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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA E OS CONCEITOS GEOGRÁFICOS

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Academic year: 2021

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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA E OS CONCEITOS GEOGRÁFICOS

Mugiany Oliveira Brito Portela Professora DGH/ UFPI e-mail: mugiany@yahoo.com.br Doutoranda em Geografia/IESA-UFG/orientadora Prof.ªDrª Lana de Souza Cavalcanti

Resumo

O presente trabalho trata-se de um recorte do projeto de pesquisa a ser desenvolvido durante o processo de doutoramento em Geografia, na Universidade Federal de Goiás, cujo tema é a educação geográfica e suas contribuições para os jovens universitários da UFPI, em Teresina - PI. O projeto de tese apresentou como objetivo geral:analisar a educação geográfica de jovens universitários do Campus Ministro Petrônio Portella (UFPI), em Teresina,expressa porsuas percepções e práticas em relação ao espaço geográfico da universidade e da cidade de Teresinacomo indícios teóricos e metodológicos de contribuições do ensino de Geografia na escola básica para a formação e para a vida cotidiana. Todavia, neste trabalho,apresentar-se-á apenas os resultados iniciais sobre as leituras relacionadas à formação de professores de geografiae sobre o estudo sócio espacial.Nesse sentido, a metodologia utilizada referente a este momento da pesquisa é a revisão de literatura. De forma geral, identificou-se que a construção do conhecimento científico, os saberes docentes que repercutem na prática pedagógica e o exercício da pesquisa, bem como, a formação continuada são fundamentais para a formação do professor de geografia e que, em princípio, os conteúdos sobre o estudo do espaço geográfico devem vir acompanhados do entendimento do lugar, da paisagem e do território.

Palavras-chave: Formação. Conceitos. Geografia Problemática

O ensino de Geografia, através dos estudos da Didática dessa disciplina, nas últimas décadas, tem identificadoinúmeras propostas para a escola básica, no sentido de garantir que o ensino seja significativo para a vida do aluno, que proporcione instrumentos simbólicos (conhecimentos, conceitos, informações) para que o mesmo possa desenvolver um pensamento espacial que lhe ajude a compreender o mundo (e seu lugar de vida cotidiana) e se relacionar com ele.

Porém, há indícios de que essas propostas nem sempre têm se efetivado na prática de ensino, por diferentes razões, desde as referentes às fragilidades da estrutura das escolas, sobretudo as públicas, até aos problemas quanto à formação e atuação dos professores de Geografia. No entanto, é possível, por outro lado, perceber também que houve avanços, e que a Geografia tem procurado se materializar na escola com

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propósitos que ultrapassem a simples memorização de dados e informações sobre diferentes lugares do mundo.

Considera-se que sua contribuição para a formação básica dos alunos tem sido mais efetiva, resultando na apropriação significativa de importantes conhecimentos, conceitos, processos espaciais que compõem o pensamento teórico-conceitual orientador da vida desses alunos para além da escola. Esse entendimento geral fomenta algumas questões, dentre elas: ao terminar a formação básica, é possível perceber a contribuição da Geografia escolar para os alunos? E, como a formação de professores de geografia tem contribuído para esse processo?

Considerações e recomendações

Pode-se dizer que a formação profissional do professor de geografia é consequência de um conjunto de pensamentos e ações que remetem à bagagem cultural, social; dentre outras, também, a noção prévia que o sujeito tem do espaço geográfico e dos conhecimentos adquiridos e internalizados. Richer (2013) argumenta que uma tríade sustenta as bases dessa formação na graduação, a saber, a construção do conhecimento científico, os saberes docentes que repercutem na prática pedagógica e o exercício da pesquisa.

Sobre o primeiro aspecto, a construção do conhecimento científico, cabe a identificação de quais seriam esses, para depois entender como poderão ser construídos durante a formação do futuro professor. Em princípio, a Geografia estabeleceu como objeto de estudo o espaço geográfico constituído da relação maior: sociedade – natureza que, por si só, é complexo e deve ser entendido na perspectiva holística. Conforme Cavalcanti (2013a, pág. 51): “o espaço geográfico é, desse modo, construído intelectualmente como um produto social e histórico, que se constitui em ferramenta, como mediações simbólicas que passam a ajudar o sujeito a se relacionar com o objeto”.

Paralelamente, a formação do professor está condicionada às escolhas teóricas, filosóficas e metodológicas que direcionarão os futuros professores para o exercício da pesquisa e da construção dos conhecimentos geográficos. O sucesso desse desafio muito dependerá da autoconsciência e da necessidade do preparo didático contínuo.

O segundo aspecto, os saberes docentes, envolve diretamente os conhecimentos pedagógicos que baseiam-se nas teorias de aprendizagem e na abordagem dos conhecimentos da didática (PIMENTA, 2012, citado por RICHTER, 2013), uma vez que é necessário ao futuro professor escolher um bom método de trabalho fundamentado em bases teóricas sólidas.

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Os saberes docentes refletem, também, a diversidade do contexto e a experiência de cada professor. Para Tardif e Lessand (2009), a experiência é reflexo dos afetos, desafetos, conflitos endógenos ou exógenos, bem como as ilusões que ora são mitificadas, ora desmitificadas, de forma que suas habilidades e competências são constantemente desafiadas. Nesse aspecto, os professores necessitam aprimorar com regularidade seus saberes através da prática pedagógica e de pesquisas.

A pesquisa, terceiro aspecto, é uma ação contínua, porém, direcionada para o que se almeja conhecer e aprimorar em relação ao estudo prévio ou instigado pelo cotidiano. Dessa compreensão, pesquisar possibilita entender o contexto em que estamos inseridos, o que estamos realizando, como nos direcionamos, a influência dos lugares e outros aspectos que podem contribuir, sobremaneira, para os estudos geográficos.

Alem da tríade apresentada, Cavalcanti (2010) apropria-se de alguns princípios que estão relacionados à formação do professor. O primeiro aborda a necessidade de formação contínua e constante, visto que a formação inicial não possibilita o suporte necessário para as respostas a perguntas que surgem no cotidiano, das práticas de ensino e do ser professor. Especialmente, quando consideradas as carências inerentes às graduações de licenciaturas que não conseguem esgotar os corriqueiros avanços científicos, tecnológicos, intelectuais e culturais da sociedade.

O segundo princípio mencionado por Cavalcanti (2012) relaciona-se à atividade intelectual. O professor, como ser pensante, interage com seus alunos, construindo ideias que contribuam para a interpretação mais crítica e representativa do que se propõe, ou como fruto de produção do conhecimento de cunho científico ou sobre o que é informalmente conduzido pelos dominadores culturais.

O outro princípio que Cavalcanti defende é a formação do professor além da exclusividade de conteúdos. O suporte teórico é necessário, mas não é o fim em si mesmo. Contudo, a autora alerta para o perigo da improvisação, tendo em vista a alta complexidade em fornecer as respostas às questões instigadas pelo cotidiano das vivências sociais. Menciona ainda que, o professor deve sempre estudar as bases teóricas que fundamentam sua formação que, por sinal, é contínua.

Assim, conforme recomendado por Steinke e Carvalho (2013), a formação de professores deveria se nortear por um currículo abrangente com conteúdos da área física, da área humana, setores de análise e de formação com aspectos relativos à metodologia de ensino e domínios das linguagens. Complementando, Cavalcanti

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(2013a) e Santos (2004) apontam a necessidade para a abordagem dos conceitos - instrumentos do olhar geográfico: lugar, território e paisagem.

Segundo Cavalcanti (2013b. Pág.382), “os conceitos geográficos, que perpassam os conteúdos escolares que se veiculam nas aulas de geografia, são instrumentos do pensamento”. Nesse âmbito, procurará refletir o raciocínio geográfico através do estudo da sociedade, considerando, dentre outros, os seguintes conceitos geográficos: o lugar, o território e a paisagem.

Nesse aspecto, Corrêa (2005) trata os processos sociais como produtores da forma, movimento e conteúdo que organizam o espaço. Destaca, também, que esse pode ser fragmentado, articulado, reflexo e condicionante social, assim, é no lugar que acontecerão as escolhas sociais e individuais e a construção das referências pessoais.

Dessa forma, ter o raciocínio geográfico do lugar ajuda a pensar espacialmente e criticamente e isso repercutirá diretamente no futuro exercício profissional dos jovens.

Complementando esse raciocínio, Damiani (2002) diz que o lugar como espaço social exige um cotidiano estabelecido e acrescenta que o mesmo não existe plenamente para todos. A autora aponta duas situações. Uma, diz respeito à importância do dia a dia do lugar que semeia as relações sociais, e a outra que, mesmo com o cotidiano estabelecido, não serão todos os que farão daquele lugar o seu ou que nomearão um valor afetivo.

Em um dado momento, os lugares são tão independentes e fortes que conseguem territorializar o espaço, constituindo nesse local, identidades marcantes que passam a denominá-los. Segundo Souza (2006), o território é um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder. Partindo desse princípio, a história, em cada um dos seus períodos, juntamente com os fatores econômicos e sociais deram condições para o uso do espaço como território.

Para Haesbaert (2005), o território, assim, em qualquer acepção, tem a ver tanto com o poder, no sentido mais concreto de dominação, quanto com o poder no sentido mais simbólico de apropriação. Apoiando seus argumentos em Lefebvre, o autor explica que, embora o território seja fruto de apropriação e dominação, são os sujeitos que, efetivamente, exercem poder que de fato controlam esse(s) espaço(s) e, consequentemente, os processos sociais que o(s) compõe(m) e isso é percebido na paisagem geográfica.

As paisagens são consolidadas pelo processo histórico-cultural. Podem ser estudadas com o intuito de refletir sobre os acontecimentos históricos e as

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transformações pelas quais tem passado a sociedade atual. Então, o estudo da paisagem de determinado lugar trará consigo os fatos, mas, também, as interpretações de quem se propõe realizar o trabalho de pesquisa. Isso significa que, ao olhar a paisagem e o que nela está retratado, é possível perceber o lugar, o espaço e o território.Recomenda-se, portanto, maior apropriação dos apontamentos referentes à proposta do projeto, assim como, um estudo da arte sobre a formação de professores de geografia, as categorias de estudo geográfico e contribuir para fundamentos, metodologias e práticas dos professores de geografia.

Referências

CAVALCANTI, Lana de Souza. A geografia e a realidade escolar contemporânea:

avanços, caminhos, alternativas. In: ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL:

CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais. Belo Horizonte, novembro de

2010. Disponível em:

http://www.educacao.es.gov.br//download/geografia3005_2011.pdf. Acesso 09/08/2012 _____________, Lana de Souza. Geografia Escolar e a busca de abordagens teórico/práticas para realizar sua relevância social. In: SILVA, Eunice Isaías da e PIRES, Lucineide Mendes (organizadoras). Desafios da didática de geografia.

Goiânia: Ed da PUC Goiás: 2013a.

_____________, Lana de Souza. Os conteúdos geográficos no cotidiano da escola e a meta de formação de conceitos. In: ALBUQUERQUE, Adailza Martins e Ferreira, Joseane Abílio de Sousa Ferreira (organizadoras). Formação, pesquisa e práticas docentes: reformas curriculares em questão. João Pessoa: Editora Mídia, 2013b.

CORRÊA, Roberto Lobato. Trajetórias Geográficas: prefácio Milton Santos. 3. ed.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

DAMIANI, Amélia Luisa. O lugar e a produção do cotidiano. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (organizadora). Novos caminhos da geografia. São Paulo: Contexto, 2002.

(Caminhos da Geografia).

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 5.ed.São Paulo: Ed. Da USP, 2004.

RICHER, Denis. Os desafios da formação do professor de geografia: o estágio supervisionado e sua articulação com a escola. In SILVA, Eunice Isaías da e PIRES, Lucineide Mendes (organizadoras). Desafios da didática de geografia. Goiânia: Ed da PUC Goiás: 2013.

SOUZA, Marcelo José Lopes. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, Iná Elias de, GOMES, Paulo Cesar da Costa, CORRÊA, Roberto Lobato. Geografia: conceitos e temas. 8. ed. Rio de Janeiro;

Bertrand Brasil, 2006.

STEINKE, Valdir Adailson e CARVALHO, Ane Caroline Amaral. As dimensões da formação de profissionais em geografia no Brasil: reflexões introdutórias. In SILVA, Eunice Isaías da e PIRES, Lucineide Mendes (organizadoras). Desafios da didática de geografia. Goiânia: Ed da PUC Goiás: 2013.

TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O ofício de professor: história, perspectivas e desafios internacionais. Tradução de Lucy Magalhães. 3ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

Referências

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