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DEPARTAMENTO DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ CORREGEDORIA GERAL DA POLICIA CIVIL

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Academic year: 2021

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Referência: Protocolado nº 1118/07 – CGPC

Documento referência: Ofício nº 2518/07 – Instituto de Identificação do Paraná.

Dos fatos: trata-se de ofício do Excelentíssimo Diretor do Instituto de Identificação do

Paraná, encaminhando Recomendação nº 01/07 do Ministério Público, expedida pelas Excelentíssimas Promotoras de Justiça, Doutoras Andréa Simone Frias e Fernanda Nagl Graces, para conhecimento e manifestação.

Preocupa-se, o Senhor Diretor do Instituto, quanto a expedição de Certidão de Boa Conduta (verificação de anotações criminais) por Delegacia de Polícia, após consulta ao Banco de Dados daquele órgão através do programa “Polícia on line”, cujas informações constantes deveriam ser de uso exclusivo da organização policial e outros órgãos ligados a aplicação da Justiça. Relata temer que tais informações, nos moldes como estão sendo utilizadas, percam o caráter sigiloso, podendo causar inúmeros problemas para os que não tenham contra si condenação criminal transitada em julgado, mas sim anotação de figurar como indiciado em inquérito policial, já arquivado e sem a devida anotação no sistema.

Mencionada Recomendação foi motivada após conhecimento das Excelentíssimas Promotoras de Justiça que servidores da 15ª Subdivisão Policial de Cascavel/PR estariam se abstendo em fornecer “Certidão de Boa Conduta” a pessoas que recebem o benefício da Transação Penal ou da Suspensão Condicional do Processo, arquivados ou não, sem que as mesmas ostentem contra si condenação criminal transitada em julgado, contrariando garantias Constitucionais. Diante do fato, alertando acerca do disposto no inciso LVII, do

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Penal e do § 6º, do artigo 76 da Lei nº 9.099/95 expediu-se a Recomendação supramencionada ao Delegado Chefe da 15ª SDP de Cascavel para que determine imediatamente todas as providências administrativas no sentido que, entendendo ser de

sua competência a expedição de “Certidão de Boa Conduta” se abstenha de negar a

mesma a pessoas que tenham recebido os benefícios da Transação Penal e/ou Suspensão Condicional do Processo, estando no cumprimento do período de prova ou tenham dado integral cumprimento ao benefício, com o arquivamento do Termo Circunstanciado ou da Ação Penal, desde que não tenham contra si condenação criminal transitada em julgado.

Análise e parecer: Embora existam no ordenamento jurídico normas disciplinando o

assunto, não há posicionamento desta Corregedoria-Geral nem do Departamento da Polícia Civil acerca da matéria.

Constituem, os Antecedentes Criminais, conforme ensina Damásio Evangelista de Jesus (Direito Penal, 1º Volume – Parte Geral, 20ª ed., São Paulo, Saraiva, 1999, p.546) “os fatos da vida pregressa do agente, sejam bons ou maus, como, p. ex.: condenações penais anteriores, absolvições penais anteriores, inquéritos arquivados, inquéritos ou ações penais trancadas por causas extintivas da punibilidade, ações penais em andamento, passagens pelo Juizado de Menores, suspensão ou perda do pátrio poder, tutela ou curatela, falência, condenação em separação judicial, etc.”. Diante disso, há empresas, públicas ou privadas, que exigem a apresentação de atestado de antecedentes criminais pelos candidatos escolhidos durante a fase de seleção, como condição para admissão no emprego. Tal prática, entretanto, fere os

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princípios da inviolabilidade da vida privada e da intimidade e o da inocência, salvo exceções.

Com efeito, o artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal considera inviolável a intimidade e a vida privada do indivíduo e, por conseqüência, estabelece um limite ao poder diretivo do futuro empregador de investigar a vida do candidato ao emprego, vedando a discriminação no ato da admissão e na manutenção do emprego. Já o inciso LVII, considera que ninguém será culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, o que, segundo ensinamentos de Sérgio Valadão Ferraz (Curso de Direito Constitucional, 2ª ed., São Paulo, Campus, 2006, p.143) “impede a inscrição do nome do condenado no rol dos culpados, enquanto não houver o transito em julgado da decisão condenatória, mesmo diante da existência de diversos inquéritos policiais ou condenações criminais ainda não transitadas em julgado”.

Na mesma condição, se encontram as infrações penais de menor potencial ofensivo, disciplinadas pelos §§ 4º e 6º, do artigo 76 da Lei nº 9099/95, conforme sustentam a professora Ada Pellegrini Grinover (Juizados Especiais Criminais, Comentários a Lei 9.099/95, 3ª ed., São Paulo, RT, 1999, p. 150) : “a imposição da sansão não constará de registros criminais, salvo para o efeito de impedir nova transação penal no prazo de cinco anos, nem de certidões de antecedentes” e julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ, RESP 1129995/PR, Rel. Min. Edson Vidigal, DJ 17.12.1999, p. 00391): “...Transação Penal não implica em reconhecimento de culpa. A extinção da punibilidade, como preconizado no artigo 89 e seus parágrafos, não deixa mácula de antecedentes”, não gerando assim, no lançamento do

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autor do fato no rol dos culpados e maus antecedentes, segundo Damásio Evangelista de Jesus (Lei dos Juizados Especiais Criminais, 10ª ed., São Paulo, Saraiva, 2007, p. 69).

Há de observar-se, ainda, comentário do jurista Guilherme de Souza Nucci (Código de Processo Penal Comentado, 5ª ed., São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2006, p. 122) reportando-se ao disposto no parágrafo único, do artigo 20 do Código de Processo Penal:

“É inútil, em nossa visão, o atestado de antecedentes policiais, na atualidade. Não pode a autoridade fazer constar inquérito em andamento, nem tampouco condenações, com trânsito em julgado, cuja pena já foi cumprida”.

Finalmente, a matéria é disciplinada pelos artigos 1º a 4º da Lei 6.868/80, abaixo transcritos, que dispensam a apresentação de atestados de antecedentes e outros para fins de registro profissional perante o Ministério do Trabalho, admitindo-se como tal, a simples declaração escrita do interessado.

Art. 1º Ficam abolidas quaisquer exigências de apresentação de atestados de bons antecedentes, de boa conduta ou de folha corrida para fins de registro profissional perante o Ministério do Trabalho ou os órgãos fiscalizadores do exercício profissional, aceitando-se, em substituição, a declaração escrita do interessado.

Parágrafo único. A declaração substitutiva, prevista neste artigo, reputar-se-á verdadeira até prova em contrário.

Art. 2º Havendo fundadas razões de dúvida quanto à veracidade da declaração, serão desde logo solicitadas ao interessado providências para que a mesma seja dirimida, anotando-se a circunstância.

Art. 3º Verificada em qualquer tempo a ocorrência de fraude ou falsidade em prova documental ou declaração do interessado, a exigência será considerada como não satisfeita, e sem efeito o ato praticado em conseqüência de sua apresentação ou juntada, dando-se conhecimento do fato à autoridade competente, para

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instauração de processo criminal e de processo administrativo, quando couber.

Art. 4º Aplica-se à exigência da apresentação de atestado de bons antecedentes prevista no art. 380 (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, o disposto no art. 1º desta Lei.

Assim, verifica-se assistir razão as Excelentíssimas Promotoras de Justiça da Comarca de Cascavel e ao Excelentíssimo Diretor do Instituto de Identificação do Paraná, motivo pelo qual sugiro, s.m.j., que as Autoridades Policiais atendam, in totum, a Recomendação das Representantes do Ministério Público da Comarca de Cascavel, somente expedindo Certidões ou Atestados de Conduta quando a norma assim o determinar ou nos casos de sua competência, porém, que se abstenham de expedi-los nos demais casos, orientando-se aos interessados, quando necessário, nos termos da Lei nº 9.051/95, que requeiram Atestados de Antecedentes Criminais junto ao Instituto de Identificação do Paraná, ou ainda, procedam de acordo com o disposto na Lei 6868/80, cientificando-os do que dispõe o artigo 299 do Código Penal, evitando-se assim, violação ao princípio da dignidade da pessoa humana, além de eventual responsabilidade criminal e/ou administrativa.

À apreciação da Douta Corregedora Geral da Polícia Civil.

Curitiba, 18 de junho de 2007. Sérgio Taborda

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