• Nenhum resultado encontrado

TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Direito Civil: é o direito que coloca os cidadãos como iguais perante a lei;

. duas componentes: componente jurídica/técnica e componente ética (relaciona-se com a dignidade humana);

. privado vs. público: o privado é horizontal (todos são iguais) e o público é vertical (o Estado, como comunidade, é o mais importante);

O Direito

. naturalmente, as pessoas regulam as suas relações; quando são incapazes de o fazer, o Estado intervém e aplica leis/regras -> aplica o Direito

. o Direito é constituído por normas, cujo fim é o de garantir as boas relações entre as pessoas;

. grande nome do Direito alemão: Savigny, que conduziu à afirmação do direito como sistemática -> em suma, é uma ciência que se baseia na argumentação e na sistematização;

A Distinção Entre Direito Civil/Privado e Direito Público

Teoria do Interesse: a denominação varia consoante os interesses em causa; (é substantiva - depende do conteúdo)

. público: o interesse é público, dizendo respeito à coletividade;

. privado: o interesse é privado, visando defender os interesses dos cidadãos (os cives);

. falha: nem sempre visam defender um só interesse - o direito da família, apesar de se enquadrar no âmbito privado, está sujeito ao interesse público;

Teoria do Desequilíbrio/Subordinação: a denominação varia consoante o equilíbrio/desequilíbrio entre as partes; (é substantiva - depende do conteúdo)

. público: um dos sujeitos está, necessariamente, hierarquicamente subordinado a outro superior;

. privado: há um equilíbrio entre as duas partes;

. falha: nem sempre se verifica que esse equilíbrio exista - o direito da família, apesar de se enquadrar no âmbito privado, também apresenta situações de desequilíbrio (pais e filhos);

Teoria do Sujeito: a denominação varia consoante o tipo de sujeito que intervém (é formal - depende dos intervenientes);

. público: os sujeito regulados pelas respetivas regras são sujeitos públicos;

. privado: os sujeitos regulados pelas respetivas regras são sujeitos privados;

. falhas: verifica-se que, nem sempre, os sujeitos públicos intervêm como tal - muitas vezes, atual também como sujeitos privados;

A Perspectiva Defendida pelo Professor

. Nenhuma das teorias é suficiente para exemplificar a distinção existente entre direito público e direito privado, devido às suas mais variadas falhas.

. A proposta de solução passa, assim, por recorrer às teorias e proceder à análise do concreto - o Código Civil. Efetua-se a leitura da constituição e analisam-se os vários aspetos da mesma, identificando-se e aplicando-se as três teorias, em simultâneo e em concreto.

. A concretização final trata-se, então, de admitir que não há direito público nem direito privado puros. O que há, de facto, são direitos mais privados e direitos puros.

. No Direito Privado, predominam relações de particulares entre si, fundadas na sua igualdade jurídica e na sua autonomia - direito autónomo;

. No Direito Público, predominam interesses públicos, com intervenção de entes públicos, que atual como tal e assumem posições de poder e de autoridade;

Perspectiva Pessoal

———————————————————por preencher——————————————————

Os Princípios Fundamentais do Direito Civil

. Componentes fundamentais: pessoas, bens e ações

• Principio do Personalismo Ético

. considera a pessoa humana como ser livre, autónomo e único, colocando a pessoa no centro da organização da social - a pessoa está à frente de tudo;

. exige a abolição de toda e qualquer atitude que vá contra os direitos da pessoa - estes direitos, apesar de tudo, enfrentam dificuldades de reconhecimento;

. o personalismo reconhece a personalidade individual, que é adquirida à nascença, por qualquer ser humano;

• Principio do Bem Comum

. relaciona-se com o personalismo ético - tutela a comunidade;

(2)

. considera-se a sociedade, a coletividade, a família - heteronomia do direito;

• Principio da Autonomia

. permite a liberdade individual e a auto-regência;

. cada pessoa pode criar as suas próprias leis, que tem de respeitar;

. o direito privado e o direito subjetivo são formas de autonomia, em que as pessoas comuns podem reger os seus próprios interesses;

Principio da Responsabilidade

. para haver liberdade tem de haver, necessariamente, responsabilidade civil (as pessoas têm de responder pelo que fazem) - liberdade sem responsabilidade é arbítrio;

. determina-se que à liberdade e à autonomia está sempre associada a responsabilidade;

. com a evolução da sociedade, passou a haver um distanciamento entre a responsabilidade e a culpa - há casos de responsabilidade, sem culpa, e vice versa; contudo, a junção de ambos é a consequência da liberdade e da autonomia;

• Principio da Confiança e da Boa Aparência

. a segurança e a confiança no exercício jurídico derivam da aparência do Direito - este tende a criar expectativas (confiança, segurança, boa aparência) para garantir o seu bom funcionamento;

. a ética do Direito exige também a defesa da honestidade, da seriedade - o Direito não permite as falsas expetativas em beneficio próprio;

• Principio da Boa Fé

. o Direito protege a boa fé - diz respeito a agir corretamente e fazer algo segundo os princípios morais justos e éticos;

. principio da equivalência: tem de haver equivalência nas relações e nos contratos - está fortemente relacionado com os princípios da boa fé e de autonomia (ambas as partes decidirem autonomamente quanto à equivalência) -> a justiça

• Principio da Paridade Jurídica

. as pessoas são únicas e devem ser tratadas de forma paritária perante a lei (igualdade);

. por vezes, é condicionada pelas condições económicas, o mercado, a inferioridade cultural, etc.;

. conduz ao surgimento de regimes especiais de proteção - assegurar a paridade onde ela não existe;

• Principio do Reconhecimento da Propriedade e da sua Função

. garante o reconhecimento da propriedade privada, prevendo o aproveitamento da mesma para satisfazer necessidades e fins das pessoas;

. pode ser adquirida por trabalho (o proprietário tem liberdade de decidir o que fará com o referido bem), por herança e por doação;

• Principio do Respeito pela Família e pela Sucessão por Morte

. a família também é regida pelo Direito e estabelece fortes laços de amor, solidariedade e autoridade - a vertente biológica faz com existam regras próprias;

. a família existe mesmo sem Código Civil;

. espólios - aquilo que é deixado pelos falecidos é também regido pelo Direito -> a morte termina com direitos e deveres, e os bens são deixados aos herdeiros; esta distribuição de bens é designada pelas pelas pessoas;

- na falta de herdeiros, é o Estado quem fica com os bens;

Os Dados Extrajurídicos e as Janelas do Sistema: A Natureza das Coisas . Não é uma ciência plena nem completa - não prevê tudo;

. O Direito é um sistema extremamente móvel - está aberto às realidades sociais e à evolução das sociedades e das pessoas;

- sofre influencias éticas, culturais, filosóficas, etc.;

- uma vez que se baseia em condutas humanas, “são as pessoas que o permitem”;

- estas influências exteriores são, de facto, extrajurídicas - arejam o sistema;

. A realidade que envolve e influencia o Direito - teoria da natureza das coisas - é importante destacar duas vertentes

- entia physica: as realidades físicas, as coisas que existe e que o Homem não domina;

- entia moralia: as construções humanas, culturas, hábitos, costumes, formas de agir, pensar, etc.;

-> são catalizadores - funcionam como o meio termo entre a lei e a realidade e permitem que a lei esteja em conformidade com a cultura e a sociedade em questão;

- processo: princípios éticos (dever ser) -> aquilo que acontece (ser) -> lei (dever ser) -> o crime (ser) -> consequência (deve ser);

. o direito recebe de fora, para alterar o seu interior e para poder punir as atitudes dos Homens;

(3)

. As Pessoas são o principal do Direito

- o direito é para as pessoas e é feito por pessoas

- as pessoas são ativas, agem e têm objetivos, por isso precisam de meios para atingirem os fins ->

os meios são bens (algo que tenha uma função)

- o interesse é a apetência que temos pelos bens de modo a alcançarmos os fins;

. objetivo: finalidade principal - tensão em relação ao que precisamos;

. subjetivo: finalidade divergente - tensão em relação ao que achamos que precisamos;

PERSONALIDADE JURÍDICA - qualitativa . É a susceptibilidade ou utensilidade de ser destinatário de normas jurídicas;

. É a susceptibilidade ou potencialidade de ser titular de direitos e obrigações;

. É igual para todos e é qualitativa - é a qualidade de ser pessoa;

. Daqui decorrem os direitos de personalidade -> são situações jurídicas;

- presença na constituição permitiu a constitucionalidade dos direitos fundamentais;

- é um direito subjetivo: que pertence a cada um;

- é o que distingue as pessoas dos animais - o Direito deve respeito às pessoas, já que as mesmas são-lhe anteriores - extra-jurídica e superior ao Direito;

. duas perspectivas:

- a personalidade jurídica como intra-jurídica: é atribuída pelo Direito, o que poderá levar à condicionalidade dos direitos daí consequentes e aos desrespeito pelo pessoa humana;

- a personalidade jurídica como extra-jurídica: resulta da qualidade de ser pessoa, sendo a causa dos direitos e deveres de cada um de nós - visão do professor;

. concede a dimensão ética à personalidade jurídica -> permite a defesa incondicional da pessoa -> cria uma distinção face à pessoa coletiva (encontra-se noutra dimensão, pois é uma personalidade atribuída pelo Direito e não anterior ao Direito);

. as pessoas são sujeitos titulares de direitos e deveres, apenas por serem pessoas - é algo imutável e incondicional;

-> Capacidade Jurídica - quantitativa

. de gozo: é a medida concreta dos direitos e deveres de cada um de nós;

. de exercício: direitos e obrigações que podemos exercer pessoal e livremente, reconhecidos pela lei;

-> Direito Objetivo e Direito Subjectivo da Personalidade

. o direito subjetivo: a capacidade que cada pessoa dispõe de, independentemente, defender a sua personalidade a sua dignidade, apesar do Estado e contra o Estado; trata-se de um direito e está no âmbito da autonomia privado;

. o titular exerce este poder livre e diretamente - é livre de tolerar o que desejar e de dispor dele para defesa dos seus direitos;

. o direito objetivo: diz respeito à defesa da personalidade a nível supranacional, constitucional e da lei ordinária, por forma a garantir a defesa da Humanidade, da globalidade e de toda a espécie humana, exigindo o respeito; trata-se de um dever geral;

. estas leis são impostas ao Estado, que as respeita e legisla consoante as mesmas;

. é um dever imposta a todos de igual forma, pelo que não dispomos dele;

-> Tutela Jurídica da Personalidade

. Há ofensas ilícitas e ofensas lícitas -> apenas as ilícitas são condenáveis;

. No Direito, a reação é, por norma, a posteriori - no caso da personalidade jurídica, a reação é a priori (art. 70º);

. A personalidade acaba com a morte;

-> Direito de Personalidade e Autonomia Privada

. Limitação ao direito de personalidade: é permitida, caso respeite os princípios da ordem pública, à lei e aos bons costumes;

- as limitações são sempre revogáveis - há obrigação de indemnizar o outro, em compensação das expectativas criadas;

- estabelecem-se negócios de personalidade: contratos jurídicos que tenham por objeto os direitos de personalidade, o seu uso ou a sua tutela -> estes contratos podem ser revogados pelo titular dos direitos; a outra parte não pode revogar;

. são questões de dignidade humana - são contratos legitimares (a limitação é lícita) e reguladora (estabelece os parâmetros em que a mesma se permite) -> pode ser sempre revogado pela parte cujo direito de personalidade é limitado; há sempre possibilidade de recuperar o direito;

(4)

- indemnizações: há obrigação de as pagar à outra parte, por norma, à expectativa da outra parte (o não cumprimento leva à frustração); -> um certo cuidado é exigido: o valor tem de ser adequado ao exercício do direito;

-> O Direito de Personalidade

. É um direito que engloba vários poderes

- principais: presentes na Constituição; os direitos fundamentais;

- periféricos: presentes no Código Civil

. O que é um Direito de Personalidade? Aquele que diz respeito à dignidade humana, sendo por isso de caracter defensivo;

-

Direito à Vida

. é o mais importante - art. 24º da CRP;

. gera questões controvérsias

- o aborto é ilícito - nem sempre é punível, desde que respeite as condições previstas no código Penal;

- o suicídio é ilícito - não tem natureza penal;

- o auxílio ao suicídio e a eutanásia é ilícito - é punível como crime; o pedido da vítima é também punível como crime; é lícito o alivio da agonia e a recusa de medicação que prolongue a vida;

- a pena de morte não é aceite;

-

Direito à Integridade Física e Psíquica

. protege ameaças e ofensas psíquicas e físicas (de uma poderá decorrer a outra);

. a não intencionalidade da ofensa/ameaça é também punível (o ruído constitui um impedimento ao sono, logo há violação do direito ao repouso);

-

Direito à inviolabilidade moral

. proteção do ambiente ético de cada um - autonomia moral, liberdade religiosa, respeito pela honra, pela memória dos mortos;

-

Direito à honra

. a honra é a dignidade pessoal pertencente à pessoa e enquanto membro da comunidade;

- honra: subjetiva e pessoal; a forma como nos vemos a nós próprios;

- reputação: objetiva e social; a forma como somos vistos na comunidade;

. ofensas: ações da própria pessoa, que sejam reprováveis a nível social e a nível pessoal;

- injúria: uma má interpretação para a própria pessoa;

- difamação: uma má interpretação para terceiros, que nela acreditam;

. é muito subjetivo - depende da moralidade de cada um;

. grande ofensor: comunicação social, sendo dificilmente reparáveis as ofensas;

- o direito à honra prevalece sobre a liberdade de imprensa;

- só pode ser violado caso haja interesses públicos que, caso não houvesse a devida agressão, causassem danos graves e reais - deve respeitar-se o principio do mínimo dano (o meio utilizado cause o menor dano possível);

-

Direito à Privacidade

. implica que se respeita um espaço de privacidade, em que a pessoa possa estar à vontade, sem que hajam intromissões, por quaisquer pessoas (singulares ou coletivas);

. só pode ser licitamente agredido quando o interesse público o exija, de modo que o contrário cause danos gravíssimos para a comunidade;

. o direito à privacidade prevalece perante direitos secundários - a licitude da ofensa decorre do bem público;

. figuras públicas: têm o mesmo direito à privacidade;

. a privacidade das memórias, cartas e outros escritos está também incluída;

-

Direito à Integridade Pessoal e ao Nome

. representa o direito à individuação, como pessoa única e com dignidade própria;

. oposição à manipulação genética - clonagem integral, ocultação da paternidade biológica e ofensas que incidam sobre o genoma humano;

. ao nome, é também equiparado o pseudónimo (se notório);

-

Direito à Imagem

. defesa da pessoa contra a exposição, reprodução ou comercialização do seu retrato, sem o devido consentimento;

. o consentimento pode ser dispensado, em caso de figura de notoriedade -> desde que não cause prejuízos à honra - superioridade do direito à honra;

(5)

Início da Personalidade Jurídica

-

Aquisição: nascimento completo e com vida;

. nascituro: aqueles que já foram concebidos e têm vida no seio da mãe, mas ainda não nasceram;

- são seres humanos (não há diferença entre a véspera do nascimento e o dia seguinte, em termos de formação biológiva);

- antes do nascimento: o contacto é unicamente com a mãe -> é-lhe reconhecida personalidade jurídica (é anterior à lei, logo o Estado não pode tirar ou atribuir personalidade jurídica a alguém que já é pessoa);

. o único relacionamento é pessoal e exclusivo com a mãe;

. a criança está numa situação de precariedade: há necessidade de regular os casos em que não chega a haver nascimento -> se a criança não nascer com vida, os direitos de personalidade extinguem-se, é como senão tivesse existido;

. direitos: de nascer, de ser bem cuidado, da identidade pessoal, da integridade física e genética - daqui decorre a inviolabilidade da vida do nascituro;

. controvérsia: existe uma polémica em relação aos direitos do nascituro - para muitos, não os tem, só dispõe de protecção jurídica (direitos sem sujeito), para outros goza de personalidade jurídica e há ainda quem admita que não tem quaisquer direitos (obtém com o nascimento)

- PPV: como a personalidade é a qualidade de ser pessoa, o nascituro dispõe de personalidade jurídica desde a concepção; já a capacidade jurídica de gozo é obtida com o nascimento - capacidade jurídica não tem, devido ao estatuto jurídico de menoridade;

- depois do nascimento: o contacto passa a fazer-se com o resto do Mundo - ingresso na polis -> relações interpessoais, passa a ser reconhecida capacidade de gozo dos direitos;

. concepturo: aqueles que ainda não foram concebidos; uma esperança ou expetativa;

Termo da Personalidade Jurídica: Morte

-

Morte: art. 68º - cessação irreversível das funções do tronco cerebral;

. é um facto extrejurídio: não é determinada nem dada, mas sim reconhecida pela lei;

. a verificação da morte humana está entregue à medicina - através do cadáver;

. casos de morte conjunta: aplica-se a comoriência - nenhuma delas morre primeira; em caso de desconhecimento, são tidas como falecidas ao mesmo tempo;

- oposição à premoriência (se sobrepunha um género, idade, etc);

-

O Estatuto Jurídico do Cadáver - construída por Gomes Da Silva

. o cadáver não é pessoa, não é bem e não é coisa: é algo sagrado - exige respeito e a sua profanação é crime;

. a colheita e o aproveitamento de orgãos e tecidos são lícitos - dentro do seguimento de fins terapêuticos, curativos ou de investigação (a colheita não prejudica a sacralidade do cadáver);

- consentimento: os próprios têm de manifestar que não querem que os seus cadáveres também sejam elementos de colheitas de orgãos;

A Capacidade Jurídica

-

Distinção entre Capacidade de Gozo e Capacidade de Exercício . capacidade de gozo: ser titular de direitos - titularidade

. capacidade de exercício: exercer pessoal e livremente os direitos, sem intermediação ou consentimento - capacidade de agir

- os menores são titulares de direitos, mas não dispõem de capacidade de exercício;

-

Distinção entre Capacidade e Legitimidade

. capacidade: é situacional; possibilidade ou livre e pessoal exercício de direitos e obrigações por uma pessoa, sem que haja relação com o interesse;

. legitimidade: é relacional; quando há um interesse/possibilidade para reagir à situação em questão; dispõe-se de legitimidade quando se é titular de algo ou quando se é autorizado a dispor desse algo;

O Estado, Status ou Estatuto

-

Noção: posição jurídica complexa, que integra direitos e deveres, poderes e vinculasses, de situações ativas e passivas, em que a pessoa é investida da sua qualidade de pessoa e, como membro de uma comunidade, da sua função nessa comunidade;

. elemento subjectivo: condição de ser pessoa;

. elemento objetivo: pertencente a um grupo/comunidade;

. estado civil: condição jurídica da pessoa enquanto maior ou menor, capaz ou incapaz;

(6)

A Esfera Jurídica

-

Noção: conjunto de direito e vinculações de que uma pessoa é titular.

. variável: varia de pessoa para pessoa e de momento para momento.

. pode ser pessoal: de natureza pessoa, não susceptível de ser avaliada em dinheiro;

. pode ser patrimonial: de natureza patrimonial, suscetível de ser avaliada em dinheiro (critério de patrimonialidade).

O Património

-

É o elemento da esfera jurídica patrimonial

. noção: compreende todas as situações jurídicas ativas e passivas de carácter patrimonial que, em cada momento, se encontram na titularidade da pessoa.

. variável: varia a composição ao longo da vida, uma vez que a pessoa vai adquirindo bens e constituindo e solvendo dividas e obrigações;

. unidade: cada pessoa tem o seu património e nenhuma tem mais do que um património;

- pode ser vazio: o salto é nulo;

- pode ser negativo: o saldo é negativo (insolventes);

. autonomia: o património ativo responde pelo passivo; se tal não for possível, não se pode recorrer a outro património;

- autonomia patrimonial imperfeita: as pessoas coletivas podem recorrer a outros patrimónios para responder às dividas (caso dos sócios);

Domicílio e Residência Habitual

-

Noção: o domicílio é a sede habitual da pessoa.

. as pessoas locam-se num espaço delimitado, onde fixam a vida e a existência.

. é o local onde, para certos efeitos jurídicos, o Direito tem a pessoa localizada.

. há a possibilidade existirem residências secundárias ou alternativas.

. domicílio especial: é o domicílio profissional (onde a profissão é exercida);

. domicílio eletivo: local designado para realizar certos negócios.

. domicílio legal: é fixado pela lei; no caso dos menores é a residência da família;

. pessoas coletivas: o domicilio é o lugar da sua sede;

Estatuto Jurídico da Ausência

-

Noção: situação de alguém que desapareceu e de quem não existem noticias, nem se sabe se está viva ou morta, e que deixou bens que carecem de administração.

. código civil: 89º a 121º;

. objetivo: defesa dos interesses patrimoniais do ausente e dos seus sucessores.

- Três fases: o interesse inicial é o do ausente, que se vai transferindo progressivamente para os sucessores;

- curadoria provisória:proteção do interesse do ausente, na expectativa do seu regresso;

. três requisitos: o desaparecimento sem que haja noticias, a ausência de representante legal deixado pelo desaparecido e uma requerimento de um interessado.

. curador provisório: escolhido pelo tribunal, segundo as qualidades da pessoa na defesa do interesse do ausente, acima de tudo;

- curadoria definitiva: os bens do ausente são entregues aos que os receberiam se o ausente estivesse morte;

. três requisitos: os mesmos da curadoria provisória, mas a ausência sem noticia tem de perdurar há dois anos;

. sucessão: conduz à abertura do processo de sucessão; antecipando-se as consequências da morte;

. curador definitivo: são vários, aqueles a quem os bens tenham sido entregues; é uma administração plural;

- morte presumida: descrença da sobrevivência e presume-se a morte;

. quando se verifique a ausência e não haja noticias há mais de dez anos;

. a morte é presumida no fim do dia em que ocorreram as ultimas noticias;

- Regresso do ausente: a ausência de alguém permite que o cônjuge case novamente.

- se houver regresso e o cônjuge não tenha casado, o casamento não tem interrupção;

- se houver regresso e o cônjuge tiver casado, o casamento com o ausente considera-se dissolvido à data da morte presumida.

(7)

Incapacidades

-

Noção: pessoas cujos níveis de esclarecimento e liberdade são inferires ao normal (comum);

. menores: desenvolvem as suas capacidades com o crescimento e adquirem experiência, conhecimento e liberdade, até atingirem um nível de maturidade que lhes permite agir na vida e no Direito com autonomia.

- Código Civil: artigo 122º, são menores até completarem os 18 anos;

- capacidade jurídica: dispõem de capacidade jurídica de gozo, mas não possuem capacidade jurídica de exercício; em certas circunstâncias também não possuem de capacidade de gozo (casamento, por exemplo);

. exceções à capacidade de exercício: artigo 127º;

- negócios jurídicos: podem praticar negócios jurídicos próprios da vida corrente do menor, que vão alargando com o passar do tempo.

- emancipação: em caso de casamento (com 16 anos) ou autorizado pelo tutor ou pais;

- poder paternal: artigo 1881º; aos pais é incumbido o poder de representação dos filhos;

. tutor: no caso de não haver possibilidade do menor ser representado pelos pais;

- atos praticados: no caso de atos praticados que violem a incapacidade dos menores, esses mesmos atos são inválidos (anulabilidade).

. caso o menor se tenha feita passar por maior, usando de dolo, a anulabilidade não pode ser invocada.

A Incapacidade dos Interditos e dos Inabilitados

-

Noção: pessoas maiores que sofram de limitações mais ou menos amplas à sua capacidades em consequência de deficiências físicas ou psíquicas que os afetam e que justifiquem regimes especiais de imposição.

. interdição: equiparado ao menor, sofrendo de incapacidade geral de exercício; o tutor tem a sua representação legal; é mais grave; incapacidade de governar pessoas e bens;

. inabilitação: há assistência (concede autorização para a pratica de atos jurídicos); não tem capacidade para administrar os seus bens (património);

. atos praticados nao inclusos na incapacidade: são anuláveis; artigo 148º CC;

Pessoas Coletivas - Capitulo II

Exercício Jurídico Coletivo, a Contratualidade, a Comunhão, a Sociabilidade, a Instituição e a Personalização

-

A pessoa humana é naturalmente gregária - a pessoa é também considerada na relação com outros, formando agrupamentos de pessoas ou organizadas humanas que prosseguem fins institucionais ou próprios.

. traduzem-se em contrato, comunhão ou personalidade coletiva

-

Contrato: cooperação entre várias pessoas com vista aos interesses comuns;

. centra-se nas pessoas que determinam as condições juridicas;

. pode haver sociabilidade (decisões por maioria), se os elementos forem vários;

-

Comunhão: contitularidade de um mesmo bem, com vista ao seu aproveitamento potenciado;

. centra-se no bem e é este que define as condições jurídicas (a utilidade);

. a posição das vários pessoas não é igual;

. comunhão romana: é o bem que decide a forma de exercício; próprio do Direito Português;

- socialidade: as decisões são tomadas por maioria; clara na propriedade horizontal (assembleia de condóminos);

. comunhão germânica: ou mão comum; é um fim separado do bem, ao qual este fique afeto;

semelhança ao matrimónio;

-

Pessoas Coletivas: organizações de cooperação e de acção comum ou de institucionalização de fins humanos, unificando num só sujeito os interesses coletivos ou os fins institucionalizados; traduz uma autonomização em relação as pessoas singulares que a caracterizam.

. corporativas ou associativas: prossecução de fins comuns;

. fundacionais ou institucionais: institucionalização de fins, cuja prossecução afeta os meios patrimoniais necessários;

Natureza da Personalidade Coletiva - Duas teorias filosóficas:

. pensamento coletivista: da polis pata a pessoa; a partir da sociedade e do Estado, do direito objetivo, passa-se para os direitos subjetivos e para as pessoas singulares;

(8)

. pensamento liberal/iluminsta: do Homem, da pessoa parte-se para a polis; do Homem, direitos subjetivos e da dignidade humana é que se parte para uma realidade secundária, o Estado;

-

Quatro diferentes orientações:

. ficcionismo personalista (Savigny): vem do personalismo kantiano, centra-se na pessoa humana e admite a pessoa coletiva como construção artificial, colocada noutro plano, que não o da pessoa humana;

. ficcionismo patrimonialista: consiste numa personificação das coisas; a pessoa coletiva é uma massa patrimonial afeta a um certo fim; para prosseguir este fim, a ordem jurídica atribui direitos e obrigações;

. normativismo formalista (Kelsen): parte da ordem jurídica e de norma para a pessoa, logo a personalidade jurídica e coletiva são ambas construções; a pessoa jurídica tem no seu poder direitos e deveres, formando unidades personificadas de normas jurídicas (construídas pelo Direito); as pessoas coletivas e as pessoas singulares estão no mesmo plano;

. realismo analógico (von Gierke): as pessoas coletivas são tidas como entes integrantes da vida social e a personalidade coletiva exprime esta realidade; Lorenz entende que a pessoa coletiva é um ente social que permite a formação de uma vontade comum;

-

Perspectiva do Professor

. só a pessoa humana tem dignidade própria originaria, autónoma e suprajurídica, que não é criada pelo Direito e que este se limite a reconhecer, respeitar e defende -> a personalidade coletiva é diferente;

. personalidade coletiva: tem natureza análoga à da personalidade jurídica das pessoas humanas;

são realidades semelhantes, mas não são iguais -> existem semelhanças e diferenças que devem ser consideradas;

- o monismo erra ao desconsiderar as diferenças e os ficcionismos erram ao desconsiderar as semelhanças;

. a personalidade coletiva é criada pelas pessoas singulares e é um prolongamento das mesmas, pois está sempre ligada à pessoa humana;

- as pessoas coletivas não são humanas e são mais pobres; necessitam constantemente das pessoas humanas, por isso, têm limitação na sua capacidade de gozo;

O Substrato, a Organização e o Reconhecimento das Pessoas Coletivas

-

A personalidade das pessoas coletivas é atribuída mediante um substrato (os elementos estão integrados entre si, não estão separados)

. elemento pessoal (pessoas): as pessoas desempenham um papel importante;

- fundações: concentra-se na pessoa do fundador, que fixa o fim; não há sócios e o papel do fundador resume-se ao ato da fundação;

- associações e sociedades: existem os fundadores e os associados ou sócios; estas desaparecem se perderem os seus associados ou se o numero mínimo for inferior ao previsto pela lei;

. elemento patrimonial (bens): os bens de que são dotadas no ato da constituição; é o património necessário à realização dos fins;

- fundações: o patrimonio tem um peso grande, pois é dominante; noutras, o património é apenas instrumental;

- sociedades comerciais: há imposições legais relativamente ao património (entrada e saída e capitais, aumentos, redução e limites no capital inicial);

- é imprescindível: quando as pessoas coletivas perdem o capital, extinguem-se por falência;

. elemento teleologico (fins): é o fim social, que orienta a atividade da pessoa coletiva, pois são organizações instituídas para a prossecução de fins;

- fundações: fins de interesse social;

- associações: fins não lucrativos;

- sociedades: fins lucrativos;

. reconhecimento: reunido o substrato, as pessoas coletivas são reconhecidas pela lei como tais;

- concessão: caso a caso, verifica-se a honestidade do fim e a suficiência dos bens afetos;

- normativo: constituição por escrito pública, a respeito da lei;

Tipicidade das Pessoas Coletivas

-

Regime: tipicidade taxativa fechada, só podem ser constituídas pessoas coletivas dos tipos previstos;

. pessoas coletivas de direito privado: associações, fundações, sociedades (sociedades civis simples, sociedades anónimas, sociedades por quotas, sociedade em nome coletivo e sociedades em

(9)

comandita), agrupamentos complementares de empresas, agrupamentos europeus de interesse económico e cooperativas;

- fundações: têm caracter institucional e correspondem à autonomização e institucionalização do fim do fundador (não lucrativo e social);

- sociedades: carácter associativo, com um fim lucrativo; há sociedades comerciais (o fim é a pratica de atos de comercio e o voto é por capital) e sociedades civis (o voto é por cabeça e não têm autonomia patrimonial perfeita);

- agrupamentos complementares de empresas: caracter associativo e formadas por pessoas singulares, com o fim de melhorar as condições de exercício ou de resultado das suas atividades económicas;

- cooperativas: têm caracter associativo e não têm fins lucrativos, constituídas por pessoas singulares que se unem para satisfazer necessidades e aspirações através da cooperação e da entreajuda;

. limitações: podem desviar-se em relação ao centro do tipo, mas não podem deixar de ser típicas, não podem violar o principio da tipicidade; podem desviar-se para zonas periféricas do tipo, sem saírem dele;

Classificação das Pessoas Coletivas

-

Pessoas coletivas de direito público e de direito privado

. direito público: seguem fins públicos, altruísticos e desinteressados; podem ser de população e território (Estado, Regiões Autónomas e Autarquias Locais) ou de base territorial (Institutos públicos ou Serviços Públicos Especializados);

. direito privado: seguem fins interessados e egoísticos; podem ser fundações ou corporações;

A Capacidade de Gozo das Pessoas Coletivas

-

Artigos: Artigo 160º do Código Civil e Artigo 6º do Código das Sociedades Comerciais

. têm limitações: decorrem dos fins estatuídos; decorrem da natureza das coisas - a capacidade de gozo de que dispõem corresponde à sua natureza coletiva, logo têm direitos específicos que as pessoas singulares não têm (devido à sua natureza singular);

- exemplo: direito à fusão, ao aumento e redução de capital, dissolução, etc.

-

Limitações legais específicas: há limitações específicas previstas por lei; não podem praticar certas atividades, ser titulares de certas posições jurídicas ou praticar certos atos;

O Fim e o Objeto Social

-

Principio da especialidade: o fim delimita as atividades que podem ser praticadas;

. pessoas coletivas publicas: a atribuição de personalidade é um ato de poder, porque interfere com a disposição publica do poder;

- a capacidade de gozo é limitada pelos fins, a liberdade atuação depende dos fins;

. pessoas coletivas privadas: a actuação fora dos fins é menos gravosa, pois afeta apenas os sócios; podem gerar o fim da sociedade, se houver uma actuação sistemática fora do fim;

- se gerar lucro: o lucro é da sociedade;

- se gerar prejuízo: a responsabilidade é atribuída aos sócios que propuseram os atos fora dos fins de atuação;

- as concessionárias: são pessoas coletivas privadas a nível estrutural, que exercem uma atividade pública (funcional); é aplicado o regime das pessoas coletivas púbicas (não podem sair do âmbito do fim social);

-

O Objeto Social: é o âmbito de atividade que a pessoa coletiva se propõe a desenvolver com o objetivo de prosseguir com o seu fim;

Capacidade de exercício ou organicidade nas pessoas coletivas

-

A formação e a expressão da vontade funcional necessitam de orgãos - têm na sua base pessoas singulares -> é uma condição necessária das pessoas coletivas;

. representação orgânica: relação entre os titulares e a pessoa coletiva;

. mandato: situação jurídica dos titulares dos orgãos (art. 164º do CC);

-

Têm orgãos com diferentes competencias: um centro institucional com poderes funcionais exercido por um indivíduo ou vários indivíduos, com o objetivo de exprimir a vontade da pessoa coletiva

. orgãos deliberativos: servem para formar a vontade da pessoa coletiva (assembleia geral, constituída por sócios); fundações (como não têm sócios, não têm orgão deliberativo);

. orgãos de fiscalização: ou conselho fiscal, fiscaliza a gestão e as contas da pessoa coletiva; é dispensado nas sociedades de pessoas;

(10)

. orgãos executivos: de direção eleitos pelo orgão deliberativo, que regem a pessoa coletiva e a sua relação com terceiros;

Os Actos Ultra Vires

-

Actos ultra vires: atos e atividades alheios aos fins e fora do objeto social (atividade); são ilegítimos;

. a influencia do fim e do objeto social não deve ser entendida como uma limitação

. alarga-se a legitimidade dos atos aos que sejam auxiliares ou que possam contribuir em maior ou menor medida para a prossecução dos fins;

. os fins são decididos livremente e podem vir a ser modificados;

-

Problemática do desvio do fim: pode levar à extinção da pessoa coletiva;

-

Problemática da imputação: a quem imputar os atos?

. responsabilizar a pessoa ou o orgão que, em nome da pessoa coletiva, praticou o deliberou o ato, se dele resultarem danos para a pessoa colectiva;

-

Problema da vinculação: os atos vinculam a pessoa coletiva e são tidos como da sua autoria?

. prevalece ou não o interesse de terceiros sobre a regra interna da vinculação?

-

Responsabilidade das pessoas coletivas

. as pessoas coletivas são responsáveis pelos seus atos e pelas consequências dos mesmos - são directamente imputáveis à pessoa coletiva, independentemente de quem os praticou internamente (art.

165º, CC);

. “alguém que manda fazer alguma coisa, fica responsável por aquilo que essa pessoa faça”;

-

Desconsideração da personalidade coletiva

. principio da separação: os atos imputados às pessoas coletivas não podem ser imputados aos seus membros e vice versa -> autonomia patrimonial perfeita

. autonomia patrimonial perfeita: manter o património pessoal dos instituidores protegido dos credores da pessoa coletiva (dá segurança ao investimento e limita o risco económico);

. problema: mau uso da personalidade coletiva para cometer ilegalidades - através da autonomia contorna-se a lei e comete-se fraude (resultados legais por meios ilegais, pode ser objetiva e subjectiva, a segunda acrescenta a intenção);

-> a desconsideração (nascida nos EUA): desconsidera-se a personalidade coletiva no lugar de se proceder à dissolução;

- imputação de conhecimentos, qualidades ou comportamentos;

- imputação da responsabilidade patrimonial

O Exercício Jurídico - Título IV

Capitulo I - Situações Jurídicas, Relações Jurídicas e Direitos Subjetivos

Situações, Relações e Posições Jurídicas

-

Direito subjectivo: dispõe de duas vertentes (a privada e a pública, direitos fundamentais);

-

Situações da vida e situações jurídicas

. a situação da vida é o envolvimento de uma pessoa numa circunstância -> é jurídica sempre que tenha relevância para o Direito;

- podem ser pré ou extrajurídicas: existem independentemente do Direito, ganhando relevância jurídica devido à força da norma jurídica; o Direito não as gera;

- podem ser ativas ou passivas: serão ativas sempre o sujeito seja titular de um direito ou poder e serão passivas sempre que o sujeito seja titular de um dever ou obrigação -> só raramente serão puramente ativas ou passivas;

-

Relações da vida e relações jurídicas

. resultam do relacionamento constante da pessoa com os outros e com as coisas -> caracter relacional do Direito;

. sempre que a relação seja relevante para o Direito é jurídica;

- podem prévia/exterior ou induzidas pelo Direito: as prévias ou exteriores têm uma relevância social e interpessoal própria que é reconhecida pelo Direito;

- teoria de Savigny: a relação jurídica é a estrutura básica do sistema externo do Direito, sendo este por ela estruturado -> Oliveira Ascensão criticou esta perspetiva, referindo a insuficiência das relações para fazer operar o Direito, no que respeita aos direitos reais e aos direitos absolutos;

-

Situações e Relações Socialmente Típicas

. as situações em que as pessoas se encontram pode ser socialmente típicas: funcionam como critérios de comportamento próprio e expectativas da ação alheia;

- quem age dispõe de uma conduta socialmente aceite (como deve agir);

(11)

- quem está em contacto com quem age dispõe de uma ideia/expectativa de como esse alguém irá agir;

. estas situações têm um valor de dever ser que não deve ser desprezado pelo Direito;

. exemplos: relações pai e filho, relações professor aluno, relações conjugais;

-

Posições Jurídicas

- é a situação relacional ou não relacional em que alguém se encontra colocado a nível jurídico (proprietário, usufrutuário);

- podem ser relacional ou não relacionao: será relacional sempre que se insere numa relação jurídica (relação credor-devedor) e não será relacional quando já implica a titularidade de um direito absoluto (os direitos de personalidade não são relacionais);

- podem ser típica ou não típica: serão típicas as que possuem normatividade social;

- podem ser ativas ou passivas: a ativa traduz-se em poderes e a passiva traduz-se em deveres;

poderá ser uma conjugação de ambos;

Bem, Interesse e Poder

-

Bem: tudo aquilo que não seja pessoa e que sirva para alguma, pressupondo a possibilidade de se atingir um fim (as pessoas, para a realização dos seus fins, precisam de meios)

. Jhering: tudo aquilo que nos pode servir para alguma coisa;

. há meios lícitos (que devem ser utilizados) e meios ilícitos (que não devem ser utilizados) -> os primeiros são bens os segundos são males;

. os bens são raros: o facto de serem escassos leva a conflitos, cabendo ao direito distribuir a utilização dos meios (quem pode utilizá-los, como, em que condições e para que fins);

-

Interesse: exprime o valor atribuído a um bem na sua relação com o sujeito, ou seja, a tensão entre a pessoa que quer realizar um fim e os meios de que necessita;

. é comum haver colisão de interesses, que geram conflitos que cabem ao Direito regular;

. dimensão objetiva: a aptidão que um certo bem tem de realizar, efetivamente, os fins de certa pessoa, quer essa pessoa ou conheça ou o desconheça;

. dimensão subjectiva: está ligado à consciência, por vezes errónea, que certa pessoa tem de que certo bem lhe é útil;

-

Poder: disponibilidade de um meio para atingir um fim ou um conjunto de fins, ou seja, quem dispõe dos meios para alcançar um fim, dispõe de poder para o fazer;

. poder fáctico: é diferente do poder jurídico (é necessariamente lícito) e geralmente corresponder ao poder do mais forte sobre o mais fraco;

. os meios necessários e a sua disponibilidade são variáveis;

Poderes de gozo, poderes creditícios e poderes protestativos - Poderes de gozo: correspondem ao uso e à fruição de um certo bem;

. o uso é a utilização da coisa e o aproveitamento da sua utilizada;

. a fruição é a apropriação dos frutos desse mesmo bem, que implica a não alteração da substância;

-

Poderes creditícios: corresponde a um poder sobre uma pessoa, ou seja, de exigir de outra pessoa que faça ou se abstenha de fazer algo, exigindo a cooperação de outrem;

. é uma relação bipolar: exige a cooperação, tendo caráter relacional;

-

Poderes protestativos: faculdade de produzir efeitos jurídicos na esfera privada de outra pessoa, provando uma modificação, sem o seu consentimento;

. o titular do poder necessita da outra pessoa para alcançar o seu fim;

. há uma situação de sujeição: a outra pessoa pode sujeitar-se ou não a acatar a ordem, o que significa que também dispõe de poder protestativo;

O direito em sentido objetivo e em sentido subjectivo

-

O direito objetivo e o direito subjectivo: o direito pode ser entendido em sentido objetivo e em sentido subjectivo;

. direito objetivo: corresponde à ordem jurídica, ou seja, à ordem normativa do agir (com Justiça), podendo daí extrair os critérios do agir justos numa dada comunidade;

. direito subjetivo: corresponde ao modo como alguém, em particular, pode agir perante essa ordem global, ou seja, diz respeito aos direitos que pertencem a cada pessoa em particular e que essa pessoa podem exigir/reivindicar;

- exemplo: ter o direito de propriedade sobre algo que nos pertence;

(12)

- tornam-se na manifestação da liberdade e da autonomia (a nível da titularidade, porque só se formos titulares desses direitos é que os podemos exercer, e do exercício, implicam a liberdade - salvo os poderes funcionais, como é o caso do paternal)

-

As raízes do direito subjectivo - evolução histórica do conceito

. a autonomização do direito subjectivo remonta ao século XIV, na questão franciscana (Ockham) com o papado acerca da pobreza e do direito de propriedade;

- proposta de Ockham: opus nonaginta dierum -> o jus deixa de ser o bem que a cada um cabe segundo a justiça natural e passa a ser o poder que cada um tem sobre o bem que lhe coube e distingue-se pelo seu conteúdo (os franciscanos não têm este poder), é o poder de reivindicar;

- introduz os direitos naturais de cada pessoa;

. época pré-revolucionária e da revolução francesa e americana: os direitos subjetivos são uma das conquistas e são interpostos contra o Estado e contra as instituições corporativas;

. reação conservadora da pandectística alemã: procedeu a uma separação entre os direitos privados, estudados pelo Direito Civil e os direitos, liberdades e garantias, estudados pelo Direito Constitucional;

- Savigny: restringe o direito subjectivo ao direito privado;

- Windscheid: afirma o direito subjectivo como o poder da vontade reconhecido pela ordem jurídica;

. Jhering: contestou todas as possíveis defendidas e regressou ao objectivismo originário -> os direitos subjetivos são interesses juridicamente protegidos

- transfere o conceito para o âmbito dos interesses - uma vez que até em caso de falta ou deficiente do discernimento ou da vontade, há interesses (oposição a Savigny, que coloca a vontade no centro);

- tutela direta: permite responder diretamente (os direitos subjetivos);

- tutela reflexa: o direito é objetivo e só pode ser tutela através da ação popular (implica o interesse geral);

. o direito subjetivo é um instrumento do direito objectivo, tendo como função o cumprimento dos deveres emergentes do direito objetivo;

-

A vontade e o interesse no direito subjectivo

. teoria da vontade: defendida por Savigny e por Weinscheid;

- Savigny defendia que o direito subjectivo era o poder da livre vontade - o direito objetivo tutela esta vontade -> como se procede com os incapazes e os bebés?;

- Weinscheid defendia que o direito subjectivo era o poder da vontade psicológica;

. teoria do interesse: defendida por Jhering;

- entende-se os direitos subjetivos como os interesses juridicamente protegidos, o que significa que é uma teoria mais abrangente, uma vez que mesmo as pessoas que não dispõem da vontade e da razão não deixam de ter direitos subjetivos, porque têm sempre interesses;

. a teoria é constituída por dois elementos: o elemento substancial e o elemento estrutural;

O Direito Subjectivo como estrutura

-

Diz respeito à composição: é composto por poderes e por deveres -> dirigidos à realização dos fins;

. poderes: existem poderes de gozo (como o direito à propriedade), poderes protestativos (envolvem uma situação de sujeição) e poderes creditícios;

. deveres: há também deveres e vinculações -> como deveres de boa fé (do mínimo dano, evitar danos a terceiros);

. ónus (um encargo ou sacrifício que o titular do direito tem de sofrer para que possa beneficiar de uma vantagem - não é um dever);

. podem existir direitos absolutos (podem ser exercidos contra todos - direitos de personalidade e de propriedade) e direitos relativos (que só podem ser opostos a certas pessoas);

O Direito Subjetivo como substância (artigo 334º do Código Civil)

-

Diz respeito à realização dos fins: o modo como se alcança com êxito a tarefa de conseguir com que o titular do direito realize o seu fim de forma satisfatória;

. há um sentido de utilidade subjacente (tem de se ter em conta o fim, de modo a que esteja seja atingido com êxito);

. há uma relação de tríada: a pessoa, o fim e o meu utilizado para o realizar -> desta forma, os poderes do direito subjectivo são úteis à realização dos fins com êxito (chave da substancia do direito subjectivo);

. funcionalidade: compreende tudo o que for útil à realização dos fins do titular do direito, logo o critério é o êxito (tudo o que for supérfluo, excessivo ou inútil será ilegítimo);

(13)

- exemplo: o direito à propriedade que é direito objetivo, é direito subjectivo quando se refere à propriedade de certa coisa -> é um fim pessoal e uma satisfação pessoal;

. jus-eticidade: o direito subjetivo recebe critérios ético-jurídicos - é o caso da boa fé, dos bons costumes (funcionam como janelas do sistema, de onde o direito recebe a eticidade imanente à sociedades) -> permite estatuir limites ao exercício

- a importância da natureza das coisas: a forma como a sociedade interpreta estes conceitos, ou seja, a realidade que circunda o direito não lhe é indiferente (as tradições, usos, costumes);

- o fim social ou económico do direito: o direito subjectivo pode ter uma função social, ou seja, daí resultar benefício social, e uma função pessoal, daí resultar beneficio pessoal; poderá também ter uma relevância económica;

-

É ilegítimo o exercício desonesto (contrário a boa fé), imoral (contrário os bons costumes) e desfuncional (contrário ao fim social, pessoal ou económico);

Abuso de Direito

-

Artigo 334º, 280º e 762º: os dois segundos aplicam-se por analogia;

. retira-se os limites da autonomia privada no direito: boa fé, bons costumes e fim social e económico;

-

Contrariedade à boa fé: uma vez que o contacto social está implícito, de uma forma ou de outra, no exercício do direito, este deve ser feito conforme à boa fé;

. honeste agere: o exercício deve ser honesto, como que por uma pessoa de bem; o comportamento tem de ir de encontro aos princípios da honestidade;

. alterum non laedere: o exercício deve ser feito de modo não danoso ou do mono menos danoso possível, respeitando o principio do mínimo dano;

. venire contra factum proprium: o exercício deve respeitar a fé e a confiança, implícitas nas relações; será ilícito criar em outrem expectativas de uma confiança legítima relativa ao exercício do direito e frustrar essa confiança, alterando o comportamento;

-

Contrariedade aos bons costumes: coloca o limite do exercício do direito na Moral, ou seja, nada pode valer se for contrário à Ética, aos bons costumes ou à Moral;

. podem existir comportamentos eticamente neutros;

-

Desvio em relação do fim social ou económico: o direito subjectivo é funcionamento dirigido à realização de fins - há uma função pessoal e uma função social no direito;

. o exercício será abusivo quando seja contrário a esse fim económico e social que preenche a sua função;

-

Outros tipos doutrinários de abuso de direito:

. exceptio doli: é o mais antigo e tem que ver com a desonestidade com que se adquire o exerce o direito;

. venire contra factum proprium: cada um é responsável pelo significado da sua conduta e por aquilo que esta representa em relação a terceiros, logo a conduta nunca poderá ser contrária às expectativas;

. inalegabilidades formais: quando é invocado um vício formal de um negócio por aquele que provocou a ocorrência desse vício;

. supressio e surrectio: consiste num comportamento contraditório de um titular que vem exercer um direito depois de uma longa abstenção (a abstenção longa leva às expectativas de não reação desse titular);

. tu quoque: consiste na invocação ou no aproveitamento ilícito de um acto por parte de quem o cometeu;

. exercício em desequilíbrio: tem que ver com o exercício danoso do direito, sem que se respeito o principio do mínimo dano possível; o exercício deve ser feito com cautela, para que não se ofenda ou casos danos a outrem;

- exercício emulativo: quando a intenção é a de prejudicar outrem;

- exercício danoso inútil ou injustificado: quando o exercício não representa qualquer vantagem para o titular;

- exigência de algo que deva ser imediatamente restituído: quando é exigida a entrega de uma coisa que deva ser imediatamente restituída;

- desproporção no exercício: quando a vantagem é mínima e desproporcionada ao sacrifício de outrem;

-

Consequências jurídicas do abuso do direito:

. não há consequências bem definidas, dando origem, o abuso de direito, à responsabilidade civil:

condenação do seu autor e indemnização dos danos que ele houver causado;

(14)

O Conceito de Direito Subjetivo

-

Savigny e Windscheid: um poder da vontade protegido pela ordem jurídica;

. Mota Pinto: defende a posição de Savigny e Windscheid, afirmando ser um comportamento baseado num acto livre de vontade que produz efeitos jurídicos em terceiros;

-

Jhering: coloca o interesse no centro da questão, sendo este juridicamente protegido;

. José Tavares: é o poder jurídico do interesse;

-

Pedro Pais Vasconcelos: aquilo que nos cabe, enquanto o direito objetivo seria a distribuição dos bens neste mundo;

. apoiado em Gomes da Silva e Oliveira Ascensão: posição jurídica pessoal de vantagem, de livre exercício, dominantemente ativa (também há deveres), inerente à afectação, com êxito, de bens e dos correspondentes meios, isto é, de poderes jurídicos e materiais, necessários, convenientes ou simplesmente úteis, à realização de fins específicos do seu concreto titular;

-

Menezes Cordeiro: permissão normativa específica de aproveitamento de um bem;

Contitularidade de direitos subjetivos

-

Em geral: ocorre contitularidade, quando duas ou mais pessoas são titulares de um direito subjetivo;

. artigo 1404º, CC: as regras da compropriedade, aplicam-se com as necessárias adaptações (por analogia, considerando as semelhanças e as diferenças, adaptando o regime);

. há casos de contitularidade tensa: duas ou mais pessoas são titulares de um direito indivisível, de modo que só em conjunto o pode exercer; é o caso da contitularidade quotas e de ações;

. há casos de solidariedade ativa: um dos titulares pode exigir a prestação total e posteriormente pagar aos demais a sua parte;

. há casos de conjugação de créditos: cada um dos credores pode exigir apenas a sua parte do crédito;

-

Compropriedade: os consortes são simultaneamente titulares do mesmo direito, ou seja, o direito é qualitativamente igual, mas quantitativamente pode ser diferente ou igual (consoante as quotas).

. é precária: o regime divisibilidade não pode ser afastado por período superiores a 5 anos e permite a qualquer consorte exigir a divisão (artigo 1412º e 1413º).

- desacordo: a divisão pode ser falta judicialmente (artigo 1052º).

-

Exercício do direito comum: exercício individual, maioritário, proporcional e colectivo;

. individual: cada consorte pode exercer só por si o direito, sem concurso com outros; é o regime da reivindicação (artigo 1405, 2), do uso (1406), da disposição e operação, nesta só podendo atuar sobre a sua parte (1408º).

. maioritário: decide-se por maioria (1407º);

. proporcional: cada consorte exerce o direito e as funções de forma proporcional à quota de que dispõe (1405, nº1);

. coletivo: é necessária a intervenção de todos os consortes (1405, 1, exercer em conjunto todos os direitos);

-

Contitularidade de direitos de crédito: regimes da conjunção, da solidariedade e da mão comum ativas;

. regime da conjunção ativa: cada um dos credores pode exercer, em separada, o seu crédito, mas apenas na parte que lhe cabe;

. solidariedade ativa: qualquer credor pode exercer o direito de crédito total, não podendo o devedor opor-se; o credor terá de satisfazer as outras artes; (artigo 532º, 513º);

. mão comum: o direito é exercido em conjunto por todos os credores;

-

Contitularidade da participação social: regime de contitularidade da quota ou de ações, deliberando os consortes por maioria; aplica-se a sociedade por quotas ou anónimas; o direito é exercido por todos através de um representante comum (222º e ss., 303º e ss., 1407º)

Expectativas Jurídicas

-

Expectativa: situação em que alguém se encontra quando espera que algo venha a acontecer;

. é atual, sentida no momento, mas projeta-se no futuro, sobre algo que irá acontecer;

. expectativas jurídicas: posições de vantagem, que respeitam à afetação de bens, à realização futura de fins, através de poderes atuais e de vinculação a terceiros, que impeçam a frustração -> artigo 272º -> há uma tutela direta de interesses do titular da expectativa;

Exercício e Tutela dos direitos subjetivos

-

Do contacto entre as pessoas podem resultar problemas no exercício dos direitos subjetivos (artigos 335º a 340º).

(15)

-

Colisão de direitos: ocorre quando o exercício do direito por uma pessoa pode não ser compatível com o exercício do direito de outra pessoa;

. regime: previsto no artigo 335º;

-

Acção direta: artigo 336, tem certos pressupostos . situação de inutilização prática de direito;

. impossibilidade de recurso em tempo útil aos meios coercitivos normais;

. necessidade e principio da proporcionalidade;

. artigo 338: no caso de erro na verificação de pressupostos, a acção direta não é lícita, pelo que implica a indemnização; a obrigação não será assim se o erro for desculpável;

-

Legítima Física: artigo 337º; tem certos requisitos;

. uma agressão atual e ilegal;

. contra a pessoa ou o património do agente ou de terceiro;

. impossibilidade de recurso a meios normais de defesa pública;

. proporcionalidade: deixa de ser lícita se for desproporcionada e se causar danos superiores aos que puderem resultar da agressão;

. artigo 338: no caso de erro na verificação de pressupostos, a acção direta não é lícita, pelo que implica a indemnização; a obrigação não será assim se o erro for desculpável;

-

Estado de Necessidade: quando o agente, para remover um perigo, o agente destrói ou danifica coisa alheia; artigo 339º;

. exige-se que o perigo seja atual e não meramente potencial ou previsível;

. exige-se que o dano que a ação pretende evitar seja superior ao dano que se causou;

-

Consentimento do lesado: um acto danoso pode ainda ser lícito se a pessoa prejudicada, cujo direito é ofendido, consentir na lesão; artigo 340º;

. se a lesão for contraria aos bons costumes ou a uma proibido legal ja não se torna lícita com o consentimento do lesado;

. o consentimento pode ser considerado em momento em que o titular não o possa dar, desde que o ato lesivo seja praticado no interesse do lesado e que seja presumível que o lesado consentiria;

Vicissitudes das Situações Jurídicas

-

O exercício jurídica é dinâmico, pelo que está em constante movimentação e modificação: há, assim, três vicissitudes fundamentais

. constituição: os direitos são inatos ou adquiridos, pelo que a constituição pode ser originária ou derivada;

- os direitos inatos estão subjacentes à qualidade humana, como é o caso dos direitos de personalidade; no fundo, não são atribuídos, são reconhecidos pelo direito;

- os direitos adquiridos são adquiridos ao longo da vida, pelo que a sua atribuição depende da lei, podendo as pessoas ser ou não privadas (reais, de crédito, patrimoniais); são constituídos originariamente ou derivadamente;

- constituição originária: ocorre quando não deriva de um direito ou de uma situação jurídica anterior;

- constituição derivada: ocorre quando ha transmissão, ou seja, o direito constituída na esfera jurídica do adquirente é o mesmo que existia na esfera jurídica do transmitente;

. modificação: ocorre quando há modificação, por exemplo pelo negócio jurídico, no conteúdo do direito; as vicissitudes do objeto podem também modificar os direitos (naufrágio de um navio); nunca pode ser total;

. disposição e extinção: as situações jurídicas podem ser disponíveis ou indisponíveis;

- indisponíveis: direitos de personalidade, direitos fundamentais, situações familiares (ser pai, mãe);

- disponíveis: permitem a oneração, a extinção e a transmissão;

. oneração: imposição de encargos sobre o direito, o que implica uma limitação;

. extinção: a lei pode determinar a extinção de determinados direitos subjetivos; a morte também extingue os direitos de personalidade; ou ainda as causas de facto;

Capítulo II - A Causa -

As raízes da causa: a causa sofreu alterações ao longo do tempo

. direito romano: era a causa da obrigação, constituindo um fundamento da sua juridicidade;

. humanismo: a causa como aprovação do Direito, seguindo a linha do fundamento da juridicidade;

. jusracionalistas: colocam o consenso como fundamento da juridicidade e a causa como critério de classificação; originaram a causa objetivista - DOMAT e POTHIER

-

A Causa no Mundo

(16)

. França: domina a concepção subjetiva da causa, como motivo;

. Alemanha: a causa é entendida como fundamento;

. Itália: a causa é a função económica e social que funda o reconhecimento da juridicidade;

. Inglaterra e Estados Unidos: a causa é entendida como consideration;

. Portugal: há grandes divergencias;

- construções anticausalistas: afirmam a causa como um conceito dispensável; Manuel Andrade é um dos principais defensores, o que condicionou o Código Civil; a causa está apenas presente em poucos aspetos;

- construções causalistas: não desconsideram as causas, mas consideram-na mais subjectiva ou mais objetiva;

-

Modalidades da Causa

. causa objetiva e causa subjetiva: a causa objetiva corresponde à função do ato, é a causa final;

a causa subjectiva corresponde à motivação do autor na prática do acto, é a causa impulsiva; ambas são relevantes, pelo que devem ser conjugadas;

. causa classificativa e causa de juridicidade: a causa classificativa é útil para a qualificação; a causa de juridicidade funciona como um fundamento de juridicidade (avalia a licitude do negocio e a sua concordância com a ordem jurídica);

. causa da atribuição patrimonial: é a causa que justifica a atribuição patrimonial, pelo que é importante para o Direito Português verificar a que titulo é entregue a titularidade de certo bem; sem fundamento, dá-se um enriquecimento sem causa;

. causa da obrigação: fundamenta uma obrigação, ou seja, não permite que alguém esteja obrigado a fazer determinada coisa sem que haja um fundamento;

. causa do negócio jurídico: é necessário que o negocio seja livre e e esclarecido; para os subjetivistas, é ainda necessário que seja verificado o fim; para os objetivistas, deve atender-se à função económica e social;

. consideration: ideia de causa anglosaxónica, que é uma exigência de reciprocidade (quid pro quo);

Causalidade e Abstração

-

A relevância da causa para o direito é variável, pelo que existe a abstração e a causalidade;

. causalidade: a causa é livremente invocável; o Direito Civil é, por isso, mais causalista (importa mais a intencionalidade, o fim e a função);

. abstração: a causa é irrelevante, importando apenas a voluntariedade e a liberdade; o Direito Comercial é mais abstencionista (importa mais a vontade negocial e a liberdade); é importante para perceber a letra de câmbio, que dispensa a causa;

Referências

Documentos relacionados

Na sibilância induzida por vírus, a terapêutica reduz os sintomas, particular- mente em crianças com factores de risco para asma, mas não parece afectar a evolução da doença..

Serão eliminados os candidatos que obtiverem média aritmética inferior a 7,0 (sete vírgula zero) das notas de: a) Prova Escrita e; b) Currículo Lattes CNPq com

Resumo - A partir de dados físico – químicos de 15 amostras selecionadas de poços da área adjacente ao reservatório geminado Coremas – Mãe D’Água foram calculados

Para a construção do modelo, consideraram-se as premissas apresentadas na Figura 3, sendo essas os custos de RV e do diluente de baixa viscosidade (coluna E, linha 2 e

Para configurações posteriores à instalação, você pode dar um duplo clique no ícone do utilitário, conforme mostrado na tela, para configurar o acesso e conexão ao Access

Colgate têm entre os mais jovens a maior fatia de lembrança, 60% das menções, obtendo os resultados mais expressivos também entre os mais escolarizados com 57%.. Entre os mais ricos,

Veja-se que, mais uma vez, fora adotada a corrente maximalista pelo STJ, porém tal entendimento não parece ser o mais adequado. Se utilizarmos o conceito de insumo

Isso é importante para diferenciar o patrimônio da pessoa jurídica e de seus integrantes, o que será relevante, por exemplo, caso os bens da pessoa jurídica sejam penhorados pois,