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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Academic year: 2021

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Registro: 2017.0000617238

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1008167-38.2014.8.26.0506, da Comarca de Ribeirão Preto, em que é apelante/apelado PASSAREDO TRANSPORTES AÉREOS LTDA, é apelado/apelante FABRÍCIO NUNES COVAS.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 38ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO E IMPROVIDO O DA RÉ.

, de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores SPENCER ALMEIDA FERREIRA (Presidente) e FERNANDO SASTRE REDONDO.

São Paulo, 18 de agosto de 2017. Eduardo Siqueira

Relator Assinatura Eletrônica

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VOTO Nº: 21245

APEL.Nº: 1008167-38.2014.8.26.0506

COMARCA: RIBEIRÃO PRETO (2ª VARA CÍVEL)

APTE. : FABRÍCIO NUNES COVAS E PASSAREDO TRANSPORTES AÉREOS LTDA.

APDO. : OS MESMOS

APELAÇÃO DA RÉ AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANO MATERIAL E MORAL REDUÇÃO DO VALOR DO DANO MATERIAL - Afastamento autor que comprovou documentalmente que adquiriu os bens em razão do extravio de sua bagagem Valor condizente com o padrão de vida do autor e a viagem proposta. RECURSO IMPROVIDO NESTE PONTO.

APELAÇÃO DA RÉ AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANO

MATERIAL E MORAL DANO MORAL BEM

CARACTERIZADO O desgaste emocional, a sensação de injustiça, dor e sofrimento de que padeceu o autor, decorrente do defeito do serviço prestado pela ré, não necessitam de uma demonstração específica, já que é inerente ao próprio ato. Isso gera inegavelmente profundo abalo emocional. É algo grave, profundamente angustiante. Revolta e perturba as relações psíquicas de qualquer pessoa, espraiando-se maleficamente inclusive na tranquilidade social, pois todos se sentiriam na possibilidade de serem vítimas de tal aberração. É justamente essa sensação experimentada, de impotência e de se ver indigno de respeito, que causa dano moral. É daí que esse dano resulta. RECURSO IMPROVIDO NESTE PONTO.

APELAÇÃO DA RÉ AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANO MATERIAL E MORAL INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA Sentença que fixou corretamente o termo inicial para incidência dos juros de mora, qual seja, a partir da citação. RECURSO IMPROVIDO NESTE PONTO.

APELAÇÃO DO AUTOR E DA RÉ AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANO MATERIAL E MORAL VALOR DO DANO MORAL QUANTUM DEBEATUR. A fixação deve ser realizada sob os critérios da razoabilidade e proporcionalidade. O valor indenizatório deve ser razoável para confortar o abalo sofrido pelo autor. Valor fixado em Primeira Instância que se mostra insuficiente para desestimular novas condutas análogas por parte da ré, além de ser observada a capacidade econômico-financeira das partes. O valor deve ser majorado de R$ 8.000,00 (oito mil reais), para R$ 15.000,00 (quinze mil reais), de acordo com os parâmetros da proporcionalidade e razoabilidade. RECURSO DO AUTOR PROVIDO NESTE PONTO.

APELAÇÃO DO AUTOR AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANO MATERIAL E MORAL DANO MATERIAL Alegação de que não relacionou todos os bens existentes na mala por orientação da ré Afastamento Autor não fez qualquer ressalva no documento quanto à existência dos

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demais itens. RECURSO IMPROVIDO NESTE PONTO. ART. 252, DO REGIMENTO INTERNO DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Em consonância com o princípio constitucional da razoável duração do processo, previsto no art. 5º, inc. LXXVIII, da Carta da República, é de rigor a ratificação dos fundamentos da r. sentença recorrida. Precedentes deste Tribunal de Justiça e do Superior Tribunal de Justiça. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO E IMPROVIDO O DA RÉ.

Trata-se de recursos de apelação interpostos por FABRÍCIO NUNES COVAS e PASSAREDO TRANSPORTES AÉREOS LTDA., nos autos da “AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANO MATERIAL E MORAL”, que o primeiro move em face da segunda, cujo pedido inicial foi julgado parcialmente procedente para condenar a ré no pagamento de indenização por danos materiais, no valor de R$ 1.507,15; no valor correspondente à mala extraviada, a ser apurado em fase de liquidação; e no valor de R$ 8.000,00 a título de indenização por danos morais, nos moldes da sentença de fls. 148/156, do Juiz BENEDITO SÉRGIO DE

OLIVEIRA, da qual o relatório se adota.

A ré recorre, alegando em síntese que: a) o valor da condenação a título de danos materiais é elevado e que a quantidade de bens adquiridos em substituição àqueles extraviados está fora dos critérios da razoabilidade, pretendendo sua redução para 150 OTN ou, alternativamente, o valor de R$ 1.000,00; b) incumbia ao autor comprovar o valor dos bens extraviados, não dependendo de liquidação; c) não houve ocorrência do dano moral uma vez que não foi produzida qualquer prova nesse sentido e, alternativamente, a redução do valor fixado; d) os juros de mora devem se dar a partir do arbitramento (fls. 167/175).

O recurso foi preparado a fl. 176.

O autor apresentou contrarrazões recursais pugnando pela manutenção da sentença (fls. 179/196).

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O autor também recorreu, alegando em síntese que: a) não relacionou todos os bens contidos na mala por orientação da própria ré, sendo que o espaço contido no formulário é insuficiente e que notificou a empresa, devendo ser ressarcido por todos os bens discriminados na petição inicial, além da própria mala; b) o valor fixado a título de indenização por danos morais é ínfimo, devendo ser majorado; c) a condenação em danos materiais deve se dar nos termos do pedido inicial (fls. 197/214).

O recurso foi preparado a fl. 215.

A ré apresentou contrarrazões recursais pugnando pela manutenção da sentença (fls. 220/224).

É o relatório.

Em que pese a argumentação contida nos apelos, a r. sentença não merece total reparo, pois o Juízo a quo decidiu o feito com precisão, devendo ser aplicado ao caso em concreto a disposição do art. 252, do Regimento Interno deste E. Tribunal de Justiça. In verbis:

“Art. 252 Nos recursos em geral, o relator poderá limitar-se a ratificar os fundamentos da decisão recorrida, quando, suficientemente motivada, houver de mantê-la.” (Grifei)

Com efeito, em consonância com o princípio constitucional da razoável duração do processo, previsto no art. 5º, inc. LXXVIII, da Carta da República (“a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”), é de rigor a ratificação dos fundamentos da r. sentença recorrida.

No mesmo sentido destaco o posicionamento desta Corte de Justiça: Apelação nº 994.06.023739-8, 1ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Elliot Akel, j. em 17.06.2010; Apelação nº 994.05.106096-7, Rel. Des. Neves Amorim, 2ª Câm. Dir. Priv., j. em 29.06.2010; Apelação nº 990.10.031478-5, 3ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Beretta da Silveira, j. em 13.04.2010; Apelação 994.05.0097355-6, 5ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. James Siano, j. em 19.05.2010;

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Apelação 994.01.017050-8, 6ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. José Joaquim dos Santos, j. em 27.05.2010; Apelação 991.09.079089-9, 11ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Moura Ribeiro, j. em 20/05/2010; Apelação n° 990.10.237099-2, 13ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Luiz Roberto Sabbato, em 30.06.2010; AI nº 990.10.032298-2, 15ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Edgard Jorge Lauand, j. em 13.04.2010; Apelação nº 991.09.0841779, 17ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Simões de Vergueiro, j. em 09/06/2010; Apelação nº 991.00.021389-1, 23ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Paulo Roberto de Santana, j. em 09/06/2010; Apelação nº 992.07.038448-6, 28ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Cesar Lacerda, j. em 27.07.2010.

E não é diferente o entendimento do Superior Tribunal de Justiça como se pode observar nos seguintes julgados: REsp n° 662.272-RS, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. em 04.09.2007; REsp n° 641.963-ES, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, j. em 21.11.2005; REsp n° 592.092-AL, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, j. em 17.12.2004; REsp n° 265.534- DF, 4ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j. em 1.12.2003.

Destarte, adoto e ratifico os seguintes fundamentos da r. sentença, de acordo com o art. 252, do Regimento Interno deste E. Tribunal de Justiça:

“Com efeito, alega o autor que, juntamente com sua noiva, contratou os serviços de transporte da ré para uma viagem do Rio de Janeiro e que, quando do desembarque, constatou que sua bagagem havia se extraviado, não mais sendo localizada, o que lhe acarretou danos material e moral.

Essa versão do autor, consumidor manifestamente hipossuficiente se comparados á ré experiente empresa de viagem -, além de verossímil, à luz do que ordinariamente acontece, encontra total corroboração nas provas documentais (cf. fls. 31/35).

Assim, cabia á ré, fornecedora, comprovar que os serviços por ela prestados não apresentaram os aludidos defeitos ou que houve culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (cf. CDC artigos 14, § 3º, I e II).

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No caso, nada, absolutamente nada provou a ré em tal sentido, tendo, como se viu, estranhamente se desinteressado pela produção de qualquer prova (fls. 145 e 147).

Assim, dúvida não há quanto à responsabilidade da ré, que por isso mesmo deve reparar os danos sofridos pelo autor, lembrando-se, por oportuno, nesse aspecto, que, tratando-se de relação de consumo, as disposições do Código de Defesa do Consumidor prevalecem sobre as regras do Código Brasileiro de Aeronáutica.

(...)

O valor da indenização a título de dano material, todavia, não pode ser aquele alvitrado na inicial.

Isso porque o autor, ao preencher o formulário de extravio de bagagem, momento oportuno para registrar todo seu prejuízo, não discriminou todos aqueles itens relacionados a fls. 5/6, mas apenas alguns poucos, além da mala. Para se constar isso, bastar simples passar de olhos no documento a fls. 34.

Registre-se, ainda, que as notas fiscais a fls. 41 não têm o condão de comprovar que os produtos ali relacionados estavam na bagagem extraviada, já que se referem a viagens distintas.

(...)

Nesse passo, é devido ao autor, a título de indenização por dano material, o valor de R$ 1.507,15, correspondente aos produtos adquiridos em substituição àqueles extraviados, já que ficou devidamente comprovado nos autos (fls. 35), e o valor correspondente à mala, que será apurado em liquidação de sentença.

(...)

Em verdade, o desgaste emocional, a sensação de injustiça, dor e sofrimento de que padeceu o autor, decorrente do defeito do serviço prestado pela ré, não necessitam de uma demonstração específica, já que é inerente ao próprio ato. Isso gera inegavelmente profundo abalo emocional. É algo grave, profundamente angustiante. Revolta e perturba as relações psíquicas de qualquer pessoa, espraiando-se maleficamente inclusive na tranquilidade social, pois todos se sentiriam na possibilidade de serem

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vítimas de tal aberração. É justamente essa sensação experimentada, de impotência e de se ver indigno de respeito, que causa dano moral. É daí que esse dano resulta.” (Grifei)

De se consignar que o valor fixado a título de danos materiais nada tem de elevado e condiz com o padrão de vida do autor e com a viagem proposta.

E com relação à alegação do autor de que não relacionou todos os bens contidos na mala por orientação da própria ré, esta não convence, uma vez que sequer fez qualquer ressalva no documento de fl. 34 quanto à sua existência.

Relativamente ao quantum indenizatório, a sentença merece um pequeno reparo.

Como é comezinho, embora para a fixação do valor do dano moral não se tenha parâmetros definidos ou preestabelecidos em lei, tendo o legislador deixado tal mister ao prudente arbítrio dos Magistrados, que podem analisar as nuances e as peculiaridades de cada caso concreto, e fixar o quantum indenizatório de modo a não causar enriquecimento ou empobrecimento indevidos, alguns critérios têm sido apontados pela doutrina e jurisprudência como basilares de um arbitramento équo e justo, quais sejam: “a) grau de reprovabilidade da conduta ilícita; b) intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima; c) capacidade econômica do causador do dano; d) condições pessoais do ofendido” (SANTOS, Antonio Jeová. Dano moral indenizável. 4. ed. rev. ampl. e atual. de acordo com o novo Código Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 186).

Nesse sentido tem se manifestado a jurisprudência, como se pode ver nos seguintes julgados:

“Em se tratando de reparação civil por danos morais, deve-se atentar para as CONDIÇÕES DAS PARTES, a GRAVIDADE DA LESÃO, sua REPERCUSSÃO, a CULPA DO AGENTE e as CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS” (JTJ-LEX 204/70).

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(Grifei)

“Na fixação da indenização por danos morais, recomendável que o arbitramento seja feito com moderação,

proporcionalmente ao GRAU DE CULPA, ao NÍVEL

SOCIOECONÔMICO DOS AUTORES, e, ainda, ao PORTE DA EMPRESA recorrida, orientando-se o juiz pelos critérios

sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com

razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso” (RSTJ 112/216). (Grifei)

“O arbitramento do dano moral é apreciado no inteiro arbítrio do Juiz, que, não obstante, em cada caso, deverá atender à REPERCUSSÃO ECONÔMICA dele, à prova da DOR e ao GRAU DE DOLO OU CULPA do ofensor” (RT 730/206). (Grifei)

No caso em análise, o grau de reprovabilidade da conduta da ré é de considerável monta, uma vez que não prestou o serviço a contento, deixando que a bagagem do autor se extraviasse, justamente em época de festividades e de férias.

De outro lado, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pelo autor são presumidas.

Demais disso, a ré é empresa de grande porte, com enorme capacidade financeira e a indenização fixada não gerará enriquecimento ao autor.

Destarte, levando em consideração tais parâmetros, bem como as demais circunstâncias fáticas, o valor indenizatório pelos danos morais suportados pelo autor deve ser fixado em R$ 15.000,00 (quinze mil reais), de acordo com os parâmetros da proporcionalidade e razoabilidade.

Este também é o entendimento do Colendo Tribunal de Justiça, conforme se observa nas palavras da Min. Nancy Andrighi: “A indenização por dano moral deve atender a uma relação de proporcionalidade, não podendo ser insignificante a ponto de não cumprir com sua função penalizante, nem ser excessiva a ponto de desbordar da razão compensatória

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para a qual foi predisposta.” (STJ; REsp 318.379/MG).

Por fim, a fixação dos juros de mora foi corretamente observada na sentença atacada e, diferentemente do que ocorre com a correção monetária, que é objeto da Súmula 362, do STJ, deve incidir a partir da citação.

Ante o exposto, nego provimento ao recurso da ré e dou parcial provimento ao recurso do autor, para majorar a indenização por danos morais para a quantia de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), que deverá ser corrigido monetariamente a contar da data do arbitramento (Súmula 362 do STJ), e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a partir da citação.

EDUARDO SIQUEIRA Desembargador Relator

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