Visão 2020 para a Agricultura Portuguesa, 1º Roteiro: Intensificação
Sustentável e Eficiência na Utilização dos Recursos
Gestão da Biodiversidade: uma dimensão da gestão
agrícola
Os Roteiros Visão 2020, pretendem gerar, um novo olhar e uma nova atitude (…)
Procurar a inovação na conjunção dos objetivos definidos na visão e na forma como são operacionalizados.
Procura-se um “caminho virtuoso”
deaumento da produtividade
em simultâneo com umaumento
dos serviços ambientais .
Um novo olhar uma nova atitude…
Esse “caminho virtuoso” passa pela consideração dos efeitos da intensificação dos inputs mas também das consequências do abandono nas diversas escalas em que o problema se coloca.
No caso do par agricultura-biodiversidade, o “caminho virtuoso” passará
Assegurar o desenvolvimento territorial equilibrado Aumentar a rentabilidade da atividade agrícola e florestal Aumentar a eficiência do uso dos recursos e
assegurar a sustentabilidade Aumentar a produção agrícola e florestal
CAP- Visão 2020
Base produtiva territórios de baixa densidade
Garantir o “equilíbrio sistémico” da fauna e flora I&D eficiência e qualidade e ampliação das cadeias de valor Valor acrescentado da produção
Proteção da diversidade biológica
Reconhecimento público dos modos de produção sustentáveis Qualidade e eficiência dos sistemas
de produção tradicional Auto aprovisionamento Exportações Melhoria da qualidade Promoção do reconhecimento da qualidade
Convencional
Biológico
Adaptado de: Buckwell et al, 2014 THE SUSTAINABLE INTENSIFICATION OF EUROPEAN AGRICULTURE
Ganho de serviços ambientais Perda líquida de serviços ambientais
Produção dos ecossistemas agrícolas
(alimentos, materiais e bio-energia)
A possibilidade de produção conjunta agricultura-ambiente pode ser analisada no âmbito geográfico nacional, regional ou local, (exploração ou grupo de explorações).
Entre o enquadramento estratégico à escala da União Europeia e a Visão dos agricultores, quer à escala nacional (Visão 2020) quer à escala local das explorações existem espaços de ineficiência política, regulamentar, técnica e de iniciativa, aos quais se devem dirigir os esforços de concretização da Visão.
ESTADO SECTOR AGRÍCOLA
Política Desenvolvimento Rural & Conservação da Natureza Proactivamente promover a política de produção de serviços ambientais
pela agricultura
Orientação para eficiência na produção conjunta Agricultura-Conservação (indicadores de impacto)
Valorizar o conhecimento especializado de gestão dos ecossistemas agrícolas.
Intensificação do “conhecimento/ha”
Boa identificação das questões estratégicas e sua tradução nos Programas Setoriais
Visão suficientemente detalhada.
Boa tradução para os Programas e Planos Territoriais Iniciativa das associações
Em cada associação de agricultores uma ONGA
Boa tradução para os incentivos (especialmente DR) …
Boa monitorização e avaliação de impacto As associações podem reforçar o seu contributo Valorização dos resultados nas relações com a U.E e outros
Apoio à tradução dos resultados da Conservação em valor económico Promoção conjunta de ações piloto
Estabilidade das políticas no tempo (aqui também são precisos consensos)
Concretizar a Visão: biodiversidade
Dois âmbitos territoriais diferentes: dentro e fora da rede natura 2000
DENTRO DA REDE NATURA 2000 FORA DA REDE NATURA 2000
Avaliação à escala nacional
Avaliação à escala local
XLocalização dos valores naturais especificada
XOrientações de gestão especificadas
XAmeaças aos valores naturais especificadas X
Instrumentos específicos Política DR
-Importância do impacto da agricultura na
avaliação da política de conservação +++
-Duas tipologias de interação entre biodiversidade e agricultura elas próprias
dependentes da escala espacial (
a
e
b
)
DIMINUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE POR INTENSIFICAÇÃO /ESPECIALIZAÇÃO
Exp:
Substituição de sequeiro por regadio (temporárias e permanentes) (em curso e com tendência para aumentar em particular na área de influência do EFMA) > Diminuição e fragmentação dos habitat Arborização com eucalipto
Intensificação da produção animal (aumento de encabeçamento) e áreas de pastagem
CONSERVAÇÃO DE HABITATS PELA ATIVIDADE / PERDA DE HABITAT POR ABANDONO
Exp:
- Sistema extensivos de sequeiro
- Sistemas de agro-pastoris de montanha Mas também:
Escala de planeamento, gestão e avaliação do impacto
Europeia/Nacional :
- A gestão e avaliação à escala nacional pode ignorar as necessidades e as virtudes da aplicação de à escala local, ou reconhecê-las mas limitando a eficácia.
- O planeamento à escala nacional pode alocar com mais eficiência usos (exp: florestais).
Regional/Local/ Exploração:
- Favorece a produção de impactos eficazes.
- Aparentemente, mais difícil de gerir pelas administrações.
Agricultura Biológica; 14,56% Produção Integrada ; 25,85% Pagamentos Rede Natura; 12,18% Conservação do solo; 1,80% Uso eficiente da água; 1,66% Culturas permanentes tradicionais; 10,95% Pastoreio extensivo ; 9,78% Recursos genéticos; 16,46% Mosaico agroflorestal ; 0,85% Silvoambiental ; 0,34% Investimentos não produtivos ; 5,40% Apoio agroambienta l à apicultura; 0,17%
DENTRO DA REDE NATURA 2000 FORA DA REDE NATURA 2000
Intensificação
• Plano Setorial RN 2000>integração nos planos territoriais
• Decisões caso a caso (pareceres)
• PROF>vinculação direta e imediata dos particulares
• AIA
• Sistemas de incentivo
• PROF>vinculação direta e imediata dos particulares • AIA • Sistemas de incentivo Abandono Sem limitação Sistema de incentivos Sem limitação Sistema de incentivos
Como se traduz na prática…
Medidas Agricultura e Recursos Naturais (7)
Em 34 anos (1980 – 2013) o índice de abundância de aves comuns associadas aos ecossistemas agrícolas diminuiu 57% Contudo, índice das aves comuns florestais manteve-se notavelmente estável…
Avaliação estado das aves na Europa
52%
15% 17%
16%
Estado das populações de aves abrangidas pela Diretiva Aves - 2012
Protegida Quase em risco Em risco Desconhecido
52% 4% 6% 20% 2% 16%
Tendência das populações de aves abrangidas pela Diretivq- 2012
Seguro Não seguro-cresc Não seguro est Não seguro declínio Não seguro desc Desconhecido
Pan-European Common Bird Monitoring Scheme (PECBMS)
16%
47% 30%
7%
Estado de conservação dos habitats (Diretiva habitats) -2012
Favorável Desfavorável-inadequado Desfavorável-mau Desconhecido
16% 4% 33% 30% 10% 7%
Tendências dos habitats - 2012
Favorável Desfavorável - em recuperação Desfavorável - estável Desfavorável - em deterioração Desfavorável - tend desconhecida Desconhecido
Avaliação estado dos habitat na Europa
30%
4% 58%
8%
Estado de conservação dos habitat incluídos na Diretiva - 2013
Favorável Desconhecido Desfavorável inadequado Desfavorável mau
Avaliação estado em Portugal: aves, habitat e espécies (Diretiva Habitats)
19%
40% 31%
10%
Estado de conservação espécies incluídas na Diretiva - 2013
Favorável Desconhecido Desfavorável inadequado Desfavorável mau
ESPÉCIES 12% 20% 2% 23% 43%
Tendência populacional aves - 2012
Decrescer Estável Flutuante Crescer Desconhecido
AVES HABITAT
Apesar dos progressos na implementação de políticas como as diretivas Habitats, Aves e diretiva Quadro da Água, bem como as medidas ambientais da PAC a Europa sofreu um declínio acentuado da biodiversidade associada aos ecossistemas agrícolas. AEA -Ambiente na Europa: Estado e perspetivas - 2015
A explicação do estado e das tendências inclui sempre a agricultura…
1º Pilar+Greening Modos de produção diferenciados (PI,MPB) Agro-ambientai Silvicultura sustentável diminuição da diversidade de habitats fragmentação de habitas diminuição da riqueza em espécies diminuição da abundância diminuição da superfície cultivada/abandono homogeneização das superfícies cultivadas inputs químicos RESPOSTA Pagamentos Natura Outras agro-ambientais RESPOSTA Greening
Alguns casos onde é possível melhorar a resposta (sem discutir a questão dos
incentivos)
• Rede Natura 2000 – Campo Maior: aumento da área de regadio e conservação de aves e habitats • Intensificação sustentável da produção de eucalipto
• Uma subtil forma de abandono: o declínio dos povoamentos de sobro e azinho e a intensificação
do conhecimento
Vamos até Campo Maior
Rede Natura 2000 – Campo Maior: aumento
da área de regadio e conservação de aves e
habitats
Albufeira do Caia
Albufeira do Abrilongo
Aproveitamento Hidroagrícola do Xévora
Perímetro de rega do CAIA
Temporárias de regadio
Temporárias de sequeiro
Culturas Permanentes (++olival)
Montado
E com uma ZPE e dois SIC da Rede Natura 2000…
ZPE Campo Maior
SIC Caia
SIC S.Mamede
ZPE CAMPO MAIOR (9579 ha) SIC S.MAMEDE SIC CAIA
VALORES VALORES VALORES
Abetarda Galerias ripícolas desenvolvidas Amieiro e Freixo Galerias ripícolas desenvolvidas de choupo e salgueiro
Sisão Comunidades herbáceas sujeitas a pastoreio Comunidades herbáceas sujeitas a pastoreio
Cortiçol-de-barriga-negra Charcos temporários mediterrâneos Charcos temporários mediterrâneos
Tartaranhão - caçador Salgueirais Salgueirais Rolieiro ´Várias espécies de morcegos insectívoros de habitats agro-florestais
Grou Saramugo
Peneireio-de-dorso-liso Rolieiro Alcaravão
AMEAÇAS AMEAÇAS AMEAÇAS
Intensificação agrícola por conversão de sequeiro em regadio e cultivo
de culturas permanentes Intensificação agrícola Intensificação agrícola
Artificialização de linhas de água/ocupação de margens pelas culturas Expansão culturas permanentes Práticas agrícolas com efeitos na degradação do montado Intensificação dos montados
Carga de nutrientes nas linhas de água
ORIENTAÇÕES DE GESTÃO ORIENTAÇÕES DE GESTÃO
ORIENTAÇÕES DE GESTÃO
Assegurar a manutenção de usos extensivos Manter mosaico de habitats Manter mosaico de habitats
Outras agrícolas: Retardar ceifa e corte de feno Condicionar intervenções nas linhas de água Condicionar intervenções nas linhas de água Manter o olival tradicional Condicionar a construção de açudes Condicionar a construção de açudes Promover manchas de montado aberto Salvaguardar de pastoreio Salvaguardar de pastoreio
Condicionar o uso de agro-químicos Condicionar o uso de agro-químicos
Condicionar a intensificação agrícola Condicionar a intensificação agrícola
Condicionar a intensificação / assegurar usos extensivos…
Temp_regadio 37% Olival + outras permanentes 30% Temp_sequeiro 6% Montado 23% Outros4% Existe uma tendência para o aumento da área de regadio e culturas permanentes (tomando como exemplo a área do AH do Xévora
O pagamento Natura – apoio zonal (7.3.2) é < € 100 /ha de onde a sua expectável pouca eficácia para dar dimensão adequada às orientações de gestão.
A revisão do PDM – Campo Maior incide sobre as classes de uso agrícola e tem dificuldade em encontrar uma solução que se ajuste ao estado actual do uso do solo.
As orientações de gestão previstas no Plano Setorial da Rede Natura 2000, incluem os aproveitamentos hidroagrícolas e remetem para “boas práticas”.
Os habitat classificados (nomeadamente os associados a galerias ripícolas) apresentam uma notável estabilidade quando comparados com 1997.
Notável falta de dados de referência e monitorização das espécies de aves, morcegos, peixes e plantas classificadas.
Os instrumentos de ordenamento e os incentivos disponíveis , têm alguma dificuldade em apontar a direção “virtuosa”.
Das espécies da ZPE de Campo Maior a abetarda é uma das mais especializadas em termos de habitat, a maior (i.e. com maiores territórios e menores produtividades) e uma das que apresenta uma distribuição menos ampla a nível nacional e global
44 abetardas em 2004 (última estimativa publicada), 60 abetardas observadas no inverno de 2013/2014
Tomemos como exemplo a abetarda…
Não existem estudos quantitativos detalhados sobre o grau de tolerância da abetarda à intensificação agrícola
O regadio é considerado uma das principais ameaças às populações de abetarda mas que o seu efeito concreto no habitat de alimentação da espécie está pouco estudado…
Num dos poucos estudos sobre o tema:
- Foram detetados efeitos positivos e negativos em culturas irrigadas. (Exp: milho rejeitado, luzerna utilizada e fortemente selecionada após a colheita).
- As margens das parcelas de regadio foram selecionadas com a mesma intensidade das margens das parcelas de sequeiro.
Áreas de parada nupcial abetarda
Manter as áreas de parada nupcial de abetarda tão inalteradas quanto possível, sem novas vedações, linhas elétricas, ou outras estruturas que possam alterar a sua utilização.
As áreas de parada nupcial poderão incluir regadio de culturas cuja estrutura vertical e calendário agrícola sejam
compatíveis com a área de exibição de machos de abetarda .
Manter uma proporção mínima de culturas anuais de sequeiro e pousios próxima de 50% da área total (das quais cerca de 8% específicas para a fauna e 20% de pousios )
Regadio + culturas permanentes aproximadamente 50% da área total, com permanentes 15%
O MODELO INCLUI A POSSIBILIDADE DE TODAS AS EXPLORAÇÕES DE FORMA EQUITATIVA AUMENTAREM A SUA ÁREA DE REGADIO
Um programa de intensificação sustentável para a ZPE Campo Maior …
Tendo em consideração:
- A situação de referência actualizada.
- A necessidade específicade manter a equidade na distribuição das limitações decorrentes da ZPE - A criação de um regulamento específico, aplicável à utilização pelo PDM
Temp_re gadio 37% Olival + outras permane ntes 30% Temp_se queiro 6% Montado 23% Outros 4%
ESTUDO IMPACTO AMBIENTAL APROVEITAMENTO HIDROAGRÍCOLA DO XÉVORA
Situação referência valores naturais actualizada 2016
Uso do solo e tendências actualizadas
Programa de gestão concebido especificamente para O AH XÉVORA INCLUINDO A GESTÃO
- Explorações da área abrangida “em equilíbrio” com o programa de conservação
- Associação (AB Xévora ) disponível para cooperar no programa de monitorização e no programa de culturas para a fauna.
- Regras definidas, um programa de gestão traduzido no PDM.
EFEITOS SOBRE OS VALORES DA ZPE E SÍTIOS MONITORIZADOS E, PROVAVELMENTE, COM EVOLUÇÃO POSITIVA
Intensificação sustentável da produção de eucalipto…
811 943 ha, aproximadamente 15% incluídos na Rede Natura 2000. Consumo industrial de 7 milhões m3/ano de madeira de eucalipto. Acréscimo médio anual inferior a 8 m3 s.c /ha/ ano muito abaixo da produtividade potencial dos terrenos onde se encontra instalado.
Qual o impacto na biodiversidade e na fixação de carbono da intensificação da produção de eucalipto ? Como se garante que esses impactos positivos ocorrem de facto ?
A REVISÃO DOS PROF (actualmente em curso), A QUAL INCLUI UMA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA É UMA EXCELENTE OPORTUNIDADE PARA UMA ABORDAGEM TECNICAMENTE SÓLIDA, NO ÂMBITO DE UM PROCESSO ESTRUTURADO E COM CONSULTA PÚBLICA. OS PROF TÊM COMO HORIZONTE 2050.
Novas plantações de eucalipto, incluindo povoamentos regados, poderão substituir áreas de baixa produtividade, algumas delas da Rede Natura 2000 > (- menos importação, + biodiversidade, + sequestro de carbono)
Uma forma diferente de abandono: o declínio do sobreiro
i. Apesar de a superfície total da floresta de sobreiro se ter mantido estável entre 1995 (746 828 ha) e 2010 (736 775
ha), a estrutura dos povoamentos e o seu estado sanitário variou no sentido do declínio. ii. A produtividade da criação de cortiça diminuiu cerca de 25% entre 1995 e 2005.
iii. Risco importante para o abastecimento da indústria no longo prazo.
iv. Risco ambiental, dada a biodiversidade associado a estes ecossistemas. (21% da área de povoamentos florestais da RN 2000) 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000 10-30% 30-50% >50%
Superfície por classe de % de coberto
1995 2005
O impacto na biodiversidade da diminuição de densidade dos povoamentos de sobreiro é potencialmente muito elevado
Intensificação da produção cinegética: mais biodiversidade, menos incêndios
Apesar da baixa produtividade da gestão cinegética em Portugal, apresenta resultados emblemáticos na conservação da biodiversidade (exp: lince, águia-imperial).
Mais de 90 % da superfície das áreas classificadas é ocupada por ZC
A atividade normal de uma zona com ordenamento cinegético (gestão do habitat e populações) tem impactos potencialmente positivos:
a) aumento de populações presa, principalmente presas de aves e mamíferos carnívoros; b) manutenção do mosaico de habitats;
c) conservação dos habitats classificados
As ações de melhoria de habitat privilegiam o aumento do efeito de orla, com intervenções em não menos de 5-10% da superfície sujeita a gestão cinegética intensidade muito relevante para a gestão de combustível e com potencial para ter um impacte positivo na diminuição dos fogos florestais
Classes de produtividade cinegética Peso da produção cinegética na produção primária Zonas de caça e RN 2000
>= 2% >= 0.5%, <2%
Para uma estratégia nacional “agricultura-ambiente”
Assegurar o desenvolvimento territorial equilibrado Aumentar a rentabilidade da atividade agrícola e florestal Aumentar a eficiência do uso dos recursos eassegurar a sustentabilidade Aumentar a produção agrícola e florestal
Uma estratégia nacional “agricultura-ambiente” centrada nesta intersecção de eixos, geradora de consensos e
orientações de longo prazo …
Destinada a apontar os caminhos “virtuosos”
Que condense o essencial em cada um dos sub-sectores, actividades e regiões…