• Nenhum resultado encontrado

(Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano - ISSN )

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "(Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano - ISSN )"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

(Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano - ISSN 1415-8426) Manuscript category: Original Articles

Título:

Associação entre massa e força muscular com nível de atividade física de idosos usuários de Unidades Básicas de Saúde do município de Presidente Prudente, SP

Title:

Association between muscle mass and strength with level of physical activity in older people users of Public Health Basic Units from the city of Presidente Prudente, SP

Short title: Massa, força muscular e atividade física habitual Full name of authors:

Daiane de Oliveira Macedo1, Camila Bispo Nascimento1, Luís Alberto Gobbo1,2

Instituições:

1 Departamento de Educação Física, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Presidente Prudente, SP

2 Programa de Pós-graduação em Ciências da Motricidade, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, SP

Corresponding Author: Luís Alberto Gobbo, Rua Roberto Simonsen, 305, Jd. Educacional, CEP 19060-080, Presidente Prudente, SP, Telefone + 55 18 3229 5720, fax + 55 18 3229 5710, e-mail luisgobbo@fct.unesp.br

(2)

Resumo:

O objetivo do presente estudo foi analisar a associação entre massa e força muscular e nível de atividade física de idosos usuários de unidades básicas de saúde de Presidente Prudente, SP. A amostra foi composta de 496 homens e mulheres com idade igual ou superior a 50 anos usuários de duas Unidades Básicas de Saúde do município de Presidente Prudente, SP. Como identificador da massa muscular e da força muscular, utilizou-se o índice de massa muscular (IMM, em kg/m2), e a dinamometria de punho, em kg, respectivamente. Atividade física habitual foi mensurada por meio de questionário.

Para dicotimização da amostra (baixo IMM, força muscular e insuficientemente ativos x normais), utilizou-se os pontos de corte baseados nos valores do percentil 25 de cada variável, segundo sexo. Para as variáveis categóricas, o teste qui-quadrado e análise de regressão logística foram utilizados para análise das associações entre as variáveis. Foi verificado associação somente entre força e nível de atividade física habitual, para a amostra total (χ2 = 8,505; p = 0,004) e homens (χ2 = 6,739; p = 0,009). Pessoas com baixo nível de atividade física apresentaram 1,83 chances (IC 95% 1,17-2,86) maior de terem menor força, em relação aos suficientemente ativos, sendo que os homens apresentaram 2,74 chances maior (IC 95% 1,24-6,06). Em conclusão, pessoas com nível de atividade física insuficiente apresentam maior chance de terem menor força muscular, em especial, os homens.

Palavras-chave: força muscular, massa muscular, atividade física, sarcopenia, dinamometria.

(3)

Abstract:

The aim of this study was to analyze the association between muscle mass and strength and level of physical activity of elderly users of Public Basic Health Units of the city of Presidente Prudente, SP. The sample consisted of 496 men and women aged over 50 years users of two Basic Health Units in the city of Presidente Prudente, SP. As identifiers of muscle mass and muscle strength, we used the body mass index (IMM, in kg/m2), and handgrip strength, in kg, respectively. Habitual physical activity was measured by a questionnaire.To categorize the sample (low IMM, muscle strength and insufficiently active x normal), cutoff points based on the values of the 25th percentile of each variable, according to sex was used. The chi-square test and logistic regression analysis were used to analyze the associations between variables. Association was found only between strength and level of physical activity, for the total sample (χ2 = 8.505; p = 0.004) and men (χ2 = 6.739; p = 0.009). People with low levels of physical activity had 1.83 odds (95% CI 1.17 to 2.86) to have less strength in relation to sufficiently active, while men had odds 2.74 higher (95% CI 1.24 to 6.06). In conclusion, people with insufficient physical activity levels have a higher chance of having less muscle strength, especially men.

Key-words: muscle strength, muscle mass, physical activity, sarcopenia, dinamometry.

(4)

INTRODUÇÃO

A população idosa no mundo e no Brasil está crescendo, sobretudo em decorrência da redução da taxa de mortalidade1. A expectativa de vida ao nascer no Brasil, que em 1900 estava em torno de 30 anos, ultrapassou os 50 anos em 1950 e no ano 2000 chegou aos 73 anos, o que significa que a média duplicou em um período de um século.

As previsões é de que esses números permaneçam aumentando nas próximas décadas, e no ano de 2030 a população idosa chegue a 41,6 milhões de pessoas, o que representa 18,7% da população brasileira, e em 2060 aumente para 75,1 milhões de pessoas, representando 32,9%, ou seja, aproximadamente um em cada três brasileiros terá 60 anos ou mais2.

Juntamente com a população idosa, cresce também a preocupação e os cuidados com a saúde dessa faixa etária. A necessidade de investimentos em recursos físicos, medicamentos, profissionais capacitados e procedimentos tecnológicos são apenas alguns exemplos da atenção especial que essa população necessita. Os cuidados para com essa população estão associados com os diversos fatores de risco que essa faixa etária está exposta, como as doenças crônicas não transmissíveis, diminuição da densidade mineral óssea e da massa muscular, inatividade física, alimentação inadequada, etc.3.

O envelhecimento é um processo inevitável a todos os indivíduos, com ele segue a perda de eficiência dos órgãos, dentre essas perdas está a força muscular, resultado do declínio de massa muscular, nomeado sarcopenia4. Dentre as várias funções prejudicadas pela perda de força e massa muscular, estão presentes as deficiências ocorridas nos sistemas motor e sensorial, podendo levar a distúrbios em relação à postura e a falta de equilíbrio, fatores que acabam limitando a interação do individuo com o meio5. Com as limitações funcionais que o envelhecimento causa, a prática de atividades físicas entra em decadência, tarefas do dia a dia que normalmente são executadas com facilidade não são mais realizadas da mesma forma. Existem dificuldades causadas também pelo estado frágil dos indivíduos, onde a vulnerabilidade para quedas e fraturas são maiores, resultando posteriormente na incapacidade e dependência desses idosos6.

Na maioria das vezes a funcionalidade de cada indivíduo não está associada somente à sua idade cronológica, existem hábitos que quando adquiridos amenizam e tardam as consequências inevitáveis desse processo, que afetam a independência e qualidade de vida do idoso e de seus familiares7.

Problemas relacionados à funcionalidade do idoso poderiam ser amenizados com a prática do fortalecimento dos músculos, pois a perda da força dos membros inferiores

(5)

atinge a mobilidade funcional causando aumento de quedas e afetando a marcha, diminuindo assim a autonomia do individuo nesta idade8. Nesta população a atividade física quando praticada de maneira regular é considerada um fator de vida saudável, e o aumento na mobilidade e força significam melhorias nessa prática, exercícios como treinamento resistido pode trazer a independência funcional9.

Diferentes possibilidades de avaliação dos níveis de atividade física tem sido propostos na literatura, sob diferentes aspectos. O questionário proposto por Baecke10 é uma opção de avaliação que pode identificar a condição do idosos em relação ao seu nível habitual de atividade física. O questionário Baecke é composto por 16 questões envolvendo pontuações habituais de atividade física relativos a meses anteriores, nos diferentes domínios: (1) atividade física ocupacional, (2) o exercício físico no lazer, e (3) o lazer e atividades de locomoção.

Com isso, o objetivo do presente estudo foi analisar a associação entre massa e força muscular e nível de atividade física de idosos usuários de unidades básicas de saúde de Presidente Prudente, SP.

METODOLOGIA Amostra

A amostra foi composta de homens e mulheres com idade igual ou superior a 50 anos usuários de duas Unidades Básicas de Saúde do município de Presidente Prudente, SP. Considerando que 40% da população do estado de São Paulo possui assinatura de algum plano de saúde privado11 e desta forma, 60% da população é atendida exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde, e com um erro amostral de 5% (arbitrário, pois não há estudos similares), significância de 5% (z=1,96 por utilizar um IC95%) e um efeito de design de 50% (por utilizar amostragem por conglomerado), a amostra total proposta a ser avaliada deveria ser de, no mínimo, 556 sujeitos.

Para o presente estudo, 496 pacientes (~90% do cálculo amostral) com idade média de 62,0 anos (IC 95% 61,20 – 62,81), atendidos pelas duas UBS escolhidas, foram avaliados. Os pacientes foram abordados no momento que chegavam nas UBS’s, para atendimento médico ou retirada de medicamentos, os procedimentos de condução da pesquisa foram esclarecidos aos pacientes e, quando o voluntário consentia na participação, respondia às entrevistas até que o número mínimo de pacientes fosse atingido. A pesquisa foi realizada no período da manhã e tarde para maior abrangência de população.

(6)

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Câmpus de Presidente Prudente (Processo 241.291/2013).

Variáveis do estudo Massa Muscular

Como identificador da massa muscular, utilizou-se o índice de massa muscular (IMM), a partir da razão da massa muscular pela altura, em metros, ao quadrado. A massa muscular foi calculada mediante utilização de equação preditiva proposta por Lee12. Para tanto, foram registrados dados de sexo (masculino = 1, feminino = 0), idade (em anos), e etnia (branca = 0, negra = 1,4, asiático = -1,2), além de medidas de peso, em kg, e estatura, em cm, seguindo as recomendações de Lohman13.

Para dicotimização da amostra (baixo IMM e normal), utilizou-se os pontos de corte baseados nos valores do percentil 25 do IMM (em kg/m2), segundo sexo.

Força Muscular

Dinamometria de preensão manual foi utilização para avaliação da força muscular.

Para tanto, dinamômetro da marca Camry, modelo EH101 (Guangdong, China), foi utilizado. Os idosos permaneceram na posição sentada, com os cotovelos flexionados em 90 graus, junto à cintura. As medidas foram realizadas nos dois membros superiores, em duplicata, de forma rotacional, sendo registrado o maior valor para cada membro. Para fins de análise, utilizou-se os valores do braço dominante do avaliado, em kg.

Os idosos foram também categorizados segundo os pontos de corte para o percentil 25 de força (baixa força e normal), em kg.

Atividade Física Habitual

A prática de atividade física habitual (AFH) foi verificada por meio de entrevista, utilizando o questionário desenvolvido por Baecke10, traduzido e validado para a realidade brasileira por Florindo et al. (2004) com uma população com idade média de 62,5 anos (desvio-padão =7,9 anos). A partir da aplicação do questionário, foi possível identificar o nível de AFH em cada domínio. A soma dos escores de cada seção representa o escore total, ou seja, a AFH.

Para classificação da AFH foi utilizada a fórmula proposta por Baecke10, traduzida por Florindo et al. (2004). Para efeito de análise estatística, a amostra foi subdividida em quartil segundo o escore total de atividade física do instrumento (o mesmo analisa três

(7)

domínios da atividade física: i - ocupacional; ii - exercício físico no lazer; iii - lazer e locomoção). Os indivíduos avaliados foram estratificados da seguinte forma: quartil 1 - Insuficientemente ativo; quartis 2 e 3 - Moderadamente Ativo; e, quartil 4 - Ativo, segundo classificação adotada previamente15,16. No presente estudo, a amostra foi dicotimizada da seguinte forma: insuficientemente ativos = quartil 1, e suficientemente ativos = quartis 2, 3 e 4.

Análise estatística

A estatística descritiva das variáveis numéricas foi composta por valores de média e desvio-padrão. Para os dados categóricos, valores percentuais. Para as variáveis categóricas, o teste qui-quadrado foi empregado para indicar associações entre as variáveis dependente (atividade física habitual) e independentes (massa e força muscular). As variáveis associadas com a variável dependente foram inseridas no modelo multivariado construído pela análise de regressão logística binária, que expressa à magnitude das associações em valores de razão de chance (RC) e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa Stata IC 11.0 e a significância estatística foi estabelecida em 5%.

RESULTADOS

As características descritivas da amostra estão apresentadas na Tabela 1. Os homens avaliados no estudo apresentaram valores significantemente superiores (p<0,05) para as variáveis idade, peso corporal, estatura, força (dinamometria), massa muscular e IMM, bem como para o escore no domínio da atividade física no lazer e locomoção, enquanto as mulheres apresentaram maiores valores (p<0,05) para as variáveis IMC e escore no domínio da atividade física ocupacional.

(8)

Tabela 1. Valores de média e de desvio-padrão de variáveis descritivas dos participantes segundo grupo total e sexo (n=496).

Amostra Geral Homens Mulheres

Variável Média±DP Média±DP Média±DP

Idade (anos) 62,0 ± 9,1 64,26 ± 9,59* 61,0 ± 8,7*

AF Ocup (escore) 2,31 ± 1,06 1,86 ± 1,25* 2,51 ± 0,90*

AF Exerc (escore) 1,81 ± 0,63 1,89 ± 0,63 1,78 ± 0,63 AF Locom (escore) 2,16 ± 0,69 2,36 ± 0,77* 2,07 ± 0,64*

AF Habit (escore) 6,28 ± 1,54 6,11 ± 0,18 6,36 ± 1,44

Peso (kg) 73,5 ± 15,6 76,9 ± 14,5* 72,1 ± 15,9*

Estatura (cm) 157,7 ± 8,7 165,9 ± 7,4* 154,2 ± 6,6*

IMC (kg.m-2) 29,5 ± 5,7 27,8 ± 4,4* 30,3 ± 6,1*

Dinamometria (kg) 25,4 ± 9,6 34,8 ± 9,6* 21,3 ± 6,2*

MM (kg) 23,3 ± 5,8 29,2 ± 4,2* 20,8 ± 4,4*

IMM (kg.m-2) 9,27 ± 1,68 10,56 ± 1,15* 8,71 ± 1,57*

Notas: AF Ocup = domínios da atividade física ocupacional; AF Exerc = domínio da atividade física no exercício físico no lazer; AF Locom = domínio da atividade física no lazer e locomoção; AF Habit = atividade física habitual; IMC = índice de massa corporal; MM = massa muscular; IMM = índice de massa muscular; *

= diferenças entre sexos.

Quando os sujeitos foram categorizados segundo nível de atividade física habitual (suficientemente ativos e não ativos), não foram verificadas diferenças significativas nas frequências entre sexos para o nível de atividade física, seja para a amostra total, seja quando analisado grupos com massa muscular baixa ou normal. Entretanto, na análise da força muscular, foi verificado para a amostra total e para pessoas do sexo masculino associação significativa entre baixa massa muscular e menor nível de atividade física (Tabela 2).

Tabela 2. Frequência dos participantes segundo nível habitual de atividade física, condição de massa e força muscular e sexo.

Amostra geral Homens Mulheres

Suficiente Não ativos

Suficiente Não ativos

Suficiente Não ativos

Categorias n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Total 367 (74) 129 (26) 109 (73) 40 (27) 258 (74) 89 (26)

- χ2 (p)a 0,078 (0,781)

MM

- normal 273 (74) 98 (76) 81 (74) 30 (75) 192 (74) 68 (76) - baixa 94 (26) 31 (24) 28 (26) 10 (25) 66 (26) 21 (24) - χ2 (p)b 0,127 (0,722) 0,007 (0,932) 0,139 (0,709) Força

- normal 289 (79) 85 (66) 88 (81) 24 (60) 201 (78) 61 (69) - baixa 78 (21) 44 (34) 21 (19) 16 (40) 57 (22) 28 (31) - χ2 (p)b 8,505 (0,004) 6,739 (0,009) 3,140 (0,076)

Notas: MM = massa muscular; a = análise do qui-quadrado (e nível de significância) entre nível de atividade física e sexo; b = análise do qui-quadrado (e nível de significância) entre nível de atividade física e categoria de massa e força muscular.

(9)

Na análise de regressão logística, verificou-se que pessoas com baixo nível de atividade física habitual tem aproximadamente 1,9 vezes mais chances de apresentarem baixa força muscular (p<0,05) quando comparados aos seus pares mais ativos (~1,8 vezes ajustado por grupo etário e sexo), entretanto a mesma associação não foi verificada entre atividade física e massa muscular (Tabela 3).

Quando analisado segundo sexo, homens com baixo nível de atividade física apresentaram maior risco para baixa força muscular, quando comparados aos homens suficientemente ativos (p<0,05), sendo esta associação válida para o modelo de regressão univariado ou ajustado por grupo etário (Tabela 3).

Tabela 3. Associação entre nível habitual de atividade física, massa muscular e força muscular dos participantes.

Não ajustado Ajustado*

Variável OR IC 95% OR IC 95%

Massa Muscular

Baixo Nível AF 0,92 0,58 – 1,47 0,78 0,48 – 1,28

- Homens 0,96 0,42 – 2,22 0,84 0,35 – 2,01

- Mulheres 0,90 0,51 – 1,58 0,75 0,41 – 1,36

Força Muscular

Baixo Nível AF 1,92 1,23 – 2,98 1,83 1,17 – 2,86

- Homens 2,79 1,27 – 6,17 2,74 1,24 – 6,06

- Mulheres 1,62 0,95 – 2,76 1,52 0,89 – 2,62

Notas: * Regressão ajustada por sexo e grupo etário, com a amostra total, e por grupo etário, com a amostra separada por sexo; OR = odds ratio; IC 95% = intervalo de confiança.

Para a análise de associação entre o nível de atividade física e massa muscular, foi verificado que a variável grupo etário apresentou significância estatística nos modelos de regressão logística múltiplos, com valores de OR de 1,67 (IC 95% 1,07-2,61) e 1,74 (IC 95% 1,01-3,04) para a amostra total (homens e mulheres) e somente para mulheres, respectivamente (p<0,05). A idade não apresentou significância estatística na análise da associação com força muscular, nos modelos múltiplos, como variáveis de ajuste.

DISCUSSÃO

O presente estudo teve como principal objetivo analisar a possível associação de pessoas com idade igual ou superior a 50 anos com baixo nível de atividade física, usuárias de duas UBS’s de Presidente Prudente, SP, com baixa massa ou força muscular.

Maiores valores de força (63,4% maior) e massa muscular (21,8% maior) foram identificados neste estudo para pessoas do sexo masculino, em relação ao sexo feminino (p<0,05). Quando analisado os escores de atividade física habitual e os seus domínios, não foi verificado diferenças (p>0,05) para os domínios da atividade física no exercício no

(10)

lazer e na atividade física habitual. Entretanto, homens apresentaram maiores escores para o domínio da atividade física no lazer e locomoção (14% maior), enquanto as mulheres apresentaram maiores valores (35% maior) para o domínio ocupacional (p<0,05).

Optou-se neste estudo utilizar como referência para baixos valores das variáveis estudadas o menor quartil (<P25). Desta forma, conforme esperado, todas as prevalências de baixos valores (para insuficientemente ativos, e baixa massa e força muscular) ficaram em, aproximadamente, 25%, o que impossibilita a comparação das prevalências com estudos diversos. Entretanto, na análise da associação entre as pessoas insuficientemente ativas com aqueles com baixa massa ou força muscular, não foi verificado associação significativa para a variável massa muscular, somente para força, sobretudo para aqueles do sexo masculino. Para a massa muscular, apenas a idade apresentou-se como um fator de risco para baixa massa muscular, em especial para mulheres.

Estudos descritivos da força muscular confirmaram as diferenças significantes entre os sexos. Com uma amostra representativa do município de Niterói, RJ, de 1122 homens e 1928 mulheres (363 homens e 407 mulheres com idade igual ou superior a 50 anos), Schlüssel17 demonstraram a força ser 68,6% maior para homens no grupo etário de 50-59 anos, 66,5% maior para o grupo etário de 60-69 anos, e 84,9% maior para o grupo etário com idade igual ou superior a 70 anos. Também demonstrou maior redução da força muscular para as mulheres destes grupos etários (-40,7% do grupo de 50-59 para o grupo com idade ≥70 anos), comparada aos homens (-28,3%).

Outro estudo realizado também com amostra representativa, na cidade de São Paulo18, identificou que homens independentes para a realização das atividades básicas da vida diária apresentavam força muscular 63,7% superior às mulheres independentes, enquanto aqueles dependentes para a realização destas mesmas atividades apresentavam força 60,7%. A força foi descrita por grupos segundo IMC, e foi verificado que a força de preensão manual em mulheres idosas dependentes diminui proporcionalmente ao IMC, o que não ocorreu para homens dependentes e independentes e mulheres independentes.

No estudo de Niterói17, os valores médios de força muscular variaram entre 40,8 e 31,8 kg, para homens nos grupos etários de 50-59 anos e ≥70 anos, respectivamente, enquanto para as mulheres, estes valores variaram entre 24,2 e 17,2 kg, respectivamente.

No estudo de São Paulo18, os valores médios para idosos com idade ≥60 anos foram, respectivamente, de 32,6 e 19,9 kg para homens e mulheres independentes, e de 27,1 e

(11)

16,9 kg para homens e mulheres dependentes. No presente estudo, os valores foram 34,8 e 21,3 kg, respectivamente. Tendo em vista os valores deste estudo contemplar pessoas com idade igual ou superior a 50 anos, não estratificados por grupo etário, os valores apresentados se colocam dentro de valores próximos aos apresentados por estudos realizados em dois dos maiores centros do país, sobretudo para pessoas independentes para a realização das atividades básicas da vida diária.

Em relação à massa muscular, os valores médios apresentados no presente estudo (IMM = 10,6 kg/m2 para homens e 8,7 kg/m2 para mulheres) também estão em conformidade com outro estudo realizado com amostra representativa na cidade de São Paulo19, quando os idosos do sexo masculino apresentaram valores de IMM médios de 9,8 e 8,9 kg/m2 para grupos etários de 60-79 anos e ≥80 anos, respectivamente, e para as idosas, valores médios de 7,6 e 6,3 kg/m2, respectivamente. A diferença entre os sexos para o grupo etário mais jovem do estudo da cidade de São Paulo (22,4%) é semelhante ao nosso estudo, entretanto, quando o grupo etário com idade igual ou superior a 80 anos é analisado, percebe-se maior diferença entre homens e mulheres (41,3%) para o componente massa muscular.

De fato, homens têm maior quantidade de massa muscular e maior força, em relação às mulheres, principalmente nos grupos etários adultos jovens e idosos, o que explica, em alguns estudos, as maiores taxas de prevalências de sarcopenia para mulheres20. Contudo, diferentemente do estudo de Gobbo19, foi demonstrado que o declínio da massa muscular pode ser mais acentuado para os homens21,22, e este declínio pode ser causa de maior incapacidade funcional. Ao longo do envelhecimento, idosos do sexo masculino têm maior redução da massa e da força em função das alterações hormonais (declínio do hormônio do crescimento, do fator de crescimento relacionado à insulina, e da testosterona). Contudo, mesmo tendo os homens maior redução da massa muscular e força, as mulheres idosas, podem apresentar maior prevalência de limitações funcionais23.

No estudo em análise, apenas a força foi associada com o nível de atividade física habitual, em especial, nos homens. Reconhecer os níveis habituais de atividade física proposto por um determinado questionário, como o de Baecke, por exemplo, e analisar suas associações com força e massa muscular de idosos, pode ser de grande valia para profissionais de diferentes áreas das ciências da saúde, porque os questionários são métodos importantes na avaliação da atividade física tendo em vista o baixo custo e facilidade de aplicação. O questionário de Baecke et al é um dos poucos descritos na literatura que são estruturados de forma quali-quantitativa e em escala de likert. Isso

(12)

proporciona que o indivíduo se posicione com relação ao cotidiano no ambiente onde vive, oferecendo uma melhor avaliação da atividade física. E mesmo com as dúvidas em relação à eficácia da utilização de questionários de atividade física em populações diferentes, no caso desse instrumento, esses problemas não ocorreram, tendo em vista a objetividade das questões14.

A amostra analisada nas duas UBS’s de Presidente Prudente apresentaram escore de AF Habitual de 6,1 e 6,4, respectivamente, para homens e mulheres, valores estes considerados semelhantes, estatisticamente. No estudo realizado por Novaes25, foi verificado valores levemente superiores, para amostra com idade igual ou superior a 50 anos (escores = 7, para ambos os sexos). Quando analisados segundo grupo etário, nesse estudo, foi apresentado redução do escore em 33,3% do grupo etário de 50-59 anos, para o grupo com idade igual ou superior a 70 anos, para ambos os sexos. Esta redução está situada entre a redução média verificada para força muscular (valores acima de 40%) e massa muscular (valores abaixo de 30%).

Quando analisados em conjunto a atividade física habitual e as variáveis força e massa muscular, por meio de análise da regressão logística, a atividade física apresentou maior associação com a força muscular. Neste sentido, pode-se concluir que menores valores de escore de atividade física produzem maiores razões de chances para menores valores de força muscular, sobretudo para os homens, fato este que não ocorreu para a massa muscular. A partir dos resultados aqui apresentados, é possível realmente destacar a importância da força muscular para o envelhecimento, a considerar pela redução média ao longo dos grupos etários, apresentadas por diferentes artigos, pelas maiores diferenças nestas reduções, comparadas à massa muscular, e pelas diferenças entre os sexos, que pode ser determinante na funcionalidade do idoso.

Além disso, reduções na massa muscular promove um decréscimo na força, e em consequência, outras perdas qualitativas metabólicas e fisiológicas, como a taxa metabólica basal, o consumo máximo e oxigênio e o gasto energético total. Esses fatores, associados à possibilidade de um quadro de morbidade, desnutrição e em função do próprio envelhecimento, potencializa não apenas a redução da massa muscular, mas também, e em maior quantidade, a força muscular26. Este quadro leva a uma maior incapacidade funcional, maior inatividade física e sedentarismo, dependência, baixa qualidade de vida e maior risco para mortalidade.

Vale destacar que o estudo realizado se deu a partir de um desenho transversal, o que não permite o estabelecimento de uma relação de causa e efeito, ou seja, menores valores do escore do nível de atividade física proporcionam menores valores de força

(13)

muscular, ou vice-versa, bem como, se em uma análise longitudinal, a redução da massa muscular poderia apresentar maior relação com a redução dos escores de atividade física.

Também, o ponto de corte arbitrário utilizado no estudo (P25) poderia inferir algum viés nas análises das associações. Entretanto, sabe-se que valores de preensão manual na parte mais baixa da distribuição pode ser indicativa de perda funcional27, e esta parte mais baixa pode ser representada por valores de percentis desde 15 até 25, conforme apresentados por estudos prévios26,28,29.

Em conclusão, homens e mulheres usuários dos serviços de saúde pública do município de Presidente Prudente apresentaram níveis semelhantes de atividade física habitual, entretanto, apenas a força muscular apresentou-se associada ao nível de atividade física, com os homens com baixo nível de atividade física habitual apresentando maior risco para menor força muscular, em comparação àqueles suficientemente ativos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 Organização Mundial da Saúde (OMS). Global Forum for Health Research: The 10/90 Report on Health Research. Genebra: Organização Mundial da Saúde, 2000.

2 Alves JED. Transição demográfica, transição da estrutura etária e envelhecimento. Rev Portal de Divulgação 2014;40:8-15.

3 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Relatórios Metodológicos :Projeção da população: Brasil e Unidades federativas, Rio de Janeiro: IBGE, 2013.

4 Faria JC, et al. Importância do treinamento de força na reabilitação da função muscular, equilíbrio e mobilidade de idosos. Acta Fisiátrica 2003;10(3):133-137.

5 Mazzeo RS, Cavanagh P, Evans WJ, Fiatarone MA, Hagberg J, McAuley E, et al..

Exercício e atividade física para pessoas idosas: Colégio Americano De Medicina Esportiva, posicionamento oficial. Rev Bras Atividade Física e Saúde 1998;3(1):48-78.

6 Janssen I, Heymsfield SB, Ross R. Low Relative Skeletal Muscle Mass (Sarcopenia) in Older Persons Is Associated with Functional Impairment and Physical Disability. J Am Geriatr Soc 2002;50(5):889–896.

7 Matsudo SM, Matsudo VKR, Barros Neto TL. Atividade física e envelhecimento:

aspectos epidemiológicos. Rev Bras Med Esporte 2001;7(1):2-13.

(14)

8 Farinatti PTV; Lopes LNC. Amplitude e cadencia do passo e componentes da aptidão muscular em idosos: um estudo correlational multivariado. Rev Bras Med Esporte 2004;

10(5):389-394.

9 Guimaraes JMN; Farinatti PTV. Analise descritiva de variáveis teoricamente associadas ao risco de quedas em mulheres idosas. Rev Bras Med Esporte 2005;11(5):299-305.

10 Baecke JA, Burema J, Frijters JE. A short questionnaire for the measurement of habitual physical activity in epidemiological studies. Am J Clin Nutr 1982;36:936-42.

11 Kilsztajn S, Silva DF, Câmara MB, Ferrei VS. Grau de cobertura dos planos de saúde e distribuição regional do gasto público em saúde. Saúde Soc 200;10(2):35-45.

12 Lee RC, Wang Z, Heo M, Ross R, Janssen I, Heymsfield SB. Total-body skeletal muscle mass: development and crossvalidation of anthropometric prediction models. Am J Clin Nutr 2000;72:796-803.

13 Lohman TG, et.al, Anthropometric standardization reference manual: Stature, recumbent length, and weight. Champaign, Illinois: Human Kinetics Books, 1988.

14 Florindo AA, Latorre MRDO, Jaime OC, Tanaka T, Zerbini CAF. Methodology to evaluation the habitual physical activity in men aged 50 years or more. Rev Saúde Pública 2004;38(2):307-314.

15 Codogno JS, Fernandes RA, Sarti FM, Freitas Júnior IF, Monteiro HL. The burden of physical activity on type 2 diabetes public healthcare expenditures among adults: a retrospective study. BMC Public Health 2011 May 4;11:275.

16 Codogno JS, Fernandes RA, Monteiro HL. Prática de atividades físicas e gasto do tratamento ambulatorial de diabéticos tipo 2 atendidos em unidade básica de saúde. Arq Bras Endocrinol Metab 2012;56(1):6-11.

17 Schlüssel MM, Anjos LA, Vasconcellos MTL, Kac G. Reference values of handgrip dynamometry of healthy adults: A population-based study. Clinical Nutrition 2008;27:601e60.

18 Alexandre TS, Duarte YAO, Santos JLF, Lebrão ML. Relação entre força de preensão manual e dificuldade no desempenho de atividades básicas de vida diária em idosos do município de São Paulo. Saúde Coletiva 2008;5(24):178-182.

19 Gobbo LA, Dourado DAQS, Almeida MF, Duarte YAO, Lebrão ML, Marucci MF.

Skeletal-muscle mass of São Paulo city elderly – SABE Survey: Health , Well-being and Aging. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2012, 14(1):1-10.

(15)

20 Baumgartner RN, Koehler KM, Gallagher D, Romero L, Heymstleld SB, Ross RR, et al.

Epidemiology of sarcopenia among the elderly in New Mexico. Am J Epidemiol 1998;147:755-63.

21 Janssen I, Heymsfield SB, Wang ZM, Ross RR. Skeletal muscle mass and distribution in 468 men and women aged 18–88 yr. J Appl Physiol 2000;89:81-8.

22 Lauretani F, Russo CR, Bandinelli S, Bartali B, Cavazzini C, Di Iorio A et al. Age associated changes in skeletal muscles and their effect on mobility: an operational diagnosis of sarcopenia. J Appl Physiol 2003;95:1851-60.

23 Roubenoff R, Hughes VA. Sarcopenia: current concepts. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 55 2000:M716-24.

25 Novaes RD, Miranda AS, Silva JO, Tavares BVF, Dourado VZ. Equações de referência para a predição da força de preensão manual em brasileiros de meia idade e idosos.

Fisioterapia e Pesquisa 2009;16(3):217-22.

26 Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdieneer J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol Med Sci 2001;56A:M146–M156.

27 Anjos LA. Obesidade e Saúde Pública. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2006.

28 Matos LC, Tavares MM, Amaral TF. Handgrip strength as a hospital admission nutritional risk screening method. Eur J Clin Nutr 2007;61:1128e35.

29 Klidjian AM, Foster KJ, Kammerling RM, Cooper A, Karran SJ. Relation of anthropometric and dynamometric variables to serious postoperative complications. BMJ 1980;281:899e901.

Referências

Documentos relacionados

2 – Testar a hipótese de que a administração precoce do NOi reduz a mortalidade, o tempo de internação na unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP) e a duração

O Unity 3d® não é um programa de modelagem, por tanto as malhas descritivas e as texturas devem ser produzidas no 3ds max® ou em qualquer ou programa como o Autodesk maya® ou

e vendendo - 49%.. Os preços dos inseticidas destinados à proteção dos produtos no armazenamento, evoluiam mais do que os preços dos produtos - 37%.. Para 14% dos produtores,

Em atendimento à Deliberação CVM nº 207 de 31 de dezembro de 1996, e às normas fiscais, a Companhia optou por contabilizar os juros sobre capital próprio propostos no montante de

Uma das principais aplicações diretas do método seria extrapolar o valor de força, a partir do sinal eletromiográfico, para situações onde não é possível medir a força

Foi observada baixa correlação entre a massa muscular e a FPP, o que sugere que outros fatores parecem influenciar a força muscular e não somente a quantidade de músculo em

A disciplina apresenta as especificidades processuais atinentes à área trabalhista, de modo que o estudo da legislação processual desenvolvido até o momento será

Uma Unidade de Aprendizagem (UA) é uma construção teórica de hipóteses de trabalho que inclui não só os conteúdos curriculares necessários, mas também auxilie no