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VI-007 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DO RIO ITAPECURU, NAS CIDADES DE PIRAPEMAS, CANTANHÊDE, ITAPECURU MIRIM, BACABEIRA, SANTA RITA E ROSÁRIO.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

VI-007 – PERCEPÇÃO AMBIENTAL DO RIO ITAPECURU, NAS CIDADES DE

PIRAPEMAS, CANTANHÊDE, ITAPECURU MIRIM, BACABEIRA, SANTA

RITA E ROSÁRIO.

Raimundo Nonato Medeiros da Silva(1)

Engenheiro Civil, Físico, diretor da ABES, trabalha na Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão – CAEMA

Lenimar Veiga Gomes

Mestre em Saúde e Ambiente e Química da Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão - CAEMA

Maria Isabel da Costa Freitas

Químico Industrial, consultora da área de Meio Ambiente

Antônio Dênis Gedeon

Engenheiro Químico da Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão.

Maria do Carmo Rodrigues Duarte

Engenheira Civil – Universidade Estadual do Maranhão, Especialista em Saneamento, Professora do 3º do Centro Federal de Educação Tecnologica do Maranhão.

Endereço(1): Rua 98 Quadra 68 Casa 06 Conjunto Vinhais - São Luís - MA - CEP: 65055-920 - Brasil - Tel: (98)

3082 -2238 - e-mail: nonaton@elo.com.br

RESUMO

Um estudo da percepção ambiental dos usuários de seis municípios da bacia hidrográfica do Rio Itapecuru localizados na foz, medindo vários aspectos da percepção coletiva. Foi comparado a outro realizado em janeiro de 1997 pela Universidade Federal do Maranhão, em toda bacia.

O resultado de 201 questionários aplicados nos municípios da bacia apresentou o lixo e o desmatamento como a maior preocupação. Eles somam quase 80% dos aspectos considerados impactantes e negativos na visão dos entrevistados. Sugestões para melhoria da qualidade ambiental do rio, bem como perspectivas futuras sobre a sua conservação foram também avaliadas.

Neste contexto inserimos a Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão como elemento gerador de conflitos pelo uso da água, já que ela é a maior consumidora de água bruta para fornecer tratada aos consumidores da Ilha.

PALAVRAS-CHAVE: Percepção Ambiental, Recursos Hídricos, Rio Itapecuru, Maranhão.

INTRODUÇÃO

O estudo dos processos relativos à percepção ambiental é fundamental para compreender melhor a inter-relação do ser humano com o meio ambiente, seja individual ou comunitário, em suas expectativas, julgamentos e condutas. Nos processos de planejamento, estudos de percepção ambiental são fundamentais porque permitem conhecer as particularidades de cada relação sociedade/ indivíduo e do meio ambiente. O trabalho observa o abastecimento de água de São Luís, que desde 1983 é proveniente em grande parte do Rio Itapecuru com captação localizada no município de Bacabeira distante da capital sessenta quilômetros. Atualmente está em andamento uma obra de ampliação do sistema de bombeamento do Rio Itapecuru para abastecer os empreendimentos industriais na capital do Maranhão o que despertou na população da ilha a preocupação sobre as condições sanitárias e de vazão desta fonte.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento recomenda tratar as questões ambientais com a participação de todos os cidadãos interessados. E a Educação Ambiental mostra-se como o melhor caminho para suscitar a consciência crítica na comunidade, a partir da análise dos problemas por ela vividos, e estabelecer sua participação na solução destes problemas.

Algumas perguntas precisam ser respondidas para o melhor entendimento do problema, por exemplo, o que acham os municípios do entorno da captação de água para a capital, desta obra de ampliação? A população ribeirinha local está disposta a contribuir, de alguma forma para a preservação do manancial? Qual o preço

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que estas populações estão dispostas a pagar, deixando de explorar potencialidades do rio como a irrigação e a pecuária? Que benefícios esperam receber em troca dos governantes pelo uso controlado do rio? Estas e outras perguntas direcionam o presente trabalho na captura da percepção dos ribeirinhos de seis municípios da foz. O trabalho foi dividido em quatro partes. Na primeira, foi dada uma atenção à questão dessas conferências mundiais, fazendo-se uma breve fundamentação teórica, abordando-se aspectos legais, para um melhor entendimento do assunto em estudo.

Na segunda, abordam-se as caracterizações geográficas das bacias hidrográficas maranhense, dando enfoque especial ao do Rio Itapecuru, complementa-se também, as principais informações acerca dos municípios ribeirinhos próximos da foz, objeto da pesquisa.

Já, a terceira parte, é enfocada a importância da percepção ambiental em todas suas nuances, mostrando o arcabouço epistemológico do estudo.

Na última parte são apresentadas informações inerentes aos procedimentos metodológicos, como também, a análise das limitações e resultados da pesquisa.

Por fim, o presente estudo pretende contribuir para uma reflexão, na forma de um amplo debate junto aos ribeirinhos, usuários direto do manancial, na perspectiva de que os frutos destes estudos introdutórios possam ser colhidos.

CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA BACIA

A população da capital maranhense é refém do Rio Itapecuru. Ele vem sofrendo um contínuo processo de degradação ambiental, o que podemos comprovar com a morte de alguns dos afluentes e o aumento da poluição de suas águas.

Figura 1 – Brasil com destaque para o Maranhão

Fonte: UEMA/LABOGEO

A bacia hidrográfica, como unidade de gestão ambiental, tem sido uma abordagem de vanguarda para os estudos e planos que objetivam a busca de soluções para os problemas relacionados aos recursos hídricos. A área de estudo são as seis últimas cidades banhadas pelo Rio.

Atualmente oito das dez cidades ribeirinhas captam água diretamente no Rio, tratam e distribuem. As restantes utilizam água subterrânea.

Localização

Um Rio genuinamente maranhense que nasce no sistema formado pelas serras de Itapecuru e Alpercatas, dentro do Parque Estadual do Mirador a uma altitude de 480 m, percorre o estado de Sul a Norte por 1041 quilômetros e situa-se entre os paralelos 2º 30' e 7"Latitude Sul e medianos 43º e 46º Longitude Oeste, (BARRADAS, 1996). Tem forma geométrica de uma foice com a concavidade voltada para a bacia do Rio Mearim, limitando-se com as bacias do Parnaíba pelo leste, Mearim pelo oeste, Munim pelo nordeste e Baía do Arraial pelo norte.

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O alto Itapecuru, região com menor densidade habitacional, possui as maiores áreas desmatadas, para plantação de soja. No médio Itapecuru a maior atividade é agropastoril, que também desmata grandes áreas para plantação de pasto e o baixo Itapecuru é a que mais recebe esgotos sanitários, devido o maior adensamento populacional.

Figura 2 – Baixo Curso da Bacia Hidrográfica do Itapecuru

Fonte: UFMA

O Desenvolvimento: a urbanização como processo acelerador de impactos negativos

Na bacia hidrográfica do Rio Itapecuru estão encravados 45 municípios maranhenses dos quais 11 cidades têm suas sede à margem. A urbanização lateral traz entre outros problemas, o lançamento do lixo dos esgotos gerados por estas comunidades. Tanto o esgoto “in natura” como o lixo são lançados diretamente na calha do rio.

Tabela 1: Poluição dos aglomerados Urbanos

Município Tipo do Empreendimento Manancial

Itapecuru-Mirim Depósito de Lixo a Céu Aberto Rio Itapecuru Rosário Esgotamento Sanitário Rio Itapecuru Rosário Depósito de Lixo a Céu Aberto Rio Itapecuru Rosário Matadouro Público Municipal Igarapé Precaú

Santa Rita Matadouro Municipal Igarapé Carema

Fonte: SEMA

Na bacia hidrográfica todos os esgotos domésticos e os industriais são lançados diretamente na calha do rio sem nenhum tipo de tratamento. As atividades de maior carga poluidora são resultado da aglomeração urbana conforme a tabela 1.

As cidades localizadas nas margens do Rio Itapecuru são: Mirador, Colinas, Caxias, Codó, Coroatá, Timbiras, Pirapemas, Cantanhêde, Itapecuru Mirim, Rosário e Santa Rita .

Aspectos gerais dos municípios da área de estudo. Pirapemas

Cidade localizada na margem esquerda do Rio Itapecuru, sendo a primeira no sentido da nascente para foz. Possui uma população de 23.944 habitantes em todo o município, e na sua zona urbana apenas 14.005 habitantes (IBGE, 2000). A cidade nasceu no local de uma antiga aldeia indígena em que os colonizadores criaram uma fazenda de gado. Quando da criação do município foi desmembrada do território de Itapecuru Mirim em 11 de dezembro de 1952.

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Cantanhêde

É a segunda cidade no sentido, nascente foz. Teve como primeiros habitantes os portugueses, cujo nome, que lhe dera em homenagem a sua terra natal. Possuía em 2000, 8.736 habitantes e na sua zona urbana 7.275 habitantes. Cantanhêde foi criada em 24 de setembro de 1952.

Itapecuru-Mirim

Município criado pelo desembargador Manoel Sarmento, cujo reconhecimento só ocorreu em 1817. Foi elevada a cidade em 21 de julho de 1870, por ordem de D Pedro II. Possui atualmente 48.238 habitantes e na sua zona urbana apenas 22.038 habitantes.

Santa Rita

Este município é ante penúltimo no sentido, nascente–foz, distante 3 km do rio. Possui atualmente uma população de 21.437 habitantes, concentrados em sua maioria na zona rural um quantitativo de 14.182 habitantes.

Bacabeira

Surgiu do desmembramento do município vizinho de Rosário. Fica na margem da BR 135 e distante 6 km do Rio Itapecuru sendo portanto a quarta cidade no sentido, nascente-foz. Possui atualmente uma população 7.200 na zona urbana e no geral 21.400 habitantes.

Rosário

Cidade foi criada em 06 de abril de 1914. É a quinta cidade ribeirinha na área de estudo. Possui atualmente 42.568 habitantes e na sua zona urbana apenas 20.078. Cristóvão de Serra Freire instalou-se na região fundando a povoação eclesiástica Nossa Senhora do Rosário.

PERCEPÇÃO AMBIENTAL

Cada um de nós possui uma visão de mundo, que não pode ser nunca objetiva, mas compõe-se de um conjunto de realidades subjetivas, significativas, sistema de valores e interpretações que dependem de uma série de fatores, sejam sociais ou inerentes ao próprio indivíduo. (DEL RIO, 1996)

O homem está constantemente agindo sobre o meio a fim de sanar suas necessidades e desejos. Quantas das nossas ações sobre o ambiente, natural ou construído, afetam a qualidade de vida? E não estamos falando de respostas emocionais, que dependem do nosso humor ou predisposição do momento, mas da nossa própria satisfação psicológica com o ambiente.

Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são, portanto resultado das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivíduo.

A Educação Ambiental tem objetivo de permitir que os indivíduos se engajem no enfrentamento e na resolução das problemáticas ambientais que lhe atingem mais diretamente, sempre tendo como ponto central a compreensão da natureza complexa do meio ambiente natural e do meio ambiente criado pelo homem, resultante da integração de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e culturais.

É possível investigar qual é a percepção que as pessoas têm do seu meio ambiente; de como a cultura e a experiência afetam essa percepção; quais são as atitudes em relação ao meio ambiente; e qual é o papel que a percepção ambiental desempenha no arranjo espacial do meio ambiental e no aparecimento das paisagens.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a captação da percepção ambiental dos diferentes grupos de interação foi registrada através de observação in loco e questionários para a caracterização dos indivíduos, sua percepção em relação ao Rio Itapecuru e por fim, sua contribuição em relação ao manancial.

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O conceito de ambiente foi estabelecido como função da representação social, caracterizado por uma visão que evolui no tempo e no espaço e depende, da comunidade pesquisada. E o método de investigação foi o modelo transacional do relacionamento homem –paisagem para captar suas percepções, explicados pelos indicadores que se segue:

• A sensibilidade do ribeirinho através de sua memória-lembrança do rio.

• O grau de compromisso com a execução de políticas governamentais para preservação da florestas, parque e fontes de água.

• A existência de conflitos pelo uso da água.

• A beleza observada no rio como representação da alma do nativo. • O principal uso do rio pelo povo de suas margens.

DISCUSSÃO

Foram aplicado um total de 201 questionários na forma de entrevistas, realizadas com diferentes segmentos populacionais da bacia. Após a tabulação sobre a percepção ambiental dos ribeirinhos foi realizada junção dos seus resultados com os conhecimentos científicos adquiridos em vários artigos científicos.

Dos entrevistados dos seis municípios chamou atenção os de Cantanhêde e Bacabeira. Em relação ao futuro do rio afirmaram com a maior convicção que o rio morrerá no máximo em duas décadas.

É unânime a resposta “Não” em relação à cobrança pelo uso da água no sentido de ajudar a preservar o manancial e acreditam que o sistema Italuis é um fator negativo, como também, afirmam que o rio sirva mais aos pobres.

Em Santa Rita os entrevistados apontam os fatores que mais prejudicam ou que mais causa danos ao rio que são os cultivos nas suas margens e por incrível que pareça, nesta mesma comunidade apresentam-se um grau de otimismo elevado acreditando que no futuro tudo vai melhorar.

Gráfico 1 – O futuro do Rio Itapecuru

44%

12%

40%

4%

Melhorar Aumentar a poluição Secar Nenhuma

A pesquisa constatou que a percepção da expectativa de futuro do ribeirinho em relação ao manancial como uma das mais importante. Aqui duas posições antagônicas se equilibram: melhorar e secar, levando pequena vantagem os otimistas.

Em Rosário quando os entrevistados diziam ser a cachoeira o que há de mais belo do rio, estão se referindo a famosa cachoeira onde existe um forte construído desde 1620 chamado de Vera Cruz. Nenhum outro município da área de estudo apontou cachoeira como o mais belo, pela simples razão de não à possuírem.

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Gráfico 2 – O mais belo do Rio Itapecuru

7%

18%

42%

4%

18%

11%

As enchentas Cachoeiras Paisagem Vegetação Margens Água

Entre as opções de beleza, o que foi considerado mais belo para os moradores da bacia foi a paisagem que o rio oferece aos visitantes.

Nenhuma cidade da bacia Hidrográfica do Rio Itapecuru possui sistema de tratamento de esgotos e aterro sanitário em funcionamento. Todos os esgotos hospitalares, industriais e domésticos ou são lançados diretamente no corpo do rio ou em algum afluente.

Gráfico 3 – O que causa maior dano ao Rio Itapecuru

2 1 % 5 % 4 % 2 % 1 % 6 7 % D e s m a ta m e n to s / Q u e im a d a s V a z a n te s E x tr a ç ã o d e a r e ia s B o m b e a m e n to d e á g u a A s s o r e a m e n to L ix o n a s m a r g e n s

É também muito grande o percentual de ribeirinhos que reconhece que o lixo e os esgotos domésticos lançados nas margens é o principal problema, mas quando são questionados sobre o que fazer para melhorar as condições se dividem em reflorestar as margens e a retirada de todos os esgotos

Para melhorar o aspecto ambiental da bacia, várias propostas foram colocadas de modo que a mais importante fosse eleita por cada pessoa consultada. Nas respostas houve um certo equilíbrio entre duas ações, a saber: a retirada dos esgotos ou a limpeza do leito já melhoraria as condições do manancial de água.

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Gráfico 4 – O que deve ser feito para melhorar

15% 8% 37% 40% Plantando árvores Falando com vizinhos Limpando o leito Retirando os esgotos

Na resposta aberta que todos os entrevistados mencionaram uma palavra que lhe ocorresse na memória quando ouvissem o nome do rio. Poluição e água foram bem lembradas, mas “Vida” o maior percentual foi maior. Isto se explica porque o tema da campanha da fraternidade massificou que água é vida.

Gráfico 5 – O que lembra o Rio Itapecuru

32% 36% 24% 3% 3% 2% Poluição Vida Agua Esperança Banho Pesca

Quase a totalidade dos entrevistados desconhece a obra de ampliação do Italuis, que retira água do rio para abastecimento da capital e não sabem dizer se é a existência dela é positivo ou negativo.

No quesito que avalia o pagamento da água como bom para a preservação dos rios o esperado era que 98% dos entrevistados opinasse pelo negativo devido o nível de informações sobre a lei de Recursos Hídricos e seus benefícios.

Dois motivos justificam o resultado, primeiro pela própria natureza do indivíduo ser contra qualquer coisa que aumente o preço final de um produto tão necessário; e segundo, pela campanha da fraternidade que massificou o assunto discutindo 40 dias em todas as missas.

O resultado surpreendeu, pois mais 5% acham que a cobrança é positiva. Esta pergunta teve o objetivo de medir a confiança das pessoas nas ações de governo para preservar as fontes de água como rios e lagos. O quesito para apurar a luta de classe, ou conflitos de uso, demonstra que os ribeirinhos da baixa bacia acreditam que o povo pobre é quem mais precisa do rio. Com isto estão dizendo que os ricos vão buscar água em outro manancial quando o rio secar.

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Segundo este entendimento quem sai perdendo é a população pobre da bacia. Os ricos quando o rio secar, certamente mandarão canalizar água de outro rio para o seu consumo. Os moradores das margens, especialmente os pobres, este sim precisam do rio vivo.

As opções de uso eram oferecidas aos entrevistados em um total de seis para ser escolhida a que considerasse a mais importante. O uso mais freqüente do rio pelo entrevistados é para dessedentação das pessoas ribeirinhas, pois 63% afirmaram que o uso mais importante que fazem do manancial é beber sua água.

Gráfico 7– O uso mais freqüente do Rio Itapecuru

63% 16% 14% 1% 3% 3% Bebe água Banha Pesca

Lava suas roupas Planta nas margens Navega

A potencialidade mais importante que a maioria dos entrevistado dos municípios da foz acreditam que o rio possa ter é a pesca, isto porque a proximidade com o oceano torna o manancial mais piscoso.

CONCLUSÕES

A pesquisa constatou percepções diferenciadas obtidas a partir de entrevistas com estudantes, lavradores, donas de casa e comerciantes. A coleta ocorreu no período de novembro/2003 a abril/2004, nos municípios de Pirapemas, Cantanhêde, Rosário, Itapecuru-Mirim Bacabeira e Santa Rita.

As habitações rurais estão dispersas pelas margens do rio com distâncias que variam de quinhentos metros a dois quilômetros, seguindo padrão típico da organização espacial cabocla. Elas são construídas de barro e coberta de palha. As atividades de subsistência estão centralizadas no extrativismo.

A maior parte dos moradores ribeirinhos é constituído de meeiros da terra, ou seja, entregam a meia da produção final do produto da terra, e o manejo da roça começa com o broque, segue com coivara e a queima. Os resíduos vegetais são novamente encoivarados e queimados. As roças são sempre no alto e não inundam sendo a plantação em forma retangular.

A atividade da pesca dos ribeirinhos é artesanal e para o próprio sustento. A pescaria é feita a noite depois do trabalho na roça. Os equipamentos de trabalho usados na pesca são a tarrafa, jequi é o anzol.

Os resultados da pesquisa quando analisados isoladamente por local de aplicação, identificamos que a percepção de cada ribeirinho é limitada pela área que ele conhece na região.

Os entrevistados de Pirapemas que costumam construir suas vazantes às margem do rio. Estes por sua vez, assumiram ser contrários esta prática, mas, mesmo assim continuam praticando-a como único meio de sobrevivência. A pesquisa também aponta um resultado demasiadamente preocupante em relação a expectativa do futuro do rio é que um grande percentual da população acredita que rio não tenha uma sobrevida maior que 20 anos.

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Com isso na atualidade, não existe outra alternativa dos ribeirinhos em relação a diminuição de suas atividades de subsistência no sentido de contribuir em benefícios de outras pessoas, no caso moradores de São Luís.

Visitação in loco

Os desmatamentos visíveis para quem trafega no rio são poucos, entretanto no município de Santa Rita no povoado Areia e Itaipu, havia uma derrubada recente de árvores da margem do rio.

Nas margens observamos duas situações distintas. Margem com pouca vegetação com e baixa declividade, elas tem areia trazida pelas enchentes e a margem com uma inclinação acentuada como se fossem paredes. Neste caso as árvores são adultas e possuem grande densidade. Pequenas nascentes são vistas nestas paredes. As lavadeiras e os pescadores, embora a maioria não faça da atividade um meio de sobrevivência, estavam trabalhando no rio. A quantidade de mulheres trabalhando no rio era maior. Entre os que pescavam havia uma mulher e não havia nenhum homem lavando roupa nas margens.

Embora a retirada de água do rio para irrigação não seja expressiva, existiam 17 bombas trabalhando em culturas agrícolas que podem também indicar lixiviação de pesticidas utilizados nestas culturas, no período chuvoso.

RECOMENDAÇÕES

Tendo em vista os resultados desse estudo devem ser tomadas as medidas para que sejam reduzidas as agressões que este curso d’água vem sofrendo a fim de que o Rio não se torne temporário. Na esperança de reverter o processo de deterioração da bacia do Rio Itapecuru se faz necessário e urgente à medida que a seguir recomenda-se:

A concessionária de saneamento faça a coleta e tratamento dos esgotos residenciais e tratamento individualizado dos efluentes industriais;

Ao Poder Público Municipal faça a retirada dos lixeiros localizado nas margens do rio, construindo em seu lugar obras com praças ou jardins;

Ao Governo Estadual a elaboração de um plano gestor de educação ambiental visando conscientizar aos ribeirinhos da importância de seu papel na conservação do rio;

À Companhia de Água e Esgoto do Maranhão promova encontro freqüentes junto à comunidade ribeirinhas e as autoridades dos municípios do Rio Itapecuru

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ARANHA, F.J. et al. Itapecuru River basin (Maranhão, Brazil): limnological, geological and geomorphological preliminary characterization. Verh. Internat. Verein. Limnol. 26:857-859. 1997.

2. BARRADAS, Manoel do Nascimento. Rio Itapecuru: uma proposta de preservação. Caxias: Comepi, 1996, 48p.

3. DEL RIO, V., OLIVEIRA, L. de. Percepção Ambiental: a experiência brasileira. São Paulo: Studio Nobel; São Carlos, SP: Universidade Federal de São Carlos. 1996, 265p.

4. FERRARA, Lucrécia Dalessio. Olhar periférico informação, linguagem, percepção ambiental. São Paulo: Edusp. 1993. 277p.

5. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. - Centro de Documentação e Disseminação de Informações. Normas de Apresentação Tabular, 3.ed.. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística / IBGE, 1993, 62 p.

6. MEDEIROS, Raimundo. Rio Itapecuru, águas que correm entre pedras, São Luís: ABES 2000, 120p. 7. OLSEN, Orjan Olof V. Percepção da opinião publica e dos grupos sociais estratificados a respeito de

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