ALGUMAS PROPOSI ÇÕES
SOBRE
ENCEPHALITE
Apresentadaepublicamente sustentadaperanteaFaculdade dc Medicina doRio de Janeiroa o i8 dc Agosto de 1844
POR
íllcò
ar
òo ßiuant>ATIRAI
.
PE BOLOSIIA(ílAITALIA),DOCTOREU MEDICIXA E CIRURGIA PELA MESMA UNIVERSIDADEPARAATERiriCAÇÁODE SEU DIPLOMA CONFORME MANDÃO AS LUS CM VIGOR.
RIO DE JANEIRO
TYPOGRAPH IA UNIVERSAL DE LAEM.MEIM
RuadoLavradioN
.
*53mu
FMPADE DB IEDICM DO BIO DC JANEIRO .
DIRECTOR. CRUZ JOBIM
.
St
.
Da.
JOSÉ MARTINS os OLENTES PROPRIETÁRIOS.
O* Sis
.
DOCTOIM; 1.»Anno.
Physica Medica. •
Boianica Medica,eprincipio* elementaresdr Zoologia.
F
.
B* P.
CÂNDIDOí
F
.
F.ALLEMXO.
2
.
®Ano.
Chymica Medica ,cprincipio* elementare»de Mineralogia
.
Anatomiageraledeteriptira
. (
J.V
.
TORRES HOMEM J.
M.NUNES GARCIA3.»Anno
.
Anatomia geralcdescriptif»
.
Physiologia
.
J
.
M.
NUNES GARCIA L.DiA.
P.
o »CUNHA.
6
.
»Anno.Pathologia externa
.
Pathologiainterna
.
Pharmacia,Materia Medica,e*peciaimentea Brasileira,Tlierapentica e Arte deformular
.
L.F
.
FERREIRA J.
J.
o »SILVA. .
J.J
.
oiCARVALHO.
(». 5.*Aa.
no.
C.B.MONTEIRO, President, Operações,AnatomiatopographieseApparelhot
.
Partos,Moléstia*demulherespejadaseparidas, ede meninos rccem
-
nascidos.
{
I.J
.
XAVIER6
.
»Anno.T
.
G.
«. .
sSANTOSJ.M
.
D*C.
JOBIM. . .
HygienecHistoria deMedicina.
. . .
MedicinaLegal.
2
.
»ao 4.
*M.
F.
P.
D«CARVALHO Clinica externacAnat.
Pathulogicarespectifs.
Clinicainterna c Anat
.
Pathologiesrespectifs.
LENTES SUBSTITUTOS
.
I
Secçãodas Scienciasaccessorias. j
SecçãoMedica,j
SecçãoCirúrgica.
SECRETARIO.
5
.
» ao6.
*M.
D«V.
PIMENTELJ
.
B.
asROSA A.F. MARTINS D.
M.
oiA.
AMERICANO,L
.
o»C.
FEIJO*Da.LUIZ CARLOS
•
* FONSECA.
V
.
R.
Fm virtude deumaresolução sua,aFaculdadenluapprova,nemreprovaasopiniò«»«imitidasnas Theses,atquaesdevem serconsideradas comoproprias deMOSautboret
.
ALGIIAS PHOPOSi Ç OES
SOBRE
il
1
.
'Manifesta
-
se a existência tla Encéphalite pelos seguintes signaes: dôr de cabeça,
lebre com grande ardor na pelle , sensibilidade excessiva da vista,
tinido nos ouvidos,
vigilia continuada, ou som-
nolcncia, delirio comperda do conhecimento,convulsão dos mús
-
culos do tronco, da face
,
dosolhos; pupillasoracontrahidas,
ora dilatadas e immoveis;prostraçãode forças,
tremor da lingua, con-
torsõcs da boca, irregularidade nos movimentos respiratórios odos pulsos
,
disphagia,
vomito,retenção ou evacuação involuntária da ourina e das fezes.
‘2
.
*Osindividuos dctemperamentonervoso
,
decerebronaturalmcntc irritável,
que trabalhão com excessonoexercício mental, que sãoobrigados a exporem
-
se a um grão dc calor muito elevado, insolação,
maior disposição tem para aEnc
éphalite .
e a5
—
ti—
3/
Nascriançasdepeitoa continua somnolencia
,
ou umsomno diflicil ou interrompido,
ocalor demasiado nacabeça, o recusar o leit<com gritos frequentes e vomito: nos adultos ainquietação
,
o máo estar geral,
a dôr continuada de cabeça, osomno desassocegado, oacordarsobresaltado,
aopprcssãodasforças,
asvertigens,otinido nos ouvidos e a nausea com vomitos:nos feridos na cabeça quasi convalescentes os arripiamentos de frio, a cephalalgia,o aborreci-
mento
,
eisomno inquieto com anciedade,
os movimentos convul-
sivos,atendenciaaosomno
,
ligeira febre,
irascibilidadeouindifle-
renca;são os phenomenosprecursores da Encéphalite
.
/1/
Nos moços predomina osvmptoma da somnolencia
,
easrigidesas tetanicassãomaisfrequentesqueasconvulsões:nosadultos o delí-
rioeas contracçõesespasmódicas:nos velhosaperda dos sentidos
,
e maior alteraçãodo pulsoeda respiração
.
ocoma
.
5.'
Entre os symptomas que podem fazer diagnosticare discriminar
a inilammaçào da substancia cerebral da das membranas , o mais
seguro
é naprimeira a propagação da dôr da cabeça na extensão da espinhadorsal.0
.
*\ inilammaçàodoccrebroeseus envoltonos não provem unica
-
mente daacção de causas
communs
a outrasenfermidades ,
maslambem poroccasiùo de outrasenfermidades que existem emoutras partes:cila poispode seridiopatliica ou Sympathien
.
7
.
*\s causas queproduzem prompla efortementeesta
enfermidade
?ãoo terror,a insolaçãoea infecçàomiasmatica
,
ou amephitica.
8
.
"Dua> são as fôrmas priucipaes e mais frequentes debaixo das quaessemanifestaaEncéphalite;umadenominada frencticaoudeli
-
rante,e outra lelhargicaou soporosa:naprimeirahamaisou menos delirio
,
oemgeral muito forte:nasegunda ou não ha delirio, ou ébrando,e.sempre hasomnolencia ou lcthargo,eaté um estado apoplectic«.
9
.
*Seadòrde cabeça
,
osmovimentosespasmódicos,asconlraceões, asconvulsões,
oenfraquecimento e prostração da força muscular são mais pronunciados deum lado quedo outro, pôde-
se entãodiagnosticar queo hemispherioopposto est á maislesadovou queo
caso<’ deEncéphalite parcial
.
10/
NusdiHerenlescasos,muita inconstânciae
diversidade
observa-
setu serie dos symplomas, acontecendo ás vezes faltar alguns dos principaes
.
Porémestadilíerençanãoprovém somentedodifferente
grao daagudez
da moléstia, mastambém,emuitomais.
das variaspartes dasvísceras, quemais seachãoa(Tecladas
.
—
S—
11.*
Os indivíduos queapresentarão noprincipio debilidadee prostra
-
ção musculares
,
diminuição de memória,
e que após são acommel-
tidos de paroxismos de fôrmaapopléticaouepiléptica,de paralysia geral
,
cgradualmentc progressiva,
de alienaçãomental e demencia , estão afîectados de Encéphalite chronica.
12
.
*A duração daEncéphalite varia
,
segundoaconstituição doenfer-
da gravidade c extensão da inflammação , e da energia do mo
,
methodocurativo
.
13
.
'A resolução
,
a cicatrização, os derramamentos serosos esanguí-
neos
,
a exulceração,asuppuração egangrenasãoasterminaçõesda Encéphalite aguda: a mais rara é aperfeita resolução.
1/4.*
SendoaEncéphalite uma das inílammaçôes mais violentase temí
-
veis pela sua tendencia a rapidas e funestas terminações
,
deveo methodo curativo ser antiphlogistico, prompto, mui energico e constante.
15.*
Na Encéphalite mais queem outra qualquer moléstia, édiflicil a prompta declinação dosseus symptomas
.
—
P—
16
.
»Na
duraçãodos váriosper
íodosda moléstia,
mudando o estado dopulso
muitasemuitasvezesnafrequ
ência , forra eregularidade
, não deve o medico cingir-
se só ás indicações por elle fornecidas^
quantoádesistência dasemissões sanguíneas.
17
.
»Asemissõessanguí neas geraes elocaes
,
e ainda maisaarlerioto-
mia
,
e a incisãoda jugular,
os banhosfrios sobre a cabeç
a,
com-
tanto que sejão continuados , os purgantes
,
os refrigerantes e os derivativos são os remedios geraesmaisindicados nas inflammações internas da cabera.
18
.
»Os antimoniaes , ainda que energicos contra
-
estimulantes,
e pro-
fícuos nas outras inflammações , dever
-
se-
hão usar com summaprud
ência.
19
.
»Ainda que na Lncephalileosomnoseja um phenomeno de mui bom
prognostico ,
ede mui promplo egrandealiviopara oenfermo, quando nãoé um efTeito de algum derramamento ou forte conges-
tão
,
todavia nunca deverá serpromovido
com o Opiopreparações
,
como alguns tem feito com o intento deacalmar
: »'• entãomelhor recorrer,
segundo aopini
ão de alguns , asubstancias
calmantes eantiphlogislicas ,
laescoino a aguacohobada
deLouro
Lereja,
o extraelo de Mcimendro,
de acóniloe alropobelladona
e assuas
i
—
10—
20.*
Quandocon» a extrema prostrarão deforças se associa umestado depulsomuito miserável, convémentão excitar océrebro,estabe
-
lecendo pontos de irritação sobre a pelleafim de provocara accão deste orgâo c a docoração;equandoa estaestimulação se seguir umacongestãocerebral, poderá combater
-
sccom pequenassangriaslocaes,erom a applicacão dogelo sobrea rabeca
.
21/
Além do melhodo thcrnpculico, muito influenacura da Encé
-
phalite aguda um rigorosomelhodo hygienico
.
esobre tudoadieta.22/
Ò melhoramento repentino do enfermo, persistindoacephalalgia, os anipiamenlose a languidez, é de máo agouro, porque prompta exacerbaçãoourccahidatrazquasisemprea morte
.
Avolta gradual aoexercício dos sentidos c das faculdadesintellectuaes,
das forçasmusculares,
osomno tranquillo, oestadonatural da lingua, aununrião aconvalescenca.
uma
23/
0
-
^ excessos dc intemperança, as afíecções moraes penosas,
ca demasiada applicacãomental sãocausas defácilrecahidadoenfermo ja convalescente.
~
I l—
n .
a0 delírio e as convulsões aununcião menor alteração no orgao
alFectado ,
emenorgravidade
na moléstia doque o coma e apros -
trarãodas forcas
.
*25/
Ainfecçào miasmatica
,
o calor excessivo, a idade adiantada, a constituição deteriorada por abusos,
avivasusceptibilidado
nervosa natural,
a tristeza habitual concorrem em geral a formar triste prognostico desta moléstia.
26
.
*O
estado dccontinuada somnolencia,
agrande
\ariaçãodocalor , os accessosde formaapoplcctica
ou epiléptica,
os olhos e lace ora vermelhoseardentes ,
orapallidos ,
murchos e cadavéricos;alingua
amarelia e escura no meio,
rubra nas bordas,
e muito niais se preta,
secca,
rachada epontuda
, em íim asgengivas
e os lábios secos,
fuliginosos,
são dem
áoagouro.
Apequenez , irregularidade
, eintermitlencia
dopulso ,
os movimentos da respiração difíiceis
,incompletos
eirregulares
; a pellecoberta de
um suor frioe viscoso, aimmobilidadc
do semblante , o friodas extremidades,
o stertor, o sirro sãoos symptomas dapr
óxima morte.
FIM
.
HIPPOCRATIS APHORISMI .
I
.
Qui aliqua corporis parte dolenti, fere cloiorem non sentiunt
,
iismensaegrotat. —
Sect.
II,aph.
6.
II.
Somnus
,
vigilia,
ulraqucmodum cxcedentia, malum. —
Sect.
II,aph
.
3.
III
.
e .{
>
In morbis acutiscum febre
,
luctuosa suspiria,
mala. —
Sect.
VI,
aph
.
5h.IV
.
In febribus spirilus elTeudens malum est , convulsionem enim significat
. —
Sect.
IV,aph.
68.
V
.
Lxtremis morbis extrema exquisite remédia optima
. —
Sect.
I,aph
.
6.
VI
.
Cum morbus in vigore fuerit
.
tunc tenu íssimo vicio uti—
Sect.
I.
aph.
8.
ncccsse.
IIM
.
1.
Juxiro—
Tjpojrjpli.
1I'ni.
trialdtI..UHM1.KT.
ru*d»L«r »di»,E9ta Theseestáconformeos estalutos
.
Rio de Jandlro,
2h de Julho de 18M .
O DOUTOR CâNDIDO