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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense Câmpus Pelotas Visconde da Graça

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Academic year: 2021

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense Câmpus Pelotas – Visconde da Graça

UMA HISTÓRIA A CONTRAPELO:

MEMÓRIA, RASTRO E NARRATIVA NO CAVG/IFSUL RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE PESQUISA

Autor e bolsista NEPEC: Leandro Silva; Bolsista NEPEC: Patrícia Nunes;

Orientadora: Angelita Ribeiro; Co-orientadora: Fabíola Pereira.

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense Câmpus Pelotas – Visconde da Graça

UMA HISTÓRIA A CONTRAPELO:

MEMÓRIA, RASTRO E NARRATIVA NO CAVG/IFSUL RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE PESQUISA

Relatório apresentado como requisito para participação na IX Mostra de Ciência e Tecnologias do IFSUL – Câmpus Charqueadas

Autor e bolsista NEPEC: Leandro Silva; Bolsista NEPEC: Patrícia Nunes;

Orientadora: Angelita Ribeiro; Co-orientadora: Fabíola Pereira.

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Sumário

INTRODUÇÃO ... 4

DESENVOLVIMENTO ... 8

CONCLUSÃO ... 10

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INTRODUÇÃO

A história do internato do Câmpus Pelotas Visconde da Graça (CaVG) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) inicia em 12 de outubro de 1923, quando é inaugurado o Patronato Agrícola Visconde da Graça e são internados 75 crianças e adolescentes. Os patronatos agrícolas tinham como objetivo principal o combate à criminalização através do ajustamento social dos pobres e daqueles que eram entendidos como desvalidos da sorte. (ANTUNEZ, 1996; NERY, 2010; VICENTE, 2008).

Em 91 anos de história a instituição passa por inúmeras e profundas transformações, entretanto, seu internato permanece. Hoje o CaVG como Câmpus do IFSul gestiona o internato, a partir da Coordenadoria de Assistência Estudantil, como um projeto inserido na ordem do Programa Nacional de Assistência Estudantil

(PNAES).1 Neste sentido, o internato, somando-se a outros projetos, coloca-se como

uma ação que pretende contribuir na democratização da educação a partir da inserção dos grupos populares na ordem desta política.

De política disciplinar à política de assistência estudantil, o internato permanece presente na história do CaVG abrigando jovens do interior do município de Pelotas e de outros pequenos municípios da região. São filhos de pequenos agricultores, de assentados de reforma agrária, de pescadores, de trabalhadores urbanos e de trabalhadores desempregados que concebem o CaVG como uma

possibilidade de estudo, trabalho e vida.2

Este projeto pretende dar continuidade às discussões realizadas a partir dos projetos de pesquisa “Aluno(a) interno(a) do CaVG: Quem é ele(a)?” (Edital PROPESP 03/2012) e “Alunos Internos do CaVG e suas formas de trabalho, conhecimento e sociabilidade” (Edital PROPESP 10/2013) e do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação, Memória e Cultura (NEPEC). Em oposição às políticas do esquecimento e em defesa do dever memória, buscamos por formas de reconhecimento dos alunos internos como sujeitos por excelência da história do CaVG e, por isso, seus narradores principais. Trata-se de, em uma perspectiva teórica aliada a Walter Benjamin, descobrir possibilidades de recontação da história

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DECRETO Nº 7.234, DE 19 DE JULHO DE 2010.

2 Dados do Projeto “Alunos Internos do CaVG e suas formar de trabalho, conhecimento e

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em um processo de escovação a contrapelo, entendendo que o passado está em permanente abertura para ser ressignificado e redimido a partir do tempo presente.

Walter Benjamin (2012) em suas teses sobre o conceito de história, a problematiza dizendo que “a história é objeto de uma construção cujo lugar é constituído não por um tempo vazio e homogêneo, mas por um tempo preenchido pelo Agora (Jetztzeit).” (p. 18). Pensar a história em uma perspectiva benjaminiana significa compreender que o tempo para Benjamin é descontinuidade e ruptura.

Neste sentido, a verdadeira imagem do passado passa por nós de forma fugidia, podendo apenas ser apreendido como imagem irrecuperável e subitamente iluminada no momento de seu reconhecimento no tempo presente. [...] Porque é irrecuperável toda imagem do passado que ameaça desaparecer com todo presente que não se reconheceu como presente intencionado nela. (BENJAMIN, 2012, p. 11). O autor nos convida a construir um caleidoscópio com fragmentos do passado e do presente a partir da captura de uma semelhança que pode transformá-los.

Transformar o passado porque este assume uma nova forma, que poderia ter desaparecido no esquecimento; transformar o presente porque este se revela como a realização possível da promessa anterior- uma promessa que poderia se perder para sempre, que ainda pode ser perdida se não for descoberta inscrita nas linhas atuais. (GAGNEBIN, 1987, p. 16).

O tempo e a história, em descontinuidade, são elaborados como lugar onde a política libertária se realiza. Nesse cenário, a história do CaVG e de seu internato estão em aberto, suscetível a rupturas e a conexões entre presente e passado que, a partir de suas semelhanças, podem ser transformados inventando imagens Outras de futuro, imagens de uma Outra história, onde os grupos populares que a vivenciaram sejam protagonistas e estejam no centro e não nas margens.

Jeanne Marie Gagnebin (2012) coloca que “o verdadeiro lembrar, a rememoração, salva o passado, porque procede não só à sua conservação, mas lhe assinala um lugar preciso de sepultura no chão do presente, possibilitando o luto e a continuação da vida.” (p. 35). A autora diz que a historiografia crítica de Walter Benjamin procura por rastros deixados pelos ausentes da história oficial. Trata-se de ouvir as vozes silenciadas pela opressão de todas as ordens.

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experiência coletiva, da transformação das formas de trabalho, de temporalidade, de linguagem e comunicação.

Entretanto, se realizarmos um paralelo, na obra de Walter Benjamin, entre a ideia de extinção do ato de narrar e da perda da aura da obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica (BENJAMIN, 2012b) podemos perceber a dimensão que Jeanne Marie Gagnebin (1987) denomina de “uma teoria antecipada da obra aberta”. Nesta perspectiva, “cada história é o ensejo de uma nova história, que desencadeia uma outra, que traz uma quarta, etc.; essa dinâmica ilimitada da memória é a da constituição do relato, com cada texto chamando e suscitando outros textos” .(GAGNEBIN, 1987, p.13).

Para Ginzburg (2012) a constituição da linguagem estaria ligada as condições de percepção que podem observar cada objeto como uma potência de diversos significados. É necessária uma concepção de narrativa que tenha o rastro como matéria nuclear.

Cada ser humano, ao relatar o passado, individual ou coletivo, precisa de recursos linguísticos para operar com a memória de modo articulado e inteligível. Essa compreensão do ato de leitura se articula com uma percepção de polissemia na linguagem. Trata-se de uma perspectiva favorável à valorização da importância de um rastro. Um elemento residual, pode ser lido como cifra de uma trajetória que o ultrapassa- a história de um individuo, uma sociedade, um país. (GINZBURG, 2012, p. 108).

Johannn Michel (2010) apud Ferreira (2011) estabelece uma tipologia do esquecimento indo daquele abordado como omissão, que decorre de descartes funcionais tanto no indivíduo quanto na sociedade; a negação, que é uma patologia da memória ligada à traumas que não foram superados mas que não podem ficar na esfera do consciente; a manipulação do esquecimento, fortemente marcada pela ação de atores públicos encarregados de transmitir a memória oficial.

Nesta perspectiva, podemos dizer que a expressão “dever de memória”,

imprescindível na perspectiva das políticas memoriais, coloca-se como imperativo do não esquecimento, se manifestando, principalmente no plano discursivo do cenário ocidental contemporâneo. (FERREIRA, 2011).

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memória” adquire ainda mais força quando é a voz da vítima que o eleva e faz dele um emblema da luta pela redenção das injustiças.

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DESENVOLVIMENTO

Em oposição às políticas do esquecimento e em defesa do dever memória, buscamos por formas de reconhecimento dos alunos internos como sujeitos por excelência da história de 91 anos do CaVG/IFSul e, por isso, seus personagens centrais. Trata-se de, em uma perspectiva teórica aliada a Walter Benjamin, descobrir possibilidades de contação da história em um processo de escovação a contrapelo, entendendo que o passado está em permanente abertura para ser ressignificado e redimido a partir do tempo presente.

Durante o primeiro semestre de 2015, viemos nos dedicado à análise dos materiais presentes no acervo do NEPEC, especificamente no que diz respeito aos materiais imagéticos (fotografias e slides) e aos periódios estudantis. Entendemos que tanto as imagens quanto os periódicos contam uma história protagonizada, principalmente, pelos alunos internos.

Cabe salientar que entre as imagens arquivadas encontram-se 661 (seiscentos e sessenta e um) slides e 1797 (um mil setecentos e noventa e sete) fotografias, localizados ate o presente momento. Em relação aos periódicos, constatamos que se encontram acervados 11 (onze) jornais estudantis, com datas entre 1969 a 2008.

Neste percurso de estudos imagéticos acima dos periódicos e notáveis a voz e expressão dos alunos, em muitos a discrição e importância do gaúcho, trazendo em alguns periódicos expressões como “neste colégio há um centro de tradições” se referindo ao CTG Rancho Grande e sua luta pelo manter o tradicionalismo vivo. E notável sua força neste campus. Também a luta estudantil na voz de alunos do curso técnico pelo Grêmio Estudantil Coronel Pedro Osorio “Gecpo”, expressando sua luta e muitas vezes indignação, mas também sua alegria por fazer parte da comunidade CaVG, expressa na frase “Uma vez pato, sempre pato”. Dados estes expressas e relatados pelos jornais designados como, “Pelo Rio Grande - CTG Rancho Grande”; “Astromésticas”; “O Sentinela Agrotécnico”; “O Pato”; “O Grasno”.

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CONCLUSÃO

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNEZ, José Leonel da Luz. CAVG, História de um Patronato. Pelotas: Ed.Universitária, 1996.

BENJAMIN, Walter. O Narrador. In Obras Escolhidas. Magia, técnica e Política. São Paulo: Brasiliense, 1987.

BENJAMIN, Walter. O Anjo da História. Belo Horizonte: Autêntica Editora. 2012.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: Zouk. 2012b.

FERREIRA, Maria Leticia Mazzucchi. Políticas da memória e políticas do esquecimento. Aurora, 10: 2011. P. 102-118. Disponível em

www.pucsp.br/revistaaurora. Acesso em 25 de junho de 2014, as 10 horas.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. W. Benjamin ou a história aberta. Prefácio a W.

Benjamin. In: BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1987. 06-19p.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. El original y El outro. In: MASSUH, Gabriela (org). Sobre Walter Benjamin, Buenos Aires: Alianza, 1993. Apud : GINZBURG: Jaime. A

interpretação do Rastro em Walter Benjamin. In: GINZBURG: Jaime; SEDLMAYER, Sabrina (orgs). Walter Benjamin. Rastro, aura e história. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. P. 107-132.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Apagar os rastros, Recolher os restos. In: GINZBURG: Jaime; SEDLMAYER, Sabrina (orgs). Walter Benjamin. Rastro, aura e história. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. P.27-38.

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INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS. Ações e Programas » Pontos de Memória » Histórico. 09 de novembro de 2014. Disponível em

http://www.museus.gov.br/acessoainformacao/acoes-e-programas/de-memoria/programa-pontos-de-memoria/, acesso em 09 de 11 de 2014, às 17 horas.

JOVCHELOVITCH, Sandra.; BAUER, Martin W.. Entrevista narrativa. In: BAUER, M. W. GASKELL, G.

Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Tradução: Pedrinho Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

LÖWY, Michel. Walter Benjamin: Aviso de Incêndio. Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. São Paulo: Boitempo, 2005.

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