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Criminalidade no Distrito Federal: uma visão analítica por região administrativa nos crimes contra a pessoa e patrimônio no ano de 2013

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ANA PAULA ALTOÉ MARTINIANO DE SOUSA

CRIMINALIDADE NO DISTRITO FEDERAL: UMA VISÃO ANALÍTICA POR REGIÃO ADMINISTATIVA NOS CRIMES CONTRA A PESSOA E PATRIMÔNIO

NO ANO DE 2013

Brasília 2015

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ANA PAULA ALTOÉ MARTINIANO DE SOUSA

CRIMINALIDADE NO DISTRITO FEDERAL: UMA VISÃO ANALÍTICA POR REGIÃO ADMINISTATIVA NOS CRIMES CONTRA A PESSOA E PATRIMÔNIO

NO ANO DE 2013

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Integrada da Segurança Pública, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito à obtenção do título de Especialista em Gestão Integrada da Segurança Pública.

Orientação: Profa Tatiana Marcela Rotta, Dra.

Brasília 2015

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ANA PAULA ALTOÉ MARTINIANO DE SOUSA

CRIMINALIDADE NO DISTRITO FEDERAL: UMA VISÃO ANALÍTICA POR REGIÃO ADMINISTATIVA NOS CRIMES CONTRA A PESSOA E PATRIMÔNIO

NO ANO DE 2013

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Gestão Integrada da Segurança Pública e aprovado em sua forma final pelo Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Integrada da Segurança Pública, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Brasília, 30 de julho de 2015.

_____________________________________________________ Professor orientador: Tatiana Marcela Rotta, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________________ Prof. José Carlos de Noronha Oliveira, Msc.

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RESUMO

A violência é um dos temas mais debatidos na atualidade e, há algumas décadas, transformou-se em um dos problemas que mais preocupam os habitantes das grandes cidades brasileiras. Diversas transformações de ordem social, cultural, demográfica, econômica e de saúde pública, alavancadas pela evolução da violência chamam a atenção de estudiosos de diversos ramos do conhecimento. Dessa forma, o presente estudo visa apresentar a criminalidade no Distrito Federal, sob uma visão analítica por região administrativa nos crimes contra a pessoa e patrimônio no ano de 2013. Mais precisamente, procurou entender se existe uma correlação entre o poder aquisitivo das regiões administrativas e os crimes contra a pessoa e contra o patrimônio. Assim, a metodologia da pesquisa é mista (quantitativa e qualitativa), utilizando o tipo documental e casual

comparativo. Foram abordados os dados sobre as regiões

administrativas, população e renda média per capital mensal. A seguir, tratou-se dos dados sobre os crimes contra a pessoa e crimes contra o patrimônio no âmbito de 2013 em cada região administrativa. Por fim, foi feito o objetivo principal do estudo, a correlação entre esses dados, achando, assim, a tendência dos crimes contra a pessoa e contra o patrimônio nas regiões administrativas, que se encontravam separadas por grupos de rendimentos.

Palavras-chave: Criminalidade, Distrito Federal, Crimes, Região

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ABSTRACT

Nowadays, violence is one of the most debated topics and a few decades ago, it became one of the problems which most concern the population of brazilian large cities. Several transformations of social, cultural, demographic, economic and public health, leveraged by the evolution of the violence, draw the attention of scholars from various branches of knowledge. In this way, this study aims to present Distrito Federal's criminality under an analytical vision per administrative region in crimes against persons and property in the year of 2013. In particular, we sought to understand if there is a correlation between the purchasing power of admistrative regions and crimes against persons and property. Thus, the methodology of research is mixed (quantitative and qualitative), using the both types document and casual comparison. Data on administrative regions, population and average income per capita were addressed. Next, data on crimes against the person and crimes against property in 2013 in each administrative region, were adressed. Next, the main objective of the study was done, the correlation between this data. Finally, the main objective of the study was made, the correlation between these data, finding thus the trend of crimes against the person and crimes against property in the administrative regions, which were separated by income groups.

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Lista de Abreviaturas e Siglas

CP - Código Penal Brasileiro

CF – Constituição Federal Brasileira

CODEPLAN - Companhia de Planejamento do Distrito Federal DATE - Divisão de Estatística e Planejamento Operacional DF – Distrito Federal

GDF – Governo do Distrito Federal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LODF - Lei Orgânica do Distrito Federal

OMS - Organização Mundial da Saúde RA – Região Administrativa

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Número e taxas de homicídio em 100 mil. Brasil 1980/2010* Tabela 2: Taxas de Homicídio (em 100 mil) por UF e Região. 1980/2010* Tabela 3: Ordenamento das UF por taxas de Homicídio (em 100 mil) 2000/2010*

Tabela 4: Evolução das taxas de homicídio no DF – 1980/2010* Tabela 5: Regiões Administrativas por população e renda per capita Tabela 6: Crimes contra a pessoa por Região Administrativa

Tabela 6.1: Crimes contra a pessoa por Região Administrativa

Tabela 7: Crimes contra a pessoa por Região Administrativa Agrupados Tabela 7.1: Crimes contra a pessoa por Região Administrativa Agrupados Tabela 8: Crimes contra o patrimônio por Região Administrativa

Tabela 8.1: Crimes contra o patrimônio por Região Administrativa

Tabela 9: Crimes contra o patrimônio por Região Administrativa Agrupados

Tabela 9.1: Crimes contra o patrimônio por Região Administrativa Agrupados

Tabela 10: Crimes contra a pessoa versus grupos de rendimento Tabela 11: Crimes contra o patrimônio versus grupos de rendimento

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Lista de Quadros

Quadro 1: Cidades mais violentas do Brasil

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Lista de Ilustrações

Figura 1: Regiões Administrativas

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Lista de Gráficos

Gráfico1: Evolução das taxas de homicídio. Brasil 1980/2010* Gráfico 2: Taxas de homicídio no DF – 1980/2010*

Gráfico 3: Regiões Administrativas por população e renda per capita Gráfico 4: Grupos de rendimento

Gráfico 5: Tendência crimes contra a pessoa Gráfico 6: Tendência crimes contra o patrimônio

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 12

1. REFERENCIAL TEÓRICO ... 17

2.1 Criminalidade ... 17

2.1.1 Crimes ... 23

2.1.2 Crimes contra a Pessoa ... 26

2.1.2.1 Dos crimes contra a vida ... 27

2.1.2.2 Das lesões corporais ... 29

2.1.2.3 Da periclitação da vida e da saúde ... 30

2.1.2.4 Da rixa ... 32

2.1.2.5 Dos crimes contra a honra ... 32

2.1.2.6 Dos crimes contra a liberdade individual ... 33

2.1.3 Crimes contra o Patrimônio ... 34

2.2 Distrito Federal - DF ... 38

2.2.1 Regiões Administrativas... 40

2.3 Criminalidade no Distrito Federal ... 45

3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 49

3.1 Distribuição da Renda per capita por região administrativa no Distrito Federal no ano de 2013 ... 49

3.2 Distribuição dos tipos de crimes contra a pessoa por região administrativa no Distrito Federal no ano de 2013 ... 54

3.3 Distribuição dos tipos de crimes contra o patrimônio por região administrativa no Distrito Federal no ano de 2013 ... 57

3.4 Correlação dos tipos de crimes, regiões administrativas e poder econômico no âmbito do Distrito Federal no ano de 2013 ... 61

4. CONCLUSÃO ... 65

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INTRODUÇÃO

O interesse central do presente trabalho é abordar a criminalidade no Distrito Federal sob uma visão analítica por região administrativa nos crimes contra a pessoa e contra o patrimônio no ano de 2013. O que podemos afirmar que é criminalidade? A criminalidade é a expressão dada pelo conjunto de infrações que são produzidas em um tempo e lugar determinado, é o conjunto dos crimes. (COLUNISTA PORTAL, 2012).

É importante salientar que o Brasil tem uma das mais altas taxas de homicídios (modalidade mais violenta de crime) do mundo. Na América do Sul, apenas a Colômbia e a Venezuela possuem índices maiores que o Brasil, segundo a pesquisa Mapa da Violência 2012 realizada pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Ministério da Justiça e Instituto Ayrton Senna. (WAISELFISZ, 2012).

O número de assassinatos no país passou de 13.910 em 1980 para 49.932 em 2010, correspondendo a um aumento de 259% ou o equivalente ao crescimento de 4,4% ao ano. A taxa de homicídios que era de 11,7 para cada 100 mil habitantes atingiu, no mesmo período, 26,2. Sendo que o índice considerado suportável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de dez homicídios por 100 mil habitantes. (WAISELFISZ, 2012).

Observa-se, no entanto, que há diferenças entre os índices de criminalidade dentro do país. Enquanto em São Paulo a taxa de homicídios registrada em 2010 foi de 13,9 mortes por 100 mil habitantes, em Alagoas esse índice foi de 66,8 homicídios. E os estados mais violentos do Brasil são, respectivamente, Alagoas (66,8), Espírito Santo (50,1), Pará (45,9), Pernambuco (38,8) e Amapá (38,7). E os menos violentos são Santa Catarina (12,9), Piauí (13,7), São Paulo (13,9), Minas Gerais (18,1) e Rio Grande do Sul (19,3). (WAISELFISZ, 2012).

O homicídio não é a única modalidade delitiva de criminalidade que tem aumentado nos últimos tempos. Os crimes contra o patrimônio ocupam lugar de destaque na criminalidade vivida atualmente. O pesquisador Francisco das Neves Baptista, em estudo realizado entre estudantes de direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), quando se constatou o aumento de delitos patrimoniais

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em relação aos crimes de homicídio e de lesão corporal, destacou que a predominância das infrações do gênero vem-se verificando em toda parte, há mais de um século e suas taxas de crescimento só tem sido superadas pelas dos ilícitos penais relativos a psicotrópicos. (BAPTISTA, 2004).

Sabendo que os crimes contra a pessoa e os crimes contra o patrimônio são destaques na criminalidade do país, é necessário entender melhor o que são estes tipos de violência.

O Título I da Parte Especial do Código Penal Brasileiro (CP) trata dos crimes contra a pessoa, realizando-se aqui a tutela penal da vida, da integridade corporal, da honra e da liberdade, pressupostos e atributos da personalidade humana. A distinção classificadora justifica-se apenas porque tais crimes são os que mais imediatamente afetam a pessoa. Abrangendo os bens relativos à pessoa humana em sua complexa realidade física e moral. (BRASIL, Decreto-Lei n° 2.848, 1940).

No Título II do CP são tratados os crimes contra o patrimônio, tutelando tanto o patrimônio da pessoa física como jurídica. Os crimes contra o patrimônio são crimes contra o patrimônio, ou seja, a ideia de patrimônio para os efeitos do direito penal tem recebido de certa parte da doutrina uma visão distinta da que prevalece no campo do direito privado. O autor Weber Martins Batista: "faz parte do patrimônio das pessoas e, portanto, deve ser considerado coisa, para o Direito Penal, qualquer objeto material que, embora não seja economicamente apreciável, tenha algum valor para o dono ou possuidor, por satisfazer suas necessidades, usos ou prazeres. Incluem-se entre estes, por exemplo, a mecha de cabelos do 'único amor de sua vida', a carta do filho já morto, o pedaço de tecido da capa da 'santa milagrosa', das pessoas humildes, etc. - objetos que, embora sem valor de troca, podem ter grande valor afetivo ou moral para o dono. (BRASIL, Decreto-Lei n° 2.848, 1940).

Tendo em vista a crescente dos crimes contra a pessoa e contra o patrimônio é preciso compreender como que eles afetam a sociedade. A criminalidade e a violência afetam negativamente o desenvolvimento econômico e social, aumentam o grau de exclusão social e de pobreza, colocando em risco a cidadania e a segurança, além de reduzirem a capacidade de governar de forma eficiente e capaz. Sendo que em nosso país, a violência é um fenômeno que se manifesta tanto na cidade como no campo, entre jovens e não jovens sem distinção de cor, raça, sexo, credo, condições social e econômica. (KAWAMOTO, 2010).

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Essa criminalidade traz consequências maiores em três grandes esferas (KAWAMOTO, 2010):

a) Esfera Social: redução da qualidade de vida da população, pela perda de vidas humanas, e também porque a percepção de constante insegurança produz temores; diminui as ações de solidariedade e essas influem na dinâmica das esferas produtivas, ecológicas, culturais, familiares. Além disso, promove uma transmissão intergeracional da violência como um aspecto "natural" aceito, e causa estragos permanentes na psicologia dos agredidos, especial em crianças e mulheres com as respectivas sequelas de desintegração social e familiar. b) Esfera Econômica: aumenta em geral os custos das atividades econômicas, reduz as vantagens comparativas e os acordos externos que um país pode ter nos mercados regionais e mundiais ao promover uma imagem negativa dele, de suas exportações e serviços turísticos; desviam os reduzidos orçamentos destinados ao setor saúde para lesões e emergências provenientes das violências; a rentabilidade social do capital diminui e promove uma concentração econômica nos setores que se beneficiam pela presença destas violências.

c) Esfera Urbana: observa-se uma sensível redução do tempo e espaço da cidade se geram espaços de controle privado de uso público, aparecem estereótipos contra determinadas parcelas da população urbana como jovens de determinadas características físicas, étnicas e culturais, promovendo um clima de desconfiança. Têm impactos na mobilização demográfica dentro das cidades ao promover territórios (favelas, cortiços) fora do controle das autoridades.

Além dessas três grandes esferas, deve ressaltar que em 1996, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a violência é um dos principais problemas mundiais de saúde pública.

A afirmação de que a violência é um problema de saúde pública sustenta-se, em dados que apontam para o crescimento da incidência de lesões intencionais em todas as faixas etárias e grupos de gênero, assim como pelas "sérias implicações, imediatas e a longo prazo, para a saúde e desenvolvimento psicológico e social [...] dos indivíduos" e para os serviços de saúde, particularmente, nesse

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caso, pelos "efeitos prejudiciais [que a violência impõe] para os escassos recursos da saúde pública. (OMS, 1996, p. 1).

A violência apresenta uma relação social caracterizada pela agressão contra a integridade física, psicológica, simbólica ou cultural de indivíduos ou grupos sociais. Em suas manifestações rompe com as normas jurídicas, destrói as coesões sociais e perturba o desenvolvimento normal das atividades econômicas, sociais e políticas de uma determinada sociedade. Tal é a magnitude e diversidade de ações qualificada de violentas, que, na atualidade, é pertinente falarmos de violências e não de violência, como o fazia o enfoque tradicional ao tratar o problema. E, por isso, é necessário um estudo mais aprofundado sobre o tema, para que possa se amenizar os efeitos negativos da criminalidade no país. (KAWAMOTO, 2010)

Nesse sentido, para se entender como a criminalidade se distribui numa determinada região do País, é necessário fazer um corte socioeconômico desta região, procurando fazer uma relação entre os vários tipos de criminalidade e poder aquisitivo da população de cada localidade.

O presente estudo analisará esta relação criminalidade x poder econômico no âmbito do Distrito Federal (DF). O DF é uma das 27 unidades federativas do Brasil, situado na Região Centro-Oeste, é a menor unidade federativa brasileira e a única que não tem municípios, sendo dividida em Regiões Administrativas (RA´s), totalizando uma área de 5.779,999 km². (IBGE).

A divisão em regiões administrativas (RA´s), cujos limites físicos, estabelecidos pelo poder público, definem a jurisdição da ação governamental para fins de descentralização administrativa e coordenação dos serviços públicos de natureza local. A divisão do Distrito Federal em regiões administrativas foi oficializada através da Lei nº 4.545/64. Anteriormente a essa lei, as regiões administrativas eram denominadas apenas de "cidades-satélites", exceto Brasília, a capital federal, por ser o núcleo da região. (DISTRITO FEDERAL - LODF, 1993).

A cada região administrativa corresponde uma administração regional à qual cabe representar o governo do Distrito Federal e promover a coordenação dos serviços públicos locais. Cada administração regional é comandada por um administrador regional, que é indicado pelo governador do DF. (DISTRITO FEDERAL - LODF, 1993).

A criminalidade no Distrito Federal, principalmente nas cidades-satélites, é uma herança do crescimento desordenado, ainda que assentado em núcleos

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urbanos planejados. O DF possui a maior desigualdade de renda entre as capitais brasileiras e é uma das capitais em que mais se registram homicídios para cada cem mil habitantes no país. (SPÉZIA E MACHADO, 2009).

No ano de 2013, foram registrados 14.190 crimes contra a pessoa, sendo desses 704 homicídios. Já em relação aos crimes contra o patrimônio foram computados 119.698, tendo destaque o roubo a transeunte (19.532) e furto diversos (39.931). (POLÍCIA CIVIL DO DF, 2014).

Dessa forma, têm-se como questão central do estudo: Como a criminalidade foi distribuída no Distrito Federal por região administrativa nos crimes contra a pessoa e patrimônio no ano de 2013?

A metodologia que será usada para atingir a questão central da pesquisa será a mista, ou seja, qualitativa e quantitativa. A parte qualitativa da pesquisa é documental, pois trará dados já disponíveis em documentos sobre a renda per capita das regiões administrativas e dos crimes que serão estudados e eles serão compreendidos e interpretados. Já a parte quantitativa, que é não-probabilistica e casual comparativa, irá trazer os dados explicando-os por matematização, assim procura-se verificar e explicar a influência da variável dependente (crimes contra a pessoa e contra o patrimônio) sobre as variáveis independentes (renda per capita e região administrativa) por meio de análise de correlações estatísticas. (WILL, 2012).

Sendo assim, o estudo objetiva analisar a distribuição da criminalidade no Distrito Federal por região administrativa nos crimes contra a pessoa e patrimônio no ano de 2013. E, especificamente objetiva-se correlacionar os tipos de crimes, regiões administrativas e poder econômico no âmbito do Distrito Federal no ano de 2013; identificar a renda per capita por região administrativa no Distrito Federal no ano de 2013; identificar os tipos de crimes contra a pessoa e contra o patrimônio por região administrativa no Distrito Federal no ano de 2013.

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

Nesse capitulo serão abordados os aspectos de criminalidade, de crimes, do Distrito Federal e da criminalidade em geral no Distrito Federal. Assim, poderá se entender melhor a apresentação e discussão dos resultados.

2.1 Criminalidade

O Departamento de Estado dos Estados Unidos, em seu Relatório Nacional sobre Práticas de Direitos Humanos para 1995, as taxas de criminalidade no Brasil têm níveis acima da média mundial no que se refere a crimes violentos, com níveis particularmente altos no tocante a violência armada e homicídios, sendo que a distribuição assimétrica de renda (uma das mais desiguais do mundo) pode ser parcialmente responsável por um problema endêmico e crescente dos crimes. (1995).

Em 2013, foram registradas 25,8 mortes para cada 100 mil habitantes, uma das mais altas taxas de homicídios intencionais do mundo segundo a reportagem do site G1 da Globo.com. (GLOBO, 2013).

O Mapa da Violência 2012, realizada pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Ministério da Justiça e Instituto Ayrton Senna, traz a evolução do número de homicídios entre os anos de 1980 e 2010.

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Tabela 1: Número e taxas de homicídio em 100 mil. Brasil 1980/2010*

Fonte: Mapa da Violência 2012 – SIM/SVS/MS - *2010: Dados Preliminares.

O Mapa da Violência, conforme tabela 1, apresenta as taxas de homicídio do Brasil entre os anos de 1980 até 2010, sendo que no ultimo ano a taxa era maior que 25%, conforme as fontes dos sistemas de informação do SIM (Sistema Informação de Mortalidade), e o SVS(Subsecretaria de Vigilância à Saúde) e do MS (Ministério da Saúde).

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Gráfico1: Evolução das taxas de homicídio. Brasil 1980/2010*

Fonte: Mapa da Violência 2012 – SIM/SVS/MS - *2010: Dados

Preliminares.

O gráfico 1 mostra a evolução das taxas de homicídio no Brasil entre os anos de 1080 e 2010, observando o crescente aumento dessa taxa, saindo de 11,7 em 1980 e chegando a 26,2 em 2010.

Esse estudo ainda separa os índices de criminalidade dentro do país nos anos de 2000 a 2010. Dessa forma, pode-se visualizar os Estados mais e menos violentos e a suas evoluções.

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Tabela 2: Taxas de Homicídio (em 100 mil) por UF e Região. 1980/2010*

Fonte: Mapa da Violência 2012 – SIM/SVS/MS - *2010: Dados

Preliminares

Assim, conforme a tabela 2, pode-se afirmar que os Estados mais violentos, segundo esse estudo, são Alagoas, Espirito Santo e Pará. E os Estados menos violentos são Santa Catarina, Piauí e São Paulo.

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Tabela 3: Ordenamento das UF por taxas de Homicídio (em 100 mil). 2000/2010*

Fonte: Mapa da Violência 2012 – SIM/SVS/MS - *2010: Dados

Preliminares

A Tabela 3 mostra a ordem das taxas de homicídio dos Estados brasileiros e o Distrito Federal e, também, a evolução da taxa de cada um desses lugares entre os anos de 2000 e 2010. Alagoas, a cidade com maior taxa de homicídio em 2010, possuía uma taxa de 25,6 em 2000, ocupando o 11º lugar no país, e chegou ao 1º lugar em 2010 com uma taxa de 66,8.

Outro estudo da Organização não governamental Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, do México, aponta que o Brasil, com 16 municípios, é o país com o maior número de cidades entre as 50 mais violentas do mundo. Esse estudo utiliza índices de população e de homicídios de estatísticas

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oficiais dos governos locais de cidades com mais de 300 mil habitantes, do ano de 2013. (UOL, 2014).

Quadro 1: Cidades mais violentas do Brasil Fonte: Site Uol

O quadro 1, de acordo com pesquisa da ONG (organização não governamental) Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, do México, apresenta os 16 Estados Brasileiros que estão entre os mais violentos do mundo.

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Em 2012, de acordo com a pesquisa da ONU sobre Drogas e Crimes, o Brasil tem onze das trinta cidades mais violentas do mundo. Sendo que a América Latina desbancou a África como a região mais violenta. Honduras é o país com maior número de assassinatos por 100 mil habitantes, com índice registrado o que os pesquisadores chamam de "situação fora de controle". O segundo país mais violento é a Venezuela, seguido por Belize e El Salvador. (O GLOBO, 2014).

O estudo ainda aponta que foram assassinadas 437 mil pessoas em 2012, das quais 36% nas Américas, a maior parte na Central e na do Sul. O Brasil é o país com mais cidades na lista da violência, seguindo pelo México, com seis - ambos são os países mais populosos da América Latina. Venezuela e Colômbia têm três cidades e Honduras e Estados Unidos, duas. As cidades brasileiras são: Maceió (5ª posição), Fortaleza (7ª), João Pessoa (9ª), Natal (12ª); Salvador (13ª); Vitória (14ª); São Luís (15ª); Belém (23ª); Campina Grande (25ª); Goiânia (28ª); e Cuiabá (29ª).

Para os pesquisadores da ONU, o elevado índice de homicídios na América Latina está ligado ao crime organizado e à violência política, que persiste há décadas nos países latino-americanos. Além disso, a Associação Brasileira de Criminalística anunciou, por meio do Relatório Meta 2: a impunidade como alvo, feito pelo Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Grupo de Persecução Penal da ENASP, que a taxa de elucidação dos inquéritos de homicídio no Brasil varia apenas de 5% a 8%. (O GLOBO, 2014)

2.1.1 Crimes

A infração penal no direito brasileiro é dividida entre crime (sinônimo de delito) e contravenção penal, sendo uma divisão dicotômica. Sendo assim, ela é gênero que comporta as duas espécies. Tanto crime como contravenção penal devem obrigatoriamente estar tipificados em institutos legais específicos.

Assim o artigo 1° da Lei de Introdução ao Código Penal conceitua o crime da seguinte forma:

Art. 1º. - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. (BRASIL, decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, 1940).

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Portanto, os crimes se distinguem das contravenções penais pela gravidade da penalidade aplicada. O primeiro é punido com reclusão ou detenção, enquanto o segundo é punido com prisão simples e multa. E o crime é configurado como uma ação ou omissão, imputável a uma pessoa ou mais, lesiva ou que traga perigo a interesse juridicamente protegido, constituída de determinados elementos e, eventualmente, integrada por certas condições ou acompanhada de determinadas circunstâncias previstas em lei.

Para os doutrinadores o conceito de crime pode ser conceituado sob aspecto material, formal ou analítico. O autor Guilherme de Souza Nucci (2011, p.172) define crime, em seu conceito material, como “É a concepção da sociedade sobre o que pode e deve ser proibido, mediante a aplicação de sanção penal. É, pois, a conduta que ofende um bem juridicamente tutelado, merecedora de pena”. Já para Fernando Capez (2012, p.125):

O aspecto material é aquele que busca estabelecer a essência do conceito, isto é, o porquê de determinado fato ser considerado criminoso e outro não. Sob esse enfoque, crime pode ser definido como todo fato humano que, propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social. ”

Sob o enfoque formal, Capez (2012, p. 125) define que o conceito de crime resulta da mera subsunção da conduta ao tipo legal e, portanto, considera-se infração penal tudo aquilo que o legislador descrever como tal, pouco importando o seu conteúdo. Mas para o autor considerar a existência de um crime sem levar em conta sua essência ou lesividade material afronta o princípio constitucional da dignidade humana.

Porém, segundo Nucci (2011, p. 173) o foco da concepção formal é a constituição da conduta proibida por lei, sob ameaça de aplicação de pena, numa visão legislativa do fenômeno. Cuida-se, na realidade, de fruto do conceito material, devidamente formalizado. Assim sendo, respeita-se o princípio da legalidade, para o qual não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem lei anterior que a comine.

A última visão é a analítica, que em sua essência não difere do conceito formal, mas é esse conceito fragmentado em elementos que propiciam o melhor entendimento da sua abrangência.O aspecto analítico é aquele que busca, sob um prisma jurídico, estabelecer os elementos estruturais do crime. A finalidade deste

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enfoque é propiciar a correta e mais justa decisão sobre a infração penal e seu autor, fazendo com que o julgador ou intérprete desenvolva o seu raciocínio em etapas. (CAPEZ, 2012).

Essa interpretação possui teorias diversas sobre a ação delituosa, as quais são a finalista, causalista ou social. Mas entre os autores dessas teorias há um ponto em comum, a maioria deles adota a teoria tripartida do crime. A teoria tripartida do crime, que é a mais importante e mais usada por autores da área de Direito Penal. Para ela, a constituição do crime se dá pelos seguintes elementos: Fato Típico, Fato Ilícito e Fato Culpável. (NUCCI, 2011).

O fato típico é todo fato que está escrito em lei e é previsto como crime. Para o fato ser considerado típico é imprescindível estar previsto em lei que contenha o preceito primário (conduta) e também o preceito secundário (pena). Ele é composto de quatro elementos:(CAPEZ, 2012, p. 127).

a) Conduta - é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade;

b) Resultado - modificação no mundo exterior provocada pela conduta; c) Nexo Casual - é o elo de ligação concreto, físico, material e natural que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não causa a este; e

d) Tipicidade - o tipo legal é um dos postulados básicos do princípio da reserva legal, “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (Art. 5°, CF/88).

A ilicitude é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, pela qual a ação ou omissão típicas tornam-se ilegais e causam uma lesão efetiva a um bem jurídico protegido. Nas palavras de Zaffaroni e Pierangeli. "a antijuridicidade é una, material porque invariavelmente implica a afirmação de que um bem jurídico foi afetado, formal porque seu fundamento não pode ser encontrado fora da ordem jurídica" (1997, p. 413). Há algumas formas de se excluir a ilicitude, e assim, excluir o crime. Para isso são necessárias condutas em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular do direito ou com o consentimento do ofendido.

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E por último, a culpabilidade, que é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Para poder receber a culpa o agente necessita ser: (CAPEZ, 2012, p. 328).

a) Imputável - é o maior de 18 anos mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento;

b) Ter a potencial consciência de ilicitude - no momento da conduta, o agente era dotado, ao menos, da possibilidade de compreender o caráter ilícito do fato praticado; e

c) E ter a uma conduta diversa - consiste na expectativa social de um comportamento diferente daquele que foi adotado pelo agente. Somente haverá exigibilidade de conduta diversa quando a coletividade podia esperar do sujeito que tivesse atuado de outra forma.

Dessa fora, para que haja crime é necessário ter esses três elementos, faltando um desses o crime é afastado.

O Código Penal divide os crimes em: crimes contra a pessoa, crimes contra o patrimônio, crimes contra a propriedade imaterial, crimes contra a organização do trabalho, crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos, crimes contra a dignidade sexual, crimes contra a família, crimes contra a incolumidade física, crimes contra a paz publica, crimes contra a fé publica e crimes contra a administração pública. (BRASIL, 1940).

2.1.2 Crimes contra a Pessoa

O Título I da Parte Especial do Código Penal (CP) trata dos crimes contra a pessoa, sendo essa distinção classificatória feita apenas porque tais crimes são os que mais imediatamente afetam a pessoa. Os bens físicos ou morais que esses crimes ofendem ou ameaçam estão intimamente ligados com a personalidade humana, como a vida, a integridade corporal, a honra e a liberdade. (BRASIL, 1940). O CP considera pessoa todo ser humano, protegendo os direitos da personalidade, sejam os que se referem à personalidade física, sejam os que dizem com a personalidade moral. Isso não significa que alguns crimes previstos neste título não possam ser praticados contra pessoas jurídicas. É o caso da invasão de

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domicílio (art. 150), da violação de correspondência (art. 151), do desvio, sonegação ou supressão de correspondência comercial (art. 152). (BRASIL, 1940).

Esse título está dividido em seis capítulos: “Dos crimes contra a vida”; “Das lesões corporais”; “Da periclitação da vida e da saúde”; “Da rixa”; “Dos crimes contra a honra”; e “Dos crimes contra a liberdade individual”. (BRASIL, 1940).

2.1.2.1 Dos crimes contra a vida

Esse capítulo protege a lei penal a vida humana desde a concepção, incriminando não só sua destruição na pessoa, como também o aborto, que vem a ser a destruição da vida antes do nascimento (FRAGOSO, 1987).

São quatro as figuras de delito contra a vida: homicídio (artigo 121), auxílio, instigação ou induzimento ao suicídio (art. 122), infanticídio (art. 123) e aborto (arts. 124 e 126). O primeiro crime do CP é o delito de homicídio, sendo sua definição por Lei: “Homicídio Simples Art. 121 - Matar alguém - Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos”

Da conduta de homicídio extrai-se naturalmente a ideia de “matar alguém”, onde um agente, direta ou indiretamente, por uso de qualquer meio, tira a vida de outrem, seja através de uma ação ou omissão.

Capez define:

Homicídio é a morte de um homem provocada por outro homem. É a eliminação da vida de uma pessoa praticada por outra. O homicídio é o crime por excelência. [...] que tem por objeto jurídico a vida humana extrauterina [...] assim, o objeto material do homicídio é a pessoa sobre quem recai a ação ou omissão. (2012, p. 25)

Damásio de Jesus em seu conceito de homicídio apresenta sua posição sob o enfoque do ato injusto e violento praticado:

Homicídio é a destruição da vida de um homem praticado por outro. Alguns conceitos antigos incluem na definição a injustiça e a violência. Entretanto, a injustiça do comportamento do sujeito não integra o tipo penal, pertencendo ao segundo requisito do crime, à antijuricidade. Não possuindo o tipo de homicídio qualquer elemento de natureza normativa, referente à ilicitude do comportamento, não devemos incluir no conceito a antijuridicidade. Esta é o requisito do crime de homicídio. A violência também não faz parte do conceito, uma vez que é perfeitamente possível ao sujeito causar a morte da vítima sem emprego de força bruta, como é o caso do venefício. (1999, p. 17)

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Importante ainda após estas citações da conceituação de homicídio, distinguir as variadas formas existentes para este crime, diferenciação esta feita de maneira clara por Fernando Capez.

O Código Penal distingue várias modalidades de homicídio: homicídio simples (art. 121, caput), homicídio privilegiado (§1º), homicídio qualificado (§2º) e homicídio culposo (§3º).

Homicídio simples doloso (caput). Constitui o tipo básico fundamental, é o que contém os componentes essenciais do crime.

Homicídio privilegiado (§1º): Tendo em conta circunstâncias de caráter subjetivo, o legislador cuidou de dar tratamento diverso ao homicídio cujos motivos determinantes conduziram uma menor reprovação moral do agente. Para tanto, inseriu essa causa de diminuição de pena, que possui fator de redução estabelecido em quantidade variável (1/6 a 1/3).

Homicídio qualificado (§2º): Em face de certas circunstâncias agravantes que demonstram maior grau de criminalidade da conduta do agente, o legislador criou o tipo qualificado, que nada mais é que um tipo derivado do homicídio simples, com novos limites, mínimo e máximo, de pena (reclusão, de 12 a 30 anos).

Homicídio culposo (§3º): Constitui a modalidade culposa do delito de homicídio. Diz-se o crime culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (CP, art.18, II). Causa de aumento de pena (§4º): O §4º contém causas de aumento de pena aplicáveis respectivamente às modalidades culposa e dolosa do delito de homicídio. (2012. p. 47).

O artigo 122 do CP define o crime de induzimento, instigação ou auxilio a suicídio:

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena

I - se o crime é praticado por motivo egoístico;

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (BRASIL, decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, 1940).

Esse crime é consumado com o efetivo suicídio ou resultado lesão corporal de natureza grave, não é admitida a tentativa. Induzir significa dar a idem a quem não a possui, inspirar, incutir. Portanto, nessa primeira conduta, o agente sugere ao suicida que dê fim à sua vida; instigar é fomentar uma ideia já existente. Trata-se, pois, do agente que estimula a ideia suicida que alguém anda manifestando; auxiliar é a forma mais concreta e ativa de agir, pois significa dar apoio material ao ato suicida (NUCCI, 2011, p. 648).

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O Infanticídio (art. 123) é o ato de matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após, com pena de detenção de dois a seis anos (BRASIL, 1940).

Para Capez trata-se de uma espécie de homicídio doloso privilegiado, cujo privilegium é concedido em virtude da “influência do estado puerperal” sob o qual se encontra a parturiente. É que o estado puerperal, por vezes, pode acarretar distúrbios psíquicos na genitora, os quais diminuem a sua capacidade de entendimento ou auto inibição, levando-a a eliminar a vida do infante. (2012, p.119).

E o ultimo crime conta a vida é o aborto. Considera-se aborto a interrupção da gravidez, com a consequente destruição do produto da concepção. Consiste na eliminação da vida intrauterina. (CAPEZ, 2012).

O CP pune o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124) e o aborto provocado por terceiro sem consentimento da gestante (art. 125) ou com consentimento da gestante (art. 126). E no artigo 128 dessa Lei, não se pune o aborto praticado por médico: se não há outro meio de salva a vida da gestante (aborto necessário) ou se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante.

2.1.2.2 Das lesões corporais

Segundo a Exposição de Motivos do Código Penal, o crime de lesão corporal “é definido como ofensa à integridade corporal ou saúde, isto é, como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental”. Consiste, portanto, em qualquer dano ocasionado à integridade física e à saúde fisiológica ou mental do homem, sem, contudo, o animus necandi. (CAPEZ, 2012).

O autor ainda define: a integridade física diz respeito à alteração anatômica, interna ou externa, do corpo humano, geralmente produzida por violência física e mecânica; a saúde fisiológica do corpo humano diz respeito ao equilíbrio funcional do organismo, cuja lesão normalmente não produz alteração anatômica, ou seja, dano, mas apenas perturbação de sua normalidade funcional que produz ofensa à saúde; e a saúde mental diz respeito à perturbação de ordem psíquica (2012, p. 170, 171).

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O Código Penal prevê diversas modalidades do crime de lesões corporais:

Simples: art. 129, caput. (Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.

Qualificadas: §§ 1º (lesão grave), 2º (lesão gravíssima), 3º (lesão corporal seguida de morte) e 9º (violência doméstica).

Privilegiada: § 4º. (impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima).

Culposa: § 6º.

Majoradas: §§ 7º, 10 e 11. (BRASIL, decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, 1940).

Sobre a autolesão Damásio esclarece que a autolesão não é penalmente punida no direito brasileiro, embora seja considerada ilícita, salvo se estiver vinculada à violação de outro bem ou interesse juridicamente protegido, como ocorre quando o agente, pretendendo obter indenização ou valor de seguro, fere o próprio corpo, mutilando-se. Neste caso, o estatuto penal não está punindo a autolesão como delito autônomo, mas sim como meio de execução de crime de estelionato, em que o objeto jurídico não é a incolumidade física da pessoa, mas o patrimônio. (1999, p.111).

2.1.2.3 Da periclitação da vida e da saúde

A periclitação da vida e da saúde é espécie do gênero crimes de perigo. Nos crimes de perigo o dolo, ao invés de visar lesar uma vítima em particular, busca criar uma situação de perigo. O agente não aceita, nem mesmo eventualmente, o resultado lesivo diverso da criação do perigo, mesmo que tal resultado possa ser previsível para o homem médio. Isto porque sempre será crime subsidiário ao crime de dano propriamente dito.

O crime de perigo de contágio venéreo é definido como o fato de "expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado" (CP, art. 130, caput).

Já o crime de perigo de contágio de moléstia grave, ao contrário do art. 130, não exige a prática de relações sexuais ou atos libidinosos como meios de transmitir a moléstia. Trata-se, aqui, de crime de ação livre. A contaminação pode dar-se por diversos meios: beijo, instrumentos, injeções, nada impedindo, contudo, que a transmissão também se dê mediante relações sexuais ou atos libidinosos,

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desde que a moléstia não seja venérea. Pode caracterizar a conduta não só o emprego de meios diretos, como o contato físico, mas também indiretos, como o uso de utensílios pessoais previamente infectados. A contaminação de moléstia venérea grave e realizada por outro meio que não o ato sexual configura o delito em tela. (CAPEZ, 2012, p. 218).

O art. 132 traz o crime de perigo para a vida ou saúde de outrem. Damásio explica o crime: O núcleo do tipo é o verbo expor, que significa colocar a vítima em perigo de dano. A exposição pode ser realizada por intermédio de conduta positiva ou negativa (ação ou omissão). O perigo deve ser direto e iminente. Perigo direto é o que ocorre em relação a pessoa certa e determinada. Perigo iminente é o presente, imediato. Trata-se de perigo concreto e não presumido. Assim, deve ser demonstrado. (DAMÁSIO, 1999, p.132).

O art. 133 do CP define como delito o fato de "abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono". O objeto jurídico é o interesse de o Estado tutelar a segurança da pessoa humana, que, diante de determinadas circunstâncias, não pode por si mesma defender-se, protegendo a sua incolumidade física. O CP prevê duas figuras que se assemelham: o abandono de incapaz (art. 133) e a exposição ou abandono de recém-nascido (art. 134). Podemos dizer que o primeiro tipo é fundamental, enquanto o segundo é privilegiado pelo motivo de honra. Entretanto, os dois crimes estão definidos em figuras típicas autônomas. (DAMÁSIO, 1999, p.133).

Os últimos dois crimes desse capítulo são: omissão de socorro e maus-tratos, tendo suas definições pelo CP:

Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.

Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. (BRASIL, decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, 1940).

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2.1.2.4 Da rixa

O crime da Rixa é a luta, a contenda entre três ou mais pessoas; briga esta que envolva vias de fato ou violências físicas recíprocas, praticadas por cada um dos contendores (rixosos, rixentos) contra os demais, generalizadamente. Sendo o objeto jurídico a vida e a incolumidade física e mental, bem como, de forma mediata, a ordem pública (CAPEZ, 2012).

Damásio traz um conceito semelhante a Capez:

É a briga entre mais de duas pessoas, acompanhada de vias de fato ou violências físicas recíprocas. Exige, no mínimo, a participação de três pessoas lutando entre si. Caracteriza-se pelo tumulto, de modo que cada sujeito age por si mesmo contra qualquer um dos outros contendores. Se existem duas pessoas lutando contra uma terceira, não há rixa. Os dois, de um lado, respondem pelos resultados produzidos no terceiro; este, por sua vez, será sujeito ativo de lesão corporal ou outro delito contra aqueles dois. Na hipótese, não se pode dizer que existe delito de rixa. Não há esse crime, também, no caso de dois bandos se digladiarem, praticando lesões corporais recíprocas, distinguindo-se o comportamento de cada componente. Quando isso ocorre, os componentes de cada bando, sob o regime do concurso de agentes, respondem por lesão corporal ou homicídio. (1999, p. 148).

O CP (Código Penal) define:

Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. (BRASIL, decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, 1940).

2.1.2.5 Dos crimes contra a honra

Sob a rubrica “Crimes contra a honra” cuida o Código Penal daqueles delitos que ofendem bens imateriais da pessoa humana, no caso, a sua honra pessoal. São eles: calúnia (CP, art. 138), difamação (CP, art. 139) e injúria (CP, art. 140). Tutela-se um bem imaterial, relativo à personalidade humana. Assim, o homem tem direito à vida, à integridade física e psíquica, como também a não ser ultrajado em sua honra, pois o seu patrimônio moral também é digno da proteção penal. (CAPEZ, 2012).

a) Calúnia é a falsa imputação de fato descrito como crime. O sujeito atribui falsamente a terceiro a prática de delito (CP, art. 138).

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b) Difamação é a imputação de fato ofensivo à reputação da vítima. O agente atribui a terceiro ter praticado fato que não constitui delito, porém é ofensivo à sua honra objetiva (reputação) (CP, art. 139).

c) Injúria é a ofensa à honra-dignidade ou à honra-decoro da vítima. O sujeito não atribui a outrem a prática de fato, mas lhe atribui qualidade negativa (CP, art. 140).

Além dessa disponibilidade, o núcleo (verbo) de cada uma das ações típicas descritas nos arts. 138, 139 e 140 do Código Penal pressupõe que a ofensa se dê contra a vontade do ofendido, razão pela qual o seu consentimento opera uma causa geradora de atipicidade e para o crime ser consumado prescinde-se da ocorrência do resultado, ou seja, que o agente cause dano à reputação do ofendido.

2.1.2.6 Dos crimes contra a liberdade individual

Esses crimes são divididos em crimes: (CAPEZ, 2012, p. 19).

a) - Contra a liberdade pessoal: constrangimento ilegal, ameaça, sequestro e cárcere privado;

b) - Contra a inviolabilidade do domicílio: violação do domicílio;

c) - Contra a inviolabilidade de correspondência: correspondência comercial, violação de correspondência, sonegação ou destruição de correspondência e violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica; e

d) - Contra a inviolabilidade dos segredos: divulgação de segredo e violação do segredo profissional.

A objetividade jurídica tutelada em todos esses crimes é a liberdade individual. Segundo E. Magalhães Noronha: “É o homem protegido nos bens relacionados à liberdade, independentemente, em regra, de sua capacidade de entender ou de querer. Qualquer que seja, pois, sua condição social, sexo, idade etc., dispensa-lhe geralmente a lei proteção, pelo simples fato de ser criatura humana. A liberdade que aqui se protege compreende o querer, o determinar-se, o agir, o movimentar-se, a casa, a correspondência, o segredo de certas formas de atividade individual e a essência civil do homem livre. O delito consiste na lesão ou

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exposição a perigo de qualquer dessas manifestações de liberdade”. (CAPEZ, 2012, p. 345)

2.1.3 Crimes contra o Patrimônio

Sob a rubrica “Dos crimes contra o patrimônio” tutela o Código Penal, no Título II, o patrimônio da pessoa física e jurídica. Discute-se na doutrina a real abrangência da expressão “patrimônio”, pois para uns abrange somente as relações aferíveis economicamente; já para outros o valor econômico é prescindível. (CAPEZ, 2012, p. 230).

Para Fragoso (1987) o patrimônio é um complexo de ações jurídicas apreciáveis em dinheiro, ou que tenham valor econômico, concebido como uma universalidade de direitos, ou seja, como uma unidade abstrata distinta dos elementos que a compõem, conceito que é próprio do direito privado.

Já para autores como Nelson Hungria (1958, p.9), as coisas sem valor econômico ou de valor puramente sentimental (é furto a subtração, p. ex., de um amuleto sem valor de troca ou de um anel de cabelos que se guarda como lembrança da pessoa amada) também integram o patrimônio, de modo que podem ser objeto material dos crimes patrimoniais.

Mas o legislador ao capitular os crimes contra o patrimônio utilizou como critério preponderante o interesse patrimonial sobre os demais interesses, abrangendo a propriedade material e outros direitos reais, a propriedade imaterial, os direitos obrigacionais e a posse. (CAPEZ, 2012, p. 430).

O primeiro crime desse título é o furto: "Furto. Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa". (BRASIL, decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, 1940).

Nucci define que o objeto jurídico é o patrimônio do indivíduo, que pode ser constituído de coisas de sua propriedade ou posse, desde que legitimas. (2011, p.721).

O furto consubstancia-se no verbo subtrair, que significa tirar, retirar de outrem bem móvel, sem a sua permissão, com o fim de assenhoramento definitivo. A subtração implica sempre a retirada do bem sem o consentimento do possuidor ou proprietário. (CAPEZ, 2012, p. 432). Sendo que o CP define as formas de furto como: simples, noturno, privilegiado, de energia, qualificado e de veículo automotor.

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Há também o furto de coisa comum (art. 156), que ao contrário do crime de furto comum, tutela somente a posse legitima ou a propriedade. É chamado de crime próprio, pois os sujeitos ativos só podem ser o condômino, o coerdeiro ou o sócio. “Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum”. (BRASIL, 1940).

A principal diferença entre o crime de furto (art. 155) e o crime de roubo (art. 157) é o emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro recurso que diminua a capacidade de resistência da vítima, caracterizando, assim, o roubo. (BRASIL, 1940).

Para Capez o roubo constitui crime complexo, pois é composto por fatos que individualmente constituem crimes. São eles: furto + constrangimento ilegal + lesão corporal leve, quando houver (as vias de fato ficam absorvidas pelo constrangimento ilegal). Em que pesem tais crimes contra a pessoa integrarem o crime de roubo, este foi inserido no capítulo relativo aos crimes patrimoniais, tendo em vista que o escopo final do agente é a subtração patrimonial. (2012, p.467).

O autor ainda define o objeto jurídico do crime em estudo como a posse, a propriedade, a integridade física e a liberdade individual.

O rouba ainda recebe uma definição de roubo próprio e impróprio. Damásio faz essa distinção: o entre roubo próprio e impróprio reside no momento em que o sujeito emprega a violência contra a pessoa ou grave ameaça. Quando isso ocorre para que o sujeito subtraia o objeto material, há roubo próprio. Quando, porém, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou continuar na sua detenção, para ele ou para terceiro, comete roubo impróprio. (DAMÁSIO, 1999, p. 246).

Já a definição do crime de extorsão consta do art. 158 do CP: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. Pena: reclusão, de quatro a dez anos, e multa”.

A característica básica desse crime é que o agente coage a vítima a fazer, não fazer, ou tolerar que se faça algo, mediante o emprego de violência ou grave ameaça. Em suma, estamos diante de uma forma do crime de constrangimento ilegal, acrescida contudo de uma finalidade especial do agente, consubstanciada na vontade de auferir vantagem econômica. (CAPEZ, 2012).

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Damásio diferencia roubo de extorsão:

A extorsão se assemelha ao roubo em face dos meios de execução, que são a violência física e a grave ameaça. Entretanto, os dois crimes se diversificam: na extorsão é imprescindível o comportamento da vítima, enquanto no roubo ele é prescindível. (CAPEZ, 2012, p.491).

O momento da consumação desse crime é interessante, pois a Súmula 96 do STJ trouxe: "O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida", dessa forma, a consumação ocorre com o comportamento positivo ou negativo da vítima, no instante em que ela faz, deixa de fazer ou tolera que se faça alguma coisa.(NUCCI, 2011, p. 744).

Contempla o Código Penal no art. 159 mais um crime de extorsão. Cuida-se aqui, contudo, da privação da liberdade da vítima tendo por fim a obtenção de vantagem, como condição ou preço do resgate. O fato é definido como "sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem como condição ou preço do resgate". Aqui, a consumação ocorre no momento da privação da liberdade, não interessando se a vantagem almejada é obtida. (CAPEZ, 2012, p. 501).

Outro crime contra o patrimônio é o de apropriação indébita, que dispõe o art. 168 do CP: “Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”. (BRASIL, 1940).

Para Damásio a característica fundamental desse crime é o abuso de confiança. O sujeito ativo, tendo a posse ou a detenção da coisa alheia móvel, a ele confiada pelo ofendido, em determinado instante passa a comportar-se como se fosse dono, ou se negando a devolvê-la ou realizando ato de disposição. O CP protege, na espécie, o direito patrimonial. (1999, p. 294). E para Capez (2012) somente coisa móvel pode ser objeto material do crime, sendo que é imprescindível que esse objeto tenha um valor significante.

O capítulo V desse título traz os crimes de estelionato e outras fraudes. O estelionato é o fato de o sujeito obter, para si ou para outrem, de vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artificio, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. (BRASIL, 1940).

Trata-se de crime em que, em vez da violência ou grave ameaça, o agente emprega um estratagema para induzir em erro a vítima, levando-a a ter uma errônea percepção dos fatos, ou para mantê-la em erro, utilizando-se de manobras para impedir que ela perceba o equívoco em que labora. (CAPEZ, 2012, p. 578).

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Mais um crime que merece destaque é o crime de receptação.

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (BRASIL, decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, 1940).

Para Capez tutela-se a inviolabilidade do patrimônio, tipificando-se a conduta que estimula o cometimento de outros crimes contra o patrimônio, aguçando a cupidez dos ladrões e assaltantes. Além disso, procura-se coibir o locupletamento do receptador com o ilícito anteriormente praticado, o qual dificulta ainda mais a recuperação da res. (2012, p. 633).

Nucci explica quem é o sujeito desse crime: “é o proprietário ou legítimo possuidor de coisa produto de crime. Excluem-se o coautor ou partícipe do delito anterior, de onde proveio a coisa, pois ele responderá somente peta que anteriormente praticou”. (2011, p. 790).

Além desses crimes supracitados, alguns outros crimes possuem definições no título II – Dos crimes contra o patrimônio - do CP são: (BRASIL, 1940).

a) - Extorsão indireta: exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro;

b) - Dano: destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia;

c) - Duplicata simulada: emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado;

d) - Supressão ou alteração de marca em animais: suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade;

e) - Alteração de local especialmente protegido: alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei;

f) - Induzimento à especulação: abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa;

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g) - Emissão irregular de conhecimento de deposito ou warrant; entre outros.

Os crimes desse título possuem particularidades específicas, que são imunidades penais. O CP, por razões de Política Criminal, tendo em vista o menor alarme social do fato cometido dentro da família, em determinados casos, quando o delito patrimonial é cometido entre parentes ou entre cônjuges, permite a isenção de pena. (DAMÁSIO, 1999, p. 355).

A imunidade penal absoluta está prevista no art. 181 do CP: “É isento de

pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I — do

cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II — de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural”. Trata-se de escusa absolutória, significa que subsiste o crime com todos os seus requisitos, excluindo-se apenas a punibilidade do fato. (DAMÁSIO, 1999, p. 355)

O art. 182 prescreve a imunidade penal relativa: “Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I — do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II — de irmão, legítimo ou ilegítimo; III — de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita”. A imunidade relativa não permite a extinção da punibilidade, apenas transformando a espécie de ação penal: de pública incondicionada ela passa a pública condicionada.(DAMÁSIO, 1999, p. 356).

Mas não existe imunidade penal absoluta ou relativa, de acordo com o art. 183 do CP, se: (DAMÁSIO, 1999, p. 357).

I - Na hipótese de o crime ser de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;

II - Ao estranho que participa do crime;

III - Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

2.2 Distrito Federal - DF

Distrito Federal é o nome dado a um dos 27 entes federados que compõem a República Federativa do Brasil:

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Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito” (BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 1998).

O DF é entidade federal que dispõe de personalidade jurídica de direito público interno, dotado de autonomia, de poder legislativo com competência cumulativa dos Estados e Municípios e de competência tributária também cumulativa, chamadas de competência hibrida. "Art. 32, § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios”. (BRASIL, 1988).

Sua autonomia é caracterizada pelo fato de o poder criar a sua própria Lei orgânica bem existência do Poder Executivo (Governador), do Poder Legislativo (Câmara Legislativa) e do Poder Judiciário (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios).

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.

§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27. (BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 1998).

Como se pode depreender da leitura do artigo, a autonomia do DF possui algumas limitações. O ente não possui competência para organizar e manter as Polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros Militar, o Poder Judiciário, O Ministério Público e a Defensoria Pública.

Art. 31, § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar.

Art. 21. Compete à União:

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;

XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio (BRASIL, Constituição Federal do Brasil de 1988, 1988).

Foi fundado em 21 de abril de 1960, pelo então Presidente Juscelino Kubitschek e é onde se encontra a capital federal da República Federativa do Brasil, Brasília, que é também a sede desse do governo do DF. "Art. 18. A organização

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político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. § 1º Brasília é a Capital Federal."(BRASIL, 1988).

O DF não se confunde com Brasília, o primeiro é o ente federativo enquanto o segundo é a Capital Federal. Localiza-se no Planalto Central, na região Centro-Oeste, sendo a menor unidade federativa brasileira com uma área de 5.779,999 km². (IBGE, 2015).

Sob a ótica administrativa do DF, a CF/88, em seu artigo 32, veda expressamente a divisão do Distrito Federal em municípios. Por isso é dividido em regiões administrativas, sendo Brasília a principal delas. (BRASIL, 1998).

2.2.1 Regiões Administrativas

O Distrito Federal é divido em regiões administrativas, oficializada sua divisão pela Lei nº 4.545, de 10 de dezembro de 1964.

TÍTULO IV

DAS ADMINISTRAÇÕES REGIONAIS

Art 9º O Distrito Federal será dividido em Regiões Administrativas para fins de descentralização e coordenação dos serviços de natureza local. § 1º A cada Região Administrativa corresponderá uma Administração Regional à qual caberá representar a Prefeitura do Distrito Federal e promover a coordenação dos serviços em harmonia com o interesse público local.

§ 2º A Administração Regional será chefiada por um Administrador Regional, de livre nomeação do Prefeito, dentre servidores de comprovada idoneidade e experiência administrativa, integrantes ou à disposição do sistema de administração do Distrito Federal.

§ 3º O Administrador Regional deverá residir obrigatoriamente, na sede de sua Região, desde que lhe sejam proporcionadas condições para este fim.

Art 10. Os órgãos e serviços enquadrados no regime de Administração Regional ficam subordinados à autoridade do Administrador Regional, sem prejuízo da orientação normativa, do controle técnico (VETADO) dos órgãos centrais competentes de cada Secretaria.

§ 1º A supervisão global do sistema de Administração Regional competirá à Secretaria do Governo.

§ 2º Cada Região Administrativa terá anexo próprio no Orçamento Geral do Distrito Federal.

Art 11. Aplicam-se às Administrações Regionais as disposições do artigo seguinte e seu parágrafo único. (BRASIL, Lei nº 4.545, de 10 de dezembro de 1964, 1964).

Essa divisão foi feita para fins de descentralização administrativa e coordenação dos serviços públicos de natureza local, desenvolvendo melhor cada

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