2016/2017
ALUNO DO 6º ANO DO MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA
RELATÓRIO FINAL
RELATÓRIO FINAL
NOVA MEDICAL SCHOOL | FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
DISCENTE
ORIENTADOR
REGENTE
ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE
Os estágios profissionalizantes do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina são um período
de formação médica pré-graduada que visam sobretudo consolidar e aplicar os conhecimentos
teóricos aprendidos durante os anos anteriores, através do exercício da prática clinica
programada, orientada e tutorada. Pretende-se assim fornecer, aos discentes, competências
clínicas, técnicas, sociais e gestão fundamentais à prática clinica diária.1 A aproximação à
realidade clínica prevê a obtenção de autonomia, ainda que virtual, aos alunos assim que
concluam o Mestrado Integrado em Medicina (MIM). Atualmente, espera-se que, após a
conclusão deste ciclo de estudo, sejamos responsáveis, competentes e munidos de capacidades
diferenciadoras, que nos permitam aprimorar e inovar nas diversas vertentes e assim superar
expectativas, aperfeiçoando a prestação de serviços de saúde. O presente relatório tem como
objetivo apresentar, sob a forma de resumo crítico, o meu percurso formativo, entre o período de
15 de setembro de 2016 a 2 de julho de 2017, focando as várias atividades desenvolvidas no
decorrer do 6º ano do MIM. A descrição das atividades curriculares encontra-se dividida em 6
subseções, correspondentes a cada estágio parcelar, onde são explicitados os objetivos
definidos e atividades desenvolvidas, seguindo-se uma breve descrição das atividades
extracurriculares que realizei no 6º Ano do MIM ou que tiveram relevância na minha formação.
Por fim, na secção “Anexos” encontram-se os certificados e comprovativos de participação nas
atividades extracurriculares.
O estágio de cirurgia, tutelado pelo Dr. César Resende, foi constituído por 1 semana de aulas
teóricas e teórico-práticas onde frequentei e realizei o curso TEAM; 4 semanas de Cirurgia Geral,
Anestesiologia, onde desenvolvi procedimentos técnicos e monitorização; 1 semana de
Atendimento Médico Permanente. Os objetivos do estágio consistiram na integração no
quotidiano da equipa cirúrgica e no desenvolvimento de atitudes, valores e aptidões
consideradas essenciais para um futuro cirurgião. Defini como objetivos pessoais: aplicar
corretamente a terminologia cirúrgica; avaliar o doente cirúrgico, de forma sistematizada, em
contexto pré e pós-operatório, aperfeiçoar técnicas de pequena cirurgia; saber distinguir
situações clínicas com indicação cirúrgica eletiva e urgente; saber e aplicar técnicas de anestesia
e de assepsia; compreender os procedimentos mais comuns e dinâmica da equipa no bloco.
Este estágio permitiu a participação ativa como ajudante no bloco operatório e o aperfeiçoamento
de técnicas de anamnese, exame objetivo e relação médico-doente na consulta. O estágio incluiu
também a participação em sessões clínicas e reuniões, e ainda a apresentação, em grupo, do
seminário “Quando o Cego se olha ao espelho”, vencedor do minicongresso de cirurgia que teve
lugar no Hospital Beatriz Ângelo.
O estágio de medicina foi tutelado pela Dra. Inna Kozyar e os seus objetivos focalizaram, de
forma geral, a aquisição de competências teóricas, práticas e autonomia na área da Medicina
Interna. Defini também como objetivos pessoais: desenvolver a capacidade de atuação para
observar doentes, de forma autónoma, e acompanhar ativamente a sua evolução; averiguar a
necessidade de exames complementares de diagnóstico e intervenção terapêutica, tanto em
contexto de internamento como de urgência e consulta; desenvolver técnicas de comunicação
com doentes, colegas e outros profissionais de saúde; integrar uma equipa médica, como parte
do corpo clínico, compreendendo todas as etapas na avaliação do doente internado e
participando ativamente na dinâmica da equipa no que concerne sessões clínicas, com
apresentação de uma revisão bibliográfica no serviço de Medicina Interna. O Internamento
constituiu a componente primordial do estágio, tendo sido o local de eleição para adquirir,
consolidar e aplicar conhecimentos e competências, tanto práticas como teóricas. A rotina no
e análise de exames complementares, revisão terapêutica e discussão de um plano de atuação,
assim como redação do respetivo diário e notas de entrada e de alta. Durante o estágio tive a
oportunidade de redigir uma história clínica, de estar presente em sessões clínicas e de
apresentar uma revisão bibliográfica sobre a Síndrome de Takotsubo. O estágio incluiu ainda a
passagem pelo serviço de urgência, unidade de cuidados intensivos e consultas de cardiologia.
O estágio de saúde mental, sob a tutela do Dra. Inês Cargaleiro, teve como objetivos gerais o
desenvolvimento de conhecimentos, capacidades de diagnóstico e de intervenção clínica na
Psiquiatria, e proporcionar um contacto com a atividade de investigação em Saúde Mental. Defini
como objetivos pessoais: identificar e avaliar sintomas de perturbação psiquiátrica e
diferenciá-los do funcionamento psicológico normal do indivíduo; identificar situações de risco, em contexto
de urgência e internamento; desenvolver técnicas de comunicação e relação médico-doente;
conhecer e integrar a equipa de Psiquiatria na sua organização e dinâmica de serviço e
acompanhar de forma ativa as suas vertentes de intervenção médica e psicossocial. A atividade
clínica deste estágio incluiu a presença no internamento, consultas externas, serviço de urgência
e sessão comunitária. Além disso, estive presente nas reuniões de serviço, em sessões
teórico-práticas e sessões clínicas. Durante o estágio tive a oportunidade de elaborar uma história clínica
de um doente diagnosticado com uma perturbação delirante persistente.
O estágio de Medicina Geral e Familiar, tutelado pelo Dr. Mário Cruz, detinha como objetivos
gerais do estágio a promoção da familiarização com a abordagem centrada na pessoa e com a
forma como os problemas de saúde se apresentam no contexto da comunidade. Defini ainda
como objetivos pessoais: efetuar consultas de seguimento; familiarizar-me com os programas de
saúde infantil, saúde materna e rastreio oncológico e planeamento familiar; e acompanhar o tutor
em consultas no domicílio. O estágio consistiu no acompanhamento integral de toda a atividade
consulta de intersubstituição, saúde materna, saúde infantil, planeamento familiar e consulta no
domicílio. Ao longo do estágio, tive oportunidade de efetuar algumas consultas autonomamente.
O estágio de Pediatria, orientado pela Dra. Marta Conde, tinha como objetivo principal a
compreensão da Pediatria como uma medicina integral de um grupo etário particular, desde a
conceção até à adolescência. Defini nele como objetivos pessoais: consolidar conhecimentos e
competências no que diz respeito à abordagem, diagnóstico e terapêutica das patologias
pediátricas mais prevalentes; desenvolver técnicas de colheita de história clínica e a execução
de exame objetivo adequados à idade; desenvolver a capacidade de comunicação com a criança
e familiares. O estágio decorreu maioritariamente em contexto de consulta de Reumatologia e
no Serviço de Urgência do HDE, incluindo também consultas de Pediatria Geral, o internamento
de Pediatria Geral e Infeciologia, e a consulta de Imunoalergologia. Neste sentido, o estágio
constituiu uma oportunidade para melhorar o exame objetivo articular e compreender a
abordagem das patologias mais prevalentes em idade pediátrica. Foi-me também possível
elaborar uma história clínica e várias notas de entrada. Estive presente também em diversas
sessões clínicas e sessões de formação e apresentei, em grupo, o seminário “Infeções Intestinais
Parasitárias”.
O estágio de Ginecologia e Obstetrícia decorreu sob tutela da Dra. Alexia Toller e os seus
objetivos gerais consistiam em consolidar conhecimentos, capacidades e atitudes, no âmbito da
ginecologia e obstetrícia. Defini para este estágio os seguintes objetivos: consolidar
conhecimentos no que diz respeito à abordagem, diagnóstico e terapêutica das patologias
ginecológicas e obstétricas mais prevalentes; sedimentar, de modo prático e sistematizado, o
plano de seguimento de uma gravidez normal e reconhecimento de gravidez de risco; participar
de forma ativa e tutelada nas diversas atividades clínicas e cirúrgicas; desenvolver e aperfeiçoar
Ginecologia e 2 semanas de Obstetrícia, o que permitiu o contacto com a consulta de
ginecologia, obstetrícia e subespecialidades, o internamento e puerpério, o bloco operatório, o
bloco de partos, o serviço de urgência e as ecografias. Tive oportunidade de observar partos,
cesarianas e diversos procedimentos cirúrgicos, assim como realizei, de forma progressivamente
mais autónoma, vários exames ginecológicos, incluindo colpocitologias. Estive presente em
sessões clínicas e a apresentei em grupo um Journal Club.
Como Estágio Clínico Opcional, estagiei no Serviço de Cardiologia do Hospital Santa Marta sob
tutela do Dr. Tiago Pereira Silva, durante 2 semanas. Pretendi com o mesmo consolidar
conhecimentos na área da cardiologia e ganhar autonomia na gestão das patologias em questão.
O estágio conjeturou-se na passagem pela enfermaria, consulta de cardiologia, ecografia, provas
de esforço, aulas de ecocardiografia, sala de hemodinâmica e sessões clínicas e aulas de
eletrofisiologia.
Durante este período, frequentei alguns congressos que selecionei por serem áreas com as quais
não contactei durante o curso ou pelas quais nutria interesse, destacando-se: “I Jornadas de
Neurocirurgia”; “IV Jornadas de Cirurgia Vascular”; “iMed Conference® 8.0”; “STATUS 5,
Trauma, Emergência, Reanimação – o Estado de Arte”; “3º ABC de Imunologia”; “Junior Doctor’s
International Meeting”; “Jornadas de Actualização em Urgência”; “Hipertensão Arterial e
Insuficiência Cardíaca – Estado de Arte”. Os certificados encontram-se em anexo a este relatório.
Durante o meu percurso académico sempre me interessei pela área de investigação, pelo que
frequentei a UC opcional de Projeto de Investigação durante 3 anos, que me deu oportunidade
de contactar com alguns projetos de investigação básica. No mesmo âmbito, realizei o curso
on-line do Programa CLIC, onde obtive Certificação de Investigador Clínico: NIVEL 1:
Co-investigador médico e staff do centro de estudo. No sentido de complementar a minha formação
Infante Santo, que teve duração de duas semanas, onde tive a oportunidade assistir a consultas,
provas de esforço, ecografia, eletrocardiografia e técnicas de cardiologia de intervenção e
participação no internamento.
Ao longo do MIM, desempenhei funções associativas, sempre com o intuito de melhorar, inovar
e enaltecer experiência do que é frequentar a nossa instituição. Em 2015, fiquei responsável na
equipa de imagem e comunicação no iMed Conference® 7.0 e, de janeiro de 2016 a janeiro de
2017, fui dirigente associativo na Associação de Estudantes da NMS | FCM, onde desempenhei
funções de Diretor da Revista FRONTAL. Durante esse mandato, fui responsável: pela
introdução da rubrica “CHOQUE FRONTAL”, com a Mesa Redonda: “EUTANÁSIA”; pelo
lançamento do primeiro volume dos “MINIGUIAS DA ESPECIALIDADE NO ESTRANGUEIRO”
(Alemanha e Estados Unidos da América), com respetivo evento de lançamento; pela criação de
uma coluna de atualização em educação e política médica; pela cobertura jornalística de diversos
eventos, incluindo o iMed Conference® 8.0, estando também responsável pela publicação da
revista do congresso, “INSPIRED BY THE ART OF MEDICINE”. De maior relevância, fui
responsável, ainda, pela publicação da 46ª Edição impressa da Revista FRONTAL, “UM
FUTURO INESPERADO”, subordinada às temáticas de educação médica, ciência, investigação,
cultura, tecnologia, história entre outras, tendo também estado encarregue de organizar uma
Mesa Redonda “OS MÉDICOS DO FUTURO” como Evento de Lançamento dessa edição, na
Reitoria da Universidade NOVA de Lisboa, que contou com especialistas nas matérias de
educação e política médica e deu a oportunidade de debater questões relacionadas com o futuro
da formação pré e pós-graduada, do internato médico e do exercício da Medicina em Portugal.
Como autor, fui responsável pelos editoriais da 46ª edição e da edição especial dedicada ao
congresso iMed, além de vários artigos de índole de política médica.
Como complemento à minha formação associativa participei no MedSCOOP, um evento
direcionado a dirigentes associativos no qual tive a oportunidade de participar em vários blocos
Considero que, na sua globalidade, o estágio profissionalizante do 6º Ano revelou ser um período
de formação essencial e de qualidade nas suas diversas vertentes, tanto de carácter teórico
como prático, nomeadamente no que concerne a aquisição e consolidação de conhecimentos,
postura inerente à boa prática clínica e treino de competências técnicas, clínicas e cirúrgicas. A
formação tutorada aconteceu predominantemente num rácio tutor-aluno 1:1, o que foi bastante
benéfico ao possibilitar frequentar diversas atividades distintas e sem necessidade de
interrupção da formação tutorada. Em particular, destaco, o estágio de Medicina Interna que,
para além das suas várias valências, demonstrou ser um período de consolidação de
conhecimentos e obtenção de autonomia notoriamente mais relevante, tendo aprimorado não só
a relação com os doentes, como com os familiares, a sistematização da avaliação do doente
internado, a redação de registo clínico e a formulação de plano diagnóstico e terapêutico,
inclusivamente em contexto de serviço de urgência, no qual tive oportunidade de conduzir a
avaliação inicial do doente de forma autónoma. De forma semelhante, a passagem pelo serviço
de urgência de Pediatria no HDE foi benéfica, no sentido em que pude, por diversas vezes,
orientar a avaliação do doente autonomamente, contribuindo para a consolidação de gestos e
atitudes. De uma forma geral, a estruturação dos vários estágios permitiu também assimilar a
dinâmica de trabalho dos vários elementos do corpo clínico nas suas mais distintas atividades.
Após uma análise cuidada de todas as atividades desenvolvidas no decorrer dos estágios e
revendo as metas iniciais pretendidas, considero que, numa primeira instância, todos os objetivos
a que me propus foram cumpridos, com algumas exceções. Durante o estágio de cirurgia, a
passagem pelo serviço de atendimento permanente verificou-se estar fora do âmbito da
especialidade cirúrgica, pelo que não foi possível pôr em prática as técnicas de pequena cirurgia
- no entanto, durante o período de bloco operatório foi-me dada a oportunidade de suturar por
diversas vezes, pelo que considero o objetivo parcialmente alcançado. No estágio de Medicina
Geral e Familiar, apesar da oportunidade de efetuar consultas autonomamente, considero que
existirem obstáculos no que concerne a infraestrutura que o não permitiam. No que concerne às
aptidões pessoais, foram diversas as vezes em que pude aprimorar as relação médico-doente
durante as diversas valências; no entanto, considero que as atividades extracurriculares tiveram
um papel essencial nesta área.
As atividades de associativismo que desempenhei exigiram um conjunto de competências que
englobam técnicas de comunicação, gestão de equipa, resolução de problemas, concretização
de projetos e gestão de tempo. Creio que estas competências são transversais a qualquer
profissional de saúde ao longo da sua carreira médica e, como tal, foram um complemento
essencial à minha formação como futuro profissional de saúde.
Além do currículo do MIM, procurei sempre ao longo do meu percurso académico colmatar as
áreas com as quais considerei não ter tido contacto suficiente - apesar de não descrito no
relatório, frequentei vários workshops dentro das áreas de eletrocardiografia, radiologia de
intervenção, administração de fluidos e técnicas de anestesia. Nunca descorando a investigação,
procurei munir-me de ferramentas básicas, tanto na área da investigação básica como clínica,
ao frequentar estágios de investigação curriculares e através da realização do curso CLIC, com
obtenção do Nível 1 do seu Certificado.
Dito isto, considero que o 6º Ano verificou ser um período importante no que concerne a
consolidação de conhecimentos e aptidões clínicas, e consequente aplicação prática dos
mesmos, traduzindo-se na obtenção efetiva de autonomia no exercício da medicina.
Termino o Mestrado Integrado em Medicina convicto de que construi uma formação médica
consistente, com objetivos cumpridos, e de aquisição de competências de liderança, gestão e
concretização de projetos. É com gratidão que legitimo a importância de todos os intervenientes
na minha formação: docentes, tutores hospitalares e colegas. É também com entusiasmo que
termino o meu percurso académico, na certeza de uma vontade inabalável de poder construir e
inovar um futuro que prevejo promissor, e estando convicto do seu potencial, com ânsia de
melhorar a prestação de serviços médicos à sociedade, sustentada numa prática médica
ALUNO DO 6ºANO DO MIM [2016/2017]