Seguridade Social
Existe no Brasil um sistema de proteção social destinado a proteger todos os cidadãos em todas as situações de necessidade, denominado Seguridade Social. Sua atuação, composta de serviços e benefícios, desenvolve-se por meio de três áreas distintas, com organização e ministérios próprios, quais sejam: saúde (Ministério da Saúde); assistência social (Ministério do Desen- volvimento Social e Combate à Fome) e previdência social (Ministério da Pre- vidência Social).
Ao Estado compete organizar e administrar a Seguridade Social e a res- ponsabilidade por garantir a proteção preconizada é não somente do poder público, mas também da sociedade (CF, art.194).
Saúde
Com disposição expressa na Constituição Federal (CF), artigos 196 a 200, trata-se de política socioeconômica, atualmente representada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de instituído em sistema único, é descentra- lizado e com direção em cada esfera de governo. Seu objetivo principal é a prevenção e a erradicação de doenças, bem como o tratamento e a recupera- ção de pessoas já debilitadas.
Conforme disposição constante no artigo 197 da Carta Constitucional, somente a lei poderá dispor sobre sua regulamentação, fiscalização e con- trole.
Características
direito de todos;
natureza gratuita;
Seguridade Social – conceituação
e princípios constitucionais
dever do Estado;
garantida por políticas sociais e econômicas;
exercida tanto pelo Poder Público, como pela iniciativa privada.
Assistência Social
Com fundamento na CF, artigos 203 e 204, a Assistência Social tem por obje- tivo precípuo o atendimento das necessidades básicas dos cidadãos. Trata-se, portanto, de política social, com finalidade de proteger a família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice. Também é de sua responsabilidade o amparo às crianças e aos adolescentes carentes, além de promover a integração ao mer- cado de trabalho e a habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiên- cia com sua integração à vida comunitária.
Características
direito de todos que dela necessitarem;
natureza gratuita;
dever do Estado;
ações desenvolvidas de forma descentralizada – coordenação e normas
gerais a cargo da esfera federal, mas coordenação e execução dos progra- mas a cargo das esferas estadual e municipal, bem como por entidades beneficentes de assistência social;
participação da população na formulação das políticas e no controle das
ações, por meio de organizações representativas.
Benefício assistencial
A Assistência Social concede, ainda, um único benefício mensal de prestação continuada, no valor de um salário mínimo e cujo objetivo é suprir a carência de renda para que o cidadão tenha condições mínimas de sobrevivência. Possui fundamento constitucional no inciso V do artigo 203 e é regulamentado pela Lei 8.742/93
1.
1 Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
O benefício assistencial será garantido aos idosos e aos deficientes que com- provem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la man- tida pela família. Considera-se idoso o cidadão com 65 anos completos, seja do sexo masculino ou feminino. Caracterizam-se como deficientes aqueles que possuem incapacidade (ainda que temporária) para a vida independente e para o trabalho.
No entanto, não basta ser idoso ou deficiente para fazer jus ao benefício, sendo necessário, ainda, que se comprove renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário mínimo. Como a Lei 8.742/93 determina que se utilize a definição de família contida na legislação previdenciária (Lei 8.213/91, art.16), assim será con- siderada apenas o núcleo básico, constituído por cônjuge, companheiro (a), filhos não emancipados, de qualquer condição, menores de 21 anos ou inválidos, pais e irmãos, também não emancipados e menores de 21 anos ou inválidos.
Não obstante o rigor na esfera administrativa (renda inferior a 1/4 do salário mínimo e núcleo familiar básico), judicialmente há flexibilização desses requisi- tos, sendo possível obter o benefício com renda superior a esse limite e também sendo possível a inserção de netos e avós no núcleo familiar, conforme a real necessidade comprovada no curso processual.
Previdência Social
Organizada sob a forma de regime geral, a Previdência Social encontra funda- mento constitucional nos artigos 201 e 202, sendo disciplinada principalmente pelas Leis 8.212/91 (custeio/financiamento) e 8.213/91 (plano de benefícios). Sua regulamentação consta do Decreto 3.048/99.
A proteção que lhe cabe refere-se à garantia de meios de subsistência quando de períodos de improdutividade financeira, tais como doença, invalidez, mater- nidade e idade avançada. Também compete à Previdência Social a concessão de salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda e pensão por morte quando do falecimento do segurado titular.
A proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário, apesar
de estar disposta no inciso III do artigo 201 da CF/88, não faz parte dos benefícios
oferecidos pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS), possuindo regula-
mentação própria e específica na Lei 7.998/90 (seguro-desemprego).
Características
direito de todos;
natureza contributiva;
filiação obrigatória para todos os que exercem atividade remunerada;
deve observar critérios de preservação do equilíbrio financeiro e atuarial;
sistema de previdência complementar facultativo.
Conforme artigo 9.º da Lei 8.213/91, o sistema previdenciário brasileiro é com- posto de três regimes distintos, de filiação obrigatória conforme o exercício da atividade remunerada. São eles:
a) RGPS, que abrange toda a iniciativa privada e a maioria dos municípios bra- sileiros;
b) Regime Próprio dos Servidores Civis, que abrange os servidores públicos federais, estaduais, do Distrito Federal e dos municípios que optaram por constituir um regime próprio;
c) Regime Próprio dos Militares, que abrange servidores da Marinha, Exército e Aeronáutica.
Sistema de repartição simples
A Previdência Social brasileira, mantida pelo Poder Público, obedece ao sis- tema de repartição simples, em que a geração ativa (trabalhadores) contribui regularmente para manter o benefício da geração idosa ou inativa (aposentados, pensionistas e beneficiários em geral). Esse sistema é diverso daquele adotado na previdência privada (complementar), denominado “capitalização” e no qual a con- tribuição efetuada pelo participante servirá para custear seu próprio benefício de aposentadoria.
No sistema de repartição simples a contribuição do participante é utilizada
imediatamente para o pagamento dos benefícios já existentes, não havendo
qualquer reserva própria para uma aposentadoria futura. Há, portanto, um pacto
intergeracional, sendo que a geração ativa atual sustenta a geração inativa e, no
futuro, os contribuintes de hoje devem acreditar que existirão trabalhadores sufi-
cientes para garantir-lhes os benefícios previdenciários de que necessitarem. Esse
sistema implica, ainda, uma espécie de solidariedade compulsória, posto que o
valor contribuído é destinado a custear o benefício de terceiros, estranhos ao con- tribuinte, independentemente de sua vontade.
Também em face do sistema de repartição, dispõe o §5.º do artigo 195 da CF que somente se permitirá criar, majorar ou estender benefícios previdenciários se primeiramente instituída a fonte de custeio necessária (princípio da precedência da fonte de custeio).
Organização
A organização da Previdência Social encontra-se a cargo do Poder Executivo, mais especificamente ao Ministério da Previdência Social. É sua estrutura básica, conforme Decreto 6.417/2008:
Poder Executivo
MPS Previdência Social Previdência Complementare
I - Órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro de Estado:
Gabinete;
Secretaria executiva;
Consultoria jurídica.
II - Órgãos Específicos Singulares:
Secretaria de Políticas de Previdência Social;
Secretaria de Previdência Complementar.
III - Órgãos Colegiados:
Conselho Nacional da Previdência Social;
Conselho de Recursos da Previdência Social;
Conselho de Gestão da Previdência Complementar.
IV - Entidades Vinculadas:
INSS – Autarquia federal;
DATAPREV - Empresa pública.