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Com contra-razões, subiram os autos a esta instância.

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 2009.03.99.016089-1/SP

RELATOR : Juiz Federal Convocado SOUZA RIBEIRO APELANTE : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)

ADVOGADO : MARLY MILOCA DA CAMARA GOUVEIA E AFONSO GRISI NETO ENTIDADE : Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

ADVOGADO : HERMES ARRAIS ALENCAR APELADO : ANDRE LUIZ CABRAL JORGE ADVOGADO : ALCIDES LOURENCO VIOLIN

INTERESSADO : CURTIDORA SAO JOSE LTDA e outro : JOSE JORGE

No. ORIG. : 07.00.00004-1 1 Vr TANABI/SP RELATÓRIO

O Senhor Juiz Federal Convocado SOUZA RIBEIRO, Relator: Trata-se de apelação interposta pela exeqüente UNIÃO FEDERAL (sucessora do INSS) (fls. 75/80), em face de sentença (fls. 71/72) que julgou procedentes os embargos opostos pelo executado ANDRÉ LUIZ CABRAL JORGE (para o fim de determinar o desbloqueio do valor de R$ 4.720,94 em conta-corrente do embargante, por considerar comprovado que a penhora do ativos financeiros recaiu sobre comissões recebidas como representante comercial, impenhoráveis segundo o art. 649, IV, do CPC), condenando a embargada ao pagamento de despesas processuais em reembolso e de honorários advocatícios fixados em 15% do valor embargado atualizado do ajuizamento desses embargos.

Sustenta a apelante:

a) que a verba bloqueada em conta do executado não é impenhorável porque a comissão do representante comercial não se confunde com o salário de empregado;

b) que não foi demonstrado pelo embargante a origem de todo o montante depositado em sua conta, havendo depósito sob rubrica "OUTROS COM IRRF" com procedência distinta daquele depositado pela empresa para a qual foi prestado o serviço pelo executado;

c) é indevida a condenação da embargada/apelante em ônus de sucumbência, inclusive verba honorária, pois foram concedidas oportunidades para o executado demonstrar a origem dos valores nos autos da execução, pelo que não precisaria ter opostos os presentes embargos, além do que não pode ser responsabilizada pela aplicação de mandamento legal pelo juízo independente de sua vontade (bloqueio de ativos financeiros, na forma do art. 185-A do CTN).

Com contra-razões, subiram os autos a esta instância.

A União Federal informou a inaplicabilidade ao caso dos autos da remição prevista no art. 14 da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/09 (fls. 89/94).

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Dispensada a revisão, conforme artigo 33, inciso VIII, do Regimento Interno desta Corte (1º) feitos regulados pela Lei nº 6.830/80, art. 35; 2º) quando versarem sobre matéria predominante de direito (Lei Complementar nº 35/79, art. 90, § 1º); ou 3º) quando a sentença recorrida estiver apoiada em precedentes do Tribunal Regional Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal (Lei Complementar nº 35/79, art. 90,

§ 2º).

É o relatório.

VOTO

O Juiz Federal Convocado SOUZA RIBEIRO (RELATOR): Passo ao exame da causa.

I - Da impenhorabilidade dos proventos do trabalho

Insurge-se a exeqüente apelante quanto ao levantamento da penhora determinado pelo juízo a quo, ao fundamento de que o numerário bloqueado na conta do executado consiste em valores advindos de seu trabalho - comissões recebidas como representante comercial -, situação que enseja sua impenhorabilidade a teor do disposto no art. 649, inciso IV, do CPC.

O dispositivo legal tem a seguinte redação:

LEI No 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973 - Institui o Código de Processo Civil.

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - as provisões de alimento e de combustível, necessárias à manutenção do devedor e de sua família durante 1 (um) mês;

III - o anel nupcial e os retratos de família;

IV - os vencimentos dos magistrados, dos professores e dos funcionários públicos, o soldo e os salários, salvo para pagamento de prestação alimentícia;

V - os equipamentos dos militares;

Vl - os livros, as máquinas, os utensílios e os instrumentos, necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão;

Vll - as pensões, as tenças ou os montepios, percebidos dos cofres públicos, ou de institutos de previdência, bem como os provenientes de liberalidade de terceiro, quando destinados ao sustento do devedor ou da sua família;

Vlll - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se estas forem penhoradas;

IX - o seguro de vida;

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X - o imóvel rural, até um modulo, desde que este seja o único de que disponha o devedor, ressalvada a hipoteca para fins de financiamento agropecuário. (Incluído pela Lei nº 7.513, de 9.7.1986)

II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - o seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político. (Incluído pela Lei nº 11.694, de 2008)

§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

O entendimento esposado pelo juízo sentenciante está de acordo com a jurisprudência que sustenta, à unanimidade, a impenhorabilidade dos valores recebidos como produto do trabalho na condição de autônomo ou profissional liberal, tendo a mesma natureza alimentícia dos vencimentos, subsídios, remunerações e soldos de servidores públicos, proventos de

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aposentadoria e salários dos empregados, assim como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, conforme afinal foi disposto na nova redação do inciso IV do artigo 649 do Código de Processo Civil, na redação dada pela Lei nº 11.382/2006.

A título de ilustração, trago à baila alguns julgados proferidos pelos Tribunais:

DIREITO BANCÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONTA-CORRENTE. PROVENTOS APOSENTADORIA. RETENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL CONFIGURADO.

- Não se confunde o desconto em folha para pagamento de empréstimo garantido por margem salarial consignável, prática que encontra amparo em legislação específica, com a hipótese desses autos, onde houve desconto integral dos proventos de aposentadoria depositados em conta corrente, para a satisfação de mútuo comum.

- Os proventos advindos de aposentadoria privada de caráter complementar têm natureza remuneratória e se encontram expressamente abrangidos pela dicção do art. 649, IV, CPC, que assegura proteção a "vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal".

- Não é lícito ao banco reter os proventos devidos ao devedor, a título de aposentadoria privada complementar, para satisfazer seu crédito. Cabe-lhe obter o pagamento da dívida em ação judicial. Se nem mesmo ao Judiciário é lícito penhorar salários, não será a instituição privada autorizada a fazê-lo.

- Ainda que expressamente ajustada, a retenção integral do salário de correntista com o propósito de honrar débito deste com a instituição bancária enseja a reparação moral. Precedentes. Recurso Especial provido.

(STJ, 3ª Turma, vu. RESP 200702885919, RESP 1012915. Rel. Min. NANCY ANDRIGHI. DJE 03/02/2009)

PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO FISCAL - CRÉDITO TRIBUTÁRIO - BLOQUEIO DE ATIVOS FINANCEIROS POR MEIO DO SISTEMA BACEN JUD - APLICAÇÃO CONJUGADA DO ART. 185-A, DO CTN, ART. 11, DA LEI N. 6.830/80, ART. 655 E ART. 655-A, DO CPC.

PROPORCIONALIDADE NA EXECUÇÃO. LIMITES DOS ARTS. 649, IV e 620 DO CPC.

1. Não incide em violação do art. 535 do CPC o acórdão que decide fazendo uso de argumentos suficientes para sustentar a sua tese. O julgador não é obrigado a se manifestar sobre todos os dispositivos legais levados à discussão pelas partes.

2. A interpretação das alterações efetuadas no CPC não pode resultar no absurdo lógico de colocar o credor privado em situação melhor que o credor público, principalmente no que diz respeito à cobrança do crédito tributário, que deriva do dever fundamental de pagar tributos (artigos 145 e seguintes da Constituição Federal de 1988).

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3. Em interpretação sistemática do ordenamento jurídico, na busca de uma maior eficácia material do provimento jurisdicional, deve-se conjugar o art.

185-A, do CTN, com o art. 11 da Lei n. 6.830/80 e artigos 655 e 655-A, do CPC, para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, independentemente do esgotamento de diligências para encontrar outros bens penhoráveis. Em suma, para as decisões proferidas a partir de 20.1.2007 (data da entrada em vigor da Lei n. 11.038/2006), em execução fiscal por crédito tributário ou não, aplica-se o disposto no art.

655-A do Código de Processo Civil, posto que compatível com o art. 185-A do CTN.

4. A aplicação da regra não deve descuidar do disposto na nova redação do art. 649, IV, do CPC, que estabelece a impenhorabilidade dos valores referentes aos vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; às quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, aos ganhos de trabalhador autônomo e aos honorários de profissional liberal.

5. Também há que se ressaltar a necessária prudência no uso da nova ferramenta, devendo ser sempre observado o princípio da proporcionalidade na execução (art. 620 do CPC) sem descurar de sua finalidade (art. 612 do CPC), de modo a não inviabilizar o exercício da atividade empresarial.

6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido.

(STJ, 2ª Turma, vu. RESP 200801542999, RESP 1074228. Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES. DJE 05/11/2008)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

CRÉDITOS DE NATUREZA ALIMENTAR. IMPENHORABILIDADE.

1. Os honorários advocatícios, tanto os contratuais quanto os sucumbenciais, têm natureza alimentar. Precedentes do STJ e de ambas as turmas do STF. Por isso mesmo, são bens insuscetíveis de medidas constritivas (penhora ou indisponibilidade) de sujeição patrimonial por dívidas do seu titular. A dúvida a respeito acabou dirimida com a nova redação art. 649, IV, do CPC (dada pela Lei n.º 11.382/2006), que considera impenhoráveis, entre outros bens, "os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal".

2. Embargos de divergência a que se nega provimento.

(STJ, Corte Especial, vu. ERESP 200602633553, ERESP 724158. Rel. Min.

TEORI ALBINO ZAVASCKI. DJE 08/05/2008; RDDP 64/149)

PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. BACEN-

JUD. BLOQUEIO DE VALORES. GANHOS DE

TRABALHADOR AUTÔNOMO. IMPENHORABILIDADE.

1. Estabelece o artigo 649, IV, do Código de Processo Civil a impenhorabilidade dos vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios;

das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento

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do devedor e sua família; dos ganhos de trabalhador autônomo e dos honorários de profissional liberal.

2. Comprovado que o valor penhorado decorre de ganhos de trabalhador autônomo, absolutamente impenhoráveis, não tem amparo legal o restabelecimento do bloqueio. (...)

(TRF 3ª Região, 1ª Turma, vu. AI 200903000168131, AI 372198. Rel. JUIZA VESNA KOLMAR. DJF3 CJ1 02/09/2009, p. 179)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. UTILIZAÇÃO DO SISTEMA BACENJUD PARA OBTER INFORMAÇÕES E BLOQUEIO DE EVENTUAIS CRÉDITOS DO EXECUTADO EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 185-A, CTN, ART. 655, DO CPC E ART. 655-A, DO CPC.

AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DA EMPRESA. CITAÇÃO DO SÓCIO-GERENTE.

COMPROVAÇÃO DE INSUCESSO DAS DILIGÊNCIAS EFETUADAS PELA EXEQÜENTE NO SENTIDO DE LOCALIZAR BENS DO CO-DEVEDOR.

POSSIBILIDADE.

1. Dispõe o art. 185-A, do Código Tributário Nacional, introduzido pela Lei Complementar nº 118, de 09 de fevereiro de 2005, que:Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

2. O art. 655-A, do CPC, inserido pela Lei nº 11.382/06, de aplicação subsidiária à Lei nº 6.830/80 dispõe sobre a penhora de dinheiro, depósito ou aplicação financeira, a ser realizado pelo juiz, preferencialmente por meio eletrônico, a requerimento da exeqüente.

3. A entrada em vigor de tal dispositivo legal não tornou obrigatória a constrição em dinheiro em depósito ou aplicação financeira, através do Sistema BacenJud, mas tão somente veio a sedimentar prática já vinha sendo utilizada no âmbito da Justiça, desde que cumpridos os requisitos.

4. A penhora on line, por se tratar de medida excepcional, deve ser autorizada somente quando a exeqüente comprovar que esgotou todos os meios à sua disposição para localizar o executado e bens de sua propriedade, passíveis de penhora, de modo a garantir o juízo e possibilitar o prosseguimento da execução fiscal.

5. No caso sub judice, trata-se de execução fiscal ajuizada em face de pessoa jurídica que não foi localizada quando de sua citação (fls. 51/52);

redirecionado o feito para o sócio-gerente, este, citado, não pagou o débito ou nomeou bens à penhora (fls. 31 e 75), tendo o Sr. Oficial de Justiça certificado que não encontrou bens penhoráveis. A agravante, por seu turno, diligenciou a procura de bens aptos a garantir a dívida.

6. Como é cediço, o art. 649, IV, do Código de Processo Civil estabelece a impenhorabilidade dos vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios;

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as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, pois ostentam caráter alimentar. E, o inc.

X, do mesmo dispositivo legal, a impenhorabilidade até o limite de 40(quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança.

7. Dessa forma, nada obsta a determinação da penhora on line para o co- executado desde que observados os valores absolutamente impenhoráveis.

8. Entretanto, não há como se determinar a utilização do sistema Bacenjud com o intuito de rastrear e bloquear ativos financeiros da pessoa jurídica, a fim de garantir a execução, uma vez que esta não foi citada, como exige o art. 185-A, do CTN. 9. Agravo de instrumento parcialmente provido.

(TRF 3ª Região, 6ª Turma, vu. AI 200803000436376, AI 353965. Rel. JUIZA CONSUELO YOSHIDA. DJF3 25/02/2009, p. 354)

No caso em exame, a sentença determinou o levantamento da penhora que incidiu sobre valores representativos de comissões recebidas pelo executado como representante comercial, profissional autônomo.

Com efeito, conforme assentado na sentença e se constata dos documentos juntados aos autos (fls. 30/45), o embargante apresentou o contrato de prestação de serviços indicando sua remuneração por comissões a serem depositadas em sua conta-corrente junto ao Banco Bradesco, bem como relatórios das comissões pagas pela empresa contratante e extratos bancários do período de 29.12.2005 até 07.03.2006, data em que ocorreu o bloqueio do numerário pelo sistema BACEN-JUD, dos quais se extrai que somente houve depósitos advindos de pagamentos pela empresa contratante de seus serviços, evidenciando-se, assim, a natureza impenhorável da verba.

Aliás, os valores pagos sob a rubrica "OUTROS COM IRRF", referidos pela apelante, encontram-se inclusas nos relatórios das comissões pagas pela empresa contratante ao executado, depreendendo-se tratar de valores decorrentes do mesmo contrato de trabalho, por isso mesmo impenhoráveis.

Por fim, ao contrário do que sustentou a apelante, é devida a sua condenação em ônus de sucumbência, inclusive verba honorária, pois a penhora sobre o numerário ocorreu a pedido da própria exeqüente (fls.

20/24), sendo que o valor arbitrado na sentença se mostra razoável e coerente com a controvérsia estabelecida nestes embargos.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO à apelação da embargada, nos termos da fundamentação supra.

É o voto.

SOUZA RIBEIRO

Juiz Federal Convocado

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Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP- Brasil, por:

Signatário (a): LUIZ ALBERTO DE SOUZA RIBEIRO:10076 Nº de Série do

Certificado: 4436094A

Data e Hora: 15/1/2010 14:10:36

APELAÇÃO CÍVEL Nº 2009.03.99.016089-1/SP RELATOR : Juiz Federal Convocado SOUZA RIBEIRO APELANTE : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)

ADVOGADO : MARLY MILOCA DA CAMARA GOUVEIA E AFONSO GRISI NETO ENTIDADE : Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

ADVOGADO : HERMES ARRAIS ALENCAR APELADO : ANDRE LUIZ CABRAL JORGE ADVOGADO : ALCIDES LOURENCO VIOLIN

INTERESSADO : CURTIDORA SAO JOSE LTDA e outro : JOSE JORGE

No. ORIG. : 07.00.00004-1 1 Vr TANABI/SP EMENTA

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - IMPENHORABILIDADE - RECEITAS ADVINDAS DO TRABALHO COMO AUTÔNOMO OU PROFISSIONAL LIBERAL - CPC, ART. 649, IV.

I - A jurisprudência sustenta a impenhorabilidade dos valores recebidos como produto do trabalho na condição de autônomo ou profissional liberal, tendo a mesma natureza alimentícia dos vencimentos, subsídios, remunerações e soldos de servidores públicos, proventos de aposentadoria e salários dos empregados, assim como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, conforme afinal foi disposto na nova redação do inciso IV do artigo 649 do Código de Processo Civil, na redação dada pela Lei nº 11.382/2006.

II - No caso em exame, a sentença determinou o levantamento da penhora que incidiu sobre valores representativos de comissões recebidas pelo executado como representante comercial, profissional autônomo, o que se comprova pelos documentos juntados aos autos (contrato de prestação de serviços indicando sua remuneração por comissões a serem depositadas em sua conta-corrente junto ao Banco Bradesco, bem como relatórios das comissões pagas pela empresa contratante e extratos bancários do período de 29.12.2005 até 07.03.2006, data em que ocorreu o bloqueio do numerário pelo sistema BACEN-JUD), dos quais se extrai que somente houve depósitos advindos de pagamentos pela empresa contratante de seus serviços, evidenciando-se, assim, a natureza impenhorável da verba (inclusive dos valores pagos sob a rubrica "OUTROS COM IRRF", referidos

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pela apelante, depreendendo-se tratar de valores decorrentes do mesmo contrato de trabalho).

III - Por fim, ao contrário do que sustentou a apelante, é devida a sua condenação em ônus de sucumbência, inclusive verba honorária, pois a penhora sobre o numerário ocorreu a pedido da própria exeqüente, sendo que o valor arbitrado na sentença se mostra razoável e coerente com a controvérsia estabelecida nestes embargos.

IV - Apelação da embargada desprovida.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

São Paulo, 12 de janeiro de 2010.

SOUZA RIBEIRO

Juiz Federal Convocado

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