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Repositório Institucional UFC: Evidenciação de passivos e contingências ambientais das empresas que compõem a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ALAN ARAUJO WEBER

EVIDENCIAÇÃO DE PASSIVOS E CONTINGÊNCIAS AMBIENTAIS DAS EMPRESAS QUE COMPÕEM A CARTEIRA DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

(ISE)

Orientadora: Profa. Dra. Márcia Martins Mendes De Luca

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ALAN ARAUJO WEBER

EVIDENCIAÇÃO DE PASSIVOS E CONTINGÊNCIAS AMBIENTAIS DAS EMPRESAS QUE COMPÕEM A CARTEIRA DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

(ISE)

Artigo apresentado ao Curso de Ciências Contábeis do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador(a): Profa. Dra. Márcia Martins Mendes De Luca

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Evidenciação de Passivos e Contingências Ambientais das Empresas que Compõem a Carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).

RESUMO

É crescente a preocupação com o meio ambiente, em todos os aspectos, pela sociedade como um todo. O estudo tem como tema central a Contabilidade Ambiental e apresenta o objetivo geral de analisar o nível de evidenciação de passivos e contingências ambientais, reunindo uma população de 37 empresas participantes da carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBovespa, no ano de 2012. Das 37 empresas analisadas, apenas 16 empresas apresentaram algum tipo de evidenciação acerca de seus passivos e contingências de cunho ambiental, verificada a partir da análise de conteúdo dos relatórios anuais de sustentabilidade e das demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Notas Explicativas) referentes ao exercício de 2011. Os resultados mostram um baixo nível de evidenciação desses passivos e contingências, o que denota uma necessidade de interesse maior por parte das entidades, independente do nível de impacto de poluição ambiental de suas atividades, em prol de uma maior transparência de informações ambientais ao mercado.

Palavras-Chave: Passivos ambientais. Contingências Ambientais. Evidenciação.

1. INTRODUÇÃO

A contabilidade, por meio de sua forma sistemática de mensuração, registro e controle, contribui de forma positiva nos mais diversos aspectos do mundo empresarial. Dentre esses, destacam-se os aspectos relacionados ao campo da proteção e preservação ambiental, com dados resultantes das atividades de exploração do meio ambiente pelas empresas. Em geral, esse conjunto de informações gerado a partir de ferramentas de mensuração e evidenciação de dados relativos ao meio ambiente, é denominado de “contabilidade ambiental”.

A contabilidade ambiental pode vir a ser definida, portanto, como sendo o registro do patrimônio ambiental de determinada entidade, e suas respectivas mutações, expressos monetariamente.

Dentre os elementos da contabilidade ambiental, para fins do presente estudo, destacam-se os passivos ambientais como as obrigações que as empresas têm em detrimento de sua responsabilidade social perante o espectro do meio ambiente. Ainda que não exista nenhum tipo de fiscalização ou cobrança com embasamento formal ou legal, este passivo ambiental deve sempre ser reconhecido e demonstrado a partir do momento em que se possa prevê-lo e mensurá-lo contabilmente.

Conforme o estudo de Ribeiro (2005), a principal origem dos passivos ambientais surge dentro de muitas empresas através das suas próprias atividades operacionais as quais implicam na degradação ou consumo de elementos do meio ambiente.

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Pode-se notar que, há alguns anos, vem-se aumentando a pressão e a consequente cobrança exercida pela sociedade, sobre as empresas que não respeitam o cenário ambiental. Por este motivo, juntamente à crescente demanda do mercado, tais empresas estão sendo, de certa forma, coagidas a utilizar uma política que tenha ferramentas capazes de gerar controle, preservação e recuperação do meio ambiente com o intuito de garantir sua continuidade no meio em que está inserida.

Com sua temática central focada na Contabilidade Ambiental, na tentativa de buscar em demonstrativos contábeis, financeiros e sociais, informações sobre a evidenciação de passivos e contingências ambientais das empresas, a questão de pesquisa vem a ter o seguinte conteúdo: Qual o nível de evidenciação de passivos e contingências ambientais das empresas participantes da carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA?

Portanto, a pesquisa tem como objetivo geral analisar o nível de divulgação dos passivos e contingências ambientais das empresas participantes da carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBOVESPA.

Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem qualitativa, adotando-se os procedimentos bibliográfico e documental, aplicando-se a análise de conteúdo nos relatórios anuais de sustentabilidade e nos demonstrativos contábeis do exercício de 2011 das 37 empresas participantes da carteira do ISE da BM&FBOVESPA em 2012.

Cabe ressaltar que o presente estudo se justifica na medida em que, ao analisar o nível de evidenciação de passivos e contingências relacionadas ao meio ambiente pelas empresas, aborda e esclarece acerca de um tema ainda pouco explorado de forma empírica na gama de trabalhos científicos sobre o tema Contabilidade Ambiental. Contribuirá, portanto, para ampliar a literatura sobre a aplicação da Contabilidade Ambiental, em especial, sobre a evidenciação ambiental e sua relevância para os stakeholders.

O trabalho está estruturado em cinco seções. Além desta introdução, a seção 2 apresenta a revisão bibliográfica sobre contabilidade e evidenciação ambiental, passivos e contingências ambientais e estudos anteriores sobre o tema; e a seção 3 apresenta os procedimentos metodológicos utilizados. Na seção 4 são apresentados os resultados da pesquisa, seguida das conclusões (seção 5).

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONTABILIDADE E EVIDENCIAÇÃO AMBIENTAL

De acordo com os ideais de Tinoco e Kraemer (2004), a gestão ambiental deve ser interpretada como um sistema que agrega aspectos que compõem a estrutura organizacional, atividades de planejamento, práticas, responsabilidades, processos, procedimentos e recursos com o intuito de desenvolver, realizar uma análise crítica e manter a política ambiental na instituição. É uma tentativa por parte da empresa de diminuir ou até mesmo eliminar os efeitos negativos provocados no meio ambiente por suas atividades operacionais.

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preventivos e estejam sempre em plena atividade, acompanhando de perto todos os efeitos ambientais, positivos ou negativos, da atividade, produtos e serviços.

Ferreira (2003) enfatiza a importância da Contabilidade Ambiental como uma ferramenta para geração de sistema de informação adequado à implantação e manutenção da gestão ambiental na instituição. Ainda vem afirmar que o crescimento e o constante desenvolvimento da Contabilidade Ambiental podem ser vistos como um resultado da necessidade de oferecer informações que podem vir a ser adequadas às características de uma gestão ambiental, sendo utilizadas ferramentas para o alcance desta.

Segundo Ribeiro (2006), a Contabilidade Ambiental tem o objetivo de identificar, mensurar e esclarecer determinados eventos de cunho econômico e financeiro. É dada ênfase para aqueles que estejam relacionados com a constante proteção, preservação e, caso necessário, recuperação do meio ambiente, ocorridos em um determinado período de tempo, com o intuito de evidenciar da forma mais transparente possível esses eventos na situação patrimonial de uma instituição. Reforçando tal ideia, para Ribeiro (2006), a grande contribuição da Contabilidade Ambiental pode ser encontrada na evidenciação adequada das informações contábeis de natureza ambiental de forma separada e definida, objetivando informar o usuário acerca da forma de envolvimento da entidade com o cenário ambiental.

No que se refere à evidenciação contábil ambiental, Tinoco e Kraemer (2004) descrevem os relatórios ambientais como ferramentas que as entidades utilizam para tentar descrever e divulgar seu desempenho ambiental, compreendendo de forma genérica o fornecimento de dados, que podem ou não ser auditados, geralmente referentes aos acontecimentos e impactos das atividades operacionais da empresa no meio ambiente e que envolvem, de um modo geral, riscos, impactos, políticas, estratégias, custos, despesas, receitas, passivos ou qualquer outra informação considerada relevante para o seu desempenho ambiental. Tais dados devem ser disponibilizados para todos aqueles que se interessam por esse tipo de informação, considerados seus parceiros sociais, permitindo-os assim entender seu relacionamento com a empresa em questão.

De acordo com Ribeiro (2005), as informações de natureza ambiental são evidenciadas, via de regra, no Brasil, de forma separada da estrutura tradicional do Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados, mediante contas de natureza ambiental, com menções, em alguns casos, de acordo com as políticas gerenciais da entidade, no Relatório da Diretoria e em Notas Explicativas. Complementando a assertiva, Paiva (2003) cita que algumas alternativas, hoje de grande importância, foram criadas para divulgação, podendo-se citar o Balanço Social, Ecobalanço, Relatórios de Sustentabilidade, Demonstrações Alternativas, Quadros Suplementares, dentre outros.

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que estas entidades têm de que estas informações, se divulgadas, possam gerar pressões dos stakeholders e danos, muitas vezes irreversíveis, à imagem da instituição perante a sociedade.

Considerando que a contabilidade e a evidenciação ambiental ainda têm muito a avançar em técnicas que possam melhor conhecer, registrar, avaliar e mensurar os itens ambientais, o presente estudo leva em conta os passivos e contingências ambientais, tendo em vista que representa um dos itens de maior dificuldade de mensuração e, consequentemente, de evidenciação.

2.2 PASSIVOS E CONTINGÊNCIAS AMBIENTAIS

Ribeiro (2006) explica que a definição e classificação de passivos ambientais estão na constituição da expectativa de sacrifício de benefícios futuros imposto por legislações e regulamentações ambientais, que podem ser taxas, contribuições, multas e penalidades por infrações legais e, ainda, em decorrência de ressarcimento a terceiros por danos provocados ao meio ambiente, estimativa de gastos para recuperação deste e restaurações de áreas degradadas decorrente das atividades da organização. Estes sacrifícios podem ser de iniciativa própria, ou exigidos por lei ou terceiros. Em resumo, passivos ambientais, de acordo com a autora, são todos os compromissos adquiridos pela empresa que impliquem o provável consumo de recursos futuros para fazer face às obrigações decorrentes de questões do meio ambiente.

Tinoco e Kraemer (2004) corroboram com tais conceitos ao afirmar que passivos ambientais referem-se a ganhos ou benefícios econômicos que, no futuro, serão sacrificados em decorrência da consequente obrigação contraída perante terceiros, com o objetivo de preservação, proteção e, em alguns casos, recuperação do meio ambiente.

As contingências ambientais podem ser ativas ou passivas e são geradas por eventos que provavelmente ocorrerão no futuro. Segundo Bergamini Júnior (1999) a contingência ambiental surge de uma situação de risco potencial ao ambiente cuja efetivação está vinculada a um evento com determinada probabilidade de ocorrência no futuro. Pode-se concluir, então, que a materialização de ganho ou perda para a instituição dependerá da ocorrência, ou não, de um evento futuro para caracterizar sua emergência. Dessa forma, destaca-se que a diferença básica entre passivos e contingências ambientais é que nestas conta-se com a probabilidade de saída de recursos da entidade.

Portanto, ainda que os riscos ambientais sejam de eventos de existência futura, para arcar com esses prováveis gastos futuros, distribuindo-os pelos exercícios em que ocorreu o fato gerador, em atendimento ao princípio da competência, a boa prática contábil recomenda a constituição de provisão para contingências.

Segundo a conceituação de Tinoco e Kraemer (2004), um passivo ambiental deve ser reconhecido a partir do momento em que existe uma obrigação por parte da empresa que esteve sujeito a um custo ambiental que ainda não foi desembolsado, desde que este atenda à característica de tal reconhecimento como uma obrigação por parte da entidade. Partindo dessa definição, pode-se dizer que tais custos ambientais configuram-se de fato como exigibilidade, do ponto de vista contábil, no momento que se torna uma obrigação presente ou futura a ser liquidada, em decorrência de fatos e eventos anteriores.

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Reafirmando a sua importância, Leonardo (2003) alega que uma decisão errada em termos de reconhecer e mensurar ativos, passivos ou contingências no que tange a área ambiental pode ter os mais profundos e sérios efeitos, o que pode ir muito além da própria entidade, dos seus funcionários e dos seus investidores, podendo, inclusive, comprometer o futuro de muitas gerações.

No que se refere ao reconhecimento nas demonstrações contábeis, o passivo ambiental deve estar registrado em relatórios que possibilitem o conhecimento à maior parte dos usuários, de um modo geral, de acordo com suas características e necessidades específicas. As formas mais comuns para seu registro, segundo Ribeiro (2005) e Kraemer (2005) são:

a) Consumos do exercício atual, que podem ser classificados como passivos que podem ter origem em insumos ou serviços, totalmente consumidos, necessários ao gerenciamento do meio ambiente ou, se necessário, à recuperação de danos causados a este. Esse tipo de obrigação deve ser contabilizado em contrapartida a uma conta do resultado operacional da empresa, caso o fato gerador ocorrer no exercício em curso. Esse procedimento é utilizado tomando como base o princípio da competência.

b) Resultados de exercícios anteriores, que, como a própria nomenclatura deixa claro, representa uma exigibilidade ambiental decorrente de eventos passados. Tal forma de registro consiste em fatos geradores ocorridos em exercícios anteriores e que não possam ser atribuídos aos períodos subsequentes como, por exemplo, a recuperação de áreas poluídas, onde a contrapartida dos ajustes deverá ser feita diretamente à conta de Resultado do Exercício em curso.

c) Contingências Ambientais, que é tratada como uma obrigação que poderá vir a surgir, dependendo de um evento futuro, ou seja, procuram refletir os riscos a que a empresa está sujeita à ocorrência de determinado evento ambiental. Estes acontecimentos podem, e são, geralmente, baseados em probabilidades em que há uma provável ocorrência; probabilidade de acontecimento razoavelmente possível; ou probabilidade remota de que tal evento ocorra.

No que tange à mensuração do passivo, em muitos casos existem dificuldades em determinar precisamente os valores dos gastos que serão desembolsados para liquidar os passivos ou contingências, sendo necessário lançar mão de estimativas. Para tanto, Ribeiro (2006) propõe que tais estimativas sejam feitas tomando como base algumas informações sobre conjuntos de perdas possíveis, considerando a melhor das alternativas apresentadas. Também podem ser consideradas experiências práticas anteriores, assim como novos conhecimentos sobre técnicas de legislação aplicadas ao assunto.

Destaca-se ainda a Resolução nº 1.003, de 19 de agosto de 2004, do Conselho Federal de Contabilidade, que aprova a Normas Brasileiras de Contabilidades Técnicas (NBC T 15), a qual estabelece os procedimentos para evidenciação das informações de natureza social e ambiental, dentre elas, os passivos e contingências ambientais.

A NBC T-15, orienta as entidades sobre a forma de como deve ser a divulgação de informações sociais e ambientas, instituindo, para tal, a Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, que deve ser apresentada com as informações inerentes ao exercício atual e ao anterior, permitindo a comparabilidade destes períodos. A estrutura dessa demonstração deve conter os seguintes principais itens de informações: a) Geração e Distribuição da Riqueza; b) Recursos humanos; c) Interação da Entidade com o Ambiente Externo; e d) Interação com o Meio Ambiente.

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para a melhoria do meio ambiente; investimentos e gastos com a preservação e/ou recuperação de ambientes degradados; investimentos e gastos com a educação ambiental para empregados, terceirizados, autônomos e administradores da entidade; investimentos e gastos com educação ambiental para a comunidade; investimentos e gastos com outros projetos ambientais; quantidade de processos ambientais, administrativos e judiciais movidos contra a entidade; valor das multas e das indenizações relativas à matéria ambiental, determinadas administrativa e/ou judicialmente; passivos e contingências ambientais.

Em seu item 15.1.4, a NBC T explica que, quando divulgadas, as informações anteriormente mencionadas devem ser tratadas como dados complementares às demonstrações contábeis, não se confundindo com o conteúdo das notas explicativas. Segundo Beuren et al. (2010), mesmo que a companhia opte por apresentar as informações estabelecidas na norma em notas explicativas ou no relatório da administração, ela deverá divulgá-las em uma demonstração complementar chamada de Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental.

Ainda de acordo com a NBC T 15, o item 15.2 estabelece que a Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental deverá ser auditada e incluída no relatório da auditoria independente quando a empresa for passível de tal procedimento, a fim de garantir a confiabilidade dos dados do mesmo modo como é feito com as demonstrações já divulgadas pelas empresas.

Na mesma linha de pensamento, na opinião de Bergamini Junior (1999), a identificação e posterior mensuração dos passivos e contingências de cunho ambiental têm como ponto de partida o reconhecimento da existência de uma obrigação relativa ao meio ambiente, ou seja, quando a empresa incorrer em um custo ambiental ainda não desembolsado, que atenda aos critérios contábeis de reconhecimento de uma obrigação. Assim sendo, ele será reconhecido quando uma empresa, no andamento de suas atividades, causar danos ao meio ambiente ao utilizar de recursos naturais para execução de suas atividades.

De acordo com as conclusões expostas na pesquisa de Bergamini Júnior (1999), o desenvolvimento de técnicas adequadas e voltadas para a mensuração do risco ambiental deve ser agregado de forma integrada aos demais fatores que interferem no risco global das entidades de um modo geral. O autor afirma ainda que a utilização dessas técnicas obterá êxito se estas técnicas estiverem associadas à adoção, pelas instituições, de ferramentas adequadas que busquem promover o princípio de plena transparência na prestação de contas a todos os interessados, no que tange ao quesito de informações de cunho ambiental. Portanto, pode-se concluir que essa transparência representará, de uma forma mais abrangente e completa, uma postura de compromisso para com os interesses gerais de todas as instituições e da sociedade como um todo.

Em se tratando de embasamento teórico legal, não se pode deixar de mencionar o CPC 25 (2009), o qual estabelece de forma bem clara os critérios para mensuração e reconhecimento de passivos e ativos contingentes, em correlação às Normas Internacionais de Contabilidade apresentadas no IAS 37. O pronunciamento menciona, sucintamente, em seus itens 19 e 21 acerca de provisões de caráter ambiental.

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convergência de ferramentas e metodologias e a padronização de indicadores, contábeis ou não, de desempenho ambiental.

2.3 ESTUDOS EMPÍRICOS ANTERIORES

Em estudo realizado por Souza e Ribeiro (2004), que teve como objetivo primordial analisar a interação da indústria madeireira localizada na Amazônia mato-grossense com o meio ambiente, partindo do pressuposto de que, para uma empresa que exerce a atividade madeireira, os cuidados ambientais devem ser redobrados e encarados como uma questão de sobrevivência, chegou-se a resultados que indicaram que a maior preocupação das empresas do ramo na atualidade está focada no alto índice de perda de matéria-prima durante o processo de produção, o qual se caracteriza como um de seus maiores problemas relacionados ao meio ambiente. O estudo revelou, ainda, que as contingências ambientais merecem uma maior atenção por parte das entidades atuantes no ramo, em decorrência dos impactos ambientais causados pela emissão de gases poluentes na atmosfera, gerados principalmente pela queima de resíduos sólidos de madeira. A desconsideração de tal fato poderá vir a comprometer a continuidade da empresa, uma vez que isso pode levar a passivos ambientais muito grandes. No estudo, a simulação de apenas uma autuação indicou uma redução de cerca de 8,41% no Patrimônio Líquido da empresa.

Corroborando toda a precariedade das demonstrações das informações contábeis relativas ao meio ambiente, em um estudo realizado por Rover, Alves e Borba (2006), que teve como amostra oito empresas de diversos ramos de atuação, todas elas listadas na BM&FBovespa e na NYSE (Bolsa de Valores de Nova Iorque), pode-se constatar que, apesar de tais entidades estarem plenamente conscientes de que suas atividades operacionais geram consequências negativas e nocivas ao meio ambiente, não quantificam seus passivos ambientais. Nota-se que a maioria das empresas pesquisadas, como relata o estudo, utiliza alguns relatórios como, por exemplo, o de Sustentabilidade, como mero instrumento de marketing, o que é algo negativo, tendo em vista a falta de transparência e evidenciação das informações de cunho ambiental. O estudo ainda constata, após análise das companhias presentes na amostra, que as Demonstrações Contábeis anuais destas apresentam, sim, informações de caráter ambiental em contas patrimoniais e na DMPL (Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido), nos relatórios da administração e nas notas explicativas. Informações ambientais destas empresas também foram encontradas nos seus respectivos Balanços Sociais.

Em outro estudo, no qual se realizou um estudo de caso de uma grande empresa do ramo petrolífero brasileiro, analisando os impactos ambientais relatados nas demonstrações contábeis, consequentes de acidentes ocorridos nos anos de 2000 e 2001, Bertoli e Ribeiro (2006) relataram, a título de conclusão, que, apesar das diversas atividades realizadas com o intuito de evitar danos ao meio ambiente pela empresa analisada, pode-se observar que, durante tal período, foram muitos os acidentes ecológicos ocorridos. A empresa relata em informações contábeis, preocupação e comprometimento com o meio ambiente, o quanto vem sendo investido neste em termos de melhorias tecnológicas objetivando a diminuição de emissão de agentes poluentes, prevenção de acidentes, dentre outras medidas e recursos, tendo como finalidade principal a diminuição da capacidade de geração de lesões ao meio ambiente apresentada pela entidade em estudo. Ainda há o provisionamento contábil de indenizações e multas referentes aos acidentes ocasionados pela empresa no período.

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questão, o impacto ao meio ambiente é diferente em cada empresa, dependendo, assim, dos aspectos regionais onde a mesma está instalada. Daí, a necessidade de consulta prévia de órgãos responsáveis fiscalizadores.

Em outro estudo sobre a temática, Leite, Ribeiro e Pacheco (2007), ao analisar passivos ambientais e a interação de 15 empresas do setor de produtos químicos com o meio ambiente, chegaram a conclusões não muito divergentes em relação ao estudo de Carneiro, De Luca e Oliveira (2008). Ao realizar um diagnóstico sobre a evidenciação do passivo ambiental e as interações das empresas da amostra com o meio ambiente, Leite, Ribeiro e Pacheco (2007) concluíram que, das 15 empresas analisadas, apenas uma destaca no grupo de contas do Passivo Exigível a Longo Prazo (atual Passivo Não Circulante) uma rubrica denominada de provisão para recuperação de custos com mina, assim como o Balanço Social também é apresentado apenas por uma empresa. Também não foi apresentada a Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental de acordo com a NBC T 15. No estudo, de modo geral, observou-se que as empresas procuram destacar no Relatório de Administração, mais que nas Notas Explicativas, as interações com o meio ambiente, não sendo, portanto, diferente das conclusões da pesquisa anterior.

Costa e Marion (2007), após a realização de estudo que tem como principal objetivo verificar a uniformidade das informações ambientais entre os relatórios disponibilizados pelas empresas do setor de papel e celulose através do site da BOVESPA e de seus respectivos sites, verificaram que existe uma grande dificuldade em se analisar as informações contábeis de caráter ambiental e, consequentemente, identificar as empresas mais comprometidas com a preservação, recuperação e manutenção do meio ambiente, basicamente devido à falta de uniformidade na estrutura dos relatórios contábeis e administrativos utilizados pelas empresas e pelo uso, quase sempre, de textos sem nenhum tipo de preocupação com os dados que possam vir a serem retirados deles. O estudo ainda ressalta que há uma constante tentativa de suprir a necessidade de uniformização dos relatórios contábeis ambientais, uma vez que determinadas organizações e algumas poucas empresas preocupadas com a sustentabilidade da natureza, por imposições do mercado e da sociedade como um todo, elaboraram diversos tipos de balanços ambientais que tem como objetivo tornar melhor a evidenciação de impactos ao meio ambiente oriundos de atividades empresariais. No entanto, nenhum órgão regulador instituiu a obrigatoriedade de utilização de tais modelos. Como hoje já existe uma infinidade de modelos, a adoção das empresas de algum tipo destes também interfere de forma relevante para que não haja uniformidade no momento da análise de caráter ambiental.

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3. METODOLOGIA

A pesquisa, de temática central Contabilidade Ambiental, partindo do ponto de definição dos seus objetivos, geral e específicos, dos procedimentos adotados para análise, estudo e interpretação, e construção da questão problema, seguem suas características.

Quanto aos objetivos, pode-se dizer que se trata de um estudo descritivo, que, conforme Gil (1996), visa à descrição das características de determinada população ou fenômeno, e tem por objetivo levantar opiniões e atitudes de uma população. Dessa forma, a presente pesquisa visa identificar e analisar o nível de divulgação de passivos e contingências ambientais das empresas componentes da amostra.

Sobre a natureza, ou abordagem do problema, a pesquisa pode ser caracterizada como qualitativa, uma vez que é feito um estudo que abrange uma análise de conteúdo das demonstrações financeiras (Balanço patrimonial e notas explicativas) e os relatórios anuais e de sustentabilidade das empresas com o objetivo já citado anteriormente. Collis e Hussey (2005) afirmam que os estudos de natureza qualitativa são aqueles em que se tentar compreender os dados secundários coletados sem uma análise estatística.

Quanto aos procedimentos tem-se um estudo bibliográfico e documental, com embasamento na conceituação e estudos empíricos anteriores acerca do tema, e a utilização de leis e normas, que auxiliam no alicerce da construção textual da presente pesquisa, como, por exemplo, a NBC T 15 do CFC (CFC, 2004), que trata sobre a informação de natureza social e ambiental gerada pelas empresas, e a Lei 10.165/2000 (BRASIL, 2000).

Foram analisadas as Demonstrações Financeiras (Balanço Patrimonial e Notas Explicativas) e Relatórios Anuais de Sustentabilidade do ano de 2011 das empresas participantes da carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), com o objetivo de identificação de passivos e contingências ambientais presentes nesses demonstrativos.

A população é, portanto, composta por 37 empresas que participam da carteira do ISE, do ano de 2012. Tal índice foi criado pela BM&FBOVESPA, atuando em conjunto com diversas instituições – ABRAPP, ANBIMA, APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e Ministério do Meio Ambiente – órgãos que atuam no auxílio da criação e divulgação de indicadores de cunho social e ambiental pelas empresas.

As empresas da população estão listadas na BM&FBOVESPA de acordo com seu segmento de listagem, que se divide em Tradicional, Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado. Elas são de diversos setores e possuem diferentes níveis de impacto ambiental, de acordo com o anexo VIII da lei 10.165 de 2000, como mostra o Quadro 1.

Quadro 1 – Empresas da carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) do ano de 2012

EMPRESA Segmento de Listagem

na BM&FBovespa Setor/Atuação Ambiental. Impacto Inds Romi Novo Mercado Máq. e Equip. Industriais Médio Anhanguera Novo Mercado Serv. Educacionais Pequeno

Coelce Bolsa Energia Elétrica Médio

Even Novo Mercado Construção Civil Pequeno

Natura Novo Mercado Produtos de Uso Pessoal Médio CPFL Energia Novo Mercado Energia Elétrica Médio

AES Tietê Bolsa Energia Elétrica Médio

Ecorodovias Novo Mercado Transporte Alto

Brasil Foods Bolsa Alimentos e Bebidas Médio

Duratex Novo Mercado Madeira e Papel Médio

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Light S/A Novo Mercado Energia Elétrica Médio

Eletropaulo Nível 2 Energia Elétrica Médio

Tractebel Novo Mercado Energia Elétrica Médio

Sulamérica Nível 2 Seguradoras Pequeno

Energias do Brasil Novo Mercado Energia Elétrica Médio

Ultrapar Novo Mercado Holdings Pequeno

Embraer Novo Mercado Material Aeronáutico Médio

Bradesco Nível 1 Bancos Pequeno

Cesp Nível 1 Energia Elétrica Médio

Copel Nível 1 Energia Elétrica Médio

Suzano papel Bolsa Papel e Celulose Alto

Tim Part S/A Novo Mercado Telecomunicações Médio

Sabesp Novo Mercado Água e Saneamento Médio

Fibria Novo Mercado Papel e Celulose Alto

Itausa Nível 1 Bancos Pequeno

Oi Bolsa Telecomunicações Médio

Brasken Nível 1 Petroquímicos Alto

Cemig Bolsa Energia Elétrica Médio

Gerdau Nível 1 Siderurgia e Metalurgia Alto

Gerdau met Nível 1 Siderurgia e Metalurgia Alto

Eletrobras Bolsa Energia Elétrica Médio

Vale Nível 1 Minerais Metálicos Alto

Santander Nível 2 Bancos Pequeno

Banco do Brasil Novo Mercado Bancos Pequeno

Itauunibanco Nível 1 Bancos Pequeno

Bicbanco Nível 1 Bancos Pequeno

Fonte: BM&FBOVESPA (2012)

Pode-se perceber, de acordo com o Quadro 1, que o segmento Novo Mercado contém o maior número de empresas na carteira do ISE, totalizando um número de 17 empresas. O segmento Nível 2 vem a ser o de menor quantidade, com apenas 3 empresas na carteira do ISE 2012.

Como se pode ver, no mesmo Quadro 1, das 37 empresas listadas no índice, o setor energia elétrica apresenta o maior número de empresas (11), seguido do setor bancos, com 6 empresas. Os demais setores variam entre uma ou duas empresas, cada.

Utiliza-se ainda no presente estudo a classificação das empresas quanto ao seu nível de impacto ambiental em Alto, Médio ou Pequeno índice de poluição e/ou utilização de recursos ambientais, de acordo com sua atividade operacional. Tal classificação considera o anexo VIII da Lei nº 10.165, de 27.12.2000, que altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Sobre a técnica de tratamento dos dados, ressalta-se que foi adotada a análise de conteúdo. Segundo Bardin (2004), a análise de conteúdo deve apresentar 3 fases distintas. Tais fases compreendem: (1) pré-análise documental e bibliográfica; (2) exploração de material, que, em tal estudo, compreende os relatórios anuais de sustentabilidade, as demonstrações e notas explicativas, e (3) análise de resultados obtidos e interpretação dos mesmos.

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4. ANÁLISE DE RESULTADOS

Das 37 empresas que participam da carteira do ISE, no ano de 2012, apenas 16 empresas, ou seja, 43,2% da população apresentaram ou fizeram algum tipo de menção a passivos e/ou contingências de cunho ambiental nos relatórios de 2011 analisados (demonstrações financeiras, relatórios de sustentabilidade ou relatórios anuais de sustentabilidade).

O Quadro 2 apresenta a relação das 16 empresas que constituíram a amostra da pesquisa, indicando aquelas que evidenciaram os passivos e as contingências ambientais e os demonstrativos em que se encontrou tal divulgação.

Quadro 2 – Empresas da amostra que apresentam passivos e/ou contingências ambientais e sua fonte de evidenciação

Empresa Passivo

Ambiental Contingência Ambiental Fonte da evidenciação

AES Tietê Não Sim Balanço Patrimonial e

Relatório Anual de Sustentabilidade Bicbanco Sim Sim Relatório Anual de Sustentabilidade Brasken Sim Não Relatório Anual de Sustentabilidade

Cemig Não Sim Balanço Patrimonial e

Notas Explicativas

CESP Sim Sim Relatório Anual de Sustentabilidade

Coelce Não Sim Relatório Anual de Sustentabilidade

Copel Não Sim Balanço Patrimonial e

Relatório Anual de Sustentabilidade CPFL Energia Não Sim Balanço Patrimonial e

Relatório Anual de Sustentabilidade Duratex Não Sim Relatório Anual de Sustentabilidade Energias do Brasil Sim Sim Relatório Anual de Sustentabilidade

Gerdau Sim Não Balanço Patrimonial e

Notas Explicativas Gerdau Metalúrgica Sim Não Balanço Patrimonial e

Notas Explicativas

Sabesp Não Sim Balanço Patrimonial e

Notas Explicativas

Tractebel Sim Não Balanço Patrimonial e

Notas Explicativas

Ultrapar Não Sim Balanço Patrimonial e

Notas Explicativas

Vale Não Sim Balanço Patrimonial e

Notas Explicativas Fonte: Dados da pesquisa.

Das 16 empresas pesquisadas, seis (37,5%) relataram acerca de seus passivos e/ ou contingências ambientais somente nos Relatórios Anuais de Sustentabilidade. Nas Demonstrações Financeiras, mais especificamente em seus balanços patrimoniais e notas explicativas, sete empresas (43,7%) apresentaram passivos ou contingências ambientais, e o restante, três empresas (18,8%), apresentou tais informações nos seus balanços patrimoniais e Relatórios Anuais de Sustentabilidade. Vale destacar a obrigatoriedade das informações acerca de passivos e contingências ambientais nos balanços patrimoniais e notas explicativas, conforme CPC 25 (2009). Já nos relatórios anuais de sustentabilidade, tal evidenciação é facultativa.

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Tabela 1 - Quantidade de empresas da amostra que divulgaram passivos e contingências ambientais por segmento de listagem

Segmento de Listagem Quantidade de Empresas % Amostra

Nível 1 7 43,75%

Nível 2 0 0%

Novo Mercado 7 43,75%

Tradicional 2 12,5%

Total 16 100%

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme pode ser observado na Tabela 1, levando em conta o segmento de listagem das empresas na BM&FBOVESPA, vale ressaltar que nenhuma das 3 empresas do Nível 2 apresentaram algum tipo de informação de contingências ou passivos ambientais nos demonstrativos e relatórios analisados. Na população de 16 empresas que apresentam passivos ou contingências ambientais, das empresas listadas no Nível 1, contam-se sete, (43,75%). O mesmo número pode ser visto para o segmento Novo Mercado, em que sete empresas (43,75%) divulgaram informações sobre contingências ou passivos ambientais. Já no segmento Tradicional, apenas duas apresentaram algum tipo de informação de contingências ou passivos ambientais em seus demonstrativos.

De acordo com o setor de atuação das empresas listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial, a Tabela 3 apresenta a sua distribuição bem como a quantidade de empresas de cada setor que, no ano de 2011, divulgou informação sobre passivos e/ou contingências ambientais.

Tabela 2 – Quantidade de empresas da amostra que divulgaram passivos e contingências ambientais por setor de atuação

Setor de Atuação Quantidade de Empresas % Amostra

Energia Elétrica 8 50%

Bancos 1 6,25%

Metalurgia 2 12,5%

Água e Saneamento 1 6,25%

Outros 4 25%

Total 16 100%

Fonte: Dados da pesquisa.

Em se tratando da variável setor de atuação, como mostra a Tabela 3, o setor de Energia Elétrica representa o grupo que mais demonstra informações de passivos e contingências ambientais com oito empresas (50%) da população de dezesseis. Em contrapartida, apenas um Banco (6,25%), no seu Relatório Anual de Sustentabilidade, na seção em que apresenta a tabela IBASE + NBC T 15, no campo sobre passivos ambientais, revela que o valor desses passivos é igual a zero.

(15)

Cabe destacar ainda uma análise das empresas da carteira utilizando a variável nível de impacto ambiental, classificada de acordo com o Anexo VIII da Lei 10.165/2000, a qual divide o nível de impacto ao meio ambiente praticado pelas atividades das empresas como Pequeno, Médio e Alto. A partir dos setores de atuação e com base no Anexo VIII da referida Lei, a Tabela 4 mostra a quantidade de empresas que divulgaram os passivos e/ou contingências ambientais, segundo o seu nível de impacto ambiental.

Tabela 3 – Quantidade de empresas da amostra, classificadas segundo o nível de impacto ambiental, que divulgaram passivos e/ou contingências ambientais.

Nível de Impacto Ambiental Quantidade de Empresas % Amostra

Pequeno 2 12,5%

Médio 10 62,5%

Alto 4 25%

Total 16 100%

Fonte: Dados da pesquisa.

Como se pode ver na Tabela 3, das dezesseis empresas as quais divulgaram passivos ou contingências ambientais, duas destas (12,5%) fazem parte do grupo das entidades que apresentam o menor (Pequeno) grau de impacto ambiental, de um total de quatro empresas pertencentes ao grupo da população total. Do grupo Médio impacto ambiental, dez empresas (62,5%) que compõem esse nível revelaram tais informações, de um total de vinte empresas da população. Em se tratando das empresas que exercem um maior (Alto) impacto ao meio ambiente, totalizou-se um número de quatro (25%) empresas que apresentam em alguma de suas demonstrações financeiras (balanço patrimonial ou notas explicativas) ou Relatórios Anuais de Sustentabilidade seus passivos ou contingências de caráter ambiental. A população possui sete empresas de alto impacto ao meio ambiente.

Adicionalmente, verificou-se o conteúdo de algumas das informações divulgadas pelas dezesseis empresas. O Quadro 3 apresenta exemplos do teor de notas sobre passivos ambientais divulgadas pelas empresas, identificando o documento onde a informação evidenciada.

Quadro 3 – Exemplos das informações sobre passivos ambientais divulgadas pelas empresas da amostra em 2011

Descrição Fonte

Passivos ambientais no ano de 2011 = R$ 17.429.462,00 Relatório Anual de Sustentabilidade da empresa Brasken.

Indicadores Ambientais – Passivos Ambientais = 0 Relatório Anual de Sustentabilidade do Bicbanco (Tabela IBASE) Provisão para passivos ambientais:

Circulante = R$ 31.768,00 Não Circulante = R$ 36.621,00

Balanço Patrimonial

da empresa Gerdau Metalúrgica

Fonte: Dados da pesquisa.

O Quadro 4, por sua vez, mostra alguns exemplos de notas sobre contingências ambientais apresentadas pelas empresas pesquisadas.

Quadro 4 – Exemplos das informações sobre contingências ambientais divulgadas pelas empresas da amostra em 2011.

Descrição Fonte

Contingência ambiental = R$ 3.000, referente à ação judicial ambiental movida em 2001 pelo Ministério Público do Estado de Goiás.

Relatório Anual de Sustentabilidade COELCE – 2011

(16)

Contingências Ambientais = R$ 385 mil da empresa Duratex (Balanço Social IBASE + NBC T 15)

Contingências Ambientais = R$ 2.024 mil, referente a processos Judiciais ambientais.

Balanço Patrimonial da empresa Vale

Fonte: Dados da pesquisa.

Com base nos exemplos apresentados nos quadros acima, observa-se que os dados contidos nas demonstrações citadas sobre os passivos ou contingências ambientais, não apresentam detalhes de forma suficiente para que os usuários identifiquem, por exemplo, a natureza do passivo ou da contingência de caráter ambiental. Na maioria das vezes, só há a citação do valor da contingência ou passivo, sem a prévia ou posterior explanação do que compõe tal valor e sua origem.

Destaca-se ainda que, no processo de coleta dos dados da pesquisa, observaram-se ainda algumas inconsistências nas informações, pois nem sempre o que constava no balanço refletia-se nos relatórios anuais de sustentabilidade, revelando alguma fragilidade no processo de divulgação dessas informações de caráter ambiental.

Em comparação com os estudos anteriores sobre o tema apresentados na revisão de literatura procedida no presente estudo, destaca-se que os resultados ora encontrados não mostram conclusões divergentes sobre o objeto de estudo, tendo em vista que as empresas analisadas também evidenciam poucas informações sobre os passivos e contingências ambientais.

5. CONCLUSÃO

Partindo do objetivo central da pesquisa, ou seja, a análise do nível de evidenciação de passivos e contingências ambientais das empresas participantes da carteira do ISE, verificou-se, em geral, uma carência nesse nível de evidenciação nos relatórios de 2011 analisados (demonstrações financeiras, relatórios de sustentabilidade ou relatórios anuais de sustentabilidade).

Os resultados da pesquisa mostraram que menos da metade (16) das empresas da população (37) apresentaram algum tipo de evidenciação de passivos ou contingências ambientais. E a maioria destas empresas, independente do nível de impacto ambiental das suas atividades, não apresenta de forma transparente ou somente cita valores, sem maiores esclarecimentos em notas explicativas ou outros tipos de relatório.

Vale ressaltar que, mesmo as empresas classificadas de alto nível de impacto ambiental, de acordo com a lei 10.165/2000, quando apresentam informações de passivos ou contingências ambientais em seus demonstrativos e relatórios, não o fazem de forma clara. As empresas com atividades de alto potencial de poluição ambiental deveriam fornecer informações mais detalhadas sobre as questões ambientais, tendo em vista que o nível de risco de suas atividades para o meio ambiente é maior que as demais empresas.

Dessa forma, respondendo à questão dessa pesquisa (qual o nível de evidenciação acerca de passivos e contingências ambientais?), pode-se constatar um escasso nível de evidenciação ambiental dentre as empresas presentes na carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial. Das 37 empresas da carteira, apenas 16 apresentam informações desse tipo, e, como já mencionado, a maioria destas revelações não apresentam maiores explicações dos passivos e contingências ambientais.

(17)

como a análise de um espaço temporal maior. Sugere-se ainda pesquisa com embasamentos em leis e pronunciamentos, tais como o CPC 25 (2009), e com o uso de técnica estatística capaz de discernir sobre os fatores explicativos dos níveis de evidenciação. Recomenda-se também estudos na área de provisões para passivos e contingências de cunho trabalhista, área de suma importância em se tratando de responsabilidade social.

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(18)

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Tabela  1  -  Quantidade  de  empresas  da  amostra  que  divulgaram  passivos  e  contingências  ambientais por segmento de listagem

Referências

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