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Divinópolis/MG, 23 de maio de 2017
Eleições diretas e emenda constitucional
Reflexões acerca de eventual emenda à Constituição para que a eleição presidencial seja direta no caso de vacância do cargo após dois anos de mandato
Após a divulgação de gravação de conversa entre o Presidente da República e um empresário investigado que acabara de se tornar colaborador premiado, o impeachment voltou a ser um assunto em pauta. E, junto com o assunto impeachment, vieram os pedidos de eleições diretas, ou, no bor- dão das manifestações de rua: DIRETAS JÁ. O problema para a realização de eleições diretas agora é que a Constituição Federal prevê, no pa- rágrafo 1º do seu artigo 81, que vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República “nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional”.
Diante de tal dispositivo constitucional, volta a ganhar a força proposta de emenda constitucional já em trâmite no Congresso Nacional, para que tal eleição pas- se a ser di- reta. Antes, porém, de sair às ruas empunhando a bandei- ra das DI- RETAS JÁ, penso que o cidadão deva lembrar que a Cons- tituição é o instrumento jurídico que impõe limi- tes ao poder político. E há de se ter cautela ao permitir que o poder político altere as normas que o controlam, especialmente quando essas alterações são pro- postas em momentos de instabilidade política. No caso da proposta de emenda que tornaria
direta a eleição hoje prevista para ser indireta, não se pode dizer que a Constituição impeça tal alte- ração. Não impede. Ocorre que, alterar um dis- positivo constitucional, quando se está diante da possibilidade real de aplicá-lo, gera, sem dúvida, mais instabilidade política. Ao contrário disso, a ri- gorosa aplicação da Constituição nesses momentos de crise favorece um valor muito caro às socieda- des civilizadas: a segurança jurídica.
Porque ao buscar na Constituição a saída para a crise, tem-se um mínimo de previsibilidade. Com isso, as instituições se fortalecem. Ao revés, se, diante da crise, altera-se a Constituição, é como se Constituição não houvesse, e passa a prevale- cer o (des)equilíbrio de forças do momento. Sem previsibilidade, sem segurança.
No momento, estão em andamento processos jurídico-políticos que podem levar a mudanças gra- ves na distribuição de poder político, tais como: uma ação no Tribunal Superior Eleitoral, na imi- nência de ser julgada, que pode cassar o presiden- te da República; vários pedidos de impeachment protocolados, com potencial para serem aprova- dos; as investigações em curso, com a abertura de inquérito para que o presidente da República seja investigado, podendo inclusive provocar sua renúncia.
Pode ser que, apesar desses processos terem se iniciado, nenhum deles leve à vacância da Pre- sidência da República. Mas, é certo que, caso a vacância aconteça, a Constituição já prevê o modo pelo qual será definida a próxima pessoa a exercer a presidência.
Emendar a Constituição nesse ponto, às pres- sas, com os processos acima referidos já em an- damento, significa abrir mão da segurança jurídica, ampliando-se a instabilidade política que o país atravessa.
Nem entro aqui na discussão se a composição atual do Congresso Nacional teria legitimidade para
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tratar do assunto, pelo fato de haver vários parla- mentares sob suspeita. Mesmo porque, seja para alterar a Constituição, seja para eleger, em eleição indireta, o Presidente da República, os parlamen- tares serão os mesmos.
Concluo, assim, que, embora seja sempre atra- ente a ideia de que o povo decida pelo voto direto
os destinos do país, mudar a Constituição agora seria uma medida casuística, danosa para a segu- rança jurídica, e, por via de consequência, para a já abalada estabilidade política do país.
Por Marcos Mairton - Juiz Federal, mestre em Direito Público (UFC) e MBA em Poder Judiciário (FGV Rio).
Audiência na Assembleia de Minas defende Diretas Já e afastamento de
Temer
A audiência da Comissão de Direitos Huma- nos era para fazer um balanço das consequências do impeachment da ex-presidente Dilma Rousse- ff, mas as recentes denúncias contra o presidente Michel Temer e a perspectiva de seu afastamento do cargo e o repúdio à possibilidade de eleições indiretas foram o ponto alto da discussão nesta segunda-feira (22/5), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Coube ao deputado Rogério Correia (PT), au- tor do requerimento para a atividade, dar o tom
das discussões. “A queda deste governo golpista agora é inevitável. Ele não deveria nem sequer ter se iniciado; agora temos provas irrefutáveis disso”, afirmou.
O parlamentar ironizou a atual situação política brasileira ao comparar o apartamento triplex pelo qual o ex-presidente Lula é investigado ao “tri- plex” formado pelo presidente Temer, pelo senador afastado Aécio Neves (PSDB) e pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, todos envolvidos nas denúncias.
Rogério Correia fez ainda um histórico de sua atuação parlamentar com denúncias contra Aécio Neves, desde a época em que ele se elegeu go- vernador, e reforçou a necessidade de resistência contra o que classificou como “o novo golpe das
Indiretas Já”, em referência à previsão constitu- cional de eleição presidencial em caso de nova vacância do cargo.
“O que as elites querem são as reformas que tiram direitos do trabalhador, o que não será mais possível diante de um governo que não tinha sus- tentação jurídica e, agora, não terá sequer sus- tentação parlamentar. Para termos justiça social, somente por meio de um presidente democratica- mente eleito”, defendeu.
O deputado Cristiano Silveira (PT), que coor- denou o debate, reforçou que as crises política e econômica enfrentadas pelo governo atual reforçam o quão injusto foi o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff. “Afinal, o impeachment sem a pre- sença de crime de responsabilidade feriu um dos direitos fundamentais do povo brasileiro, que é o direito à democracia”, avaliou.
VIRADA
“O momento é difícil, mas promissor”, definiu Juarez Rocha Guimarães, professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Ge- rais (UFMG). Ele classificou a audiência na ALMG como um “ato de descomemoração do golpe” e, apesar de defender a mobilização para o início da derrota desse movimento, considerou ser importan- te refletir sobre o porquê da recente instabilidade do governo Temer e os interesses por trás de uma nova mudança.
O professor alertou para o envolvimento das grandes empresas de comunicação em um suposto projeto de perpetuação no poder das elites brasi- leiras. “Elas também são profundamente corruptas. Já estão preparando o Dória (João Dória, prefeito de São Paulo) como novo filho da Rede Globo”, alertou.
“Já estão tramando uma grande manobra em nome da união nacional, inclusive procurando o PT para isso, algo que devemos resistir em nome justamente do direito do povo brasileiro à demo- cracia. Ainda não reconhecemos a legitimidade do
impeachment da ex-presidente Dilma, que precisa ser anulado, assim como de todos os atos deste governo ilegítimo”, completou. O professor ainda defendeu a convocação de uma Assembleia Na- cional Constituinte para reconstruir a democracia brasileira.
A presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, defendeu a neces- sidade de diálogo entre os vários setores da socie- dade para que a democracia brasileira, ao final de tantas crises, saia fortalecida.
O momento propício para a queda de um governo supostamente ilegítimo também foi destacado pelo presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual (Sindifisco), Lindolfo Fernandes de Castro, que comparou a atual situação política do presidente Temer à capacidade de regeneração de uma lagartixa. “Quando cortamos o rabo de uma lagartixa, ele cresce de novo. Se deixarmos muito tempo mais lá, ele também vai, de algum jeito, se recuperar”, criticou.
Fonte: ALMG | Foto: Willian Dias
Relator da reforma trabalhista disse que vai entregar parecer na
terça (23)
A oposição promete obstruir os trabalhos, pois entende que não é possível discutir nada relevante no Congresso Nacional que não seja a superação da crise político-institucional que tomou conta do país.
“Uma coisa é a dramática crise institucional que vive o governo brasileiro, é uma crise sem prece- dentes, muito complexa. Mas nós não podemos misturar a crise institucional com o nosso dever e nosso compromisso com o país. Esse é um debate que começou há meses no Congresso brasileiro e amanhã estaremos dando o primeiro passo com a leitura do nosso relatório sobre a reforma traba- lhista”, afirmou Ferraço à imprensa nesta segunda. Esta posição colide com a decisão de suspender a tramitação, na semana passada.
Na semana passada, ele havia dito, em nota ofi- cial, que a tramitação do projeto, em razão da crise político-institucional, estava suspensa. A decisão de Ferraço está no contexto da crise. O merca- do, vendo o governo do presidente Michel Temer
(PMDB) naufragar, quer acelerar as reformas para garantir que, pelo menos, a trabalhista seja chan- celada.
Aprovada na Câmara dos Deputados, o projeto está em discussão no Senado, em fase de audiên- cias públicas na CAE e CAS. O plenário do Casa também realizou duas sessões temáticas. Uma no dia 11 e outra no dia 16.
Conteúdo
Ferraço está de acordo com o projeto aprovado na Câmara. O grupo de assessores que ajudou na formulação do substitutivo aprovado pelos deputa- dos também assessoria o senador capixaba.
Outro dado relevante em relação ao senador Ferraço é o fato de ser autor do projeto de lei (PLS 218/16) que trata da instituição do contrato de trabalho intermitente. Ele disse inclusive que iria adotar o parecer do projeto na reforma trabalhista. Fonte: Diap
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Centrais sindicais convocam ato em Brasília nesta quarta
Em meio à crise política deflagrada pelas dela- ções da JBS, centrais sindicais e movimentos so- ciais convocaram para esta quarta-feira, 24, uma marcha em Brasília contra as reformas estruturais propostas pelo governo federal.
O protesto, que já estava agendado, deverá ter
ainda como pauta a renúncia do presidente Michel Temer. A expectativa dos organizadores é de reu- nir cerca de 100 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios.
Segundo líderes de centrais sindicais, o objetivo do movimento, intitulado “Ocupa Brasília”, é manter na ordem do dia as discussões sobre as refor- mas trabalhista e da Previdência.
Apesar de vários parlamentares já terem afir- mado “não haver clima” para o avanço das pro- postas diante das denúncias contra Temer, os sindicalistas temem que as reformas continuem tramitando no Congresso em paralelo à crise de governabilidade.
A reforma da Previdência deverá permanecer suspensa pelos próximos dias na Câmara, que se ocupará dos processos de impeachment pro- tocolados contra o presidente. Já a reforma tra- balhista deverá manter o seu cronograma. O relator da proposta na Comissão de As- suntos Econômicos (CAE) do Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), voltou atrás e comunicou
Relator da Previdência diz que não é possível avançar com reforma no
atual cenário
O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) divulgou nota em que afirma não ser possível avançar com a vota- ção da proposta no atual cenário político. Para o deputado, a hora é de arrumar a casa, esclarecer os fatos e criar as condições para que a análise do texto seja retomada. O parecer de Maia ao texto do governo (PEC 287/16) foi aprovado no último dia 9 na comissão especial e deve ser votado agora ano Plenário da Câmara dos Deputados.
Veja a íntegra da nota do relator: Nota à imprensa
“Ao longo da última semana, tivemos a clara impressão de que as inúmeras notícias positivas divulgadas pela imprensa apontavam para um fu- turo melhor para o nosso País. Não tenho dúvidas de que a expectativa da Reforma da Previdên- cia para a qual trabalhei com tanta determinação, sempre com norte de diminuir privilégios e garan- tir os benefícios aos mais necessitados, contribuiu para esse cenário de esperança.
Entretanto, desde a última quinta-feira, a partir das denúncias que surgiram contra o presidente da República, passamos a viver um cenário crítico, de
incertezas e forte ameaça da perda das conquistas alcançadas com tanto esforço.
Certamente, não há espaço para avançarmos com a Reforma da Previdência no Congresso Na- cional nessas circunstâncias. É hora de arrumar a casa, esclarecer fatos obscuros, responder com verdade a todas as dúvidas do povo brasileiro, pu- nindo quem quer
que seja, mos- trando que vive- mos em um país em que a lei vale para todos. Só assim é que ha- veremos de re- tomar a Reforma da Previdência Social e tantas outras medidas que o Brasil tan- to necessita”. Fonte: Agência Câmara
que apresentará o parecer sobre a proposta na terça-feira, 23, conforme previsto inicialmente. Na última semana, após a divulgação das dela- ções da JBS, Ferraço chegou a anunciar a suspen- são do calendário de análise da proposta.
“Não podemos baixar a guarda. O movimen- to conservador que afirma que as reformas são a solução é maior que a questão do ‘Fica Temer’ ou do ‘Fora Temer’”, afirmou o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
A organização defende a realização de eleições diretas gerais como saída para o atual momento político. “Não queremos alguém para cumprir um mandato tampão, mas um novo presidente e um novo Congresso”, completou Freitas.
A ideia, no entanto, é um ponto de divergên- cia entre as centrais. Organizações como a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), que participaram de atos de apoio ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), pregam cautela e “saída constitucional”.
“Temos uma constituição que tem regras que nos colocam em momentos como esse. Nosso País não pode viver de golpe e contragolpe”, comentou o secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.
Greve geral
Apesar do protesto marcado para esta quarta, 24, levar o nome de “Ocupa Brasília”, os organi- zadores esclarecem que as manifestações devem durar apenas um dia.
As lideranças sindicais não descartam, contudo, a deliberação, nas próximas semanas, de uma pa- ralisação geral semelhante à ocorrida no último 28 de abril, avaliada como “um sucesso”.
Segundo o presidente da UGT, Ricardo Patah, a
deflagração ou não de uma greve geral dependerá do avanço das reformas, e não da permanência do presidente Michel Temer no poder.
“(A greve) Não é um ato que nos orgulha porque trouxe prejuízo, mas é valorizado como um mo- mento de indignação e de mostrar pro Brasil que o povo tem condição de debater essas reformas”, destacou.
Sintram na luta
O Sintram estará presente no Ocupa Brasília representado pelo diretor Marcos Alves. “A luta é de todos e estaremos presentes representando a insatisfação dos servidores municipais do Centro Oeste de Minas Gerais. È hora de passar o Brasil a limpo, não acei-
taremos reformas nas costas do tra- balhador e exigi- mos diretas já. O povo está cansado de ver esses as- saltos aos cofres públicos: Fora Te- mer”, disse.
Com informações do site Exame. com