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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS. João Víctor Martins Schlindwein

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E

SISTEMAS

João Víctor Martins Schlindwein

ANÁLISE DE ESCALA PRODUTIVA DE UMA EMPRESA DO RAMO TÊXTIL COM BASE EM MÉTODOS ECONÔMICOS

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Departamento e Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título em Engenharia Mecânica, habilitação Produção Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Artur Santa Catarina

Florianópolis 2020

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Martins Schlindwein, João Víctor

ANÁLISE DE ESCALA PRODUTIVA DE UMA EMPRESA DO RAMO TÊXTIL COM BASE EM MÉTODOS ECONÔMICOS / João Víctor Martins

Schlindwein ; orientador, Artur Santa Catarina, 2020. 83 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -

Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Graduação em Engenharia de Produção Mecânica, Florianópolis, 2020.

Inclui referências.

1. Engenharia de Produção Mecânica. 2. Estudo de Tamanho. 3. Capacidade produtiva. 4. Cadeia Têxtil. 5. Análise de retorno. I. Santa Catarina, Artur. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Graduação em Engenharia de Produção Mecânica. III. Título.

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ANÁLISE DE ESCALA PRODUTIVA DE UMA EMPRESA DO RAMO TÊXTIL COM BASE EM MÉTODOS ECONÔMICOS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título em Engenharia Mecânica, habilitação Produção Mecânica e aprovado em sua forma final pelo Curso Engenharia de

Produção Mecânica

Florianópolis, 03 de dezembro de 2020.

________________________ Prof. Guilherme Ernani Vieira, Dr.

Coordenador do Curso Banca Examinadora:

________________________ Prof. Artur Santa Catarina, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Antônio Cezar Bornia, Dr . Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Glauco Garcia Martins Pereira da Silva, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

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Este trabalho é dedicado aos meus queridos pais e familiares e aos colaboradores e parceiros da Portallar.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a meus pais pelo apoio e incentivo constante ao meu desenvolvimento profissional e pessoal. Agradeço também à empresa estudada pela disponibilidade em abrir suas portas e permitir que o trabalho ocorresse, bem como à atual prestadora de serviço e ao seu colaborador Valdir Torresani por compartilhar seu conhecimento adquirido ao longo de anos de trabalho no setor. Além disso, agradeço a Bruno Ziehfuss e Christian Welzel por representar as fornecedoras de máquinas Trützschler e Saurer respectivamente. Por fim, agradeço ao meu orientador pelo suporte e dedicação durante toda a execução do estudo.

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RESUMO

A definição da escala produtiva de um empreendimento industrial é uma decisão estratégica de longo prazo e que acarreta em elevados custos caso mal fundamentada. Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo a determinação de escala adequada para o processo de fiação de uma empresa localizada na cidade de Brusque, SC. Para tal, o processo produtivo é mapeado por meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, posteriormente, faz-se uma listagem e categorização dos possíveis equipamentos produtivos. Ainda, são coletados dados históricos da demanda e, em conjunto com a percepção dos acionistas, projeta-se a demanda futura por fios entre 200 e 300 toneladas por mês. Com os equipamentos e a demanda são criadas combinações com diferentes capacidades produtivas que, por fim, são avaliadas de acordo com os critérios de custo unitário, preço de equilíbrio, rentabilidade, índice de rentabilidade e de análise econômica. Os diferentes critérios apresentam consistência ao priorizar as escalas produtivas em ordens semelhantes, contudo para garantir que a restrição da demanda seja observada o Valor Presente Líquido é ponderado pela probabilidade de diferentes níveis de demanda esperados. Assim, encontra-se a escala produtiva mais adequada, capaz de produzir 202,7 toneladas de fio por mês, e a escalabilidade do processo de fiação é documentada.

Palavras-chave: Estudo de Tamanho. Capacidade produtiva. Cadeia Têxtil. Processo de fiação. Análise de retorno.

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ABSTRACT

The definition of the productive scale of an industrial enterprise is a long term strategic decision that implies in high costs in case it is poorly reasoned. In this regard, this study aims to determine the appropriate scale for the spinning process of a company located in the city of Brusque, SC. To this end, the productive process is mapped through bibliographic and field research. Later, a list and categorization of possible equipment is made. Historical demand data is collected and with qualitative perception of the shareholders, the future demand for yarn is forecasted between 200 and 300 ton/month. Then, equipment combinations are created with different productive capacities. These combinations are evaluated according to following criteria: unit cost, equilibrium price, profitability, profitability index and economic analysis. The different criteria show consistent results in prioritizing the production scales in similar orders. However, to ensure that the restriction of demand is observed, the Net Present Value is weighted by the probability of different levels of expected demand. Thus, it is concluded that the most adequate production scale has a capacity of 203.7 ton/month, and the scalability of the spinning process is documented.

Keywords: Scale analysis. Capacity. Textile chain. Spinning process. Return analysis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura da Cadeia Têxtil e de Confecção. ... 26

Figura 2 – Fluxograma da etapa de fiação. ... 28

Figura 3 – Elementos com a mesma função em um sistema. ... 33

Figura 4 – Elemento exclusivo para sua função possui característica modificada. ... 33

Figura 5 – Incidência repetida de custos fixos pode aumentar o custo total acima da receita. ... 36

Figura 6 – Curva de custo unitário x quantidade produzida. ... 37

Figura 7 – Fluxograma do processo de fiação. ... 51

Figura 8 – Investimento para cada equipamento. ... 55

Figura 9 – Capacidade produtiva dos equipamentos. ... 57

Figura 10 – Custo estimado com energia por equipamento. ... 58

Figura 11 – Custo estimado com mão-de-obra por equipamento. ... 59

Figura 12 – Investimento, capacidade e custo da combinação 1. 61

Figura 13 – Investimento, capacidade e custo da combinação 2. 62

Figura 14 – Investimento, capacidade e custo da combinação 3. 62

Figura 15 – Investimento, capacidade e custo da combinação 4. 63

Figura 16 – Investimento, capacidade e custo da combinação 5. 63

Figura 17 – Investimento, capacidade e custo da combinação 6. 64

Figura 18 – Investimento, capacidade e custo da combinação 7. 64

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Consumo de fio por mês em três anos. ... 48

Gráfico 2- Consumo de fio por mês em doze meses. ... 48

Gráfico 3- Consumo de fio por mês em doze meses (toneladas). ... 65

Gráfico 4- Custo unitário simples por combinação. ... 66

Gráfico 5- Custo unitário (preço de equilíbrio) por combinação. ... 67

Gráfico 6- Rentabilidade por combinação. ... 70

Gráfico 7- Índice de Rentabilidade por combinação. ... 70

Gráfico 8- Valor Presente Líquido por combinação. ... 71

Gráfico 9- VPL para cada combinação de acordo com a demanda. ... 72

Gráfico 10- VPL para as três melhores combinações. ... 73

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Demanda mensal (toneladas) para os próximos 5 anos de acordo com o cenário. ... 50

Tabela 2- Equipamentos disponíveis na prestadora de serviço. .. 52

Tabela 3- Comparação de resultados entre métodos de custo unitário. ... 68

Tabela 4- Comparação de combinações por custo unitário (preço de equilíbrio). ... 69

Tabela 5- Comparação do resultado para cinco métricas. ... 75

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ABIT – Associação Brasileira das Indústrias Têxteis e Confecção VPL – Valor Presente Líquido

TIR – Taxa Interna de Retorno TMA – Taxa Mínima de Atratividade

MRP II – Material Resource Planning (Planejamento dos Recursos da Manufatura)

BPM – Business Process Management (Gerenciamento de Processos de Negócio)

SINTRAFITE – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação, Malharia, Tinturaria, Tecelagem e Assemelhados de Brusque, Botuverá, Guabiruba e Nova Trento

SIFITEC – Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem, Malharia e Tinturaria de Brusque, Botuverá e Guabiruba

SKU – Stock Keeping Unit (unidade mantida em estoque) ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços PIS – Programa de Integração Social

COFINS – Contribuição Para o Financiamento da Seguridade Social FGTS – Fundo de Garanti a do Tempo de Serviço

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

IRPJ – Imposto sobra a Renda das Pessoas Jurídicas CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido NTN-B – Notas do Tesouro Nacional da série B

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SUMÁRIO 1

INTRODUÇÃO ... 23

1.1

CONTEXTUALIZAÇÃO ... 23

1.2

OBJETIVOS ... 24

1.2.1

Objetivo Geral ... 24

1.2.2

Objetivos Específicos ... 24

1.3

JUSTIFICATIVAS ... 24

1.4

LIMITAÇÕES ... 25

1.5

ESTRUTURA DO TRABALHO ... 25

2

REFERENCIAL TEÓRICO ... 26

2.1

SETOR TÊXTIL ... 26

2.1.1

Processo produtivo de uma fiação ... 27

2.2

GESTÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA A LONGO PRAZO 30

2.2.1

Escalabilidade ... 32

2.2.2

Fatores que afetam a escala produtiva ... 34

2.2.3

Métodos de avaliação da escala produtiva ... 36

2.2.3.1

Custo unitário ... 37

2.2.3.2

Método da Rentabilidade ... 38

2.2.3.3

Análise de retorno econômico ... 39

3

METODOLOGIA ... 41

3.1

CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA ... 41

3.2

ETAPAS DO ESTUDO ... 41

3.2.1

Análise do processo produtivo e demanda ... 42

3.2.2

Possíveis escalas ... 43

3.2.2.1

Investimento ... 43

3.2.2.2

Capacidade produtiva e receita ... 44

3.2.2.3

Custos e despesas ... 44

3.2.3

Avaliação das escalas produtivas ... 45

(22)

4.1

A EMPRESA ... 47

4.1.1

Demanda ... 47

4.1.2

Processo Produtivo ... 50

4.2

ANÁLISE DE ESCALABILIDADE ... 53

4.2.1

Equipamentos Disponíveis ... 53

4.2.2

Caracterização dos equipamentos ... 55

4.2.2.1

Investimento ... 55

4.2.2.2

Capacidade Produtiva ... 56

4.2.2.3

Custos e despesas ... 57

4.3

DEFINIÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE ESCALA ... 60

4.4

AVALIAÇÃO DAS ESCALAS ... 65

4.4.1

Método do Custo Unitário ... 66

4.4.2

Método da Rentabilidade ... 69

4.4.3

Método do Valor Presente Líquido ... 71

4.5

ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 75

5

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 77

REFERÊNCIAS ... 79

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23

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A indústria têxtil foi um dos primeiros setores industriais a prosperar no país, ainda no século XIX (FUJITA; JORENTE, 2015). Contudo, a abertura comercial ocorrida nas últimas décadas expôs esse setor tradicional a níveis de produtividade elevados, consequentemente as margens das empresas foram reduzidas (ANTERO, 2006). Por sua vez, margens menores retornam menos valor ao investidor, que busca alocações mais eficientes do capital.

Nesse contexto, é relevante que empresas que planejam investir nesse ramo analisem a viabilidade do empreendimento para que sejam competitivas. Dado que um componente importante para a viabilidade de um novo negócio – principalmente quando envolve grande aporte de capital – é a adequação da escala produtiva, torna-se imprescindível um estudo da capacidade de longo prazo.

Tal estudo inicia-se com o entendimento dos processos produtivos, bem como suas escalabilidades. Posteriormente são obtidas combinações de escalas para cada processo que estejam de acordo com a demanda prevista. Obtidos os cenários, eles devem ser comparados mediante métodos quantitativos, como o do custo unitário, rentabilidade ou análise econômica, além de observadas informações qualitativas relevantes. Assim, obtém-se os níveis com os quais é possível obter maior ganho e compreender os efeitos de possíveis alterações da demanda (SANTA CATARINA, 2017)

O tema em questão é abordado através de um estudo do caso de uma fabricante de produtos têxteis localizada em Brusque (SC). Da cadeia produtiva, foi selecionado o processo de fiação para ter a sua capacidade analisada e serão criados cenários para simular o desempenho de diferentes escalas produtivas para este processo.

A escolha desta etapa produtiva baseia-se no fato do fio ser o principal componente do custo final dos produtos. Para ter maior controle sobre esse custo, a empresa administra o processo de fiação com a compra de algodão e terceirização da transformação ao invés de compra do fio pronto reduz esse custo em torno de 12%. Ainda assim, a terceirização representa mais de 40% do custo do fio, o que evidencia uma oportunidade de – ao internalizar o processo de fiação – reduzir significativamente a dependência de fornecedores desse serviço e aumentar o controle dos custos de matéria-prima para a manutenção do custo globais em patamares competitivos. Os resultados desta pesquisa

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podem servir tanto para embasar futuras mudanças de capacidade produtiva da empresa terceirizada que atualmente é contratada para o serviço quanto para a possibilidade de a empresa contratante internalizar o processo de fiação no seu parque fabril. Ainda, o trabalho caracteriza esta etapa produtiva, bem como a sua escalabilidade e assim cria uma referência acadêmica no assunto.

1.2 OBJETIVOS

O trabalho se propõe a estudar, para um caso específico, as possíveis capacidades produtivas de uma nova fiação a partir de métodos quantitativos para a demanda prevista.

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral desse trabalho consiste em realizar um estudo de escala do processo de fiação da empresa estudada com base em parâmetros econômicos.

1.2.2 Objetivos Específicos São objetivos específicos:

• Estudar a escalabilidade dos processos de beneficiamento em uma fiação e identificar as possíveis escalas produtivas que se adequam à demanda da empresa estudada;

• Realizar a análise do retorno em cada escala identificada;

• Comparar a efetividade dos métodos utilizados e as suas variantes.

1.3 JUSTIFICATIVAS

O presente estudo de caso detalha o processo de definição de uma escala produtiva adequada para uma fiação. Dessa forma, contribui com o conhecimento acadêmico para que empreendimentos nessa etapa do setor têxtil, que é um grande gerador de empregos no Brasil (ABIT, 2018), tornem-se economicamente mais eficientes. Ainda sobre o setor têxtil, o ano de 2020 evidenciou a dependência que a cadeia produtiva possui para com as fiações e como paradas de produção interrompem o suprimento de fio. Ao estudar a escala adequada para uma fiação, o

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25

trabalho auxilia para que a empresa estudada internalize o processo e esteja menos suscetível a rupturas na oferta de fio. Ainda, o estudo contribui com uma comparação dos métodos de avaliação utilizados. 1.4 LIMITAÇÕES

O presente trabalho baseou-se nos dados fornecidos pelos fabricantes de máquinas, portanto a capacidade produtiva utilizada, consumo energético e necessidade de mão-de-obra não foram averiguados para todos os equipamentos. Ainda, a previsão de demanda é uma atividade complexa e o presente trabalho não realizou previsão detalhada para o horizonte de análise de dez anos.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Além da presente introdução, o trabalho é composto pelo referencial teórico, detalhamento da metodologia, estudo de caso e considerações finais. A introdução inicia o leitor ao tema e informa sobre a relevância, elenca os objetivos bem como justificativas e limitações. O segundo tópico é composto pela revisão bibliográfica acerca do setor têxtil e fiação, bem como sobre gestão da capacidade produtiva no longo prazo e avaliação de escalas produtivas. O terceiro tópico consiste no detalhamento da metodologia utilizada, seguido pelo quarto tópico que aplica essa metodologia em um estudo de caso. Por fim, comentários sobre os resultados encontrados são expostos no tópico de considerações finais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O objetivo do presente capítulo é dissertar sobre o estudo de escala produtiva utilizado, bem como do funcionamento da cadeia têxtil. Inicia-se tratando do setor têxtil no Brasil, posteriormente aprofunda-se na etapa de fiação. Então é feita uma revisão das estratégias de gestão de capacidade produtiva a longo prazo, seguida pelos métodos de análise de investimentos.

2.1 SETOR TÊXTIL

A cadeia produtiva têxtil do Brasil é a maior e mais completa do hemisfério ocidental, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Têxteis (ABIT), 2018. Além disso, é o único país com significativa participação de todos os elos da cadeia. Fato esse aplicado somente à cadeia têxtil de fibras naturais, excluindo-se as fibras sintéticas e artificiais, como poliéster, náilon, viscose e acetato. Para IEL (2000), são consideradas fibras naturais o algodão, seda, linho, lã e juta. Ainda, dentre os produtos têxteis fabricados no país, 70% tem como matéria-prima o algodão, 25% são originários de fibras sintéticas e artificiais, enquanto apenas 5% são oriundos das demais fibras naturais. Conclui-se assim que os produtos têxteis oriundos de algodão são a maior parte da produção nacional desse segmento.

Figura 1 – Estrutura da Cadeia Têxtil e de Confecção.

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A figura 1 ilustra as etapas da cadeia têxtil associada à confecção. Observa-se que a cadeia é dividida em duas partes, com início na obtenção das fibras, considera-se cadeia têxtil os processos até o beneficiamento. Os processos produtivos a jusante desta etapa são considerados como pertencentes à confecção.

Para o presente trabalho considerou-se apenas a fibra de maior representatividade para a empresa. De origem agrícola, o algodão costuma ser produzido nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia (COSTA, 2006). Após a colheita, o algodão em fardos é enviado para algodoeiras, onde ocorre um processamento inicial a fim de retirar impurezas como folhas, galhos e cascas, e posteriormente a separação das plumas de algodão – matéria-prima do setor têxtil – do caroço (AMIPA, 2019).

Os fardos de pluma de algodão são então enviados para as fiações. Essa etapa consiste na preparação (com processos como a carda, passador, por vezes penteagem e maçaroqueiras) e uma vez preparados, na transformação das fibras em fios através dos filatórios, podendo este último processo variar em diversas formas a depender das características desejadas aos produtos (SABRÁ, 2015).

Os fios prontos são então entrelaçados nos teares para serem transformados em tecido plano nas tecelagens ou em malha nas malharias (BRAGA JÚNIOR, 1999). A empresa estudada possui toda a sua produção baseada em artigos de malha, portanto utiliza o processo de malharia circular.

Por fim, ocorre o acabamento do tecido. Nessa etapa os processos têm como objetivo a adequação do aspecto do material ao conforto, durabilidade ou propriedades específicas (IEL, 2000). Para cada característica que se deseja alterar existem processos diferentes, como estamparia, transfer, tingimento, lavanderia, dentre tantos outros (TEXTÍLIA; CORTOPASSI, 2018). A empresa estudada utiliza majoritariamente o processo de tingimento, porém alguns produtos passam também pela rama e estamparia.

2.1.1 Processo produtivo de uma fiação

O elo da cadeia têxtil referente à fiação passou por grandes alterações estruturais a partir da década de 1990 dada a competitividade oriunda da abertura comercial (ANTERO, 2006). Para superar a situação, as empresas sobreviventes passaram a modernizar seus parques fabris a partir da importação de equipamentos de grande porte, o que reforçou ainda mais o traço de ser capital-intensivo (TAVES, 2013).

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Assim, existem grandes economias de escala, porém a produção passa a ser viável somente com elevados volumes – o que limita a entrada de pequenos competidores e cria tendência de oligopólios segundo (VALOR ECONÔMICO, 2006, apud TAVES, 2013).

Como explicitado de forma breve anteriormente, a fiação é responsável por transformar prima fibrosa em fios. Tal matéria-prima deve ser previamente tratada e suas características físicas condicionam o processo a ser utilizado, bem como as dimensões do fio que pode ser obtido (PEREIRA, 2008). A figura 2 apresenta os processos dos métodos mais comuns utilizados na fiação. Destaca-se que são divididos em duas etapas, preparação e fiação propriamente dita através dos filatórios.

Figura 2 – Fluxograma da etapa de fiação.

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A primeira das duas etapas consiste na preparação da matéria-prima para a fiação e é composta de quatro processos, cada um deles executados por equipamentos (PITELLI, 2002; PEREIRA, 2008):

1. Abertura: Os fardos de algodão são dispostos em filas e um equipamento movimenta-se por cima das filas raspando a camada superior com lâminas. As porções removidas são enviadas por uma tubulação até os batedores;

2. Batedores: Quando os flocos de algodão chegam aos batedores passam por sucessivos estágios que os agitam com a força centrípeta. Assim, separa-se impurezas mais densas que o algodão, como cascas, galhos, folhas, areia e barro, além de flocos de algodão muito grosseiros para comporem o fio. Esses materiais são destinados para uma máquina que separa conforme o destino, enquanto os flocos de algodão bom – mais abertos e desagregados do que antes – são transportados por tubulação até a carda. Geralmente os batedores são imediatamente antecedidos por outros equipamentos de limpeza que visam extrair partes pesadas como metais e possíveis causadores de incêndio, o que evita possíveis danos ao maquinário; 3. Cardas: A carda recebe então o algodão e nela o

processo de abertura do algodão continua até que os flocos estejam em fibras individualizadas. Esse processamento se dá por meio da combinação de passagens seriadas de guarnições com dentes e agulhas no material. Tal processo faz com que as fibras sejam pré-orientadas e assim se transformem em uma fita homogênea;

4. Passadores: Esse processo tem o objetivo de melhorar características da fita, como aumentar o paralelismo entre as fibras e uniformizar a densidade linear. Para tal, a máquina é alimentada por quatro, seis ou oito tambores de fitas. Elas são então unidas – o que cria uma fita mais grossa – e posteriormente estiradas na proporção do número de alimentadores e torcidas. Com isso, obtêm-se fitas brilhosas e resistentes para o próximo processo.

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Uma vez obtidas as fitas de algodão o material pode ser submetido à transformação efetiva em fio. Nesse momento há grande diferenciação de acordo com a característica do fio desejado, uma vez que se pode obter fios penteados ou não penteados por meio dos processos não-convencionais (como filatório Open-end, filatório airjet dentro muitos outros) ou convencionais (filatório de Anel) (PEREIRA, 2008; TEXTÍLIA; CORTOPASSI, 2018). A análise do presente trabalho se concentrará nos filatórios Open-end, já que a empresa estudada faz uso do produto oriundo desse processo produtivo, economicamente mais competitivo que os demais.

O uso de Open-end (ou fiação a rotor) garante vantagens se comparado aos métodos tradicionais por não necessitar do processo de maçaroqueira – evitando assim custo com equipamentos e maior tempo de processamento, além de propiciar maiores velocidades de produção (PEREIRA, 2008). Dentre os processos não-convencionais, o open-end é o mais utilizado pela possibilidade de utilização de fibras com menor comprimento além da alta velocidade de fiação propiciada, contudo, exige fibras mais finas e maduras (PEREIRA, 2008).

A máquina utilizada para esse processo possui poucos fabricantes, sendo que o único fabricante com dados no presente estudo é a europeia Saurer, cuja máquina open-end chama-se Autocoro. Por dispensar o uso da maçaroqueira, é alimentado diretamente com as fitas de algodão produzidas anteriormente na etapa de preparação (PEREIRA, 2008). Elas são desagregadas e ao passar por rotores são estiradas e torcidas, o que forma o fio, que é acondicionado então em rocas que estão prontas para a serem tecidas (PITELLI, 2002).

2.2 GESTÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA A LONGO PRAZO A capacidade de uma unidade produtiva define seu potencial de atendimento à demanda, sendo o atendimento das necessidades do cliente a função principal de tal empreendimento (CORRÊA; CORRÊA, 2006). Ainda do mesmo autor, decisões acerca desse potencial são feitas a longo, médio e curto prazo, apesar de em todos os níveis seus impactos sejam estratégicos.

“Não se gerencia o que não se mede” (DEMING, 1990), portanto é imprescindível que para que haja gestão da capacidade produtiva, ela seja mensurada. Tal mensuração por vezes ocorre através de um volume ou escala fixos, como “um equipamento de 500kg”, porém tal prática não evidencia a real capacidade de processamento. Para esse feito, são

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utilizados valores na forma de taxa contendo, portanto, um componente de tempo, a exemplo “equipamento que processa 2000kg/dia”. Dessa forma, a gestão dos ativos torna-se facilitada, bem como definir e medir a capacidade produtiva (CORRÊA; CORRÊA, 2006).

Slack et al. (2009) ressalta a necessidade de diferenciar as medidas de capacidade de volume de produção (saída do processo) das medidas de insumos (entradas no processo). Parte dos processos produtivos utilizarão a primeira opção, pois permite boa mensuração dos produtos esperados, entretanto em situações em que a obtenção de tal taxa requer análise de elevado número de variáveis, opta-se por medir com a capacidade dos insumos utilizadas.

Ao projetar uma instalação é imperativa a adequação da capacidade às expectativas de vendas pois os seguintes fatores tornam essa decisão pouco mutável em intervalos menores que um ou dois anos e, portanto, configuram-na como longo prazo (CORRÊA; CORRÊA, 2006):

1. Normalmente há necessidade de alto investimento inicial em bens de capital, estrutura física e tecnologia;

2. A capacidade produtiva influencia diretamente no retorno do investimento, já que excesso de capacidade implica em subutilização do capital enquanto falta de capacidade gera perca de oportunidade e baixa satisfação do cliente;

3. Costumam ser longos os prazos para a execução desses projetos e alterações de capacidade, o que limita a velocidade de resposta.

Como já exposto, deve-se tomar decisões de como utilizar as instalações físicas dentro do seu limite planejado no longo prazo em médio e curto prazo. Para o médio prazo, costuma-se planejar a capacidade para um horizonte entre dois e dezoito meses de antecedência com, por exemplo, variação do número de horas de utilização de equipamento, alteração do layout e contratações ou demissões (SLACK et al. 2009).

Contudo ainda existem desvios da demanda real para a prevista nesse intervalo, o que torna necessário o planejamento e controle no curto prazo. Algumas possíveis formas de adequação são o uso de horas-extra realocação de pessoal entre setores (HOPP; SPEARMAN, 2012). Apesar da relevância da gestão da capacidade nesses dois últimos níveis, o presente estudo concentra-se no longo prazo.

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Casarotto (2011) aponta que além da capacidade é necessário observar e determinar o nível adequado de utilização e que esses dois itens compõem o tamanho de uma fábrica. Isso implica que limitações no nível de utilização da capacidade resultem em maiores capacidades instaladas ou que menores capacidades exijam taxas de aproveitamento mais elevadas.

Variações no nível de utilização da capacidade costumam ter pouca influência nos custos fixos produtivos, o que permite elevar ou reduzir tal taxa a fim de adequar o tamanho da fábrica à demanda sem alterar significativamente a estrutura de custos da empresa (CASAROTTO, 2011). Uma exceção seria a adoção de novos turnos, principalmente noturno, dado que elevam o custo com mão-de-obra.

Outra possível forma de modificar o potencial de atendimento à demanda com foco no longo prazo é a terceirização de etapas produtivas. Contudo, tal prática implica em determinados riscos, como a perda do controle e gerenciamento da qualidade ou até mesmo um fornecedor transformar-se em concorrente (HOPP; SPEARMAN, 2012). Além dessas medidas, cada processo tem certa capacidade idiossincrática de se adaptar – inclusive no longo prazo – para que se adeque à demanda, esse conceito chama-se escalabilidade.

2.2.1 Escalabilidade

Spicer et al. (2002) definem escalabilidade como o potencial de ajustar a capacidade de produção de um sistema em uma vasta gama de possibilidades, através da sua reconfiguração com um custo e tempo mínimos com determinados incrementos de capacidade. É a chave para que se atinja flexibilidade, agilidade e adaptabilidade (FRICKE;

SCHULZ, 2005).

Em uma definição mais ampla, contudo, escalabilidade pode ser considerada a habilidade de aumentar a potência ou capacidade de um sistema adicionando componentes (DEVLIN et al., 1999). Um sistema escalável, portanto, pode ser expandido/aumentado ou reduzido/diminuído (MERRIAM-WEBSTER, 2019).

Essa última definição vai ao encontro do que argumentam Fricke e Schulz (2005) no que concerne às abordagens da escalabilidade, uma vez que esclarece que a capacidade de um sistema pode ser modificada pela alteração de seus componentes. Esses, por sua vez, podem ser agrupados (conforme mostra a Figura 3.), modificados (Figura 4) ou uma combinação entre os dois.

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Figura 3 – Elementos com a mesma função em um sistema.

Fonte: Fricke; Schulz (2005).

Figura 4 – Elemento exclusivo para sua função possui característica modificada.

Fonte: Fricke; Schulz (2005).

Primeiramente, pode ser observado como a conexão entre diversos elementos com a mesma função em um sistema para obter-se performance ou funcionalidade escaladas (tanto maiores quanto menores a depender da quantidade de elementos). Para tal, é necessário que o sistema possua a capacidade para aumentos ou diminuições irrestritas na população de elementos (FRICKE; SCHULZ, 2005), ou seja, a expansão ou redução na quantidade de unidades não pode afetar o desempenho individual das demais.

A segunda abordagem é um elemento único no sistema que pode ter seus parâmetros característicos aumentados ou diminuídos (FRICKE;

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34

SCHULZ, 2005) a fim de adequar-se à demanda. Tais parâmetros podem ser considerados, no presente estudo, como a capacidade de cada um dos equipamentos.

Os dois princípios podem ser combinados para que seja obtida a escala adequada em determinado sistema (PUT NIK et al., 2013). Tal combinação é dada pela expansão ou redução do número de elementos no sistema de forma coordenada com aumento ou diminuição da capacidade individual de cada elemento. Assim, é possível criar soluções que combinem diferentes opções tecnológicas quanto às características de capacidade, custo e variabilidade (HOPP; SPEARMAN, 2012).

2.2.2 Fatores que afetam a escala produtiva

Como exposto anteriormente, o projeto de uma escala produtiva não pode ser facilmente alterado sem incorrência de custos significativos e prazo de execução. Deve-se, portanto, considerar fatores relativos ao ambiente interno e externo a empresa, sendo que muitos fatores direcionam as possibilidades de escala. Casarotto (2011) resume em doze itens tais fatores:

1. O mercado indica a demanda global, distribuição geográfica dessa demanda e o nível de customização; 2. A estratégia de produção e velocidade de inovação

adotada pela empresa;

3. A velocidade de variação do ambiente externo nesse mercado;

4. Possíveis localizações para o empreendimento e disponibilidade de fatores de produção no local; 5. Sazonalidade de matéria-prima e produto e

consequentemente relação entre custo de capacidade versus custo de manter estoque;

6. Disponibilidade comercial de equipamentos para cada escala;

7. Economia de escala dos equipamentos de acordo com a capacidade unitária;

8. Disponibilidade de financiamento; 9. Disponibilidade de recursos próprios;

10. Possibilidades de terceirizações e formação de cadeia de fornecimento;

(35)

35

O décimo segundo item seria o retorno ao acionista, porém as métricas quantitativas de análise de capacidade serão abordadas na seção Métodos de avaliação de escala produtiva.

Por sua vez, Schmenner (1999) adiciona três fatores não quantificáveis que merecem atenção:

1. Impacto das escolhas sobre as operações existentes quando elas existem, uma vez que a transição para uma unidade maior costuma ser demorada e absorve a atenção da engenharia e da gerência. Porém frequentemente modifica a extensão de manuseio e movimento de materiais;

2. O comportamento e reação de concorrentes, que podem concluir expansões ou novos empreendimentos em um período mais curto de tempo;

3. A flexibilidade que os elementos da nova instalação propiciarão.

A combinação desses fatores gera um ambiente único composto por características que beneficiam o aumento da capacidade e outras que prejudicam tal postura.

As características que direcionam para aumento de capacidade costumam reduzir os custos operacionais unitários à medida em que a escala de capacidade aumenta (HOPP; SPEARMAN, 2012). Isso se dá, por exemplo, porque os custos fixos não costumam crescer de forma proporcional ao crescimento da escala (SLACK et al., 2018). Esses autores argumentam que o custo de capital de instalação da unidade produtiva não aumenta na mesma medida com que cresce a capacidade. A combinação desses dois fatores é denominada economia de escala.

Contudo os benefícios costumam ser, após certa escala, surpassados pelo aumento dos custos – as chamadas deseconomias de escala. Isso decorre, dentre outros fatores, do aumento da complexidade na comunicação e coordenação que incrementos de capacidade geram (SLACK et al., 2018), o que exige maior burocratização e atividades indiretas (HOPP; SPEARMAN, 2012) e, de acordo com os dois autores, de maiores custos com transporte tanto de matéria-prima, trabalho em processo e produto acabado. A combinação de economias e deseconomias de escala faz com que exista um nível ótimo de capacidade a ser adotado.

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36

Outro conceito pertinente derivado da análise de fatores levantada no início da presente seção é a descontinuidade de custos fixos em alguns níveis de produção. Tal descontinuidade, ou quebra, ocorre quando um gasto extra se torna necessário para que a operação tenha, mesmo que minimamente, a sua capacidade elevada (SLACK et al., 2018). Como resultado algumas escalas produtivas passam a ter rentabilidade negativa, uma vez que os custos superam as receitas, como pode ser visto na figura 5.

Figura 5 – Incidência repetida de custos fixos pode aumentar o custo total acima da receita.

Fonte: SLACK et al. (2009).

2.2.3 Métodos de avaliação da escala produtiva

Além das restrições qualitativas que permitem eliminar escalas inviáveis, existe a necessidade de ordenar ou comparar alternativas semelhantes. Para tal são utilizados métodos quantitativos que descrevem em valores monetários cada uma das alternativas (SANTA CATARINA, 2017), como o custo unitário – sendo esse o mais tradicional – além da análise de rentabilidade e da análise econômica que é proposta pelo mesmo autor. As particularidades de cada um são expostas a seguir.

(37)

37

2.2.3.1 Custo unitário

O custo unitário é o custo total associado à produção de uma unidade, sendo calculado através da razão entre a soma dos custos totais estimados e a quantidade de itens produzidos (BORNIA, 2010). Os custos totais, para efeito de análise, podem ser divididos em custos fixos – existem de forma independente ao volume produzido – e custos variáveis – que dependem diretamente da quantidade de unidades produzidas (SLACK et al. 2009).

𝑢 𝑞 =

% & ' (& (1) Em que:

u: Custo unitário em função da quantidade produzida; q: quantidade produzida;

V: Custo variável total em função da quantidade produzida; F: Custo fixo total.

A equação anterior explicita que custos fixos – como aluguel – são diluídos conforme a quantidade produzida aumenta (SLACK et al., 2009), resultando na economia de escala citada anteriormente. Todavia, como explicitado na seção anterior os custos fixos sofrem aumento a partir de determinadas escalas. A composição dessas características gera uma curva semelhante a ilustrada a seguir.

Figura 6 – Curva de custo unitário x quantidade produzida.

Fonte: Adaptado de Casarotto (2011).

Custo unitário Capacidade produtiva Escala adequada Custo mínimo Economia de escala Deseconomia de escala

(38)

38

A partir dela pode-se observar a existência de um ponto em que os custos unitários seriam mínimos. Para Casarotto (2011) a escala “ótima” seria justamente a que resulta no ponto de mínima.

Porém, Casarotto (2011) critica três características do método do custo unitário sendo elas a abordagem dos custos pelo uso do regime de competência e não de caixa, o fato do método não levar em consideração o retorno ao acionista – fator tido por ele como mais importantes em empreendimentos privados – e por fim por não considerar aspectos estratégicos. É recomendado então o uso de métodos que levem em consideração o retorno ao acionista.

2.2.3.2 Método da Rentabilidade

A fim de sanar as incertezas decorrentes de simplificações que o método do custo unitário implica, Casarotto (2011) recomenda que a análise quantitativa seja feita baseada no retorno ao acionista. Para esse autor, observa-se as condições de financiamento disponíveis e no regime de caixa busca-se pela “escala economicamente ideal”, ou seja, aquela capaz de proporcionar maior taxa de retorno ao acionista.

A obtenção de tal escala se dá por meio de uma análise sistemática das taxas de retorno obtidas para cada capacidade produtiva (CASAROTTO, 2011) sendo vantajoso do ponto de vista econômico adotar a escala imediatamente superior quando:

)*(e+1)

0*(e+1)

)*(e)

0*(e)

(2)

Em que:

Sa(e): Saldo do acionista para a escala “e”;

Ia(e): Investimento do acionista para a escala “e”;

Santa Catarina (2017), contudo, critica o método por ignorar o valor do dinheiro no tempo, que seria representado pelo custo de capital. Tal crítica é justificada, dado que investimentos em capacidade visam o horizonte de longo prazo e nesse período os efeitos dos juros podem influenciar a rentabilidade do empreendimento. Uma segunda crítica refere-se a não considerar o efeito acumulado dos saldos durante o ciclo de vida do investimento.

(39)

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Porém, é possível substituir o saldo do acionista pela soma dos saldos futuros trazidos a valor presente e dividi-lo pelo investimento, o que gera o indicador conhecido como Índice de Rentabilidade (GURAU, 2012). Esse indicador considera efeito acumulado de todos os fluxos de caixa e o valor do dinheiro no tempo é considerado ao descontar esses fluxos de caixa a uma taxa de juros. Outra forma de representar esse índice é a somar o Investimento ao Valor Presente Líquido (VPL) e dividir o resultado pelo Investimento inicial. Além disso, o VPL pode ser utilizado individualmente em uma análise econômica conforme a próxima seção.

2.2.3.3 Análise de retorno econômico

Schmenner (1999) reforça a importância de considerar o valor do dinheiro no tempo em planos de capacidade por costumeiramente envolverem projeções de diversos anos. Nesse sentido, o Valor Presente Líquido (VPL) é indicado para análise econômica pois permite a comparação entre investimentos de diferentes valores – o que costuma acontecer quando se comparam cenários com diferentes capacidades, enquanto a Taxa Interna de Retorno (TIR) não permite tal comparação (SANTA CATARINA, 2017).

Além disso, para realizar-se uma análise econômica de um projeto são necessárias premissas e é pertinente avaliar a sensibilidade de tais premissas a mudanças no cenário externo esperado (SCHMENNER, 1999). Tal análise de sensibilidade permite identificar projetos de alto risco e alto retornos, pois aplica-se ao horizonte de tempo do projeto, fluxos de caixa esperados e à taxa de retorno (SCHMENNER, 1999) e todos eles afetam o VPL.

Portanto, o uso do VPL facilita a análise de sensibilidade pois é composto por premissas independentes e que também podem ter sua sensibilidade a fatores externos mensurada. Ainda assim, exatamente essa necessidade de definição de múltiplos parâmetros confere certa limitação à aplicação método do VPL (SANTA CATARINA, 2017).

A obtenção do VPL consiste na soma dos Valores Presentes (valor descontado à Taxa Mínima de Atratividade, ou TMA, de acordo com a diferença entre o período zero e o período do fluxo de caixa) de todos os termos de um fluxo de caixa projetado (CASAROTTO; KOPITTKE, 2000), acrescido do fluxo de caixa no período zero. A melhor alternativa é aquela que apresentar o maior valor de VPL com seus respectivos números de períodos, fluxos de caixa e taxa mínima de atratividade. Contudo, a especificação de fluxos futuros é coberta por

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incertezas. Para mitigar a dificuldade na projeção, é possível calcular o VPL ponderado pela probabilidade ao atribuir uma probabilidade de ocorrência para cada cenário e multiplica-la pelo respectivo VPL, por fim, soma-se os produtos de todas as multiplicações (ANTONIK, 2001). Assim, a soma dos desvios positivos iguala-se à dos desvios negativos e encontra-se um VPL médio ponderado.

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3 METODOLOGIA

3.1 CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA

Para que haja uma classificação, é necessário que seja feita de acordo com algum critério (GIL, 2002). Portanto são elencados quatro pontos de vista a partir dos quais é possível compreender particularidades da pesquisa.

A metodologia utilizada nesse trabalho se enquadra na definição – do ponto de vista da natureza - de Pesquisa Aplicada de acordo com Silva, et. al, 2005, já que tem como objetivo a criação de conhecimento para um problema específico, no caso um possível empreendimento no ramo têxtil para atender uma demanda já existente.

Quanto à abordagem do problema tem-se uma pesquisa qualitativa e quantitativa, uma vez que as possíveis escalas produtivas serão obtidas de forma qualitativa, porém sua análise se dará por métodos quantitativos e qualitativos.

Será também um estudo exploratório do ponto de vista dos objetivos. Isso pois concentrar-se-á em expor como a alteração de algumas variáveis que compõem a estrutura produtiva da empresa afetam o retorno esperado, adequando-se, portanto, à definição de Silva (2005).

Por fim, os procedimentos técnicos utilizados (GIL, 2002), serão Estudo de Caso com Pesquisa Documental. O primeiro porque será um estudo profundo de um único objetivo, no caso a escala mais adequada para o empreendimento de uma fiação, portanto adequa-se à definição de Gil (2002) de estudo de caso. O segundo em decorrência da análise de dados e informações específicos do setor e da empresa que não passaram por procedimento analítico prévio.

3.2 ETAPAS DO ESTUDO

A fim de obter a escala produtiva adequada, a primeira etapa do estudo foi uma análise do processo produtivo e do histórico da demanda. Em seguida, houve um estudo sobre as possíveis escalas que poderiam ser adotadas para a demanda em questão. Para avaliar o desempenho de cada uma dessas etapas foram feitas então simulações de seu funcionamento e por fim, foram utilizados os métodos de avaliação de retorno associados a análises qualitativas para definir a escala mais adequada.

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3.2.1 Análise do processo produtivo e demanda

Através de visitas à empresa em estudo e um de seus fornecedores, foram coletadas informações acerca do suprimento atual de fios. Assim, levantou-se o histórico da demanda mensal por fio, como esses elos da cadeia se relacionam e características dos processos atualmente utilizados para fabricação de fio.

O histórico de consumo de fios foi obtido a partir das entradas de fio de algodão 30:1 no sistema de MRP II (Manufacturing Resource

Planning, ou Planejamento dos Recursos de Manufatura) da empresa,

posteriormente foi tratado por meio de planilha eletrônica. Ainda, os gestores da empresa foram consultados para obter uma projeção de comportamento futuro da demanda por fio em três cenários diferentes, sendo um otimista, outro neutro e um pessimista quanto à capacidade de captura de parcela do mercado. Com isso foi possível estimar uma faixa de demanda que o futuro empreendimento poderá ter no futuro.

Além dessa demanda interna, foram levantados preços praticados para a venda de fio pronto para terceiros e prestação de serviço para de fiação para terceiros em duas empresas diferentes. De forma qualitativa também foi avaliada a demanda pelo produto e serviço.

Através de visitas a campo foi mapeado o fluxo de materiais na notação BPM (Business Process Management, ou Gerenciamento de Processos de Negócio). Uma vez listados os processos e equipamentos utilizados em cada um deles, comparou-se com as informações levantadas no referencial teórico para que fosse possível na etapa posterior levantar as combinações de equipamentos para todos os processos.

Além disso, demais informações acerca da relação entre as empresas foram obtidas e utilizadas conforme a necessidade. O conhecimento acerca da parceria empresarial se mostrou relevante pois explicitou características que influenciam no retorno do investimento no ramo.

Esses dados e informações permitiram, por fim, entendimento de como a prestadora de serviço atende à demanda da empresa em estudo, além do comportamento dessa demanda e de vantagens que a empresa que atualmente terceiriza o serviço possui por manter parceria com a prestadora de serviço.

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3.2.2 Possíveis escalas

Para que se chegasse nas possíveis escalas do empreendimento, cada um dos processos foi analisado quanto à necessidade de capacidade. Com isso, foram levantados equipamentos disponíveis no mercado que atendessem à demanda bem como sua capacidade estimada, investimento necessário para aquisição e preparação para operar, além do custo previsto de operação. Todas essas informações foram obtidas de acordo com a disponibilidade de maquinário informada por representantes no Brasil de fabricantes de equipamentos têxteis, bem como catálogos dessas máquinas.

Após a listagem dos equipamentos para cada processo, foram criados cenários em planilha eletrônica com a combinação dos possíveis recursos para cada processo. Isso permitiu estimar requisitos financeiros, como investimento, para tamanhos de empreendimento próximos à faixa da demanda prevista e a ociosidade dos equipamentos quando existente. Cenários tidos como inviáveis por motivos técnicos foram excluídos nessa etapa.

Os três valores necessários para as análises do estudo, investimento, capacidade produtiva – consequentemente a receita – e custos de operação, foram obtidos conforme descrito a seguir.

3.2.2.1 Investimento

A partir das etapas produtivas obtidas anteriormente, buscou-se equipamentos que satisfizessem suas necessidades em catálogos de fabricantes. Uma vez que esses equipamentos foram listados, tais fabricantes foram contactados a fim de validar a efetividade dos equipamentos em produzir o fio 30:1 bem como obter o custo de aquisição. Máquinas que não foram projetadas especificamente para este produto ou eram menos eficientes foram desconsideradas a partir de então. Assim, obteve-se o valor necessário de desembolso para cada um dos possíveis componentes da fábrica. No caso de equipamentos importados foi necessário converter o preço de euros para real de acordo com o câmbio. Ainda com base nos orçamentos enviados pelas empresas há o investimento com montagem e foi estimada a potência consumida pela fábrica para dimensionar o investimento com a subestação elétrica necessária. Por fim, a necessidade de capital de giro inicial também foi calculada como investimento.

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3.2.2.2 Capacidade produtiva e receita

A produção por hora esperada para cada equipamento foi obtida também a partir dos catálogos e orçamentos disponibilizados pelos fornecedores de equipamentos. Esses dados foram comparados com o histórico de produtividade de uma empresa do setor que utiliza equipamentos dessa lista para produzir o fio em questão. Com isso estimou-se uma produtividade esperada para o projeto. Assim tornou-se possível calcular a quantidade produzida em uma hora, consequentemente para todo o período de análise a depender da quantidade de horas trabalhadas em um dia e a quantidade de dias trabalhados no mês.

Foi também analisado o histórico do valor cobrado pelo serviço de fiação. Esse valor adveio do mesmo horizonte utilizado para o cálculo da demanda por fio. Com os valores do passado foi possível inferir a evolução do preço do serviço e consequentemente estimar o comportamento futuro. Com a multiplicação do preço pela capacidade obteve-se a receita mensal estimada. Importante ressaltar que para qualquer capacidade que esteja na faixa projetada pela previsão de demanda considerou-se inicialmente que toda a produção fosse vendida pelo preço de mercado, porém para a recomendação final a análise considerou a demanda probabilística em uma distribuição retangular. 3.2.2.3 Custos e despesas

Os custos mais significativos foram obtidos com auxílio da empresa fabricante de fio visitada e são: mão-de-obra direta, energia elétrica, amortização e juros sobre o financiamento dos equipamentos, aluguel do espaço físico quando não é prédio próprio e embalagem do produto. Cada um deles foi parametrizado e então calculado de forma que pudesse ser replicado para cada cenário, com exceção dos juros.

Para o custo com mão-de-obra foi considerado apenas pessoas diretamente ligadas ao processo produtivo, uma vez que funções indiretas podem ser absorvidas pela estrutura já existente da empresa. O cálculo foi feito a partir da quantidade de pessoas necessárias para que cada máquina funcione simultaneamente – dado obtido dos fornecedores de equipamentos. Com a quantidade de pessoas por turno, foi necessário compreender os regimes de trabalho disponíveis e seus encargos associados para assim calcular a quantidade de pessoas necessárias para que a empresa funcione todos os dias do ano. O salário base para a categoria, bem como os encargos trabalhistas e adicional noturno quando aplicável, foram obtidos a partir da Convenção Coletiva do SINTRAFITE (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação,

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Malharia, Tinturaria, Tecelagem e Assemelhados de Brusque, Botuverá, Guabiruba e Nova Trento) e SIFITEC (Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem, Malharia e Tinturaria de Brusque, Botuverá e Guabiruba). Para todas as funções com mão-de-obra direta considerou-se o mesmo salário-baconsiderou-se.

Para os custos com energia elétrica, foi necessário calcular tanto a potência instalada quanto o consumo, já que o preço pago é uma combinação desses fatores com as tarifas para cada categoria de empresa. Uma vez calculado o consumo energético, encontrou-se a categoria em que a empresa se enquadraria e foi possível obter o preço a ser pago pela energia de acordo com o tempo de trabalho e demais tarifas. Considerou-se os horários de ponta na tabela de preços da fornecedora de eletricidade (CELESC), em que a tarifa cobrada é multiplicada por 3,95, como sendo no segundo turno, já que é delimitado entre 17:30 e 22:30.

O aluguel foi obtido a partir do preço praticado por metro quadrado na cidade de Brusque e da área necessária para o empreendimento. O primeiro foi obtido em orçamento com uma imobiliária da região enquanto o segundo foi obtido com a soma das áreas necessárias para cada setor da empresa de acordo com orçamento de fornecedor de equipamentos.

Por fim, o custo com embalagem foi estimado a partir do preço pago por caixas de papelão e a capacidade de cada caixa, além de cones para enrolar o fio.

3.2.3 Avaliação das escalas produtivas

Para a comparação das alternativas, foram utilizados os três métodos expostos na seção de referencial teórico, sendo que para o custo unitário e rentabilidade foram utilizadas duas variações. Todos os métodos foram aplicados apenas à análise econômica do empreendimento e com a exclusão de fatores financeiros, portanto financiamento. Considerou-se, com essa finalidade, que o empreendimento foi totalmente financiado por capital próprio.

O custo unitário foi calculado para os cenários estudados e com ele foi possível obter estimativas dos custos de operação citados na seção 3.2.2. Sua obtenção, inicialmente, ocorreu a partir da divisão dos custos esperados para o primeiro ano pela capacidade produtiva. A forma de chegar no custo unitário, contudo, foi aperfeiçoada e utilizou-se o preço de equilíbrio. Optou-utilizou-se por analisar o preço de venda praticado para que o Valor Presente Líquido de cada cenário fosse zero,

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pois assim todos os custos – inclusive o custo de oportunidade representado pela taxa mínima de atratividade – são considerados. Ainda, comparou-se o custo unitário de cada cenário para verificar qual deles é mais adequado de acordo com esta métrica. Como o empreendimento teria apenas um produto, não há necessidade de cálculo de um custo ponderado médio.

Para o método da rentabilidade dividiu-se o saldo do fluxo de caixa anual esperado ao acionista pelo investimento inicial e a escala com maior rentabilidade deveria ser escolhida. Porém desta forma o valor do dinheiro do tempo é desprezado, optou-se então por calcular também o Índice de Rentabilidade. Para isso foram estimados os fluxos de caixa descontado (a valor presente) para o acionista em cada um dos tamanhos considerados, além do investimento necessário. Com a divisão do primeiro pelo segundo obteve-se o índice de rentabilidade de cada cenário, sendo mais vantajoso o cenário que apresentar maior índice.

Por fim, para o método da análise de retorno, foi calculado o Valor Presente Líquido de todos os cenários. As etapas necessárias foram a determinação da taxa de desconto – o custo de capital do ponto de vista do acionista, obtida a partir da taxa de retorno considerada livre de risco no país – assim como determinação do horizonte de análise e finalmente a previsão dos fluxos de caixa futuros determinados a partir da estimativa de receitas e custos. Com isso foi possível calcular o VPL das alternativas, sendo a mais benéfica aquela que apresentar maior saldo VPL caso essa seja maior que zero. Tanto a taxa de desconto quanto o horizonte de análise foram utilizados também no aperfeiçoamento do método do custo unitário e da rentabilidade.

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4 ESTUDO DE CASO 4.1 A EMPRESA

O objeto de estudo é uma empresa que produz e comercializa roupa de cama em malha com dez anos de atuação no mercado nacional e é localizada na cidade de Brusque, Santa Catarina. Conta com 124 colaboradores diretos distribuídos em duas unidades que produzem cerca de 350 SKUs (Stock Keeping Units). Três famílias de produtos, do ponto de vista comercial, representam 91% da produção, utilizam a mesma matéria-prima (fio open-end com titulação Ne 30:1) e passam por processos semelhantes.

Os processos para essas famílias são a compra de algodão em fardos, fiação do algodão para obtenção de fios (etapa terceirizada), transformação de fios em malha na malharia e beneficiamento com tinturaria e por vezes estamparia e rama (etapas terceirizadas). Essas etapas encerram a etapa têxtil da cadeia, que é seguida pela etapa da confecção. Por sua vez, integram a última etapa o enfesto e corte do tecido de acordo com o molde, assim como a costura e embalagem.

Como o objetivo do presente estudo está direcionado para a etapa produtiva dos fios, o empreendimento analisado terá apenas um produto em seu portfólio, que será o fio necessário para suprir 91% da demanda da empresa.

4.1.1 Demanda

O histórico de consumo de fio dos 36 meses entre setembro de 2016 e agosto de 2019 apontou um elevado crescimento nos primeiros 24 meses, seguido por relativa estabilidade nos últimos 12 meses. O gráfico 1 na próxima página ilustra tal comportamento inicial, bem como a linha da equação linear que representa a tendência e sua respectiva equação, a qual evidencia um crescimento aproximado de seis toneladas de fio por mês – mais de 70 toneladas de crescimento se mantido por um ano.

O comportamento da demanda nos últimos doze meses da amostra analisada, contudo, não permite afirmar que a demanda deve continuar expandido no mesmo ritmo. Conforme observa-se no gráfico 2 da próxima página, a tendência de variação média entre os últimos meses foi negativa em aproximadamente 2,3 toneladas por mês, o que resultou em um consumo médio no período de 277 toneladas por mês.

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Gráfico 1- Consumo de fio por mês em três anos.

Fonte: Autor (2019) com dados da empresa.

Gráfico 2- Consumo de fio por mês em doze meses.

Fonte: Autor (2019) com dados da empresa.

83 95 97 95 157 129 139 107 133 133 114 161 195 166 173 109 223 234 250 201 164 188 238 220232 335 294 254267 267 299 376 304 221 226 253 Equação da Tendência y = 6.0596x + 85.907 80 130 180 230 280 330 380 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 Período Consumo de fio por mês (toneladas) Histórico Equação linear 232 335 294 254 267 267 299 376 304 221 226 253 Equação da Tendência y = -2.2946x + 291.98 180 230 280 330 380 430 480 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Período Consumo de fio por mês em doze meses (toneladas) Histórico Equação linear

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Com tais variações no comportamento da demanda, para realizar projeções futuras foi necessário compreender de forma qualitativa os motivos de tal movimentação, bem como perspectivas futuras para a empresa. Em entrevista com os gestores da empresa, observou-se que a estabilização do consumo é decorrente de mudança na estratégia da companhia para a família de produtos. Eles não preveem crescimento significativo nos próximos anos para o mercado de sua linha de produtos originários do fio de algodão 30:1 e optaram por não direcionar esforços na captura de novas parcelas do mercado.

Com base nos dados de demanda e nas expectativas dos gestores para o futuro, é possível estimar para cenários diferentes o consumo de fio pela organização. De acordo com o posicionamento da empresa, deve haver demanda constante de aproximadamente 250 toneladas por mês em um cenário base para pelo menos os próximos 5 anos.

A estabilidade observada bem como projetada tem como fatores: boa parte dos maiores varejistas compradores do produto no mercado brasileiro já são clientes da empresa; não há perspectivas de conquista da exclusividade no fornecimento para estes clientes; não há indicativo de crescimento orgânico da demanda pelo produto no mercado brasileiro; a empresa não planeja a exportação. Com esses fatores, a única possibilidade de crescimento do consumo do fio é originária da inserção de novos produtos no mercado. Caso tais produtos tenham êxito, um cenário otimista prevê demanda de aproximadamente 300 toneladas mensais.

Já para um cenário pessimista em que movimentos econômicos reduzam o consumo ou afetem a capacidade do produto de malha competir com alternativas importadas, estima-se uma demanda reduzida em quase 20%, de 202 toneladas por mês.

As estimativas expostas referem-se ao consumo da empresa por fio, portanto o produto acabado do empreendimento e foco do presente estudo. Conforme será exposto na próxima seção, há rendimento entre 91% e 93% da massa de algodão na transformação para fio, com isso são necessários entre 7,5% e 9,9% mais massa de algodão para produzir a demanda de fio (tal rendimento é altamente dependente de propriedades da matéria-prima, que pode variar de acordo com o solo, clima, genética da planta e processo de beneficiamento. Porém, de forma aproximada, o algodão utilizado pela empresa tende a esses valores). Atualmente a empresa terceirizada insere essa diferença de rendimento no custo de prestação de serviço, portanto para cada 1 kg de algodão fornecido, é retornado 1 kg de fio independente do rendimento da matéria-prima.

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Estima-se, portanto, as demandas em cada um dos três cenários tanto para algodão em fardos (a matéria-prima do processo estudado), quanto para o fio, produto do processo. Com base nesses três cenários é possível estimar as capacidades produtivas necessárias.

Tabela 1- Demanda mensal (toneladas) para os próximos 5 anos de acordo com o cenário.

Cenários

Item Pessimista Base Otimista

Algodão 219,6 271,7 326,1

Fio 30:1 202 250 300

Fonte: Autor (2019).

Existe ainda a possibilidade de vender o excesso de capacidade para terceiros. Os preços praticados para a facção do fio na região de Brusque com prazo de pagamento de sessenta dias são em média de R$ 4,80 por kg. Esse é o mesmo valor que a empresa estudada paga atualmente pelo serviço.

Por fim, o empreendimento pode comprar algodão e vender o fio pronto, com o ônus da necessidade de capital de giro para manter estoque. Em média, os preços nas mesmas condições da prestação de serviço são de R$ 12,30/kg para o fio 100% algodão 30/1. Tanto a prestação de serviço de fiação quanto a venda de fio pronto apresentam demanda consistente e homogênea durante o ano, havendo flutuação dos preços de acordo com o custo do algodão.

4.1.2 Processo Produtivo

Foram mapeados os processos produtivos da fiação. Na figura 7 é possível visualizar as etapas associadas à preparação e fiação de algodão. São necessários apenas seis passos para que todas as atividades sejam desempenhadas e a conexão de alguns desses processos muitas vezes é feita automaticamente a partir de dutos.

Nenhum dos processos exige a ação e nem mesmo presença integral de um operador na prestadora de serviço visitada. Sendo assim, o trabalho manual é exclusivo para a preparação de novos lotes de produção (setup das máquinas) ou correção de erros, o que permite aos operadores grande flexibilidade da rotina e atividades a desempenhar. Além disso, conforme citado anteriormente apenas um produto da fiação

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(fio OE 30:1) atende 91% da demanda da empresa, o que permite que os equipamentos sejam dedicados para a produção desse artigo.

Figura 7 – Fluxograma do processo de fiação.

Fonte: Autor (2019). Abridor de fardos Algodão em fardos Pavio regular? Preparação Fiação Sim Não PROCESSO DE FIAÇÃO Batedor Carda Passador Filatório open-end Expedição Filtro Subproduto Impurezas

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