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Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul

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Academic year: 2021

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Autos: 0036594-49.2013.8.12.0001

Classe: Ação Penal de Competência do Júri Parte Autora: Ministério Público Estadual

Parte Passiva:Thiago Augusto Garcia Watanabe

RELATÓRIO

O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL ajuizou ação penal em face de THIAGO AUGUSTO GARCIA WATANABE,

brasileiro, estudante, portador do RG n. 1542897 SSP/MS e inscrito no CPF sob o n. 019.292.431-11, nascido em 21-4-1987, natural de Campo Grande/MS, filho de Tochimitsu Watanabe e de Odete Garcia de Oliveira.

Consta na peça acusatória que, na data de 1º de agosto de 2013, por volta das 22h30, na Rua Serra Negra, n. 287, Bairro Vila Eliane, nesta Capital, o denunciado desferiu disparos de arma de fogo contra a vítima Márcio Ferreira dos Santos, causando-lhe ferimentos que não foram a causa eficiente de sua morte por circunstâncias alheias à vontade do denunciado.

Segundo restou apurado, na época dos fatos, o denunciado mantinha relacionamento amoroso com a testemunha Cecília Renata Gomes, a qual era ex- convivente da vítima Márcio Ferreira dos Santos.

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Devido ao término do relacionamento, somado ao fato de a testemunha começar a namorar Thiago, ora denunciado, a vítima Márcio começou a ameaçar de morte Cecília.

Na data dos fatos, Cecília e Thiago estavam em uma lanchonete, onde também estava presente a vítima, a qual passou a proferiu várias ameaças ao casal, razão pela qual Cecília e Thiago foram até a casa daquela.

Na sequência, a vítima Márcio foi até a casa de Cecília, onde ocorreu uma discussão, momento em que o denunciado efetuou disparos de arma de fogo contra o ofendido.

Assim, teria o acusado cometido o crime capitulado no art. 121 caput, c/c art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.

Os autos foram instruídos com o IP n.

171/2013- 7ª DP/CG (f. 5-111), no qual consta os laudos periciais de exame de corpo de delito da vítima (f.

71-2), de exame químico (f. 74-8 e 115-9) e de exame físico-descritivo e de pesquisa de sangue humano (f.

80-4 e 120-4).

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Foram juntados antecedentes criminais do acusado à f. 125 e 130.

Foi recebida a denúncia (f. 113), o acusado foi citado pessoalmente (f. 136-7) e apresentou defesa escrita (f. 141-3).

Durante a instrução processual foram tomados os depoimentos da vítima, cinco testemunhas de acusação, uma testemunha comum (f. 188), bem como foi realizado o interrogatório do acusado (f. 200).

Em sede de alegações finais, o Ministério Público Estadual pugnou pela pronúncia do acusado, nos termos da denúncia (f. 208-215).

A Defesa pleiteou a absolvição sumária do acusado e, subsidiariamente, a desclassificação para o delito de lesão corporal (219-221).

É o relatório dos autos. Decido.

FUNDAMENTAÇÃO

Inicialmente, sobreleva dizer que, nesta fase procedimental, o juiz deve, tão somente, proclamar admissível (ou não) a acusação, sem invadir o mérito da causa, razão por que o art. 413 do Código de Processo

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Penal dispõe:

O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.

Como se denota, o dispositivo em epígrafe determina a pronúncia do acusado se (1) houver prova da materialidade e (2) indícios suficientes de autoria.

Quanto ao segundo requisito, importa consignar que os indícios devem ter a potencialidade de permitir a sustentação da acusação em plenário do Júri.

Neste sentido, o juiz togado deve exercer o primeiro filtro acerca da imputação atribuída ao

acusado, sendo que esse raciocínio em nada usurpa a competência constitucional do Tribunal do Júri para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

É que o Tribunal do Júri deve julgar casos deste jaez quando, por óbvio, tenham condições mínimas de serem submetidos ao julgamento popular.

Nesse sentido, adverte GUILHERME DE SOUZA NUCCI:

É preciso cessar, de uma vez por todas, ao menos em nome do Estado Democrático de Direito, a atuação jurisdicional frágil e insensível, que prefere pronunciar o acusado, sem provas firmes e livres de risco. Alguns magistrados, valendo-se do criativo brocardo in dubio pro societate (na dúvida, decide-se em favor da sociedade), remetem

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à apreciação do Tribunal do Júri as mais infundadas causas (...)

Não é essa a sistemática brasileira adotada pela legislação brasileira. Demanda-se segurança e a essa exigência deve estar atrelado o magistrado que atua na fase de pronúncia. [...]

Feito esse introito acerca da interpretação do art. 413 do Código de Processo Penal, a partir do necessário filtro constitucional, passo ao exame do caso sub examine.

1 DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA

In casu, verifico que a materialidade e a autoria do teórico delito de tentativa de homicídio

estão comprovadas por meio dos laudos de exame de corpo de delito da vítima de f. 71-2 — lesão leve —, de exame químico (f. 74-8 e 115-9) e de exame físico-descritivo e de pesquisa de sangue humano (f. 80-4 e 120-4), bem como dos depoimentos na fase instrutória da vítima Márcio Ferreira dos Santos e das testemunhas Graciela Amarilla, Anna Maria Ferreira dos Santos, Domingos Ferreira dos Santos, Gizele Guedes Viana.

Apesar da alegação do acusado de que não efetuou disparo de arma de fogo contra a vítima, o exame químico realizado em um boné do ofendido detectou a presença de chumbo em um orifício, consistente com o disparo de uma arma de fogo, enquanto as testemunhas acima mencionadas confirmam a ocorrência de disparos no

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local.

Quanto às teses defensivas de legítima defesa e de desclassificação do delito, reputo que a versão apresentada pelo acusado não se afigura inconteste nos autos.

Conforme ensina Guilherme de Souza Nucci:

O juízo de pronúncia é, no fundo, um juízo de fundada suspeita e não um juízo de certeza.

Admissível a acusação, ela, com todos os eventuais questionamentos, deve ser submetida ao juiz natural da causa, em nosso sistema, o Tribunal do Júri.

Por meio dessas considerações, bem de ver-se que há indícios suficientes (CPP, art. 413) para que o acusado seja levado a julgamento, devendo as teses defensivas serem apreciadas na referida oportunidade.

DISPOSITIVO

Posto isso, em face das imputações contidas na denúncia oferecida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, na forma do art. 413, caput e seu parágrafo primeiro, do Código de Processo Penal, PRONUNCIO o acusado THIAGO AUGUSTO GARCIA WATANABE, qualificado nos autos, a fim

de que seja submetido a julgamento pelo egrégio Tribunal do Júri desta Comarca, sob a acusação de prática do crime capitulado no art. 121, "caput"

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(homicídio), c/c art. 14, inciso II (tentativa), ambos do Código Penal, em relação à vítima Márcio Ferreira dos Santos.

Em atenção ao §3º do art. 413 do Código de Processo Penal, mantenho o acusado em liberdade porquanto tem comparecido aos atos procedimentais.

Intimem-se na forma do art. 420 do Código de Processo Penal.

Tão logo haja preclusão desta decisão interlocutória, o cartório deverá abrir vista sequencial ao MPE e intimar a Defesa do acusado para os fins do art. 422 do Código de Processo Penal.

Campo Grande(MS), 20 de novembro de 2015

(assina por certificação digital)

Carlos Alberto Garcete de Almeida Juiz de Direito

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