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ANÁLISE DO FATURAMENTO E DAS EXPORTAÇÕES DA INDÚSTRIA MOVELEIRA A PARTIR DA LEI DE INOVAÇÃO

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ANÁLISE DO FATURAMENTO E DAS EXPORTAÇÕES DA INDÚSTRIA MOVELEIRA A PARTIR DA LEI DE INOVAÇÃO

Marcelle Moraes Mulinari. E-mail: marmulinari@gmail.com Daiani Martins Machado.

João Irineu de Resende Miranda.

Orientador: Professor Doutor João Irineu de Resende Miranda Universidade Estadual de Ponta Grossa

Resumo: Este trabalho analisa o impacto que a Lei de Inovação trouxe para a indústria moveleira no Brasil. Seu objetivo é inferir se os resultados positivos obtidos por este setor da indústria brasileira nos últimos anos estão relacionados aos incentivos trazidos com o advento da Lei de Inovação. Para tanto, após realizar uma revisão nos conceitos mais importantes relativos ao tema, é feita uma análise do faturamento e das exportações realizadas pela indústria moveleira, no período entre o ano de 2005 - em que a lei entrou em vigor - e os últimos dados disponíveis, tendo em vista uma década de vigência da Lei. Constatou-se que a trajetória dos índices de faturamento e exportações - relacionáveis a competitividade de uma empresa - não necessariamente estão relacionados a um adensamento das políticas de inovação no setor.

Palavras-chave: Lei de Inovação, Indústria, Crescimento Econômico.

Introdução:

Existe uma noção de que o crescimento econômico brasileiro nos últimos dez anos deveu-se à exportação de bens primários, o que, considerando-se o peso das exportações da soja e do minério de ferro na última década, parece corresponder à realidade (JUSTO, 2013). No entanto, existiram setores industriais, os quais, principalmente baseados no mercado interno, apresentaram crescimento expressivo no período, sendo a indústria moveleira um exemplo neste sentido. A indústria moveleira caracteriza-se como um setor de média densidade tecnológica formada principalmente por sociedades empresariais sediadas no Brasil. Possui importantes polos na Região Sul do Brasil, gerando milhares de empregos. Estes fatores a tornam um objeto de estudo atraente para se analisar o impacto que os incentivos presentes no relativamente novo paradigma que a Lei de Inovação trouxe para a economia brasileira. Este trabalho busca demonstrar qual a relação entre o faturamento e as exportações deste setor e a formação de ambientes produtivos favoráveis à inovação, conforme previsto na Lei n. 10.973/2004.

Objetivos:

- Descobrir se existe uma possível relação entre o novo marco jurídico entre relações Estado/Empresa/Universidade, que a Lei trouxe e a trajetória do faturamento e das exportações do setor;

- Apresentar os conceitos jurídicos relacionados à inovação tal qual presentes no Manual de Oslo e na Lei 10.973/2004;

- Descrever os principais instrumentos de incentivo à inovação presentes na Lei;

- Dissertar acerca do contexto do setor moveleiro do Brasil;

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- Analisar os dados referentes às exportações e ao faturamento do setor moveleiro do Brasil nos últimos treze anos.

Técnicas de pesquisa:

A pesquisa utiliza o método dedutivo e técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, com ênfase na legislação e nos documentos de área deste setor.

Resultados:

O crescimento e desenvolvimento de um país dependem de inúmeros fatores e agentes capazes de transformar trabalho em conquistas e benefícios sócio- econômicos, tornando o Brasil mais competitivo. Para tanto, investir em qualidade de produtos, processos e serviços não é o bastante, porque isso deixou de ser um diferencial, passando a ser item de sobrevivência no mercado. O reconhecimento da sociedade é conquistado com a diferenciação, com foco na inovação. Inovar é a chave, ponto crucial para a competitividade, crescimento empresarial e avanços e incentivos nas pesquisas. As inovações não apenas podem como devem ser incentivadas em produtos, comunicação, serviços, modelos e processos.

A inovação é, portanto, “a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que se resulte em novos produtos, processos ou serviços” (BARBOSA, 2006). Desta maneira, a inovação atua desde a criação até a fase da utilização social do que será implementado. Ao abordar o assunto, é importante tomar nota de que inovação não é sinônimo de invenção.

Para que algo seja considerado inovador, é necessário que se obtenha vantagens no mercado com as ideias, a implantação das ações e um resultado esperado. Por isso, nem sempre uma invenção pode ser considerada uma inovação, podendo-se inventar sem inovar, inventar e depois inovar, ou, ainda, inovar sem ter nada inventado (CARVALHO; CAVALCANTI; REIS, 2011).

As Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos, chamadas TPP são consideradas quando utilizadas no procedimento produtivo (inovação de processo) - ou quando levadas ao mercado (inovação de produto), também diferenciadas de acordo com o grau de novidade que oferecem em cada um dos casos. De acordo com o Manual de Oslo (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO ECONÔMICA E DESENVOLVIMENTO, 1990), fonte principal de diretrizes para o uso e a coleta de informações a respeito de atividades inovadoras, esta inovação engloba diversas atividades tecnológicas, científicas, financeiras, organizacionais e comerciais. Ao referir-se a produtos, o Manual define bens e produtos, e podem assumir a forma de um produto tecnologicamente novo ou um produto tecnologicamente aprimorado. A inovação tecnológica em processos, por sua vez, relaciona-se a novos métodos produtivos ou que sejam aperfeiçoados de maneira significativa.

No contexto atual, há desafios e oportunidades, e a inovação surge como o elemento que pode contribuir decisivamente para transformar o tão propagado “Brasil, país do futuro” em “Brasil, país do presente”. (CARVALHO, CAVALCANTE, REIS.

2011)

Com o intuito de estimular e incentivar a inovação no país, foi criada a Lei Federal de Inovação, de número 10.973, aprovada pela Mesa Diretora da

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Câmara em 2 de dezembro de 2004. A Constituição Federal determina, em seus artigos 218 e 219, que é papel do próprio Estado tomar as medidas cabíveis para incentivar as pesquisas tecnológicas e científicas, bem como a inovação. Estas previsões são implementadas na Lei 10.973/2004, sendo que esta define seus alcances e propósitos (BARBOSA, 2006).

Os dispositivos da referida Lei apontam os meios pelos quais se poderá realizar a aliança entre empresas e universidades para promover a inovação e, consequentemente, o desenvolvimento sócio-econômico. O art. 4º refere-se ao compartilhamento de laboratórios, instrumentos, equipamentos e outras instalações com as empresas, bem como as atividades de incubação, desde que isso não interfira nas finalidades da própria instituição e não lhe cause prejuízo. O art. 6º, por sua vez, faculta as universidades a celebrarem contratos de licenciamento, pressupondo a exploração econômica de um bem da propriedade industrial que pertença ao todo ou em parte a instituição de ensino.

Os acordos de cooperação, outros meios de se obter tal relacionamento, diferem-se dos contratos de licenciamento no tocante ao retorno econômico.

Isto quer dizer que nos contratos já existe efetiva certeza de que tal inovação será viável a aplicação na sociedade, ou contrário dos acordos de cooperação, em que ainda estão em processo produtivo. Estes, previstos no art. 9º da Lei 10.973/2004, são bens de propriedade industrial que pertencem ao todo ou em parte a universidade e que são desenvolvidos de maneira conjunta com a indústria.

Por fim está a prestação de serviços, prevista no art. 8º da referida Lei. Este dispõe que é “facultado à ICT prestar a instituições públicas ou privadas serviços compatíveis com os objetivos desta Lei, nas atividades voltadas à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo”. A prestação de serviço de base tecnológica pressupõe que a empresa já possua um bem de propriedade industrial em fase de desenvolvimento de um processo de inovação. Os ativos e recursos da universidade seriam, portanto, um auxílio a este processo.

Com base em todos os meios de incentivo, bem como os recursos de financiamento e fomento, estimula-se a competitividade e prepara as empresas para enfrentarem o mercado, interno e externo, com melhores condições.

Neste cenário de crescente incorporação da inovação como meio de desenvolvimento e crescimento das empresas, pode-se afirmar que a indústria moveleira, com a abertura comercial e a globalização, apresentou algumas modificações nas últimas décadas, as quais estão sendo implantadas até hoje, como a utilização de novas tecnologias e de novas matérias-primas, o que ocasionou a reestruturação do setor, com a adoção de práticas como a terceirização de fases do processo de produção e o licenciamento de produtos estrangeiros visando sua modernização. (GORINI, 1998).

No que diz respeito à utilização de tecnologias, a indústria moveleira apresenta tanto empresas que utilizam elevada automação como algumas em que predomina o trabalho manual. Tal diferenciação se dá quanto ao tipo de móvel que se pretende produzir e ao porte da empresa, que varia entre grande, médio, micro e pequeno porte, sendo as duas últimas as que prevalecem.

(GALINARI; MORGADO; TEIXEIRA JUNIOR, 2013,).

O setor moveleiro no Brasil tem expressiva representação na economia do país, gerando empregos e investimentos. Suas atividades são realizadas em diversas regiões, tendo, segundo números do Sindmóveis (2015), de Bento Gonçalves, gerado 248.381 empregos no ano de 2013 e totalizando 18.248 empresas, com destaque para o Sudeste e o Sul do país, que apresentam a

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maior concentração destas, equivalendo a 79%, estando as demais localizadas no Nordeste, Centro-Oeste e Norte, na proporção de 12%, 7% e 2%, respectivamente. (EMOBILE, 2015).

No tocante à exportação brasileira de móveis, cumpre demonstrar que no período de janeiro a maio de 2015, o valor atingido no país foi de US$ 250 milhões, sendo o estado de Santa Catarina o que mais exportou (33,7%), seguido do Rio Grande do Sul (30,87%) e Paraná (13,6%). (CGI MÓVEIS, 2015).

Segundo dados da MOVERGS (2015), Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul, em 2014, as exportações atingiram a soma de US$ 689,5 milhões, apresentando queda em relação ao ano de 2013, que fechou em US$ 702,9 milhões. Quanto ao faturamento, a variação foi positiva, tendo, em 2013, atingido o valor de R$ 6,90 bilhões e, em 2014, R$ 7,38 bilhões.

Comparando-se os dados com o período anterior à lei de inovação, verifica-se que, em 2002, o faturamento foi de R$ 10,30 bilhões e no ano seguinte, 2003, foi de R$ 16,41 bilhões. Já, se analisado o período entre os anos de 2007 a 2008, posterior a aprovação da referida lei, verifica-se que houve o crescimento do faturamento, o qual passou de R$ 20,58 bilhões para R$ 22,25 bilhões, tendo permanecido com variação positiva até o ano de 2014.

Entretanto, o mesmo não se pode dizer em relação à exportação, a qual, no ano de 2003 representou R$ 703 milhões tendo acrescido para R$ 967 milhões em 2004 e para R$ 994 milhões em 2007. Contudo, a partir do ano de 2009, a exportação teve um decréscimo, chegando ao valor de R$ 707 milhões, apresentando um pequeno crescimento entre os anos de 2010 e 2011, chegando a atingir o valor de R$ 789 milhões e voltando a cair em 2012, quando atingiu a quantia de R$ 709 milhões.

Discussão:

Na realidade econômica brasileira sempre houve a questão da real influência das atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no crescimento das empresas. Com efeito, em um ambiente produtivo dominado por indústrias transnacionais estabeleceu-se que, no Brasil, estas atividades ocorrem quando existe crescimento econômico, mas não que estas atividades sejam desenvolvidas para aumentar o faturamento da empresa (ANDREASSI;

SBRAGLIA, 2002). Para a Economia não existe correlação direta entre inovação e crescimento, mas, sim, entre inovação e aumento de produtividade de uma empresa, o que influencia o seu crescimento econômico (BRITO;

CHAIMOVIC, 2010).

Deste modo, a inovação faz parte de um conjunto de medidas que estimulam o crescimento conhecido como Produtividade Total dos Fatores de Crescimento, doravante PTF. Fazem parte da PTF as condições macroeconômicas do período (tais como estado de direito, segurança jurídica dos contratos, tributação, etc...) o capital físico (infra-estrutura) o capital humano (recursos humanos e sua qualificação e a capacidade da indústria de inovar (BRITO;

CHAIMOVIC, 2010). Estima-se que a capacidade de inovar pode resultar em até 40% da PTF de um setor produtivo (BRITO; CHAIMOVIC, 2010).

A taxa de inovação do setor moveleiro encontra-se na média da indústria nacional, atrás de setores como informática e telecomunicações. O setor foca seus investimentos na aquisição de máquinas e equipamentos, concentrando seus esforços em mudanças estratégicas e organizacionais. Pesquisa

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acadêmica desenvolvida na área demonstra que menos de 20% da indústria moveleira realizou dispêndios em atividades inovativas e menos investiu efetivamente em pesquisa e desenvolvimento (GAZIRI, 2010). Não obstante, o setor apresentou um crescimento consistente de sua exportação a partir de 2003, apresentando leve queda a partir de 2009 e manteve seus índices de faturamento em constante crescimento durante todo o período estudado.

Considerações finais:

No tocante à inovação os entraves elencados pela indústria moveleira foram os custos, riscos, problemas de adaptação das empresas, falta de pessoal qualificado, problemas de informação sobre tecnologia e mercado e falta de interação entre empresas e instituições de ciência e tecnologia (GAZIRI, 2010).

Tais dados sugerem que a simples promulgação da Lei de Inovação e seus incentivos não foi suficiente para a criação de um ambiente produtivo realmente propício à inovação na indústria moveleira do Brasil, sendo os dados positivos existentes na área principalmente relacionáveis a outros fatores, tais como o crescimento do mercado interno e um ambiente econômico favorável dentro da economia internacional. Neste sentido, faz-se necessário um adensamento das relações jurídicas entre empresas e universidades para a garantia de um crescimento econômico baseado em inovação para o setor moveleiro da indústria brasileira.

Referências:

ANDREASSI, Tales; SBRAGIA, Roberto. Relações entre indicadores de P&D e de resultado empresarial. Revista de Administração, São Paulo v. 37, n. 1, p.

72-84, janeiro. 2012.

BARBOSA, Denis Borges. Direito da Inovação. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris. 2006.

CARVALHO, Hélio Gomes de; CAVALCANTE, Maria Beatriz; REIS, Dálcio Roberto de. Gestão da Inovação. Curitiba: Aymará, 2011.

GALINARI, Rangel; MORGADO, Ricardo Rodrigues; TEIXEIRA JUNIOR, Job Rodrigues. A competitividade da indústria de móveis do Brasil: situação atual e perspectivas. In: BNDES, setorial n. 37. Rio de Janeiro, p. 227-272, mar. 2013.

Disponível em: <https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/1516>. Acesso em 2 jul. 2015.

GALLUCCI, Marina. Setor moveleiro deve crescer 3,5% em 2014. Disponível em: <http://www.emobile.com.br/>. Acesso em: 6 jul. 2015.

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GAZIRI, Leticia Castro. Condicionantes da inovação na indústria moveleira do Paraná. 2010. 183 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Organizações e Desenvolvimento, Fae Centro Universitário, Curitiba, 2010.

GORINI, Ana Paula Fontenelle. Panorama do setor moveleiro no Brasil, com ênfase na competitividade externa a partir do desenvolvimento da cadeia industrial de produtos sólidos de madeira. In: BNDES, setorial n. 8. Rio de Janeiro, p. 3 -57, set. 1998. Disponível em:

<https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/1287>. Acesso em 2 jul. 2015.

JUSTO, Marcelo. Queda das commodities sugere fim de ciclo de crescimento na América Latina. 20 mai. 2013. Disponível em:

<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/05/130520_commodities_queda _crescimento_america_latina_lgb>. Acesso em 9 jul. 2015.

MOVERGS. Dados do setor moveleiro. Disponível em:

<http://www.movergs.com.br>. Acesso em 7 jul. 2015.

ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO ECONÔMICA E

DESENVOLVIMENTO. Manual de Oslo: Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica. Brasília: Finep, 1990.

Disponível em: <http://download.finep.gov.br/imprensa/manual_de_oslo.pdf>.

Acesso em: 13 jul. 2015.

SINDMÓVEIS. Dados do setor. Disponível em:

<http://www.sindmoveis.com.br>. Acesso em 7 jul. 2015.

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