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EDUCAÇÃO, ATIVIDADE E TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS: REVISÃO INTEGRATIVA DE PRODUÇÕES CIENTÍFICAS BRASILEIRAS MESTRADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

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ELISA ALVES DE ALMEIDA

EDUCAÇÃO, ATIVIDADE E TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS: REVISÃO INTEGRATIVA DE PRODUÇÕES CIENTÍFICAS BRASILEIRAS

MESTRADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

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EDUCAÇÃO, ATIVIDADE E TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS: REVISÃO INTEGRATIVA DE PRODUÇÕES CIENTÍFICAS BRASILEIRAS

MESTRADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Educação: Psicologia da Educação, sob a orientação da Profa. Dra. Mitsuko Aparecida Makino Antunes

(3)

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

_____________________________________

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Dedicatória

Ao meu marido Marcelo Almeida por sempre ter me dado forças e incentivo para concluir o estudo.

À nossa filha, Alice, que terá o privilégio de nascer e viver num lar com animais.

À todos os animais, pois sem eles esse estudo seria inviável e a vida teria muito menos brilho.

(5)

Antunes, “Mimi”, pela sabedoria, delicadeza, tolerância e tempo dispensados a minha pessoa, direcionando-me no mundo da pesquisa e na melhor forma de conduzir o meu trabalho.

À CAPES pela concessão da bolsa de pesquisa.

Aos professores do PED pelas discussões, disponibilidade e competência no ensinar.

À Profa. Dra. Laurinda de Almeida por gentilmente ter aceitado fazer parte da banca e por ter me apresentado Henri Wallon.

À Dra. Daniela Leal por colaborações importantíssimas no exame de qualificação.

Ao Edson por sempre se mostrar disponível no esclarecimento de informações e auxilio no que fosse necessário e estivesse ao seu alcance.

Aos amigos do curso por compartilharem o conhecimento e as angústias.

Aos meus pais (Ray e Hygino) por sempre me motivarem no desenvolvimento dos meus estudos. À minha irmã Marcele e ao seu marido Marcelo Hugo por acreditarem no meu potencial. Aos sobrinhos Sophia e Hugo por serem minha maior motivação na conclusão dos meus estudos e no retorno à Belém.

À minha segunda família (T. Elcy, T. Mauricio, Mauricio Jr., Lucila, Marco e Naiana), pelo carinho, preocupação e apoio em todos os momentos.

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AAA Atividade Assistida por Animais ANDE-Brasil Associação Nacional de Equoterapia ASDEPA Associação de Defesa e Proteção Animal A/TAA Atividade e Terapia Assistida por Animais BVS-PSI Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia EAA Educação Assistida por Animais

EUA Estados Unidos da América

IRIS Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social

LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde PePsic Periódicos Eletrônicos de Psicologia

SciELO Scientific Electronic Library Online

TAA Terapia Assistida por Animais TCC Trabalho de Conclusão de Curso

(7)

Quadro 1: Principais características dos coterapeutas em intervenções assistidas por animais

25

Quadro 2: Descrição dos artigos científicos publicados por ano, autor e área de investigação em ordem decrescente de data de publicação

48

Quadro 3: Descrição dos TCCs e monografias publicadas por ano, autor, área e tipo/instituição em ordem decrescente de data de publicação

51

Quadro 4: Descrição das dissertações e teses publicadas por ano, autor, área e tipo/instituição em ordem decrescente de data de publicação

53

Quadro 5: Descrição dos livros publicados por ano, autor e editora em ordem decrescente de data de publicação

(8)

Tabela 1. Distribuição dos estudos sobre intervenções assistidas por animais por tipo de produção publicados até dezembro de 2013

59

Tabela 2. Distribuição por ano (>1997-2013) dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

62

Tabela 3. Distribuição por tipo de animal abordado nos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

64

Tabela 4. Distribuição por área do conhecimento dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

67

Tabela 5. Distribuição por tipo de intervenção assistida por animais dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

71

Tabela 6. Distribuição por tema principal dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

73

Tabela 7. Distribuição por público alvo dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

75

Tabela 8. Distribuição dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013 que têm como foco as pessoas com deficiência, dificuldade ou doença

77

Tabela 9. Distribuição por tipo de foco dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013 que enfocam as pessoas com deficiência, dificuldade ou doença

78

Tabela 10. Distribuição por tipo de deficiência abordada dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013 que enfocam a deficiência

79

Tabela 11. Distribuição por instituição contemplada pelos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

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por tipo de produção publicados até dezembro de 2013

Gráfico 2. Distribuição cumulativa dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicada até dezembro de 2013, por tipo de produção e por ano

61

Gráfico 3. Distribuição por ano (>1997-2013) dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

63

Gráfico 4. Distribuição por tipo de animal abordado nos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

64

Gráfico 5. Distribuição por área do conhecimento dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

67

Gráfico 6. Distribuição por tipo de intervenção assistida por animais dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

71

Gráfico 7. Distribuição por tema principal dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

73

Gráfico 8. Distribuição por público alvo dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013

75

Gráfico 9. Distribuição dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013 que têm como foco as pessoas com deficiência, dificuldade ou doença

77

Gráfico 10. Distribuição por tipo de foco dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013 que enfocam as pessoas com deficiência, dificuldade ou doença

78

Gráfico 11. Distribuição por tipo de deficiência abordada dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013 que enfocam a deficiência

79

Gráfico 12. Distribuição por tipo de deficiência abordada dos estudos sobre intervenções assistidas por animais publicados até dezembro de 2013 que enfocam a deficiência

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Figura 1. Fluxograma da sequência das etapas da revisão integrativa feita na presente pesquisa

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Psicologia da Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.

RESUMO

Esta pesquisa teve por objetivo identificar e caracterizar produções científicas brasileiras sobre Educação, Atividade e Terapia Assistida por Animais. O estudo trata de uma revisão integrativa da literatura, que sintetiza os dados de produções científicas brasileiras sobre a temática publicadas até dezembro de 2013, encontradas nas bases de dados SciELO, LILACS, BVS-Psi, PePSIC e Domínio Público, bibliotecas de universidades públicas e particulares, referências, livrarias nacionais e autores. Encontraram-se 81 produções científicas que respeitavam os critérios de inclusão da pesquisa, sendo 26 artigos científicos, dez TCC/monografias, 19 dissertações/teses e 26 livros. Os principais dados extraídos das produções científicas foram organizados em banco de dados que, em seguida, foram analisados por meio de categorias analíticas. Observou-se que as intervenções assistidas por animais têm sido anualmente alvo de estudos na última década, em especial da área da psicologia, na qual o animal mostrou-se como um recurso terapêutico importante. Embora o cavalo seja o animal mais frequente nos estudos, são muitos os animais que possibilitam várias atividades que permitem o atendimento de um público alvo diferenciado, de crianças a idosos, de pessoas saudáveis a pessoas com doenças, dificuldades ou deficiências.

(12)

Educational Psychology) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.

ABSTRACT

This research aimed to identify and characterize Brazilian scientific production on Education, Activity and Animal Assisted Therapy. The study is an integrative literature review, which summarizes data from Brazilian scientific production on the subject published until December 2013, found in the databases SciELO, LILACS, BVS-Psi, PePSIC and Public Domain data, public and private universities libraries, references, national bookstores and authors. Was found 81 scientific publications which met the inclusion criteria of the study, with 26 scientific articles, ten courseworks/monographs, 19 dissertations/theses and 26 books. The main data extracted from the scientific productions were organized into a database that, then, were analyzed by means of analytical categories. It was observed that annually the animal-assisted interventions have been subject of studies in the last decade, especially in the area of psychology, in which the animal was shown to be an important therapeutic resource. Although the horse is the most common animal in the studies, there are many animals that provide various activities that allow the service of a different target audience, from children to elderly, from healthy people until ones with illnesses, disabilities or difficulties.

(13)

APRESENTAÇÃO 14 1. RELAÇÃO HOMEM-ANIMAL: UMA RELAÇÃO QUE TRANSCENDE

GERAÇÕES 16

1.1. Início do uso dos animais em terapia 17

1.2. Atividade e Terapia Assistida por Animais (A/TAA) 21

2. EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR ANIMAIS (EAA) 32

3. A PESQUISA 39

3.1. Problema da pesquisa 39

3.2. Objetivo 39

3.3. Justificativa 39

3.4. Método 40

3.4.1. Tipo de estudo 40

4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 48

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 85

REFERÊNCIAS 89

APÊNDICE A 94

APÊNDICE B 97

APÊNDICE C 101

APÊNDICE D 106

APÊNDICE E 110

APÊNDICE F 111

APÊNDICE G 115

APÊNDICE H 117

APÊNDICE I 120

APÊNDICE J 124

APÊNDICE K 125

APÊNDICE L 133

APÊNDICE M 136

(14)

APRESENTAÇÃO

Minha relação com os animais começou na infância. Nesse período, eu tinha medo de todo e qualquer tipo de animal, embora não tenha ocorrido nenhum fato que pudesse tê-lo originado. Ao longo dos anos, o medo foi minguando em virtude do contato que fui obtendo com os animais, primeiro com um pintinho que ganhei na escola e depois com cães de amigos. Mas, foi quando eu ganhei meu próprio cachorro, Pooh, que o medo se transformou em amor. Este se tornou tão intenso e grandioso que fez com que eu buscasse defender os direitos dos animais.

Passei, assim, a atuar na Associação de Defesa e Proteção Animal (ASDEPA) de minha cidade natal, Belém/Pa. Atualmente, nosso trabalho consiste no recolhimento, tratamento e castração de animais domésticos de pequeno porte, especialmente cães e gatos, maltratados e/ou abandonados, para depois serem doados a famílias que se comprometam a efetuar a posse responsável.

Paralelo ao trabalho voluntário desenvolvido na ASDEPA, cursei Pedagogia na Universidade do Estado do Pará (UEPA). Ao longo da graduação tive oportunidade de conhecer e estudar a educação especial, bem como desenvolver trabalhos com pessoas com diversas deficiências. A experiência com essas pessoas, além de ter sido de grande aprendizado, despertou-me o desejo de concentrar meus estudos na área. Assim, ao término de minha graduação, iniciei o curso de pós-graduação lato sensu em educação inclusiva na mesma universidade.

Ao concluir a pós-graduação em Belém, eu e meu marido optamos por vir morar em São Paulo para dar continuidade aos nossos estudos. Busquei cursos de aperfeiçoamento na área de educação inclusiva aqui em São Paulo, dentre eles a IX Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade (Reatech), que se destaca pela variedade de cursos e opções no atendimento às pessoas com deficiência. Assim, através do site, fiz minha inscrição na feira e no curso de Equoterapia. No local do evento, soube da existência de stands de Equoterapia e de Pet Terapia, com a exposição dos animais usados em terapia. Ao conhecer os stands, a Pet Terapia me encantou, pois se apresentou como um elo entre minhas duas grandes paixões: a educação inclusiva e os animais.

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que tem por objetivo identificar e caracterizar as produções científicas brasileiras sobre Educação, Atividade e Terapia Assistida por Animais publicadas até dezembro de 2013.

Para isso, fez-se um levantamento bibliográfico de produções científicas relacionadas a qualquer atendimento assistido por animais, possibilitando uma visão geral dos estudos disponíveis para análise. Para analisar os estudos encontrados optou-se por fazer uma revisão integrativa, que consiste num método de revisão sistemática da literatura que sintetiza os resultados de pesquisas anteriores, para fornecer uma compreensão mais abrangente sobre um fenômeno específico. Para fomentar a presente a pesquisa foi desenvolvido no primeiro capítulo a história da relação homem-animal, que retrata o início da participação dos animais no atendimento a pacientes e a discriminação dos atuais termos usados para nomear o uso de animais em terapia. Posteriormente, ressaltou-se o uso dos animais no âmbito educacional, embasado nas concepções de Henri Wallon.

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1. RELAÇÃO HOMEM-ANIMAL: UMA RELAÇÃO QUE TRANSCENDE GERAÇÕES

Os animais convivem com o ser humano há tempos e sua relação com eles tem se modificado constantemente ao longo da história. Durante a pré-história, mais especificamente no período paleolítico (de 2,5 milhões a.C. a 10 mil a.C.), quando o homem vivia em grupos e era nômade, sobrevivendo da caça e da pesca, os animais eram tidos meramente como alimentos e fornecedores de ferramentas (ossos, chifres, presas). Posteriormente, no período neolítico (de 10 mil a.C. a 3 mil a.C.), ao deixar de ser nômade e tornar-se sedentário, o homem começou a cultivar a terra – início da agricultura – e a criar animais, como bois, cabras, cães e dromedários – início da domesticação. A relação homem-animal, portanto, mudou de patamar: um passou a ser dependente do outro.

Registros históricos evidenciam esse elo com os animais através da representação da afetividade e dos relacionamentos, retratados com propriedade por meio de símbolos e desenhos. Em muitas inscrições, os animais significavam

status de tribos e de grupos (DOTTI, 2005).

Ao longo de toda a história, observa-se a importância atribuída aos animais na vida do homem, na qual assumiram papéis de divindades que orientariam os homens em sua vida terrena e espiritual, ou seja, a eles eram atribuídos poder, trazendo saúde e mediando curas através da evocação de seus espíritos em cerimônias (DOTTI, 2005).

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1.1. Início do uso dos animais em terapia

As primeiras referências sobre indicação do uso de animais em terapia estão ligadas à Hipócrates de Cós (458-377 a. C.), médico grego que em seu livro “das dietas” prescreveu a equitação como remédio contra a insônia, para a regeneração da saúde e melhora do tônus muscular; Asclepíades de Prusa (124-40 a. C.), médico grego que aconselhou a equitação como tratamento contra a epilepsia e em diferentes casos de paralisia e Galeno de Pérgamo (130-199 d. C.), médico e filósofo grego que acreditava nos benefícios dos exercícios a cavalo à saúde do praticante (SILVA, 2004; SEVERO, J., SEVERO, C., 2010).

Até o final do século XVI não se encontraram registros sobre a indicação e uso de animais em terapia. Somente em 1600, de acordo com Silva (2004), Thomas Sydeham indicou o exercício equestre para a cura dos distúrbios circulatórios.

No século XVII, houve maior número de relatos sobre a importância dos animais em funções terapêuticas, na socialização e na mudança de comportamento humano. Em 1699, John Locke defendeu a ideia de dar cachorros, esquilos, aves ou outros animais para as crianças, a fim de que cuidassem deles, para que desenvolvessem vínculos afetivos e responsabilidade para com os outros (SERPELL, 2013).

No século XVIII e XIX, a compaixão e a preocupação com o bem-estar do animal tornaram-se temas importantes na literatura infantil (“O patinho feio” e “livro da selva”), demonstrando um claro propósito de desenvolver nas crianças a ética da bondade e da cortesia, especialmente nos meninos (SERPELL, 2013).

Os benefícios provenientes da interação homem-animal foram alvos de estudos, pesquisas e investigações mais meticulosas. Em 1792, em York Retreat, na Inglaterra, William Tuke desenvolveu o primeiro experimento bem documentado de terapia assistida por animais com métodos de tratamento inovadores. A influência positiva dos animais de estimação começou a ser aplicada em terapias com pacientes em condições subumanas e em asilos de pessoas esquizofrênicas (DOTTI, 2005; SERPELL, 2013).

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animal por ser este, aparentemente, criatura mais fraca e dependente dos pacientes, encorajando-os a escrever, ler e se vestir.

No século XIX, em Londres, no Bethlem Royal Hospital, programas de caridade apontaram os animais como responsáveis por uma atmosfera mais leve para os pacientes com doenças mentais. A enfermaria feminina era iluminada e decorada com gravuras e bustos, com viveiros e animais de estimação. A enfermaria masculina demonstrava maior afeição por aves e animais de estimação, como gatos, esquilos e canários. Os pacientes passaram a “despejar seus infortúnios” sobre os cães e gatos (DOTTI, 2005; SERPELL, 2013).

Em 1867, na Alemanha, usaram-se animais em Bethel, centro de tratamento residencial para epiléticos. Em 1919, os animais foram utilizados em Washington, nos Estados Unidos, no hospital St. Elizabeth, para homens com problemas mentais (DOTTI, 2005).

Segundo Dotti (2005), em 1944, antes do fim da Segunda Guerra Mundial, no

Army Air Corps Convalescent Center, em Pauling, Nova Iorque, a Cruz Vermelha americana promoveu o primeiro programa para reabilitação de soldados com o uso de animais, dentre eles cavalos, cães e animais de fazenda.

Em 1962, foi divulgado no artigo intitulado "The dog as a 'co-therapist'" (O cachorro como um “co-terapeuta”) os primeiros resultados do uso de animais na prática da psicologia. O psicólogo infantil Boris Levinson utilizou seu cão para manter contato com uma criança com problemas psíquicos e de fala. Desde então, foi considerado como o precursor da Terapia Assistida por Animais (TAA), principalmente por usar os animais de estimação como coterapeutas durante o tratamento.

(19)

Nesse mesmo período, no Brasil, a psiquiatra Nise da Silveira, amiga de Boris Levinson, ambos discípulos de Jung, já introduzia animais no atendimento a pacientes com esquizofrenia, sendo considerada a pioneira na Atividade e Terapia Assistida por Animais no Brasil e uma das pioneiras no mundo.

Nise da Silveira (1906-1999) tinha afeição por animais desde a infância, sempre que via um animal abandonado, levava-o para sua casa e chorava até que seus pais permitissem que ela ficasse com ele. Entrou na faculdade aos 15 anos, usando uma carteira de identidade falsa e foi a primeira mulher a ingressar no curso de medicina no Brasil e a primeira mulher de Alagoas a se tornar médica (MENGARDO, 2009).

Em 1936, foi presa ao ser denunciada por uma enfermeira por ter em seu quarto livros de Karl Marx, considerados leitura subversiva na época. Passou 15 meses na cadeia, onde conheceu Graciliano Ramos e Olga Benário Prestes. Ao ser solta, foi trabalhar no Centro Psiquiátrico Nacional e não admitia o tratamento dispensado aos doentes mentais, pois os métodos convencionais da época assemelhavam-se a torturas. Optou, assim, por outra forma de tratamento, até então pouco valorizada, a terapia ocupacional. Nise da Silveira passou, então, a ser considerada uma psiquiatra rebelde e terapeuta da alma (MENGARDO, 2009).

Em 1946, ela criou a secção de Terapia Ocupacional no Centro Psiquiátrico e começaram as mudanças, pois a terapia ocupacional proposta por ela ia além de algumas tarefas internas do hospício, como varrer o chão e reparos em móveis e lençóis. Nise da Silveira acrescentou criatividade às atividades de rotina e desenvolveu várias atividades diferenciadas, dentre elas, em 1955, as atividades com os animais (MENGARDO, 2009).

(20)

entre doentes e animais, acreditava que seria difícil essa ideia ter aceitação (SILVEIRA, 1992).

No serviço de Terapia Ocupacional, Nise da Silveira conheceu Maria Nazareth Rocha, uma monitora que considerava essa prática ideal para desenvolver a aproximação entre o homem recolhido em si mesmo e o animal arisco, habituado a ser maltratado pelo homem. Criou, então, um setor de uso do animal em terapia no Centro Psiquiátrico Pedro II (SILVEIRA, 1992). De acordo com Dotti (2005, p. 36), Nise da Silveira afirma:

Verifiquei as vantagens da presença de animais no hospital

psiquiátrico. Sobretudo, o cão reúne qualidades que o fazem

muito apto a tornar-se um ponto de referência estável no

mundo externo. Nunca provoca frustrações, dá incondicional

afeto sem nada pedir em troca, traz calor e alegria ao frio

ambiente hospitalar. Os gatos têm um modo de amar diferente.

Discretos, esquivos, talvez sejam muito afins com os

esquizofrênicos na sua maneira peculiar de querer bem.

Os animais assumiram, assim, o papel de coterapeutas e, por vezes, foram os primeiros contatos afetivos que o paciente conseguiu ter. Nise da Silveira não os via somente como animais de estimação, mas como companheiros e possíveis auxiliares para formar uma nova visão sobre o mundo (MENGARDO, 2009).

O trabalho com os animais era uma das maiores dificuldades enfrentadas por Nise da Silveira no Centro Psiquiátrico, pois a oposição de muitos profissionais da área da saúde era constante; deixavam até mesmo de encaminhar seus pacientes para a terapia ocupacional. As pessoas em geral não estavam preparadas para o “novo”. Como ela mesma relata: (SILVEIRA, 1992, p. 113).

Foi muito penosa essa tentativa que fizemos de introduzir

animais no Centro Psiquiátrico Pedro II. Comentários

ridicularizantes e mesmo grosseiros não faltaram, mesmo da

parte de colegas. Mas, muito piores foram os atentados contra

os animais: remoção para a seção veterinária de eletrocução,

transporte para abandono em locais inóspitos, envenenamento;

até recentemente, eram enxotados para a rua. Os atentados

praticados contra os animais feriram doentes, monitores e a

(21)

Abalada com os constantes ataques, Nise da Silveira recebeu o apoio do amigo professor Boris Levinson e do professor da Universidade do Estado de Ohio, S. Corson. Porém, os animais continuaram a ser perseguidos nos hospitais, sob o argumento de que eram transmissores de inúmeras doenças. Em vez de medidas terapêuticas contra as zoonoses, era mais fácil exterminá-los (SILVEIRA, 1992).

Lentamente, o trabalho dos pioneiros expandiu-se, perante a evidência dos resultados obtidos por meio dos coterapeutas animais às mais diversas áreas médicas (pediatria, cardiologia, psiquiatria, geriatria). Após a constatação da melhora ou cura de pessoas com vários tipos de doença, os animais de pequeno porte, como cães, gatos, peixes e pássaros, foram os novos terapeutas contratados por hospitais franceses, canadenses, americanos e suíços (SILVEIRA, 1992).

1.2. Atividade e Terapia Assistida por Animais (A/TAA)

Nas décadas de 1960 a 1980, as pesquisas com o uso de animais se intensificaram e muitas terminologias foram utilizadas para nomear a realização de atividades com os animais. Frente à necessidade de estabelecimento de um padrão para identificar a ação exercida com profissionalismo e credibilidade, surgiu a Pet Terapia. Todavia, esse termo foi abandonado nos anos 1990, uma vez que não traduzia as possibilidades de trabalho com os animais. Assim, em 1996, um organismo internacional sem fins lucrativos, criado em 1977, denominado Delta Society, que tem por objetivo promover a melhora da saúde humana, independência e qualidade de vida com a ajuda dos animais, definiu de forma mais objetiva a interação do homem com os animais nas seguintes bases: Atividade Assistida por Animais (AAA) e Terapia Assistida por Animais (TAA); tais terminologias foram implantadas e aplicadas no mundo (DOTTI, 2005).

(22)

A TAA, diferente da AAA, tem objetivos claros e dirigidos, com critérios pré-estabelecidos, na qual o animal é parte integrante e fundamental do tratamento. Envolve serviços profissionais de diferentes áreas, dentre elas: medicina, medicina veterinária, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia e pedagogia, sem substituir, mas complementando, as diversas modalidades terapêuticas (SANTOS, 2006). Essas atividades podem contribuir para o desenvolvimento típico e saudável de qualquer criança e ocorrem em ambientes variados, como escolas, centros comunitários, programas extracurriculares e hospitais. Para Dotti (2005, p. 30), a TAA:

É um processo terapêutico formal com procedimentos e

metodologia, amplamente documentado, planejado, tabulado,

medido e seus resultados avaliados. Todos os progressos são

verificados e reavaliados com a finalidade de se atingir os

objetivos do programa. Pode ser desenvolvida em grupos ou

de forma individual.

Atualmente, a TAA é reconhecida cientificamente no mundo. Todavia, alguns países ainda utilizam terminologias inadequadas, que vão de encontro à nomenclatura estabelecida pelo Delta Society. No Brasil, certos grupos, profissionais e a mídia, por vezes, utilizam nomes como: pet terapia, terapia com animais, terapia mediada por animais, terapia facilitada por animais, zooterapia etc.

Ao nomear erroneamente as atividades e terapias assistidas por animais pode-se propiciar uma compreensão inadequada da atividade que está sendo realizada, ou seja, ao denominar uma atividade de Pet Terapia, entende-se uma terapia para animais de estimação com problemas comportamentais ou, ao designar de Zooterapia, denota-se o uso de elementos químicos extraídos de animais, de seus corpos ou parte deles, para fins medicinais (DOTTI, 2005).

Dessa forma, é imprescindível alinhar-se aos padrões mundiais para manter parcerias, convênios e intercâmbio de informações, pois a Atividade e a Terapia Assistida por Animais (A/TAA) estão sendo investigadas por mais tempo nos países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Espanha, Canadá, França e Itália.

(23)

promoverem com responsabilidade, disciplina e profissionalismo a A/TAA, bem como torná-las acessíveis à sociedade.

Vale destacar que, no Brasil, há uma maior difusão do uso exclusivo de um tipo de animal em terapia, o cavalo, denominada de Equoterapia; porém a TAA envolve diversos tipos de animais como cães, gatos, roedores, aves e até animais silvestres. Cada um possui diferentes possibilidades de atuação, benefícios e características, que são considerados frente ao quadro apresentado pela pessoa que será atendida pela TAA.

Quanto às possibilidades de atuação, todos os animais permitem desenvolvimento de inúmeras e diferenciadas atividades terapêuticas e estas se iniciam antes mesmo do contado com o animal, através da exploração e estudo de suas características, habitat, alimentação, higiene (banho e escovação), limitações etc. Logo, a TAA não se restringe ao contato direto com o animal. Dessa forma, há a interação e o estabelecimento de uma conexão entre a pessoa e o animal que se inicia nessa fase pré-contato com o animal e se fortalece ao longo do tratamento na fase de contato direto.

Na terapia com cavalos, por exemplo, são utilizadas todas as possibilidades que o cavalo oferece, desde informações sobre sua cultura até atividades de preparação de sua comida, banho, equipamentos e utensílios de equitação (sela, cabeçada, arreio e manta) e uso de materiais adaptados (suporte) e lúdicos (bola, bastões, argolas) (DOTTI, 2005).

No caso de terapia com cachorros, Capote e Costa (2011) também fizeram uso de inúmeros utensílios que ampliaram suas possibilidades de atuação. Ela levava para os atendimentos objetos que faziam parte do ambiente dos animais, como duas escovas para pentear os pêlos, nas cores verde e vermelha, quatro bolas nas cores amarela, vermelha, verde e azul, quatro coleiras, sendo duas na cor vermelha e duas azuis, ração, petiscos e comedouros que ampliavam as possibilidades de atuação. Além de objetos comuns e em sua maioria disponível no local do atendimento, neste caso a escola, como corda, cadeiras pequenas, copos descartáveis, filtro de água, água potável, 40 presilhas coloridas e pequenas para prender o cabelo, dois cães de pelúcia, dois caminhões de brinquedo, torneira, sabonete e toalha.

(24)

para os animais e visitas a diferentes lugares, como parques para dialogar com estranhos sobre os cachorros coterapeutas e petshops para dar banho neles.

Santos (2013) relata em seu livro diversas possibilidades de atuação com animais não muitos comuns, como cantar e mandar beijo para a calopsita e dar banho com uma pequena escova em um jabuti e ralar cenouras para alimentá-lo.

Quanto aos benefícios, todas as pesquisas sobre TAA demonstram que a maioria dos animais contribui para o desenvolvimento da coordenação motora, o relaxamento, o aumento do tempo de concentração e tornar as pessoas mais tranquilas, confiantes e atentas.

Quanto às características dos animais mais utilizados em intervenções assistidas por animais1, principais indicações e custo do tratamento, foi organizado o quadro abaixo.

                                                                                                               

1

(25)

Quadro 1: Principais características dos coterapeutas em intervenções assistidas por animais. São Paulo, 2014.

FONTE: AIELLO, 2005; DOTTI, 2005; SANTOS, 2013.

CLASSES ESPÉCIE PÚBLICO INDICADO CARACTERÍSTICAS CUS

TO Aves Calopsita Idosos, crianças com

atraso na linguagem, pessoas com Transtorno de Déficit

de Atenção e Hiperatividade (TDAH), depressão, dificuldades motoras

e/ou escolares.

Estes animais desenvolvem uma rápida interação com os humanos, facilmente adestradas, possuem um

belo visual colorido, são de fácil locomoção, necessitam de poucos

cuidados de manutenção.

Baixo

Répteis Jabuti Pessoas com autismo, dificuldades motoras

e/ou TDAH.

São animais dóceis e lentos. Baixo

Mamíferos Golfinho Pessoas com autismo, síndrome de Down

e/ou com dores crônicas.

Animais dóceis, inteligentes e muito afetivos. Há poucos profissionais da saúde qualificados para o trabalho, seus benefícios ainda não foram cientificamente comprovados, alguns

estudos apontaram baixo nível de segurança para os envolvidos e alto

nível de exigência dos animais, possibilitando a eles pouco descanso.

Alto

Coelho Idosos, crianças e pessoas com esquizofrenia, autismo

e/ou dificuldades motoras.

São animais dóceis, acessíveis, fáceis de transportar, exigem poucos cuidados de manutenção, têm excelente aceitação do público infantil

e do âmbito familiar de modo geral.

Baixo

Gato Idosos, crianças e pessoas com problemas psíquicos.

Contraindicado em pessoas com feridas,

pele muito fina, alergias e muito

ativas.

São animais companheiros, independentes e sociáveis, porém não

toleram constantes caprichos, logo os gatos de terapia devem ser calmos e

receptíveis, convivam bem em seu meio, não estranhem sons, objetos e

pessoas diferentes, tenham um bom temperamento e comportamento, sejam escovados e banhados dois

dias antes da visita, tenham suas unhas cortadas e lixadas e não tenham produto químico na pelagem.

Baixo

Cavalo Crianças e pessoas com deficiências físicas e/ou problemas

de desenvolvimento.

Esses animais devem ser rigorosamente selecionados, terem as

patas adequadas, não serem muito altos e terem um corpo simétrico.

Alto

Cão Idosos, crianças e pessoas com problemas de saúde

e/ou deficiências.

O animal deve ser calmo, dócil, confiante, receptivo com estranhos e

curioso ou indiferente a situações e barulhos inesperados; permitir ser tocado e escovado; não se incomodar

com a presença de outros cães ou animais; andar tranquilo com a guia;

não se assustar ou se amedrontar facilmente e obedecer a comandos

básicos do dono, como “senta”, “deita”, “fica”, “junto” e “não”.

(26)

Na TAA, dois animais em especial têm maior destaque, o cavalo e o cachorro, sendo a terapia com esses nomeada respectivamente de Equoterapia e Cinoterapia.

Equoterapia

A Equoterapia é a terapia de animais mais conhecida no Brasil, onde foi reconhecida pelo Conselho de Medicina no ano de 1990 e atualmente é divulgada pela Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil), que fora criada em 1989 por militares e civis, tem como meta principal a orientação para criação e organização de centros equoterápicos em todo território brasileiro, e a promoção de cursos e congressos de formação de profissionais para atuarem nessa abordagem (SEVERO, J., SEVERO, C., 2010).

Foram os terapeutas brasileiros, junto com os da Bélgica, Finlândia e França que expandiram as bases da equoterapia clássica para atuarem sobre os aspectos psicológicos, possibilitando a participação dos profissionais de psicologia e fonoaudiologia. Com sua divulgação e propagação no Brasil, a equoterapia passou a ser constantemente indicada por médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e educadores, sendo estes últimos em menor proporção. Esses profissionais acreditam que os movimentos do cavalo estimulem os músculos do corpo, melhorando o equilíbrio e a coordenação motora, pois o animal possui movimentos dinâmicos, rítmicos, que têm efeito positivo na postura e mobilidade dos pacientes (DOTTI, 2005).

Essa abordagem terapêutica é de caráter interdisciplinar e busca o desenvolvimento biopsicossocial, logo embora seja mais indicado para pessoas com deficiências físicas ou problemas de desenvolvimento, ela serve para qualquer pessoa que se sinta deprimida, desmoralizada e preocupada, pois, psicologicamente, o cavalo transmite à pessoa a sensação de controle e poder, haja vista que ao controlar o animal grande e forte, pode-se controlar muitas situações vivenciadas diariamente. A imponência desse animal torna as pessoas mais atentas e confiantes.

(27)

de equoterapia, diferente dos programas com outros animais em TAA, requerem que as pessoas visitem o local onde se encontra o cavalo; este não é levado até elas.

Cinoterapia

Cinoterapia é a nomenclatura dada à terapia feita com auxílio de cães, porém não tão reconhecida.

Depois do cavalo, o cão é o animal mais recomendado para se trabalhar com A/TAA, pois, além de possibilitar inúmeros tipos de atividades, é o animal mais confiável, previsível e controlável.

Vale ressaltar que, embora a Equoterapia seja uma A/TAA, estas encontram-se pouco atreladas, uma vez que por já ter encontram-seu termo reconhecido nacionalmente a equoterapia tem se configurado como uma terapia à parte, independente. Isso não acontece com a Cinoterapia, pois sua nomenclatura é pouco usada e conhecida, sendo o termo diretamente ligado à A/TAA.

O animal deve passar por uma avaliação criteriosa antes de ser submetido ao trabalho na A/TAA, para que não se coloque em risco a segurança dos envolvidos e não se estresse sobremaneira o animal, o que certamente ocorrerá caso ele não esteja preparado para desempenhar tal função.

É importante ressaltar que não há uma raça específica para A/TAA; alguns cães apresentam características inatas e potencial para desenvolver as aptidões necessárias para esse trabalho.

Alguns cães são treinados para desenvolver outros trabalhos mais específicos e que auxiliam os seres humanos, como é o caso dos cães de resgate, cães farejadores e cães de serviço (DOTTI, 2005).

Ø Cães de resgate

Os cães de resgate são animais treinados para auxiliar bombeiros no resgate de pessoas ou de outros animais em casos de acidentes e de desaparecimentos. Devem ter disciplina, concentração e faro apurado.

Ø Cães farejadores

(28)

distintivos e identidade. A maioria desses cães, nos Estados Unidos da América (EUA), Canadá e Europa, trabalha em aeroportos junto à Polícia Federal, onde existe uma vigilância mais intensa.

A Polícia Militar também faz o treinamento de cães farejadores. Ela possui canis para grande parte de seus cães, porém aqueles que já passaram por adestramento e exigiram maior investimento convivem com seus parceiros humanos em suas casas.

No Afeganistão, por exemplo, os cães farejadores têm seu treinamento focado na identificação de minas implantadas na guerra com a Rússia e com o EUA, uma vez que estas ainda causam tragédias na região. O cão é treinado para alertar, através da mudança de comportamento, seu adestrador, que tenta retirá-lo do local em segurança, para outra equipe entrar e detonar as minas; todavia, nem sempre isso é possível.

Ø Cães de serviço

De acordo com a lei federal americana, os animais de serviço são animais treinados para trabalhar ou executar tarefas para o benefício de pessoas com deficiência (DOTTI, 2005). Atualmente os cães desenvolvem trabalhos diferentes dos que desempenhavam nos séculos passados, em que eram mais usados para pastoreio.

Eles são os animais mais utilizados nas atividades de serviço e podem ser classificados em cães de assistência, cães de alerta, cães guia e cães para pessoas com deficiência auditiva. Todos devem ser castrados para não colocarem em risco seus proprietários e devem ter assegurados sua saúde e segurança e evitado o estresse físico e psicológico. Logo, é importante que os donos dosem o trabalho atribuído ao animal, pois se empregado de maneira exagerada põe a vida de ambos em risco.

(29)

- Cães de assistência

Os cães de assistência são cães treinados para atender pessoas com diferentes patologias, como distrofia muscular, esclerose múltipla, paralisia cerebral, mal de Parkinson etc. Para auxiliar seu dono, eles atuam no desenvolvimento de inúmeras atividades que vão desde empurrar cadeira de rodas a atender ao telefone.

Até o momento não se têm registros de treinamento de animais de assistência em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, pois ainda não há organizações preparadas para essa finalidade, que demanda um custo elevado e deve contar com profissionais experientes.

Nesse contexto, as pessoas desses países que almejam ter um animal de serviço, devem se inscrever nas instituições estrangeiras, que, por sua vez, irão analisar a vida financeira do solicitante, seu estado físico e condições de saúde para cuidar do animal. Após passar por todas as etapas, o solicitante recebe um treinamento na instituição e, ao atender as exigências, receberá o animal (DOTTI, 2005).

- Cães de alerta

Os cães de alerta ou cães de resposta são animais destinados a pessoas com epilepsia, diabetes e problemas psicológicos e psiquiátricos. São treinados para avisar seus donos a respeito de um perigo iminente, como um possível ataque de pânico ou cardíaco; uma crise convulsiva em pacientes com epilepsia; crises de hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no sangue) e de hiperglicemia (alta taxa de açúcar no sangue em pessoas diabéticas). Há alguns animais que preveem acidentes, mortes, terremotos e tsunamis (DOTTI, 2005).

(30)

O comportamento do animal a priori é espontâneo, ao ser percebido é treinado para aperfeiçoá-lo, levando-o a emitir os sinais de alerta de uma maneira específica, melhorando a interação entre ele e o dono. Alguns desses animais são treinados até mesmo para chamar o serviço de emergência pelo telefone ou outras pessoas; buscar remédios, insulinas ou inaladores; deitar sobre o peito do dono para produzir tosses.

Os cães de alerta devem ter características e habilidades protetoras, mas não a ponto de serem dominantes e territoriais, pois não permitiriam a aproximação de pessoas para ajudar seu dono.

Embora sejam os animais de assistência mais comuns, não são os únicos. Há casos de macacos, pôneis e gatos que desempenham a mesma função (DOTTI, 2005).

- Cães guia

Os cães guias são animais treinados para guiar e auxiliar as pessoas com deficiência visual. Comum em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, em 2000 havia cerca de 10.000 cães guias (DOTTI, 2005). No Brasil, esse número é muito inferior, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social (IRIS), que desenvolve o Projeto Cão-Guia; não se tem registro nem de 100 cães com esse treinamento (IRIS, 2013).

Essa disparidade numérica pode ser atribuída ao fato de que somente em 2005 a pessoa com deficiência visual, usuária de cão-guia, adquiriu na Lei nº 11.126 (BRASIL, 2014) o direito de ingressar e permanecer com o animal nos veículos e nos estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo do país. Até os dias de hoje, os EUA têm sido o fornecedor de cães-guias para as pessoas com deficiência visual no Brasil. A solicitação do animal é similar à de um cão de assistência, conforme já explicitado. Todavia, esse quadro tende a mudar, pois desde novembro de 2012 está em funcionamento o Centro Tecnológico de Formação de Instrutores e Treinadores de Cães-Guia, localizado em Camboriú, Santa Catarina, que visa atender à enorme demanda de pessoas com deficiência visual no país (BRASIL, 2013).

(31)

maior desenvoltura e velocidade na locomoção, segurança, independência, praticidade e liberdade (IRIS, 2013). Além de ter uma contribuição psicológica, haja vista que representa um estímulo social, companhia, complemento às necessidades emocionais, atividades de lazer, aumento da autoestima, redução da ansiedade etc. (DOTTI, 2005).

De acordo com Dotti (2005), o vínculo emocional entre uma pessoa cega e seu cão é mais forte do que grande parte dos demais donos de cães, pois a pessoa com deficiência visual tem com seu cão (cão-guia) um envolvimento emocional muito maior, pelo que ele pode lhe oferecer.

- Cães para pessoas com deficiência auditiva

(32)

2. EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR ANIMAIS (EAA)

Educação Assistida por Animais (EAA) é o nome dado ao uso de animais no processo de ensino-aprendizagem do ser humano. Até o presente momento não se tem conhecimento de qualquer regulamentação que defina precisamente o que seja a EAA. Sua definição partiu da interpretação dos poucos estudos acerca do tema, que assim a abordam, não restringindo-a ao espaço escolar.

Mesmo antes do surgimento do termo EAA, Terapia Assistida por Animais (TAA) e Atividade Assistida por Animais (AAA), os animais, ao longo de muitos anos, têm sido parte integrante das práticas educativas em quase todos os níveis.

No ensino médio e superior, os animais são frequentemente usados como objetos de dissecação em aulas de biologia. Rã, porco, minhoca, rato, coelho, entre outras espécies têm sido usados para ensinar anatomia e fisiologia aos estudantes de cursos de Medicina Veterinária, Zooterapia, Enfermagem, Medicina, Odontologia e Psicologia.

No que tange à educação infantil e ao ensino fundamental, é comum os professores utilizarem animais pequenos, vivos ou mortos, como insetos, peixes, pássaros, coelhos e jabutis, para ensinar um pouco do reino animal e do meio ambiente a seus alunos (ver Apêndice A, p. 94).

Alguns professores costumam adotar um animal (borboleta, ave, coelho, peixe) como mascote da turma, pois esperam que a presença do animal ajude as crianças a avançarem, estimulando sua participação nas aulas e melhorando seu entendimento sobre responsabilidade, pelo cuidado e sustento do animal (GEE, 2013).

Muitas dessas atividades educacionais utilizam os animais como forma de atrair a atenção dos estudantes para objetivos específicos de aprendizagem. Os educadores, mesmo sem se ancorar em comprovações científicas, veem vantagens na participação dos animais em suas salas de aula.

Atualmente, nota-se uma crescente busca pelo entendimento de como, por que e até que ponto os animais em sala de aula contribuem para o ensino; todavia, até o momento, há poucos estudos nessa área e as informações disponíveis na literatura brasileira ainda são insipientes.

(33)

coeducadores e coterapeutas, possibilitando, além de aprendizado, benefícios afetivos, sociais e terapêuticos, em um relacionamento sem cobranças, porém que requer cuidados e responsabilidade.

Martins (2005) desenvolveu uma pesquisa no espaço escolar com a introdução do molusco escargot, na qual constatou o aumento da afetividade e a aceitação das crianças para com os animais, em especial das crianças com síndrome de Down, autismo, paralisia cerebral e hiperatividade. Para Martins (2005), o ser humano é gregário por natureza, tem de dar e receber afeto e o convívio com os animais facilita essa troca.

Nesse contexto, verifica-se que as atividades assistidas por animais no processo educacional permitem o desenvolvimento das relações das crianças com todas as formas de vida, propiciando e modificando comportamentos e maneiras de pensar, viver e agir. Dessa forma, a escola pode trabalhar também com a externalização de sentimentos das crianças, como alegria, tristeza e angústia, além de valores como cidadania, ética, bem-estar e respeito a todos os seres vivos.

A inserção dos animais, em especial do escargot, no estudo de Martins (2005), contribuiu para mudanças nas escolas participantes do estudo e representou um marco pioneiro na estruturação da presença de animais como coeducadores. O envolvimento das crianças com o molusco possibilitou o contato direto com os conteúdos tratados em aula, despertou o interesse e forneceu condições para uma melhor aprendizagem.

A partir dos estudos realizados com crianças com dificuldades no desenvolvimento motor, Santos (2006) observou que o uso de animais no âmbito educacional proporcionou o enriquecimento do vocabulário, incentivou a memória, melhorou conceitos de cores e tamanhos.

(34)

Observa-se que, além dos estudos de Martins (2005), nos casos apresentados por Becker (2003), Dotti (2005), Santos (2006), Capote e Costa (2011), Issa (2012), Santos (2013) e Gee (2013), as intervenções assistidas por animais contribuíram significativamente para o desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor do ser humano, o que possibilita uma interpretação baseada nas teorias wallonianas.

Henri Wallon (1879-1962), médico, psicólogo e professor francês, propôs a teoria do desenvolvimento centrada na psicogênese da pessoa completa, na qual a compreensão do sujeito não se dá de forma fragmentada, mas a partir de uma rede de relações entre os conjuntos funcionais (cognitivo, motor e afetivo) e entre eles e seus fatores determinantes, orgânicos e sociais (MAHONEY, 2010b).

Esses conjuntos estão presentes em todas as atividades dos sujeitos de forma integrada e participam da constituição da pessoa. Dessa forma, qualquer atividade humana interfere em todos eles e estes, por sua vez, têm impacto no quarto conjunto funcional: a pessoa.

Nas intervenções assistidas por animais, é comum o animal ser alvo de carícias e interesse sobre sua vida, hábitos e cuidados. Issa (2012) relatou em sua obra que, em uma das atividades de EAA desenvolvidas em sua clínica, seu paciente ajudou a dar banho no cão, em seguida produziu uma redação relatando todas as etapas e cuidados necessários no momento do banho para distribuir entre seus amigos donos de cães. Percebe-se que o conhecimento a respeito da higiene do animal teve maior concretude para o sujeito a partir da experiência prática que envolveu os três conjuntos funcionais (cognitivo, motor e afetivo) de forma integrada e, consequentemente, o quarto conjunto, a pessoa.

De acordo com Mahoney (2010a):

O afetivo é, portanto, indispensável para energizar e dar

direção ao ato motor e ao cognitivo. Assim como o ato motor é

indispensável para expressão do afetivo, o cognitivo é

indispensável na avaliação das situações que estimularão

emoções e sentimentos.

(35)

humano à medida que se relaciona e se enriquece com e pelo outro. O enriquecimento acontece através do acolhimento, do cuidado desse outro. Esse outro, que passa a fazer parte na vida psíquica do ser humano, é denominado por Wallon de socius (ALMEIDA, 2011).

Para Almeida (2011), o ser humano precisa cuidar e ser cuidado.

Cuidar de outra pessoa, no sentido mais significativo, é estar

atento ao seu bem-estar, ajudá-la a crescer e atualizar-se, e

para isso o outro é essencial. Envolve um “sentir com o outro” –

podemos chamar essa disponibilidade de empatia (ALMEIDA,

2011, p. 42).

Todavia, nem todas as pessoas têm empatia por outra, mas a tem por um animal. É o caso de Temple Grandin, professora autista da Colorado State University e Ph. D. em ciência animal. Ela relata que sempre teve dificuldades em estabelecer empatia com as pessoas e com os personagens que interpretava em peças de Shakespeare, porém envolvia-se demasiadamente com os animas, identificava-se com eles (SACKS, 1995). Em seus relatos fica claro a empatia entre ela e os animais.

O gato fica perturbado com os mesmos tipo de sons que os

autistas – sons agudos, assobios, ou barulhos altos e

repentinos; não conseguem se acostumar com eles (...), mas

não se incomodam com barulhos graves ou surdos. Ficam

perturbados com contrastes visuais muito fortes, sombras ou

movimentos bruscos. Um leve toque faz com que se afastem,

um toque firme os acalma. A maneira como eu me afastava ao

ser tocada é igual a como a vaca se afasta – acostumar-me a

ser tocada é muito parecido com domesticar uma vaca arisca

(TEMPLE, apud SACKS, 1995, p. 272).

(36)

De acordo com Gee (2013), a criança que constrói vínculo com um animal sente mais empatia em relação a outros seres humanos e é a intensidade desse vínculo, pessoa-animal, que influencia a empatia. Para ele, a empatia pode ser vista como comportamento aprendido e o seu desenvolvimento pode e deve ser facilitado, haja vista que alguns estudos apontam que a crueldade infantil em relação aos animais está associada à reprodução de comportamentos violentos na fase adulta.

Logo, a escola por dever ser um espaço rico para o desenvolvimento de cidadãos éticos e responsáveis, e ter a responsabilidade de propiciar a seus educandos vivências interpessoais e momentos que favoreçam a construção de valores morais e humanos, deve também ser organizada para o cuidar, para o desenvolvimento da empatia.

Gee (2013) relata em sua obra a avaliação feita por um pesquisador, Ascione, de um programa educativo para crianças de primeiro ao quinto ano, com um ano de duração, no qual houve uma melhora na atitude das crianças em relação aos animais e que a empatia pelo animal se fortaleceu e se estendeu a outros seres humanos.

Em um outro estudo relatado por Gee (2013), realizado em uma escola em Viena, foram investigado os efeitos da presença de um cão dentro de uma sala de aula. Mesmo com o uso de diferentes instrumentos de avaliação, os resultados mostraram que as crianças melhoraram em inúmeras variáveis, como independência no campo, competência social, empatia com os animais e com os ambientes social e emocional. Concluiu, com o estudo, que um cão pode ser um fator importante no desenvolvimento social e cognitivo das crianças.

O professor, ao levar o animal para dentro sala de aula, demonstra cuidado com seus educandos, demonstra uma preocupação em tornar o conteúdo mais significativo, possibilitando a seus alunos se ancorarem nos conhecimentos prévios e caminharem em direção a novos conteúdos.

Para Capra (ALMEIDA, 2011), a mensagem só será ouvida e apropriada por uma pessoa se ela, a mensagem, for significativa para ela, pessoa, pois a atenção das pessoas é orientada por suas características pessoais e culturais.

(37)

(museus, bosques, teatros, filmes, desenhos) e da história (lenda do Rômulo e Remo, os ancestrais – macacos, história bíblica de Adão e Eva).

Nesse contexto, é notório que o animal em sala de aula favorece uma aprendizagem mais significativa para todos os alunos; contudo “qualquer aprendizagem significativa envolve mudança, e a mudança é uma experiência assustadora; porém se gera um resultado gratificante, o professor permite-se o risco de mudar, abrindo-se para novas experiências” (ALMEIDA, 2011, p. 58).

Embora alguns professores tenham o intuito de propiciar a seus alunos uma aprendizagem significativa e uma vivência diferenciada, esbarram no consentimento da direção da escola e dos pais dos alunos que apresentam preocupação com as zoonoses, as alergias e a segurança.

No que concerne às zoonoses, doenças transmitidas pelos animais aos homens, é imprescindível manter em dia as vacinas, vermífugos e condições de higiene dos animais, para que o risco de transmissão de alguma doença seja mínimo (MARTINS, 2005).

Em relação as alergias, é importante lavar as mãos após manusear os animais, prevenindo alguns sintomas e reduzindo sua severidade. Vale destacar que as alergias podem ser causadas por uma variedade de agentes alérgicos, como pó, mofo, pólen e pêlo de animal, e as pessoas com alergias a animais, geralmente, são alérgicas a uma espécie, os mais comuns são gatos ou cães.

Martins (2005) ressalta um estudo australiano de 1995 realizado com mais de novecentas crianças em idade escolar que possuíam gatos. Foram instituídos protocolos adicionais às crianças com alergias ou asma, limitando o tempo de contato e assegurando que as mãos fossem lavadas sempre que o animal fosse tocado. Os resultados apontaram que nenhuma criança mostrou uma condição alérgica ou asmática exacerbada; logo, raramente uma alergia severa poderá excluir a presença de um animal em uma sala de aula, basta que se adotem algumas medidas específicas ou opte-se por outro animal que não desencadeie crise alérgica nos alunos da turma beneficiada.

(38)

participarem de qualquer atividade assistida por animais, um deles é indispensável, o animal deve ser manso.

De acordo com Jalongo (GEE, 2013), levar um animal para sala de aula contribui para a educação das crianças com relação à segurança dos animais e diminui a incidência de mordidas fora da sala de aula.

Uma questão que deve ser considerada ao decidir levar um animal para sala de aula é a possibilidade de alguma criança sentir medo ou repulsa pelo animal, é aconselhável que não forcem um contato, respeitem os sentimentos da criança e permitam que ela fique distante do animal, apenas observe de longe a interação das demais crianças. Segundo Gee (2013), essa simples atitude ajuda a superar mais rapidamente o medo.

No geral, a maioria das crianças gosta e aprecia a presença de um animal em sala de aula, tende a ser mais sociável, afetiva, segura, tranquila, atenta e saudável, além de ter maior motivação para o aprendizado e desenvolver a empatia, valores morais e humanos, habilidades cognitivas, motoras, de comunicação e de leitura.

(39)

3. A PESQUISA

3.1. Problema da pesquisa

Como têm sido abordada a Educação, a Atividade e a Terapia Assistida por Animais nas produções científicas brasileiras publicadas até dezembro de 2013?

3.2. Objetivo

Identificar e caracterizar as produções científicas brasileiras sobre Educação, Atividade e Terapia Assistida por Animais publicadas até dezembro de 2013.

3.3. Justificativa

A Educação, a Atividade e a Terapia Assistida por Animais são temáticas que têm sido estudadas e vivenciadas mundialmente em países desenvolvidos, como EUA, Canadá, França, Espanha e Itália, diferente dos países em desenvolvimento, cujo os temas ainda são pouco explorados. No Brasil, esses temas têm despertado maior interesse das mídias, jornais e revistas, todavia, no meio acadêmico não têm sido comuns estudos e pesquisas e, quando o são, geralmente têm como foco a Equoterapia.

A TAA tem conquistado um espaço no Brasil, tem se consolidado mais na área da saúde, através da visita de animais de pequeno porte a hospitais e clínicas de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia; tem ingressado lentamente na área educacional, através da visita e, até mesmo, da criação de animais de pequeno porte nas escolas. Acredita-se que a escassa quantidade de espaços que aceitam a presença e animais em seu meio deve-se à ausência de respaldo científico que comprove seus inúmeros benefícios e a credibilidade da ação.

(40)

3.4. Método

3.4.1. Tipo de estudo

O presente estudo adotou a revisão integrativa como método de pesquisa, uma vez que este reúne e sintetiza de maneira ordenada e sistemática resultados de pesquisas sobre o tema investigado.

A revisão integrativa é um método que faz parte da revisão bibliográfica sistemática. De acordo com Botelho, Cunha e Macedo (2014, p. 125), a revisão bibliográfica sistemática consiste em “uma revisão planejada para responder a uma pergunta específica e que utiliza métodos explícitos e sistemáticos para identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos, e para coletar e analisar dados desses estudos incluídos na revisão”. Incorpora ainda quatro diferentes tipos de métodos para o processo de revisão da literatura, sendo um a revisão integrativa e os outros a revisão sistemática, a metanálise e a revisão qualitativa.

A revisão sistemática requer uma pergunta clara, definição de uma estratégia de busca, o estabelecimento de critérios rigorosos de inclusão e exclusão e uma análise criteriosa, investigando à exaustão os estudos; isto envolve caracterizar, avaliar a qualidade, identificar conceitos importantes, sintetizar cuidadosamente as evidências de pesquisa, comparar análises estatísticas e concluir o que a literatura informa. Vale destacar que os estudos investigados geralmente são de caráter experimental (SAMPAIO, MANCINI, 2014; MENDES, SILVEIRA, GALVÃO, 2014; CROSSETTI, 2014).

A metanálise é um procedimento que quantitativamente integra os resultados de vários estudos sobre um determinado tema, aplicando técnicas estatísticas (CROSSETTI, 2014).

Sampaio e Mancini (2014, p. 84) definem a metanálise da seguinte forma:

(...) é a análise da análise, ou seja, é um estudo de revisão da

literatura em que os resultados de vários estudos

independentes são combinados e sintetizados por meio de

procedimentos estatísticos, de modo a produzir uma única

estimativa ou índice que caracterize o efeito de determinada

(41)

A revisão qualitativa é o procedimento que sintetiza os estudos qualitativos, podendo diferir em abordagens e níveis de interpretação. É uma forma de revisão muito utilizada e pode ser denominada também de metassíntese, metaestudo, metaetnografia e grouded theory (BOTELHO, CUNHA, MACEDO, 2014).

A revisão integrativa é um método específico que sintetiza os resultados de pesquisas anteriores, para fornecer uma compreensão mais abrangente sobre um fenômeno específico. O termo “integrativa” se deve ao fato do método integrar opiniões, conceitos e ideias de diferentes estudos sobre uma mesma temática; no caso do presente estudo as intervenções assistidas por animais. O objetivo principal é traçar uma análise sobre o conhecimento já construído sobre determinado tema, através do resumo e comparação de dados extraídos dos estudos já concluídos (BOTELHO, CUNHA, MACEDO, 2014; CROSSETTI, 2014).

Esse procedimento mostrou-se como o mais adequado para nortear a atual pesquisa, pois admite a inclusão de diferentes tipos de estudos, independente do método abordado (pesquisa experimental ou descritiva), permite a síntese e a análise do conhecimento científico, possibilita conclusões gerais a respeito de um tema e aponta lacunas na área do conhecimento do tema pesquisado, orientando futuras pesquisas (BOTELHO, CUNHA, MACEDO, 2014; MENDES, SILVEIRA, GALVÃO, 2014).

Para elaborar uma revisão integrativa relevante é necessário, de acordo com Botelho, Cunha e Macedo (2014) e Mendes, Silveira e Galvão (2014), seguir seis etapas distintas e claramente descritas. Embora o processo de elaboração da revisão esteja bem definido em diferentes obras da literatura, alguns autores adotam formas distintas de subdivisão, com pequenas modificações. Dessa forma, o presente estudo optou por seguir a subdivisão de Botelho, Cunha e Macedo (2014), que pontua as seguintes etapas do método de revisão integrativa:

- Primeira etapa: Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa; - Segunda etapa: Estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão; - Terceira etapa: Identificação dos estudos pré-selecionados e

selecionados;

- Quarta etapa: Categorização dos estudos selecionados; - Quinta etapa: Análise e interpretação dos resultados;

(42)

Primeira etapa: Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa

O processo de revisão integrativa se inicia com a definição de um problema e a formulação de uma pergunta de pesquisa que deverá ser clara e específica, pois norteará todo o estudo (BOTELHO, CUNHA, MACEDO, 2014).

Dessa forma, optou-se pela busca de produções científicas brasileiras a respeito das intervenções assistida por animais (EAA, AAA e TAA), uma vez que estas têm sido amplamente difundidas, pesquisadas e vivenciadas em vários países desenvolvidos e seus benefícios foram reconhecidos desde a Antiguidade. Logo, a pergunta de pesquisa que norteou o presente estudo foi:Como têm sido abordada a Educação, a Atividade e a Terapia Assistida por Animais nas produções científicas brasileiras publicadas até dezembro de 2013?

Uma vez definida a pergunta de pesquisa, o próximo passo nesta etapa foi definir a estratégia de busca, as palavras-chave e o banco de dados que seriam utilizados.

Quanto à estratégia de busca adotada foi formulado um conjunto de regras que viabilizassem o encontro dos documentos que seriam objetos de estudo na presente pesquisa.

Estratégia de busca:

- Definir as palavras-chave e as combinações a serem utilizadas; - construir uma ampla e relevante base de dados;

- verificar se as palavras-chave e as combinações são apropriadas e

se há necessidade de inclusão ou exclusão de alguma;

- verificar a documentação da base consultada.

(43)

combinações limitaram-se à: terapia assistida animais, terapia animais e equoterapia.

Quanto à construção da base de dados, a internet foi uma ferramenta indispensável, pois há muitas base de dados online reconhecidos nacionalmente por conter ampla variedade de trabalhos científicos disponíveis para consulta, bibliotecas virtuais disponíveis em sites de universidades publicas e privadas do país e as referências utilizadas nas publicações acerca da temática.

Dessa forma, foi construída a base de dados da presente pesquisa:

- SciELO2: Scientific Electronic Library Online (SciELO) é um portal de coleção

de revistas e artigos científicos;

- LILACS3: Base de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em

Ciências da Saúde (LILACS);

- BVS-Psi4: Base de dados eletrônica da Biblioteca Virtual em Saúde –

Psicologia Brasil (BVS-Psi), referência na América Latina e brasileira em informação científica;

- PePSIC5: Portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC) é uma

fonte da Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia;

- Domínio Público6: Biblioteca digital da Secretaria de Educação a Distância do

Ministério da Educação;

- Bibliotecas de universidades públicas e particulares; - Referências das publicações sobre a temática; - Livrarias nacionais onlines e físicas;

- Autores.

Segunda etapa: Estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão

Uma vez concluída a primeira etapa, inicia-se a segunda com a busca nas bases de dados para identificação dos estudos que serão incluídos na revisão; para

                                                                                                                2

Disponível em: <http://www.scielo.org>

3

Disponível em: <http://lilacs.bvsalud.org>

4

Disponível em: <http://www.bvs-psi.org.br>

5

Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org> 6

Imagem

Tabela  1.  Distribuição  dos  estudos  sobre  intervenções  assistidas  por  animais  por  tipo de produção publicados até dezembro de 2013
Gráfico  2.  Distribuição  cumulativa  dos  estudos  sobre  intervenções  assistidas  por  animais publicada até dezembro de 2013, por tipo de produção e por ano
Tabela  2.  Distribuição  por  ano  (&gt;1997-2013)  dos  estudos  sobre  intervenções  assistidas por animais publicados até dezembro de 2013
Gráfico  3.  Distribuição  por  ano  (&gt;1997-2013)  dos  estudos  sobre  intervenções  assistidas por animais publicados até dezembro de 2013
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