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CARACTERIZAÇÃO PEDOLÓGICA DOS GEOGLIFOS NO SUDESTE DO ACRE

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Academic year: 2021

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CARACTERIZAÇÃO PEDOLÓGICA DOS GEOGLIFOS NO SUDESTE DO ACRE

Eixo Temático 2

Lúcio Flávio Zancanela do Carmo, doutorando em Solos e Nutrição de Plantas pelo Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa.

lucio.geo@ufv.br João Luiz Lani

Prof. do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa.

lani@ufv.br

Carlos Ernesto Gonçalves Reynaud Schaefer

Prof. do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa.

carlos.schaefer@ufv.br

Denise Pahl Schaan Prof. Universidade Federal do Pará

denise@marajoara.com Márcio Rocha Francelino

Prof. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro marcio.francelino@gmail.com

Resumo:

Até meados do século XX, muitos autores consideravam que as sociedades amazônicas eram principalmente tribos “primitivas” que viviam em pequenos grupos, sem uma organização social complexa, com superioridade da várzea dos grandes rios amazônicos em relação às áreas de terra firme no que diz respeito ao desenvolvimento das comunidades humanas. Porém, nos últimos 10 anos, têm-se descoberto estruturas, com valas profundas, de terra de grandes proporções, construídas nos solos de terra firme da porção oriental do estado do Acre (principal área com mais de 150 sítios identificados), no sul do estado do Amazonas e oeste de Rondônia.

Esses sítios de estrutura de terra são conhecidos como Geoglifos. Estruturas como essas, porém com formatos diferentes aos encontrados no Acre, mas similares em relação as dimensões e construídas no solo, já foram descobertos no Deserto de Nazca no Peru e no Departamento de Beni na Bolívia. Desta forma, neste estudo objetiva-se realizar a caracterização pedológica dos, recém descobertos, sítios arqueológicos (Geoglifos) do sudoeste da Amazônia brasileira, a fim de obter informações necessárias para seu o entendimento e das populações que os construíram.

Em linhas gerais, o procedimento metodológicos constou de: identificação dos Geoglifos a serem amostrados; elaboração da base cartográfica temática georreferenciada; coleta e classificação dos solos; imageamento de perfis verticais do solo com o uso do de radar de solo (Ground-Penetrating Radar - GPR) e procedeu-se análises físicas, químicas e mineralógicas dos solos amostrados. O trabalho ainda encontra-se em andamento, onde os resultados preliminares confirmam que os sítios arqueológicos encontram-se nas porções mais elevadas do terreno, em solos mais desenvolvidos, constituídos de arqueo-antropossolo, com alterações em suas propriedades naturais, considerável movimentação de terra e presença de artefatos cerâmicos em profundidade, em horizontes B latossólico e B textural.

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Introdução

Até meados do século XX, as culturas pré-colombianas da floresta amazônica eram geralmente interpretadas como tribos “primitivas”, vivendo em pequenos grupos, sem uma organização social complexa (STEWARD, 1948; STEWARD, 1949).

As áreas de várzea dos grandes rios, eram tidas como os únicos locais, dentro da Amazônia, que seria possível certo desenvolvimento social das populações “indígenas”, seriam os únicos locais onde as artes, a política e um maior contingente populacional poderiam ter alcançado maior desenvolvimento (STEWARD, 1948; MEGGERS 1971).

Porém, as características naturais e sua evolução são muito mais diversificadas do que as generalizações anteriormente assumidas. E, em relação aos seus habitantes, isso indica que os tipos de alimento, sua população e estratégias de sobrevivência e desenvolvimento, também não são homogêneas nessa região. Além disso, os estudos arqueológicos atuais revelem continuidade social e cultural entre sociedades pré-colombianas e as sociedades indígenas amazônicas contemporâneas (NEVES, 2003; SOMBROEK, 2000).

Atualmente há evidências de que a Amazônia foi ocupada por uma grande variedade de povos e culturas, em uma ampla e dinâmica trajetória de desenvolvimento. (ROOSEVELT, 2002).

Confirmando essa nova visão sobre o desenvolvimento e complexidade destes povos e culturas, nos últimos anos, e especialmente nos últimos meses, têm-se descoberto estruturas de terra de consideráveis dimensões, e formatos geométricos variados, como círculos, quadrados etc.., construídas nos solos de terra firme, interligados por caminhos em uma ampla rede de circulação no sudeste do estado do Acre, sudoeste do Amazonas e noroeste de Rondônia. Esses sítios de estrutura de terra são chamados de Geoglifos. Até agora já foram identificadas aproximadamente 150 estruturas de terra, localizadas, principalmente no território acreano.

O presente estudo visa realizar a caracterização pedológica e geomorfológica dos sítios arqueológicos (Geoglifos) do sudeste do Estado do Acre, a fim de obter informações necessárias para o entendimento desses sítios arqueológicos e das populações que os criaram.

Material e Métodos

A área de estudo compreende o sudoeste da Amazônia brasileira, em especial o sudeste do Estado do Acre. Área com a maior concentração de ocorrência dos sítios arqueológicos de estrutura de terra (Geoglifos).

Com base na diversidade de paisagens, em nível local e regional, usos variados do solo, os variados formatos dos geoglifos, coerência estatística/amostral e os objetivos do presente

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estudo, serão definidos a quantidade e os sítios arqueológicos de estrutura de terra a serem trabalhados.

As atividades de campo iniciar-se-ão com a verificação dos dados cartográficos, sendo conduzia com o georreferenciamento dos geoglifos e de elementos naturais, utilizando um GPS Topográfico Diferencial.

Nos Geoglifos a serem amostrados, antes das coletas de solo, serão realizados imageamentos dos solos nos sítios arqueológicos por meio de radar penetrante no solo (Ground- Penetrating Radar - GPR), permitindo avaliar a profundidade do solo e suas respectivas características, tanto em relação a gênese como por possíveis alterações arqueo-antropogênicas.

O GPR é um dos métodos geofísicos mais indicados para investigações não destrutivas no solo.

Posteriormente será realizada a etapa das coletas de solo, dentro e fora dos Geoglifos.

No interior dos sítios arqueológicos de estruturas de terra, principalmente onde o Radar de Solo (GPR), indicar perturbações mais acentuadas, serão abertas trincheiras para coleta e classificação dos perfis de solo. A classificação dos solos será feita conforme as classes do Sistema Brasileiro (EMBRAPA, 2006).

Ao redor, dentro das valetas e no interior dos Geoglifos serão realizadas amostras compostas, com cinco coletas em cada uma destas áreas através de tradagem de 0-10 cm. As amostras de solo e material arqueológico serão armazenadas em sacos plásticos com prévia identificação das amostras (SANTOS, et al., 2005; EMBRAPA, 1995).

A análise por geoprocessamento será realizada em ambiente de sistema de informação geográfica (SIG), utilizando o software ArcGIS, versão 9.3. Nesta etapa metodológica, serão utilizadas duas escalas, uma de 1:250.000 para uma análise geral de todos os Geoglifos mapeados, no Estado do Acre (aproximadamente 150 sítios), e outra de 1:1.000 nos sítios arqueológicos escolhidos para amostragem de solos.

As amostras de solos coletadas serão secas ao ar, destorroadas e passadas em peneira de 2 mm de abertura de malha, obtendo-se desta maneira, a terra fina seca ao ar (TFSA), que será submetida a análises química (rotina), física (granulometria e argila dispersa em água) e mineralogia (argila e areia natural). Além das amostras indemorfadas serão realizadas análise micromorfológica dos solos e das cerâmicas arqueológicas, as quais também terão análise de Fitólitos.

Resultados e discussão

O trabalho encontra-se em fase inicial de levantamentos e análises, assim serão apresentados dados e informações preliminares sobre os resultados até então considerados.

Em relação à posição na paisagem, foi comprovado pelas análises por geoprocessamento, que os Geoglifos encontram-se, quase que exclusivamente, no topo da

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paisagem, nas áreas mais antigas, com solos mais desenvolvidos e intemperizados, como Latossolos e Argissolos. Também constatou-se que estes sitos encontram-se, em sua maioria, a menos de 1 km de cursos d`água de primeira ordem (nascentes) e a menos de 4 km de rios navegáveis que correm no sentido de disposição dos Geoglifos.

Já foram amostrados com o radar penetrante no solo (Ground-Penetrating Radar - GPR) 3 Geoglifos, onde em ambos foram constatados alterações áqüeo-antrópicas em seus solos, sendo que nos sítios localizados nas Fazendas Atlântica e São Paulo, essas alterações mostra-se mais evidentes que no sítio da Fazenda Cícero.

Com a realização a descrição morfológica e coleta de solos nos sítios localizados nas Fazendas Atlântica e Cícero, diagnosticou-se a presença de arqueo-antropossolos, com teores de Carbono Orgânico anômalos, com alterações texturais das características naturais e com a presença de material arqueológico nos horizontes superficiais e subsuperficiais.

Referências bibliográficas

EMBRAPA. (Centro Nacional de Pesquisa de Solos). Procedimentos normativos de levantamentos pedológicos. Brasília: EMBRAPA, 1995.

EMBRAPA. Centro Nacional de Ciências do Solo. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006.

MEGGERS, B.J. Amazonia, Man and Culture in Counterfeit Paradise. Chicago, Aldine, 1971.

NEVES, E.G; PETERSEN, J.B.; BARTONE, R.N.; GLASER, B. & WOODS, W.I., eds.

Amazonian Darks Earths. Origin, properties and management. Dordrecht, Kluwer Academic Publishers, 2003. p.15-24.

ROOSEVEL, A.C. Arqueologia Amazônica. In: CUNHA., org. História dos Índios no Brasil.

São Paulo, Cia. Das Letras, 2002. P.53-86.

SANTOS, R.D.; LEMOS, R.C.; SANTOS, H.G.; KER, J.C. & ANJOS, L.H.C. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 5. ed. Viçosa: SBCS, 2005.

SOMBROEK, W. Amazon landsforms and soil in relation to biological diversity. Acta Amaz., 30:81-100, 2000.

STEWARD, J.H. South American Cultures: an Interpretative Summary. In: STEWARD.

J.H. (Org). Handbook of South American Indians, Vol. 5: The Comparative Ethnology of South American Indians. Bureau of American Ethnology, Bulletin 143, pp.669-772, 1949.

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STEWARD, J.H. Culture Areas of the Tropical Forest. In: STEWARD. J.H. (Org).

Handbook of South American Indians. Vol. 3, The Tropical Forest Tribes, Bureau of American ethnology Bulletin 143, pp. 883-899, 1948.

Referências

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