois é incapaz de se alimentar e vê o seu crescimento e produção reduzidos (Mansilla et al., 1988).

Meios de luta

As únicas medidas possíveis para combater esta praga são preventivas e consistem no estudo do local onde se pretende instalar o pomar e a solarização do mesmo se estiver afetado (DGPC, 2005).

3. ESTUDO DAS POSSÍVEIS LIMITAÇÕES

O presente projeto tem como objetivo o estabelecimento e o desenvolvimento de um pomar de Kiwi de 0,62 ha em regime de Produção Integrada em Aguasantas, no município de Cotobade, na província de Pontevedra, Galiza.

O terreno, está situado aproximadamente a 360 m de altitude e no polígono 68 constituído pelas seguintes 9 parcelas: Parcela Nº Denominação da parcela Área (m2) 1020 Veiga da vella 1227 1019 Pantoxa. 324 1018 Pantoxa. 457 1015 Veiga da vella 948 1014 Veiga da porta 290 1013 Veiga da porta 275 1012 Veiga da porta 856 1011 Veiga da vella 508 1008 Veiga da porta 1304

Como se pode observar no Plano nº 1 (página 74), o terreno não tem uma forma demasiado regular, mas, embora não formando parte da parcela, dispõe de uma barreira natural de árvores em quase a totalidade do seu perímetro. Só a parte mais oriental do local é a que não fica protegida dos ventos.

Ao norte da parcela 1008, dispõe-se de uma edificação equipada com luz e tomada de água, que fará as funções de armazém para guardar os utensílios agrícolas e a colheita. Esta dispõe de duas portas, uma com acesso à estrada que rodeia parte do terreno e outra à plantação.

Para determinar a viabilidade do projeto, dedica-se este capítulo ao estudo das possíveis limitações que possam causar problemas ao longo do desenho do projeto.

3.1 CLIMA

O kiwi é uma planta subtropical que se encontra em regiões de climas temperados com abundantes precipitações, é por isso que na Europa abunda nos países mediterrânicos como é Itália, Espanha e Portugal (García & García, 2010).

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O clima é um dos factores mais importantes que vai determinar o desenvolvimento e a produção da cultura, pelo que é imprescindível uma análise das distintas variáveis climático-ambientais, não só para reduzir ou evitar perdas económicas, mas também na eleição do material vegetal mais apropriado para a implantação e que garantirá uma boa produção (Agustí, 2010).

Para o seu estudo começou-se pela eleição do observatório meteorológico mais adequado.

3.1.1 Eleição do observatório meteorológico

A eleição do observatório deve ser feita de forma que os seus dados sejam representativos da zona onde se pretende instalar o pomar. O ideal seria obter os dados na própria exploração, mas ao não ser possível, elege-se o observatório mais próximo que esteja situado a uma altitude similar, pois este é um fator muito importante que pode dar lugar a variações substanciais de temperatura.

A parcela a estudar encontra-se situada na freguesia de Sucastro, Aguasantas; município de Cotobade, e no mesmo município, a uns 10 km da parcela, encontra-se o observatório de Rebordelo, cujas coordenadas são:

- Latitude: 42º 28’ 10.2’’ N - Longitude: 08º 30’ 05.1’’ O - Altitude da estação: 367 m

Devido à proximidade e a estarem situadas a uma altitude similar, os dados meteorológicos escolhidos foram os do observatório de Rebordelo

3.1.2 Estudo dos dados meteorológicos 3.1.2.1 TERMOMETRIA

O regime de temperaturas é um fator determinante para a possível implantação da cultura numa região determinada.

 Temperaturas médias (Tm)

Como se pode observar no Quadro 1 dos Anexo 1:  A temperatura média anual é de 12,36 ºC;

 Os meses mais frios são dezembro, janeiro e fevereiro com Tm = 7 ºC;  Os meses mais quentes são julho e agosto com Tm = 18 ºC.

 Temperaturas médias máximas (TmM) Como se pode observar no Quadro 2 do Anexo 1:

 Os meses mais quentes são julho e agosto com TmM = 24,6 ºC;  O mês mais frio é janeiro com TmM = 11,4 ºC.

 Temperaturas médias mínimas (Tmm) Como se pode observar no Quadro 3 do Anexo 1:

 O mês mais quente é agosto com Tmm = 11,8;  O mês mais frio é fevereiro com Tmm = 2,2 ºC.

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 Temperaturas máximas absolutas

Como se pode observar no Quadro 4 do Anexo 1:

 Os meses mais quentes são julho e agosto com T= 33 ºC  O mês mais frio é janeiro com T = 16,32 ºC

 Temperaturas mínimas absolutas Como se pode observar no Quadro 5 do Anexo 1:

 O mês mais quente é agosto com T= 6,79ºC  O mês mais frio é dezembro com T = -3,80 ºC  Horas de frio

As horas de frio também foram recolhidas das bases históricas da estação meteorológica de Rebordelo. Dependendo da cultivar de kiwi escolhida, as necessidades em horas de frio são diferentes. A cultivar Hayward, a mais comercializada, a que se pretende instalar, precisa de frios invernais que superem as 600-700 h de horas de frio, como se pode observar no Quadro 6 do Anexo 1, a parcela supera as 1000 h de frio, pelo que este fator não será limitante.

 Geadas

As geadas produzem-se quando a temperatura do ar a uma altura próxima da superfície do solo é inferior a 0 ºC.

 Número de dias com geadas ao mês

Como se pode observar no Quadro 7 do Anexo 1, no terreno em estudo a temperatura mínima alcançada em março é de -1,10 ºC e o número de dias mensais médios de geadas dois, pelo que poderia ser uma condicionante para a instalação do pomar.

3.1.2.2 PLUVIOMETRIA

O regime pluviométrico é, junto com a temperatura, um dos fatores climáticos de maior importância na caracterização climática.

 Precipitação total

Como se pode observar no Quadro 8 do Anexo 1 a média da precipitação anual é de 1900 mm, este valor é superior às necessidades do kiwi (cerca de 1500 mm), (García & García, 2010) mas como se pode observar no Quadro 8, está concentrada em 8 meses, pelo que será necessária a instalação dum sistema de rega para cobrir as necessidades dos restantes meses.

3.1.2.3 OUTROS FATORES CLIMÁTICOS  Humidade relativa

A humidade absoluta é a quantidade de vapor de água contido num volume de ar e a humidade relativa é a razão entre a quantidade de vapor de água contido num volume de ar (humidade absoluta) e o máximo que poderia conter. Esta medição deve-se referir sempre uma

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temperatura, pois a diminuição da temperatura, resulta num aumento de humidade relativa, embora nenhum vapor de água seja adicionado (Tullot, 2007).

A humidade é considerada um fator decisivo da produção, mas na interação com a temperatura, que é um fator moderador. A maturação do fruto requer humidade ambiental moderada devido a que alterações da humidade ambiental têm sido relacionadas com a queda de frutos durante a fase de divisão celular (García & García, 2010). No entanto, a elevada humidade relativa em conjunto com temperaturas suaves favorecem os ataques de fungos, por isso são mais frequentes no outono e na primavera em áreas baixas e húmidas (Trapero e Blanco, 2001). A média anual da humidade relativa da parcela em estudo é de 76,04%, pelo que não será um fator limitante para a produção de Kiwi.

 Vento

Assim como para quase todos os pomares, o vento é um dos maiores problemas para os kiwis (Agustí, 2010). Durante a primavera e o verão, ventos superiores a 10 km/h não só podem destruir as flores e serem um impedimento para o voo dos insetos polinizadores, mas podem quebrar os ramos frutíferos e afetar os jovens rebentos, diminuindo assim a produção desse ano e comprometendo a do ano seguinte. No outono, o vento forte pode provocar o choque dos frutos uns com os outros e consequentemente a perda da capacidade de conservação. Aliás, os ventos fortes podem ainda provocar a secagem do solo e consequentemente da planta, provocando uma redução do crescimento (García & García, 2010).

Para minimizar os efeitos nefastos dos ventos podem-se instalar corta-ventos, naturais ou artificiais, assim como diversas práticas culturais como a poda em verde ou a monda de frutos. No terreno em estudo, os ventos não superam os 10 km/h, pelo que de momento não se planeia a instalação de nenhum tipo de cortaventos. Aliás, como já se comentou anteriormente, a quase a totalidade do perímetro da parcela dispõe de uma barreira natural de árvores que a protegerá do vento.

 Insolação

A insolação está diretamente relacionada com a atividade fotossintética e outros fatores tais como a temperatura do solo, ambiente ou outros processos biológicos como a indução floral (Allen et al., 2006).

Na parcela os meses de julho e agosto são os meses com maior insolação.

3.1.3 Conclusão das limitações climáticas

O clima é um fator condicionante muito importante em qualquer tipo de exploração agrícola, mas dado que o kiwi é uma cultura que precisa de uma estação longa temperada que favoreça o seu crescimento e frio invernal para a quebra da dormência o clima onde se encontra a parcela não será limitante para a sua instalação.

Como já se apontou antes, as geadas constituem o acidente climático que mais estragos podem causar num pomar e este local apresenta uma média de 2 dias com geadas em março e em novembro. O terreno dispõe de uma barreira natural de árvores que eventualmente pode proteger

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Tabela 37. Valores de Kc para o kiwi.

Referências

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