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Efeito de Memora nodosa (Bignoniaceae) e Vernonia aurea (Asteraceae) sobre adultos de Tribolium castaneum e Oryzaephilus surinamensis

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Academic year: 2021

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Efeito de Memora nodosa (Bignoniaceae) e Vernonia aurea (Asteraceae) sobre adultos de Tribolium castaneum e Oryzaephilus surinamensis

Hany Ahmed Fouad1, Lêda Rita D’antonio Faroni2, Rafael Coelho Ribeiro2, Wagner Souza Tavares3

1 Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Vi- çosa, Minas Gerais, Brasil.

2 Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa, MG, Brasil.

3 Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa, 36571-000 Viçosa, Minas Gerais, Brasil.

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Resumo

O objetivo neste trabalho foi avaliar o efeito dos extratos botânicos de Memora nodosa e Vernonia aurea sobre adultos de Tribolium castaneum (Coleoptera: Tenebrionidae) e Oryzaephilus surinamensis (Coleoptera: Cucujidae) com chance de escolha. Extratos botânicos de M. nodosa nas concentrações de 0,01 e 0,1% e de V. aurea a 0,01% foram atraentes e V. aurea a 0,1% foi repelente para T. castaneum. Além disso, a concentração de 0,01% de M. nodosa e V. aurea foi repelente para O. surinamensis. Conclui-se que os extratos botânicos testados podem atrair ou repelir T. castaneum e O. surinamensis em milho armazenado dependendo da concentração.

Palavras-chaves: Manejo integrado de pragas, milho armazenado, plantas do cerrado

Introdução

O controle de insetos tem sido realizado em larga escala por meio de produtos químicos, mas os efeitos indesejáveis desse uso indiscriminado, associado à preocupação dos consumidores quanto à qualidade de alimentos, têm incentivado estudos sobre novas técnicas de controle (Perez &

Iannacone, 2006), incluindo, o uso de inseticidas botânicos (Mourão et al., 2004; Venzon et al., 2007; Tarelli et al., 2009).

A ecologia química, ramo da ciência em crescimento, no qual as relações planta-inseto e planta- planta são examinadas pelo efeito de substâncias sobre as funções biológicas, as quais, frequen- temente, são metabólitos secundários, que constituem verdadeiros sinais químicos nestas interações (Estrela et al., 2006). Substâncias como os piretróides, a rotenona, a nicotina, a quassina e a azadiractina são extraídos das flores do crisântemo (Chrysanthemum cinerariafolium), raízes do

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timbó (Derris spp.), folhas do fumo (Nicotiana spp.), caule da quina (Quassia amara) e frutos e folhas do nim (Azadiracta indica), respectivamente, podem ter ação fagoinibidora, repelente, inseticida, e, capazes de alterar a regulação do crescimento dos insetos alvo (Vieira & Fernandes, 1999).

Plantas com ação inseticida e repelente têm sido utilizadas como método alternativo de controle por meio de produtos com formulação em pó, óleos e extratos contra as principais pragas que ocorrem em produtos armazenados como Sitophilus spp. (Coleoptera: Curculionidae), Tribolium castaneum (Coleoptera: Tenebrionidae), Oryzaephilus surinamensis (Coleoptera: Cucujidae) e Rhyzopertha dominica (Fabr.,) (Coleoptera, Bostrichidae) (Lale & Abdulrahman, 1999; Procópio et al., 2003; Coitinho et al., 2006; Estrela et al., 2006; Fazolin et al., 2010).

Diante disso, nos objetivamos com a presente pesquisa avaliar escolha de T. castaneum e O.

surinamensis por farinha de milho tratada ou não com concentrados de plantas nativas do cerra- do brasileiro [Memora nodosa (Bignoniaceae) e Vernonia aurea (Asteraceae)] utilizando arenas em laboratório.

Material e métodos

O experimento foi realizado no laboratório de grãos do Departamento de Engenharia Agrícola (DEA) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em Viçosa, Minas Gerais, Brasil, em sala climatizada (25,0 ± 1,0 ºC; 70 ± 10% de umidade relativa e fotoperíodo de 12 horas).

Coleta das plantas e fabricação dos extratos

Folhas ou flores de duas espécies vegetais foram coletadas de janeiro de 2009 a janeiro de 2010 em região de cerrado do município de Catalão, Goiás, Brasil. Apenas plantas floridas foram coletadas para a confecção de exsicatas para a identificação ao nível de espécie. Aproximada- mente 600 g de folhas ou flores frescas foram coletadas de cada espécie e deixadas à tempera- tura ambiente com 1,0 L de etanol durante sete dias para extração de seus compostos. Os extratos foram concentrados a vacuum, proporcionando rendimentos diferenciados de resíduo. Espéci- mes testemunhas foram depositados no herbário do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás em Catalão, Goiás, Brasil.

Preparação dos extratos

Extratos brutos de flores de M. nodosa e folhas de V. aurea foram armazenados em tubos de vidro de 10,0 mL, dissolvidos com 1,0 mL de etanol absoluto Merck KGaA; agitados com aparelho sonicador Branson 2510 por 220 minutos em SET DEGAS e transferidos para tubos de plástico

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de 50,0 mL. Os extratos foram diluídos com etanol adicionado com micropipeta até se obter as concentrações de 0,1 e 0,01% (p.p-1) em tubos diferentes e uniformizados com agitador Fisher Vortex Genie 2™ na velocidade oito por 10 minutos.

Experimento

Adultos de T. castaneum e O. surinamensis foram obtidos de criações mantidas em frascos de vidro com dieta de milho do laboratório de grãos do DEA da UFV. O teste de repelência foi reali- zado em arena com cinco placas de Petri de 12 x 1,5 cm, sendo uma placa central interligada às outras por cilindros plásticos de 15,0 cm. Recipientes A e B foram preenchidos com 20 g de milho e 50 μL de cada extrato aplicado por placa. Recipientes C e D foram preenchidos com milho sem tratamento (testemunhas). No recipiente E foram liberados 20 adultos de T. castaneum e O.

surinamensis não-sexados e, após 24 horas, o número dos besouros por caixa foi contabilizado.

Os insetos utilizados foram separados ao acaso e deixados em jejum por 24 horas (Prates &

Santos, 2002). O milho, recém colhido de fazenda da UFV, foi armazenado em câmara fria a 5,0 ºC até o início do experimento.

Delineamento experimental e análise estatística

Os dados foram comparados pelo teste “t” de Student a 5% de probabilidade usando o software SAS 9,0 (SAS Institute, 2002) registrado pela UFV. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com 10 repetições, sendo cada repetição uma arena com recipientes de A a E e 20 adultos de T. castaneum ou O. surinamensis liberados por repetição

Resultados e discussão

Nos tratamentos de V. aurea a 0,1% com T. castaneum e M. nodosa e V. aurea a 0,01% com O.

surinamensis as porcentagens de insetos atraídos foram menores do que nas respectivas teste- munhas, podendo, os mesmos serem considerados repelentes com base nesse critério (Mazzoreto

& Vendramim, 2003) (Tabela 1 e Figura 1A e 1B), assim como, pós de folhas de Eucalyptus citriodora Hooke (Myrtaceae) e Chenopodium ambrosioides L. (Chenopodiaceae), que foram re- pelente a adultos S. zeamais (Procópio et al., 2003) e também outras nove espécies vegetais que mostraram atividade repelente ao caruncho A. obtectus (Mazzoreto & Vendramim, 2003). O óleo essencial de Plectranthus glandulosus (Lamiaceae) mostrou-se também repelente para adultos de Prostephanus truncatus Horn (Coleoptera: Bostrichidae) e a duas populações de S. zeamais em Camarões e Alemanha (Nukenine et al., 2010). Óleos essenciais de M. nodosa foram repelen-

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tes para ninfas de Amblyomma cajennense F. (Acari: Ixodidae) e, por isto, este composto foi considerado adequado para controle desse ácaro em mamíferos (Soares et al., 2010).

Tabela 1. Resposta de adultos de Tribolium castaneum e Oryzaephilus surinamensis com farinha de milho tratado ou não com concentrados das espécies Memora nodosa e Vernonia aurea oriundas do cerrado brasileiro.

Espécies Extratos Concentrados Valor de t Prob.> t

Tribolium castaneum Memora nodosa 0,01% 2,025 0,0736

0,1% 1,300 0,226

Vernonia aurea 0,01% 1,220 0,2536

0,1% -0,382 0,7113

Oryzaephilus surinamensis Memora nodosa 0,01% -0,659 0,5287

0,1% 1,672 0,1455

Vernonia aurea 0,01% -2,911 0,0173

0,1% 0,644 0,5358

Extratos de M. nodosa (0,01 e 0,1%), V. aurea (0,01%) e ambas as espécies com o concentrado de 0,01% foram atraentes para adultos de T. castaneum e O. surinamensis, respectivamente (Tabela 1 e Figura 1A e 1B). Como o relatado para extratos de Ocimum basilicum (Lamiaceae) e Tagetes erecta (Asteraceae) que foram atraentes para adultos de Sitophilus zeamais Motschulsky (Coleoptera: Curculionidae) (Parugrug & Roxas, 2008). Esses resultados sugerem a possibilida- de do desenvolvimento de iscas com M. nodosa e V. aurea para captura de T. castaneum e O.

surinamensis em grãos armazenados.

Figura 1. Preferência de adultos de Tribolium castaneum (A) e Oryzaephilus surinamensis (B) em milho tratado ou não com extratos botânicos oriundos do cerrado (Memora nodosa e Vernonia aurea).

Vernonia aurea e M. nodosa são encontradas em grande quantidade no cerrado brasileiro, apre- sentando grande rendimento de extrato e, por isto, as mesmas podem ser promissoras no mane- jo de pragas (Lima-Ribeiro, 2008). Portanto os extratos botânicos (V. aurea e M. nodosa) podem atrair ou repelir T. castaneum e O. surinamensis em milho armazenado dependendo da concen- tração, com potencial de ser utilizados no manejo dessas pragas.

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