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Os impactos causados pela interdição de pista em aeroportos brasileiros

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Academic year: 2021

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OS IMPACTOS CAUSADOS PELA INTERDIÇÃO DE PISTA EM

AEROPORTOS BRASILEIROS

Palhoça 2019

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OS IMPACTOS CAUSADOS PELA INTERDIÇÃO DE PISTA EM

AEROPORTOS BRASILEIROS

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para elaboração da monografia.

Orientador: Prof. Cleo Marcus Garcia, MSc.

Palhoça 2019

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OS IMPACTOS CAUSADOS PELA INTERDIÇÃO DE PISTA EM

AEROPORTOS BRASILEIROS

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 21 de junho de 2019

___________________________________ Orientador: Prof. Cleo Marcus Garcia, MSc.

________________________________________ Prof. Esp. Marcos Fernando Severo de Oliveira

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Dedico este trabalho à minha família e amigos, por reconhecerem meus esforços e me apoiarem nas conquistas dos meus objetivos.

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Em primeiro lugar, agradeço ao meu bom Deus por me proporcionar todos os momentos vividos por mim até o momento, em que pude desfrutar do meu crescimento pessoal e profissional, por isso sou muito grato as oportunidades vivenciadas.

Dedicação, paciência, abdicação de lazer e outros motivos fizeram me proporcionar um momento único em minha vida, que é este que vivo atualmente. Aos meus familiares, amigos, colegas de trabalho, meu muito obrigado por reconhecerem minha ausência em certos momentos que tive que me dedicar a minha formação, com um único objetivo: alcançar meus sonhos. Esse reconhecimento foi fundamental para o sentimento de dever cumprido que sinto hoje.

A minha noiva, Raíza, por ter paciência e me ajudar em todos os momentos que precisei de auxilio. Agradeço-te hoje e sempre por ser essa pessoa maravilhosa que é comigo.

Aos meus filhos de quatro patas, Thor e Zeus, que sempre me trouxeram felicidade nos momentos que precisei. Vocês foram fundamentais por manter a minha paz interior.

A toda equipe da Universidade Unisul, por produzirem um excelente curso a distância, que se não fosse esta modalidade, eu não conseguiria cursar Ciências Aeronáuticas nos dias atuais, adiando a minha formação para um futuro não conhecido.

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“O mundo detesta mudanças e, no entanto, é a única coisa que traz progresso.

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Esta pesquisa teve como objetivo geral identificar os impactos causados pela interdição de pista em aeroportos brasileiros. Levando em conta o objetivo geral e os objetivos específicos, o tipo de pesquisa escolhido para desenvolver os trabalhos pertinentes ao assunto foi o de característica exploratória, com procedimento documental e com abordagem quantitativa. Documentos, regulamentos e reportagens da mídia online foram analisados para que a pesquisa fosse comprovada e que a necessidade imediata de investimentos, reparações e construções na infraestrutura aeroportuária brasileira atual é necessária. A ANAC, anualmente, divulga dados sobre a movimentação do setor aeronáutico, dados que mostraram um crescimento nos últimos anos e uma forte tendência promissora ao setor nos próximos. Durante a pesquisa, notou-se que o desenvolvimento da infraestrutura aeroportuária não acompanhou como deveria a demanda exigida nos aeroportos, deixando-os limitados no futuro. Ao término da pesquisa, conclui-se que com a interdição de pista de um aeródromo por ocasião de alagamentos ou aeronaves acidentadas ou outro motivo pertinente, causam atrasos nos pousos e decolagens, prejuízos financeiros as empresas que operam o transporte, alteração de grande parte da malha aérea que envolve o aeródromo impraticável e a instalação temporária do caos, fatores que vão „manchar‟ a imagem organizacional e operacional do transporte aéreo, desestimulando o usuário a utilizá-lo. Com isso, faz-se necessário a construção de pistas alternativas viáveis para o bom andamento do serviço do transporte aéreo.

Palavras-chave: Interdição de pista. Infraestrutura aeroportuária. Aeródromo impraticável. Aumento de pousos e decolagens. Transporte aéreo.

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This research had as general objective to identify the impacts caused by the interdiction of runway in Brazilian airports. Taking into account the general objective and the specific objectives, the type of research chosen to develop the relevant papers was the exploratory characteristic, with a documental procedure and a quantitative approach. Online media documents, regulations and reports were analyzed for the research to be proven and the immediate need for investments, repairs and constructions in the current Brazilian airport infrastructure is required. ANAC annually publishes data on the movement of the aeronautical sector, data that showed a growth in the last years and a strong promising tendency to the sector in the next years. During the research, it was noted that the development of the airport infrastructure did not follow the demand demanded in the airports as it should, leaving them limited to the next years. At the end of the survey, it is concluded that, when a runway is banned from an aerodrome in the event of floods or aircraft accidents or other pertinent reasons, they cause delays in landings and take-offs, financial losses to companies that operate transportation, alteration of and the temporary installation of chaos, factors that will 'tarnish' the organizational and operational image of air transport, discouraging the user to use the sector. With this, it is necessary to build viable alternatives for the smooth running of the air transport service.

Keywords: Track ban. Airport infrastructure. Airfield impractical. Increased landings and takeoffs. Air Transport.

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GRÁFICOS

Gráfico 1: Quantidade de embarque e desembarque nos últimos dez anos ... 24

Gráfico 2 - Quantidade de pousos e decolagens nos últimos dez anos ... 25

Gráfico 3 – Principais causas de Runway Incursion ... 37

Gráfico 4 - Projeção da movimentação em Guarulhos - SP ... 65

Gráfico 5 - Projeção da movimentação em Congonhas - SP ... 66

Gráfico 6 - Projeção da movimentação em Brasília - DF ... 68

Gráfico 7 - Projeção da movimentação no Galeão - RJ ... 69

Gráfico 8 - Projeção da movimentação em Campinas - SP ... 70

Gráfico 9 - Projeção da movimentação em Confins - MG ... 71

Gráfico 10 - Projeção da movimentação em Santos Dumont - RJ ... 72

Gráfico 11 - Projeção da movimentação em Recife - PE ... 73

Gráfico 12 - Projeção da movimentação em Porto Alegre - RS ... 74

Gráfico 13 - Projeção da movimentação em Salvador - BA ... 75

Gráfico 14 - Projeção da movimentação em Curitiba - PR ... 76

Gráfico 15 - Projeção da movimentação em Fortaleza - CE ... 77

Gráfico 16 - Projeção da movimentação em Florianópolis - SC ... 79

Gráfico 17 - Projeção da movimentação em Goiânia - GO ... 80

Gráfico 18 - Projeção da movimentação em Belém - PA ... 81

IMAGENS Imagem 1 - Malha aérea das companhias aéreas (2015) ... 27

Imagem 2 - Vista aérea do aeroporto Santos Dumont ... 28

Imagem 3 - Vista aérea do aeroporto de Congonhas ... 28

Imagem 4 - Vista aérea do aérodromo Catuleve em Fortaleza-CE ... 29

Imagem 5 - Vista aérea do aeroporto de Fortaleza-CE ... 30

Imagem 6 - Pista secante ... 32

Imagem 7 - Pista em V ... 32

Imagem 8 – Aeroporto do Recife cercado pela malha urbana ... 34

Imagem 9 - Malha urbana em Recife (2019) ... 34

Imagem 10 - Simulação do acidente em Tenerife (1977) ... 38

Imagem 11 - Sinalização horizontal de instrução obrigatória ... 40

Imagem 12 - Luzes de proteção de pista de pouso e decolagem ... 40

Imagem 13 - Pista molhada ... 43

FIGURAS Figura 1 - Quantidades totais anuais de passageiros no transporte interestadual regular (viagens domésticas de longa distância) no Brasil (2000-Setembro2018*) ... 26

Figura 2 - Divisão do total anual de passageiros no transporte interestadual regular (viagens domésticas de longa distância) no Brasil (2000-Setembro2018) ... 26

Figura 3 - Pista Simples ... 31

Figura 4 - Histórico de capacidade dos aeroportos do Brasil ... 35

Figura 5 - Cabeceiras 21 e 14 em SBFL ... 41

Figura 6 - RWY 27R e TWY A e B em SBGR ... 42

Figura 7 - Reparação da pista do aeroporto de Ipatinga – MG ... 44

Figura 8 - Vista aérea do aeroporto de Brasília - DF ... 45

Figura 9 - Malhar afetada para voos saindo de Confins - MG em 20 de dezembro de 2018... 50

Figura 10 - Malhar afetada para voos chegando de Confins - MG em 20 de dezembro de 2018 ... 50 Figura 11 - Pista única de Confins - MG interditada pelo voo da LATAM que iria de São Paulo para Londres

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Figura 13 - Avião na pista do Aeroporto de Viracopos, SP... 52

Figura 14 - Filas e tumulto após cancelamento de voos em Boa Vista - RR ... 53

Figura 15 - Malha urbana no aeroporto de Guarulhos - SP ... 54

Figura 16 - Malha urbana no aeroporto de Congonhas - SP ... 55

Figura 17 - Malha urbana no aeroporto de Brasília - DF ... 55

Figura 18 - Malha urbana no aeroporto do Galeão - RJ ... 56

Figura 19 - Malha urbana no aeroporto de Campinas - SP ... 56

Figura 20 - Malha urbana no aeroporto de Confins - MG ... 57

Figura 21 - Malha urbana no aeroporto de Santos Dumont - RJ ... 57

Figura 22 - Malha urbana no aeroporto de Recife - PE ... 58

Figura 23 - Malha urbana no aeroporto de Porto Alegre - RS ... 58

Figura 24 - Malha urbana no aeroporto de Salvador - BA ... 59

Figura 25 - Malha urbana no aeroporto de Curitiba - PR ... 59

Figura 26 - Malha urbana no aeroporto de Fortaleza - CE ... 60

Figura 27 - Malha urbana no aeroporto de Florianópolis - SC ... 60

Figura 28 - Malha urbana no aeroporto de Goiânia - GO ... 61

Figura 29 - Malha urbana no aeroporto de Belém - PA ... 61

Figura 30 - Tipos de pistas paralelas ... 62

Figura 31 - Disntência entre as pistas de Guarulhos - SP ... 63

Figura 32 - Média diária de Movimentos em 2018 de Campinas - SP ... 82

Figura 33 - Média diária de Movimentos em 2018 de Confins - MG ... 82

Figura 34 - Média diária de Movimentos em 2018 de Recife - PE ... 83

Figura 35 - Média diária de Movimentos em 2018 de Porto Alegre - RS ... 83

Figura 36 - Média diária de Movimentos em 2018 de Curitiba - PR ... 83

Figura 37 - Média diária de Movimentos em 2018 de Fortaleza - CE ... 84

Figura 38 - Média diária de Movimentos em 2018 de Florianópolis - SC ... 84

Figura 39 - Média diária de Movimentos em 2018 de Goiânia - GO ... 84

Figura 40 - Média diária de Movimentos em 2018 de Belém - PA ... 85

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Tabela 1: Movimentação nos aeroportos brasileiros nos últimos dez anos ... 24

Tabela 2 - Tipo de pista paralela ... 31

Tabela 3 - Capacidade de pista dos aeroportos do Brasil ... 33

Tabela 4 - Classificação da severidade de incursão em pista. ... 39

Tabela 7 - Evolução da movimentação em Guarulhos - SP... 64

Tabela 8 - Projeção da movimentação em Guarulhos - SP ... 64

Tabela 9 - Variação de capacidade de pista em Congonhas - SP ... 65

Tabela 10 - Evolução da movimentação em São Paulo - SP ... 66

Tabela 11 - Projeção da movimentação em Congonhas - SP ... 66

Tabela 12 - Evolução da movimentação em Brasília - DF ... 67

Tabela 13 - Projeção da movimentação em Brasília - DF ... 67

Tabela 14 - Evolução da movimentação no Galeão - RJ ... 68

Tabela 15 - Projeção da movimentação no Galeão - RJ ... 68

Tabela 16 - Evolução da movimentação em Campinas - SP ... 69

Tabela 17 - Projeção da movimentação em Campinas - SP ... 69

Tabela 18 - Evolução da movimentação em Confins - MG... 70

Tabela 19 - Projeção da movimentação em Confins - MG ... 70

Tabela 20 - Evolução da movimentação em Santos Dumont - RJ ... 71

Tabela 21 - Projeção da movimentação em Santos Dumont - RJ ... 72

Tabela 22 - Evolução da movimentação em Recife - PE... 72

Tabela 23 - Projeção da movimentação em Recife - PE ... 73

Tabela 24 - Evolução da movimentação em Porto Alegre - RS ... 73

Tabela 25 - Projeção da movimentação em Porto Alegre - RS ... 74

Tabela 26 - Evolução da movimentação em Salvador - BA ... 74

Tabela 27 - Projeção da movimentação em Salvador - BA ... 75

Tabela 28 - Evolução da movimentação em Curitiba - PR ... 76

Tabela 29 - Projeção da movimentação em Curitiba - PR ... 76

Tabela 30 - Evolução da movimentação em Fortaleza - CE ... 77

Tabela 31 - Projeção da movimentação em Fortaleza - CE ... 77

Tabela 32 - Evolução da movimentação em Florianópolis - SC ... 78

Tabela 33 - Projeção da movimentação em Florianópolis - SC... 78

Tabela 34 - Evolução da movimentação em Goiânia - GO ... 79

Tabela 35 - Projeção da movimentação em Goiânia - GO ... 79

Tabela 36 - Evolução da movimentação em Belém - PA ... 80

Tabela 37 - Projeção da movimentação em Belém - PA ... 80

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ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

ABEAR Associação Brasileira das Empresas Aéreas

CBAer Código Brasileiro da Aeronáutica

CENIPA Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

CGNA Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea

DECEA Departamento de Controle do Espaço Aéreo

ICA Instrução do Comando da Aeronáutica

ICAO International Civil Aviation Organization

NSCA Norma do Sistema do Comando da Aeronáutica

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1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ... 17 1.2 OBJETIVOS ... 17 1.2.1 Objetivo Geral ... 17 1.2.2 Objetivos Específicos ... 17 1.3 JUSTIFICATIVA ... 17 1.4 METODOLOGIA ... 19

1.4.1 Natureza e Tipo da Pesquisa ... 19

1.4.2 Material e Métodos ... 19

1.4.3 Instrumentos de Coleta De Dados ... 19

1.4.4 Método de Análise ... 20

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ... 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 22

2.1 O SETOR AÉREO BRASILEIRO ... 22

2.2 LEGISLAÇÃO ... 23

2.3 A EVOLUÇÃO DE POUSOS E DECOLAGENS E PASSAGEIROS TRASPORTADOS NOS ÚLTIMOS 10 ANOS ... 23

2.4 MALHA AÉREA BRASILEIRA ... 26

2.5 A SATURAÇÃO DOS AEROPORTOS ... 27

2.6 AERÓDROMOS E AEROPORTOS... 29

2.7 PRINCIPAIS AEROPORTOS E SUA COMPOSIÇÃO DE PISTA ... 30

2.8 CAPACIDADE TEÓRICA DE PISTA ... 32

2.9 AMPLIAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO ... 33

2.10 AERÓDROMO IMPRATICAVEL X AERÓDROMO INTERDITADO ... 36

2.11 PRINCIPAIS EVENTOS QUE INTERDITAM PISTA DE POUSO E DECOLAGEM ... 36

2.11.1 Runway Incursion ... 36

2.11.2 Confusão de Pista ... 41

2.11.3 Pista Alagada ... 42

2.11.4 Piso em Mau Estado ... 43

2.12 RBAC 154 – PROJETO DE AERÓDROMOS ... 44

2.13 FATOR PONTUALIDADE ... 46

2.14 OS PRINCIPAIS RISCOS E IMPACTOS OPERACIONAIS COM A INTERDIÇÃO DE UMA PISTA DE POUSO E DECOLAGEM ... 47

2.14.1 Acidente ... 47

2.14.2 Atraso... 48

2.14.3 Alterações na Malha Aérea ... 49

2.14.4 Longo Período para Executar a Retirada da Aeronave... 53

2.14.5 Transtornos nos Saguões ... 53

2.15 AS PRINCIPAIS RESTRIÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA SEGUNDA PISTA DE POUSO E DECOLAGEM ... 54

2.15.1 MALHA URBANA ... 54

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2.16.1 Análise de Projeção até 2030 dos Aeroportos ... 64

2.16.2 Análise da Média de Hora Pico em 2018 ... 81

2.16.3 Obras nos Aeroportos ... 85

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 87

REFERÊNCIAS ... 90

ANEXO A - DECOLAGENS CANCELADAS NO DIA 20 DE DEZEMBRO DE 2018 NO AEROPORTO DE CONFINS – MG ... 95

ANEXO B - VOO CANCELADOS NO DIA 20 DE DEZEMBRO DE 2018 PARA O AEROPORTO DE CONFINS – MG ... 98

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1 INTRODUÇÃO

Com o significativo aumento da atividade aérea nos últimos anos na aviação brasileira, as ótimas projeções para um futuro próximo, conforme demonstrado na Consulta Interativa no sitio da ANAC (2019), e a abertura do mercado para empresas internacionais atuarem no mercado brasileiro, a infraestrutura aeroportuária necessita de bons investimentos para suportar o aumento do fluxo de aeronaves e agir satisfatoriamente em eventuais casos de estresses causados por aeronaves acidentadas na pista única desses aeroportos. Esses transtornos, se não solucionados de imediato, podem causar grandes prejuízos financeiros para as empresas aéreas, para os usuários do transporte e a terceiros.

Hoje, grandes aeroportos brasileiros dispõem apenas de uma única pista para pousos e decolagens de aeronaves de alto desempenho, fato este um grande problema para a solução com rapidez em uma situação de emergência, que poderá transformar o aeródromo impraticável por um período de tempo significativo. O tempo resultante desta situação gerará um efeito dominó que poderá atrapalhar o bom andamento da malha aérea nacional, prejudicando não só a outros vôos que possuem o mesmo destino bem como as atividades diárias dos usuários do transporte.

De acordo com a consulta dos indicadores de mercado aéreo no sítio da ANAC (2019), em 2018 foram registrados 1.775.291 (um milhão e setecentos e setenta e cinco e duzentos e noventa e um) pousos e decolagens em todo território nacional, sendo que dos 15 (quinze) aeroportos mais movimentados em 2018, 09 (nove) não oferecem pistas paralelas para a continuidade da atividade em caso de interdição de uma pista. Esses 09 (nove) aeroportos que não dispõem da segunda pista em sentido paralelo somaram 58.249.633 de passageiros transportados e registraram 533.305 pousos e decolagens no ano de 2018. Apenas o aeroporto de Confins – MG, que possui uma única pista, obteve 10.256.383 de passageiros transportados em 98.401 em pousos e decolagens no ano de 2018. Diante dos números de Confins podemos concluir que tivemos uma média de aproximadamente 269 pousos e decolagens por dia, um número realmente importante para expressar que a interdição da pista do aeroporto de Confins poderá influenciar em cerca de aproximadamente 130 vôos previsto para um dia inteiro no aeroporto em Belo Horizonte – MG.

Outra particularidade que demonstra a necessidade da implementação de uma segunda pista são as grandes distâncias entre aeródromo de destino e aeródromo de alternativa, principalmente nos de grandes movimentos no nordeste brasileiro. Um exemplo é

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o aeroporto de Fortaleza – CE que se situa em uma área remota em relação a outros aeroportos que possam ser julgados como alternativa. Supondo que o aeródromo de Fortaleza estivesse impraticável por aeronave acidentada na pista única, o aeródromo de alternativa para operar aeronaves de alto desempenho mais próximo é o de Natal – RN, situado a cerca de 234 milhas náuticas de distância. Essa mudança de rota, declarada nos cálculos de combustível e prevista RBAC 121, muda todo o planejamento de uma escala prevista a ser cumprida durante o dia. Centenas de usuários serão afetados por este evento este poderia ser evitado, se houvesse no aeródromo de Fortaleza a segunda pista em paralelo para se manter as atividades de pouso de decolagem operando, mesmo em caso de uma pista impraticável por aeronave acidentada.

A aviação em modo geral não pára, todos os dias e em todas as horas há o transporte aéreo sendo realizado. O aumento do fluxo e da quantidade de passageiros transportados obriga que a infraestrutura aeroportuária se adapte ao que o mercado está proporcionando. Hoje, as empresas aéreas podem julgar se o aeródromo em uso possui as condições de segurança especifica para operar com suas aeronaves regurlamente. Recentemente a Azul Linhas Aéreas suspendeu os vôos de Ipatinga-MG pelo motivo do aeródromo não oferecer as melhores condições para a operação de suas aeronaves com a devida segurança aos seus clientes. Com isso, Ipatinga perde os 4 vôos diários executados pela companhia aérea.

Quanto mais ativa é a aviação, maior a exposição a riscos serão os riscos a eventos de aeronaves em emergências. De acordo a International Civil Aviation Organization (ICAO, 2007), risco é a possibilidade de ocorrência de ferimentos em pessoas, dano a equipamentos ou estruturas, perda de material, ou redução da capacidade de desempenhar uma determinada função, medida em termos de probabilidade e severidade. De fato, os grandes aeroportos que possuem pista única contam com a “sorte” para que as atividades não se interrompam nos grandes fluxos, porém os imprevistos acontecem e devem ser sanados o mais rápido possível.

Diante da atual conjuntura financeira brasileira para aplicação em infraestrutura aeroportuária, o crescimento significativo da atividade aérea no território nacional pode enfrentar sérios problemas na operação da aviação de grande porte. A malhar urbana é dos problemas que impactam diretamente no desenvolvimento e na ampliação dos grandes aeroportos, obrigando-os a optar pela construção de novos aeroportos, mesmo que distante da área urbana. É natural que a população se concentre em locais de grande giro do capital em busca de oportunidades de trabalho, porém essa situação retém o crescimento e a ampliação

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da infraestrutura aeroportuária.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Quais os impactos causados pela interdição de pista em aeroportos brasileiros?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar os impactos causados pela interdição de pista em aeroportos brasileiros.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Identificar os principais riscos e impactos operacionais com a

interdição de uma pista de pouso e decolagem;

b) Identificar as principais restrições para implantação de uma segunda

pista de pouso e decolagem; e

c) Identificar os principais aeroportos brasileiros com necessidade de uma

segunda pista.

1.3 JUSTIFICATIVA

Os eventos que geram a impraticabilidade de um aeródromo são raros de ocorrer, além de que com o passar dos anos a aviação se torna mais segura e eficiente, mas esse tipo de evento quando acontece pode causar sérios prejuízos a atividade aérea brasileira, pelo fato de que todo o planejamento feito por seus usuários não serão concretizados.

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De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Olhar (2014), metade dos usuários que utilizam o transporte aéreo viaja a trabalho ou a estudo. Cabe ressaltar que esse tipo de usuário preza pelo comprometimento com datas e horários marcados que podem ser essencial para a economia e a educação. O usuário se planejou com tempo hábil e, na execução de seu translado para a concretização do seu objetivo, o deslocamento foi por água abaixo, devendo o mesmo se reprogramar com urgência para não haver prejuízos.

No dia 20 de dezembro de 2018, o vôo da LATAM 8084 com 339 passageiros que saiu de Guarulhos – SP e iria para Londres, na Inglaterra, pousou em emergência em Confins por volta das 01:43h. Como a aeronave estava acima do seu peso máximo para pouso e o piloto não conseguiu alijar o combustível para diminuir o peso por conta de uma “pane” elétrica, o Boeing 777 teve todos os seus pneus estourados durante a frenagem no pouso (G1 MG e TV GLOBO, 2018). Diante de tal ocorrido, a aeronave permaneceu na pista, foram evacuados todos os passageiros e tripulação do local, por questões de segurança. Com o evento, o aeroporto de Confins, que naquele momento serviu de aeroporto de alternativa, não possuía o maquinário necessário para realizar a troca dos pneus e realizar a retirada da aeronave do local para desobstruir a única pista de pouso e decolagem. Pouco mais de 09 horas depois do pouso de emergência, 129 voos haviam sido afetados. Algumas aeronaves da Azul Linhas Aéreas foram deslocadas para o aeroporto da Pampulha - MG, que fica a 32 KM (via rodovias) de distância do aeroporto de Confins.

Fica claro que com o ocorrido recentemente em Confins despertaram as atenções sobre a infraestrutura aeroportuária brasileira e os problemas que ela enfrenta para crescer junto com a aviação. A cidade de Belo Horizonte possui grande fluxo de pessoas que são recepcionas por meio do aeroporto de Confins diariamente, não deveria se limitar a um aeroporto com pista única em meados de 2019. Os transtornos que foram ocasionados alteraram toda a malha aérea brasileira. A aeronave foi retirada e a pista liberada após 10 horas, porém isso não significa que tudo voltou ao normal, pois gerou um efeito dominó com a atividade aérea por mais de 2 dias, para que todas a acomodações e remanejamento de passageiros fossem feitos.

Com o ocorrido, será que os principais aeroportos do Brasil estão preparados para um eventual incidente igual o de Confins? A necessidade de segunda pista ou construção de novos aeroportos capazes de operarem normalmente é fundamental para o crescimento da aviação no Brasil. Nas grandes cidades, os principais aeroportos do Brasil não podem se limitar a operar uma determinada máquina ou uma quantidade „X‟ por vez.

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1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Natureza e Tipo da Pesquisa

Levando em conta o objetivo geral e os objetivos específicos, o tipo de pesquisa escolhido para desenvolver os trabalhos pertinentes ao assunto foi o de característica exploratória, com procedimento documental e com abordagem quantitativa.

O principal objetivo de uma pesquisa exploratória é a obtenção de insights e ideias. Muitas vezes no início de um estudo, os problemas a serem investigados não estão totalmente definidos e faltam informações para a sua compreensão completa. Além disso, falta um maior entendimento da questão para a formulação das hipóteses que serão testadas nas etapas seguintes. (Rodrigo, 2017).

O procedimento da pesquisa utilizado para obtenção dos dados necessários para o

estudo foi documental, pois segundo Vanessa (2012) “É comum observarmos a utilização dos

documentos nas pesquisas como uma ferramenta para reforçar o entendimento.”

A abordagem da pesquisa foi quantitativa pelo fato de que o estudo necessita de resultados concisos para expor a carência de investimentos em infraestrutura em alguns aeroportos e limitações em certos casos pelo crescimento do fluxo dos usuários.

1.4.2 Material e Métodos

Os materiais analisados utilizados para colaborar com esta pesquisa foram documentais, os quais proporcionaram a análise dos Regulamentos Brasileiros de Homologação Aeronáutica, Código Brasileiro de Aeronáutica e Documentos da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) ajudaram para entender melhor as normas regulamentares para o funcionamento comum dos aeroportos públicos brasileiros e, também, foram analisadas reportagens sobre pousos de aeronaves (em emergência ou não) que resultaram em aeródromo impraticável por um período de tempo significativo para alterar a malha aérea temporariamente.

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O instrumento de coleta de dados para o desenvolvimento científico do estudo em questão, vinculado as análises dos materiais documentais, é a coleta de dados suficientes de reportagens da mídia online em consonância com a regulamentação atual que rege sobre o funcionamento do setor aeroportuário brasileiro. Dados emitidos do sítio da ANAC foram coletados para se observar a movimentação dos aeroportos brasileiros, justificando a tendência dos próximos anos.

1.4.4 Método de Análise

A análise do material coletado será baseada em uma pesquisa exploratória com abordagem quantitativa no sentido de buscar dados consistentes para facilitar o entendimento do conteúdo e projeções.

Com os dados apresentados por meio das pesquisas realizadas, os dados serão anotados e observados para uma análise deles. Os resultados serão comparados para que o estudo em questão justifique seu resultado. (Daniela, 2018).

Durante o estudo, foi analisada uma quantidade grande de dados que comprovassem que o setor aeronáutico tendesse a crescer nos próximos anos e que a infraestrutura aeroportuária necessita de investimentos para conseguir acompanhar o crescimento do setor.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

No intuito de alcançar os objetivos deste trabalho, ficou-se organizado em 04 capítulos, conforme abaixo:

O capitulo 1 apresenta a introdução, logo em seguida o problema da pesquisa, os objetivos, a justificativa e a metodologia.

O capitulo 2 engloba o referencial teórico utilizado para o desenvolvimento do estudo.

O capitulo 3 apresenta a análise e discussão dos dados levantados com as problemáticas definidas.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O SETOR AÉREO BRASILEIRO

Com o crescimento econômico do país durante o século 20, o setor aéreo brasileiro começou a tomar força entre 1920 e 1960, justificada pelo fato da grande demanda apresentada na época. Na década de 60, a empresas aéreas brasileiras começaram a sentir a crise na economia, pois foi sentido uma estagnação no mercado com a disparada da inflação. Após o período de instabilidade na economia, entre os anos de 1968 e 1980 a economia voltou a melhorar pelo aumento de demanda. Na década de 80, houve o endividamento das empresas que tinham boas expectativas para a economia na época, porém não concretizado o crescimento na época, causando o grave desequilíbrio na economia. As empresas aéreas conseguem retomar o crescimento no setor no ano de 2003. Entre 2003 e 2010, quando houve grande volume de demanda, a aviação voltou a crescer expressamente, retomando as boas projeções para o futuro. Cabe ressaltar que o transporte aéreo consegue acompanhar o crescimento constantemente do transporte de passageiros. (PABLO e MARCOS, 2011).

Nos últimos anos, a aviação comercial brasileira cresceu 85% em dez anos. A demanda chega a ser maior que a oferta, demonstrando a forte tendência de crescimento no transporte para os próximos anos. (ANAC, 2018).

Um estudo realizado pela Secretária Nacional de Aviação Civil em 2017 mostra que a demanda para a aviação brasileira poderá triplicar em 20 anos. Revelando o crescimento recente com ótimas projeções para o futuro, é possível realizar os principais estudos para avaliar que a infraestrutura atual brasileira não irá suportar tal demandar em alguns anos. Os resultados dos estudos são de suma importância para verificação de compatibilidade entre a oferta e a demanda, expectativa de crescimento para o setor aéreo, planejamento de ações governamentais, harmonização dos planejamentos das diferentes infraestruturas de transporte e planejamento dos órgãos públicos relacionados às atividades de aviação civil. (MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA, 2017).

No dia 20 de dezembro de 2018, um voo da Latam que ia de São Paulo para Londres teve uma pane ainda no território brasileiro. A pane identificada como sendo elétrica não permitiu que os pilotos conseguissem alijar o combustível nas asas, sendo necessário pousar com o peso acima do normal. A cidade mais próxima que comportaria o pouso do

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avião naquelas circunstâncias foi o aeroporto de Confins, situado em Belo Horizonte – MG. Após o pouso força a aeronave teve seus pneus danificados pelo alto peso de pouso, fazendo com que a aeronave ficasse parada na única pista de Confins, deixando-o impraticável por mais de 10 horas. (G1 MG e TV GLOBO, 2018).

2.2 LEGISLAÇÃO

Segundo o Art. 31 da lei 7.565, de 19 de dezembro de 1986, “considera-se aeroportos os aeródromos públicos, dotados de instalações e facilidades para apoio de operações de aeronaves e de embarque e desembarque de pessoas e cargas”.

Ainda sobre a lei 7.565, de 19 de dezembro de 1986, a seção II da lei expõe os pré-requisitos para a construção de um aeroporto e o Art. 34 constitui a exigência de autorização de autoridade da aeronáutica. Os aeródromos públicos serão mantidos e explorados diretamente pela União, por empresas especializadas da Administração Federal Indireta ou suas subsidiárias, vinculadas ao Ministério da Aeronáutica, mediante convênio com os Estados ou Municípios e por concessão ou autorização. Os aeródromos privados deverão ser mantidos por seus proprietários conforme a legislação, normas e planos da autoridade aeronáutica em vigor, porém a aviação privada não será abordada a fundo neste projeto, pois o foco principal é expor a necessidade de investimentos na aviação pública, aquela que a demanda e a oferta exigem muito mais dos operadores dos aeroportos públicos.

2.3 A EVOLUÇÃO DE POUSOS E DECOLAGENS E PASSAGEIROS TRASPORTADOS NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

A aviação brasileira está demonstrando que segue no crescimento junto com os outros transportes públicos, isso é o que demonstra na consulta interativa do sítio da ANAC (Indicadores do Mercado de Transporte Aéreo):

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Tabela 1: Movimentação nos aeroportos brasileiros nos últimos dez anos

Ano Embarque + Desembarque Pousos e Decolagens

2018 210.676.174 1.775.291 2017 202.628.786 1.739.488 2016 197.741.340 1.785.969 2015 213.302.739 2.008.877 2014 212.514.766 2.023.342 2013 199.702.847 2.030.277 2012 195.715.901 2.114.887 2011 181.376.151 2.042.652 2010 155.293.699 1.802.012 2009 126.722.954 1.565.203 2008 113.435.888 1.415.607 Fonte: ANAC (2019)

Gráfico 1: Quantidade de embarque e desembarque nos últimos dez anos

Fonte: ANAC (2019) 0 50.000.000 100.000.000 150.000.000 200.000.000 250.000.000 20082009201020112012201320142015201620172018

Embarque + Desembarque

Embarque + Desembarque

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Gráfico 2 - Quantidade de pousos e decolagens nos últimos dez anos

Fonte: ANAC (2019)

A demanda aérea por voos domésticos cresceu 3,31% em janeiro, em relação ao mesmo mês do ano passado. Já a oferta teve alta de 4,08%, na mesma comparação. Com isso, o fator de aproveitamento dos aviões teve recuo de 0,63 ponto percentual, fechando em 84,09% no mês. Foram 8,9 milhões de viagens domésticas realizadas em janeiro, crescimento de 2,41% na comparação anual (+ 200 mil passageiros). A demanda por voos domésticos está há 23 meses consecutivos em crescimento, enquanto que a oferta tem sido ampliada há 19 meses. (ABEAR, 2019).

O setor aéreo também se destaca desde 2010, quando passou a ser preferência aos brasileiros, no caso de viagens de longa duração. (ABEAR, 2019).

0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 2.500.000

Pousos e Decolagens

Pousos e Decolagens

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Figura 1 - Quantidades totais anuais de passageiros no transporte interestadual regular (viagens domésticas de longa distância) no Brasil (2000-Setembro2018*)

Fonte: ANTT

Figura 2 - Divisão do total anual de passageiros no transporte interestadual regular (viagens domésticas de longa distância) no Brasil (2000-Setembro2018)

Fonte: ANTT

2.4 MALHA AÉREA BRASILEIRA

Malha aérea é o conjunto de rotas que as empresas aéreas executam em períodos regulares. Na aviação brasileira, ela se criou de acordo com o aumento da demanda para

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certos destinos. A maior dificuldade do país, em alguns anos, será a infraestrutura, pois haverá um gargalo entre a demanda e oferta, pois a demanda irá aumentar e a oferta não conseguirá suprir o exigido. O problema de infraestrutura aeroportuária brasileira poderá acarretar em um maior custo operacional, demandando as aeronaves permanecer mais tempo em vôo, aumento de horas de trabalho da tripulação, o que poderá acarretar em problemas em sindicatos. (PAULO, 2014).

Segundo Maurício Emboaba (2014), os principais fatores que influenciam a composição da malha aérea são: “A frequência de voos e o potencial de passageiros é que definem a operação. Isso parte de um estudo de mercado, que pode ser elaborado pelas próprias companhias, ou parte da iniciativa das prefeituras, a partir de uma demanda local.”

Imagem 1 - Malha aérea das companhias aéreas (2015)

Fonte: ANAC

2.5 A SATURAÇÃO DOS AEROPORTOS

Alguns aeroportos brasileiros já possuem saturação em capacidade, limitando o seu nível de operacionalidade, como é o caso do aeroporto Santos Dumont (MAURICIO, 2014). Situado no centro da cidade do Rio de Janeiro, próximo às grandes empresas.

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Atualmente opera apenas voos domésticos e diariamente recebe cerca de 29 mil pessoas (INFRAERO). Outro aeroporto limitado por questões físicas é o de Congonhas, em São Paulo, localizado em uma importante área comercial da cidade de São Paulo, o aerporto de Congonhas fica mergulhado em meio aos grandes centros comerciais (MAURICIO, 2014).

Imagem 2 - Vista aérea do aeroporto Santos Dumont

Fonte: Infraero

Imagem 3 - Vista aérea do aeroporto de Congonhas

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2.6 AERÓDROMOS E AEROPORTOS

Para a ICAO, “aérodromo é uma área definida em terra ou água (incluindo quaisquer edifícios, instalações e equipamentos) destinada a ser utilizado total ou parcialmente para a chegada, partida e movimentação de superfície das aeronaves.

No Brasil, o Comando da Aeronáutica cria a definição de aérodromo com a mesma linha de pensamento da ICAO, pois segundo a NSCA 3-4 (2008), “aeródromo é toda área destinada à pouso, decolagem e movimentação de aeronaves.” Ainda segundo a NSCA 3-4 (2008), “aeroporto é um aeródromo público, dotado de instalações e facilidades para apoio de operações de aeronaves e de embarque e desembarque de pessoas e cargas.”

Imagem 4 - Vista aérea do aérodromo Catuleve em Fortaleza-CE

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Imagem 5 - Vista aérea do aeroporto de Fortaleza-CE

Fonte: Portal da Copa

Considerando as definições da ICAO e do Comando da Aeronáutica, podemos afirmar que todo aeroporto é um aeródromo, porém dotado de instalações que podem acomodar para receber usuários que desejam utilizar o meio de transporte regularmente. Durante os raciocínios neste trabalho, será citada constantemente a terminologia „aeroporto‟, de fato, pois haverá o forte enfoque para a problemática dos grandes terminais de passageiros do Brasil. Avaliação do nível de capacidade de cada um e quais devem emergir de forma significativa para conseguir acompanhar a demanda do setor nos dias atuais.

2.7 PRINCIPAIS AEROPORTOS E SUA COMPOSIÇÃO DE PISTA

Os grandes e principais aeroportos do Brasil compõem a mais diversidade composição de pista para aeroportos: pista simples, pistas paralelas, pistas secantes e pistas abertas em V.

A pista simples é que menos dispõe de capacidade operacional dentre as outras, podendo operar de 45 a 100 pousos e decolagens VFR e de 40 a 50 pousos e decolagens IFR.

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(FELIPE CAVA, 2018)

Figura 3 - Pista Simples

Fonte: http://www.transportabrasil.com.br/

Nos casos das pistas paralelas, a capacidade de pista aumenta consideradamente, dependendo do tipo de pista paralela.

Tabela 2 - Tipo de pista paralela

Fonte: Felipe Cava (2018)

Quando não se consegue a construção de pista paralela em função das restrições físicas, são construídas as pistas secantes (cruzadas).

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Imagem 6 - Pista secante

Fonte: http://www.gazetadesantarem.com.br

As pistas em V são parecidas com as pistas secantes, melhorando a capacidade de pista daquele aeroporto e diminuindo a problemática de incursão em pista.

Imagem 7 - Pista em V

Fonte: Felipe Cava (2018)

2.8 CAPACIDADE TEÓRICA DE PISTA

Todos os aeroportos possuem uma capacidade operacional, números calculados para definirem qual o limite que se pode operar com parâmetros positivos ou negativos.

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É a capacidade do sistema de pistas de um aeródromo, calculada para um intervalo de sessenta minutos, em função do tempo médio de ocupação de pista, acrescido da separação regulamentar entre aeronaves, prevista em legislações, bem como das normas e procedimentos específicos aplicáveis às operações aéreas da localidade considerada. (MCA 100-14, 2015)

Atualmente a capacidade de pista dos principais aeroportos do Brasil está de acordo com a tabela abaixo:

Tabela 3 - Capacidade de pista dos aeroportos do Brasil

Ordem Aeroporto Cod ICAO Pista Capacidade de Pista -

movimentos/hora 1 Guarulhos - SP SBGR Paralela 55 2 Congonhas - SP SBSP Paralela 40/41 3 Brasília - DF SBBR Paralela 68 4 Galeão - RJ SBGL Paralela 52 5 Campinas - SP SBKP Simples 33 6 Confins - MG SBCF Simples 31

7 Santos Dumont - RJ SBRJ Paralela 29

8 Recife - PE SBRF Simples 29

9 Porto Alegre - RS SBPA Simples 28

10 Salvador - BA SBSV Simples 30

11 Curitiba - PR SBCT Simples 24

12 Fortaleza - CE SBFZ Simples 28

13 Florianópolis - SC SBFL Simples 17

14 Goiânia - GO SBGO Simples 33

15 Belém - PA SBBE Simples 20

Fonte: Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA)

2.9 AMPLIAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO

Os grandes aeroportos brasileiros que possuem muita movimentação de passageiros e que se encontram próximo do gargalo da oferta e demanda, enfrentam sérios problemas no sentido de ampliação física de seu território, com objetivo único de manter disponível o alto fluxo de aeronaves e passageiros em seu terminal, sem haver perdas e/ou prejuízos. Hoje, o principal impacto é a malha urbana, que limita a área do aeroporto com estrutura de décadas atrás.

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Imagem 8 – Aeroporto do Recife cercado pela malha urbana

Fonte: Ana Araújo/Portal da Copa (Foto)

Imagem 9 - Malha urbana em Recife (2019)

Fonte: (Google Maps) adaptado pelo autor

O mais movimentado do Brasil, o de Guarulhos, opera atualmente com duas pistas paralelas. Caso o aumento da demanda se confirme, em algum momento haverá a necessidade da construção da terceira pista. Como consequência, a desapropriação de uma área superior a 2 quilômetros quadrados. Um custo muito alto que neste momento não é viável nem mesmo para a concessionária que administra o complexo. (Gustavo Ribeiro, 2015).

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O desenvolvimento do setor aéreo brasileiro vislumbra um futuro promissor com os aeroportos operando próximo da sua capacidade em poucos anos. Os grandes aeroportos não podem aguardar o crecimento absoluto para enfim atrair grandes investimentos para a imfraestrutura aeroportuaria.

Observa-se que a capacidade instalada da infraestrutura aeroportuária do Brasil, em termos de capacidade de processamento anual de passageiros, é suficiente para absorver a demanda por transporte aéreo regular de passageiros até o ano de 2025. Porém, tanto a demanda como a capacidade dos aeroportos possuem uma distribuição geográfica diferenciada, visto que há um maior concentração de passageiros nas grandes cidades que podem levar à necessidade de ampliação de infraestruturas específicas em um horizonte mais próximo, enquanto outras num horizonte a longo prazo. (Plano Aéroviario Nacional, 2018).

Figura 4 - Histórico de capacidade dos aeroportos do Brasil

Fonte: ANAC (2018)

As distâncias previstas para a operação simultânea de pistas em um aeroporto se limitam a malha urbana que cresceu fortemente nas grandes capitais e nos arredores dos mais movimentados aeroportos.

Dos 12 aeroportos mais movimentados do país, somente três (Brasília, Confins e Viracopos) suportarão o crescimento com a atual estrutura de pistas ou poderão ser ampliados sem grandes impactos, ou seja, sem remoções de propriedades privadas ou danos ambientais. Cinco estão limitados pela malha urbana (Congonhas, Fortaleza, Porto Alegre, Recife e Santos Dumont) e quatro poderão incrementar o sistema de pistas (Curitiba, Galeão, Guarulhos e Salvador), mas a um custo alto, seja

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financeiro ou social. (Gustavo Ribeiro, 2015).

2.10 AERÓDROMO IMPRATICAVEL X AERÓDROMO INTERDITADO

Segundo a ICA 100-37 (2018), “aeródromo impraticável é o aeródromo cuja praticabilidade das pistas fica prejudicada devido a condição anormal (aeronave acidentada na pista, pista alagada, piso em mau estado etc.), determinando a suspensão das operações de pouso e decolagem.”

Segundo a ICA 100-37 (2018), “aeródromo interditado é o aeródromo cujas condições de segurança (chegada e saída da aeronave presidencial, operações militares, ordem interna, etc.) determinam a suspensão das operações de pouso e decolagem.

Ainda segundo a ICA 100-37 (2018), “pista é área retangular definida, em um aeródromo terrestre, preparada para o pouso e decolagem de aeronaves.

2.11 PRINCIPAIS EVENTOS QUE INTERDITAM PISTA DE POUSO E DECOLAGEM

2.11.1 Runway Incursion

A ocorrência de acidentes aeronáuticos em pista de pouso e decolagem é um fator preponderante para a interdição de pista do aeroporto. Um dos fatores que ocasionam acidentes em pista é a runway incursion. Segundo a ICAO, runway incursion ou incursão em pista é: “qualquer ocorrência em um aeródromo envolvendo a presença incorreta de uma aeronave, veículo ou pessoa na área protegida de uma superfície designada para o pouso e decolagem de aeronaves.”

O entendimento brasileiro também é idêntico ao da ICAO, pois segundo o RBAC 153, incursão em pista é: “ocorrência em aeródromo envolvendo a presença incorreta de aeronave, veículo ou pessoa na área protegida de uma superfície designada para pouso e decolagem de aeronaves.”

O design de um aeroporto pode fazer uma diferença significativa para o número de incursões na pista com experiência. As estatísticas mostram que as configurações do aeroporto onde um pista tem que ser atravessada como parte de operações normais

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são mais vulnerável a incursões na pista. As estatísticas de acidentes também mostram que risco aumenta quando há mudanças repentinas no tráfego rendimento, p. Tenerife 1977, ou circunstâncias locais incomuns. (International Federation of Air Line Pilots‟ Association, 2015)

Gráfico 3 – Principais causas de Runway Incursion

Fonte: International Federation of Air Line Pilots’ Association (2015)

Em 27 de março de 1977, no Aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife nas ilhas Canárias, aconteceu o maior acidente da história da aviação, vitimando 583 pessoas no ocorrido. O acidente em Tenerife foi causado por incursão em pista, envolvendo dois Boeing 747, um da KLM, vôo n° 4805, que iniciou a corrida para decolagem sem autorização, enquanto a tripulação do Pan Am, vôo n° 1736, tinha iniciado o taxi, utilizando a mesma pista, até a metade para ingressar em uma taxiway. É interessante ressaltar que as condições de visibilidade eram consideradas baixas, dificultando a ação imediata dos pilotos em comando, ocasionando o acidente.

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Imagem 10 - Simulação do acidente em Tenerife (1977)

Fonte: Wikimedia Commons

A OACI identificou as principais áreas que estão diretamente ligadas com a problemática em incursão em pista: fraseologia de radiotelefonia, proficiência linguística, equipamentos, sinalizações horizontais, verticais e luzes, cartas aeronáuticas do aeródromo, aspectos operacionais, consciência situacional e fatores humanos. (ANAC, 2016).

Neste proposito, e em consonância com a OACI por meio do Doc 9870 – Manual

on the Prevention of Runway Incursions (2007), a ANAC classifica a severidade de incursão

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Tabela 4 - Classificação da severidade de incursão em pista.

Fonte: ANAC

O Runway Incursion Severity Calculator – RISC é um software desenvolvido para coletar as informações e classificar a severidade da incursão em pista, disponível no site da OACI. A coleta das informações é importante para expor o real panorama das ocorrências envolvendo o assunto. (ANAC, 2016).

Alguns fatores são primordiais para a ocorrência de uma incursão em pista e a FAA resolveu adotar uma classificação por tipo de desvio: Desvio de Piloto: uma ação do piloto que provocou a incursão em pista; Erro Operacional: um desvio operacional do controlador que resulta numa incursão em pista; e Desvio de Motorista/Pedestre : uma ação de um motorista ou pedestre que resulta numa incursão em pista. (ANAC, 2016)

No intuito de evitar os casos de incursão em pista, são importantes algumas atitudes que devem ser tomadas para que a rotina do dia a dia não seja a vilã para a ocorrência de acidentes: os aeroportos devem estar preparados e bem estruturados quanto à infraestrutura, deixando bem claro ao piloto quando ao se deslocar nas taxiways, por meio de auxílios visuais; a firmação de acordos operacionais com a Torre de Controle – TWR, para que se evite a incursão e que se tomem as medidas efetivas em caso de ocorrência do fato; realizar demarcações nas áreas protegidas, limitando o trânsito de motoristas e pedestres, fazendo com que eles possuam referências visuais nas áreas; incentivar todo o pessoal envolvido na atividade aérea a realizar relatos de ocorrências de incursão em pista, para que as ações sejam tomadas a tempo; e realizar treinamentos para motoristas que trafegam nas

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áreas de manobra no aeroporto, visando com que eles mantenham o nível de atenção elevado e com o referido conhecimento das normas em vigor. (ANAC, 2016)

Imagem 11 - Sinalização horizontal de instrução obrigatória

Fonte: ANAC

Imagem 12 - Luzes de proteção de pista de pouso e decolagem

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2.11.2 Confusão de Pista

Segundo a ANAC, confusão de pista é: “a ocorrência do uso indevido não intencional de uma pista de pouso e decolagem ou pista de táxi para a realização de operações de pouso ou decolagem.” A ocorrência de confusão de pista é geralmente o inicio para uma incursão em pista, que são graves tendências ao acidente aeronáutico.

As seguintes situações oferecem risco elevado de confusão de pista: Aeroportos com pistas de pouso e decolagem paralelas muito próximas, ou pista de táxi paralela à pista de pouso e decolagem; Aeroportos com pistas cruzadas, com cabeceiras muito próximas; Aeroportos com uma única pista de taxi servindo a mais de uma cabeceira; Uso de pista de pouso e decolagem como pista de taxi; e Realização de obras na área de manobras do aeroporto, com operações em curso. (ANAC, 2016)

Figura 5 - Cabeceiras 21 e 14 em SBFL

Fonte: ANAC

Em 2006, um vôo da TAP estava pousando no aeroporto de Guarulhos – SP, na pista 27R, pelo motivo de “espelhamento” da pista, pousou na pista de taxi paralela “B”.

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Figura 6 - RWY 27R e TWY A e B em SBGR

Fonte: ANAC

2.11.3 Pista Alagada

A pista alagada é um dos motivos que é capaz de mudar as condições normais de operação de um aeródromo para a condição de interditado. Segundo a ICA 100-37 (2018), “aeródromo impraticável é o aeródromo cuja praticabilidade das pistas ficam prejudicadas devido a condição anormal (aeronave acidentada na pista, pista alagada, piso em mau estado etc.), determinando a suspensão das operações de pouso e decolagem.”

A suspensão por pista alagada se dá quando o aeródromo não é capaz de escoar em grande quantidade a água proveniente de pancadas de chuvas, alterando por um período de tempo as condições do aeródromo para impraticável.

O não escoamento é capaz de formar as lâminas de água, possibilitando a má aderência dos pneus do avião em caso de aterragem, favorecendo a aparição da aquaplanagem. (ANAC).

Segundo a ANAC (2017), “a aquaplanagem ou hidroplanagem é um fenômeno que ocorre quando um fluido (normalmente água) se interpõe entre o pneu da aeronave e o pavimento.”

São tipos de aquaplanagem: dinâmica, viscosa e reversão de borracha. A aquaplanagem dinâmica é aquela que os pneus perdem a aderência com o solo e perdem sua eficiência; a aquaplanagem viscosa é apresentada quando há sujeiras, poeiras ou restos de borrachas dificultando a aderência dos pneus com o solo, deixando a superfície lisa e escorregadia; e a aquaplanagem com reversão de borrachas é quando há o travamento das

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rodas com o solo molhado ou úmido, perdendo a controlabilidade e aderência efetiva com o solo.

Imagem 13 - Pista molhada

Fonte: Airbus

2.11.4 Piso em Mau Estado

O piso em mau estado é outro item capaz de interditar a pista de um aeroporto, pois segundo o a ICA 100-37 (2018), se o piso não oferecer a segurança necessária será determinada a suspensão das operações de pouso e decolagem.

Neste ano, o aeroporto de Ipatinga - MG foi interditado pela ANAC após a suspensão de atividades pela Azul Linhas Aéreas, por conta das condições da pista de pouso e decolagem.

A companhia, que constantemente analisa as condições de infraestrutura dos aeroportos onde opera, identificou que a pista do aeroporto de Ipatinga, utilizada para pousos e decolagens, não está atendendo aos padrões operacionais da empresa e, por este motivo, decidiu realizar a suspensão.

“A Azul tem o compromisso de atender seus Clientes com excelência, por meio de um serviço de qualidade, eficiência, presteza e, principalmente, segurança – que é seu primeiro valor. A empresa reforça que não tem o interesse em cancelar definitivamente seus voos na cidade, pelo contrário, espera que as adequações necessárias sejam feitas para que possa o quanto antes voltar a realizar seus voos na cidade mineira”, afirma a empresa. (CARLOS MARTINS, 2019).

“A Anac concluiu que não é possível garantir que o aeródromo reúne condições seguras para receber voos. A restrição perdurará até que o operador aeroportuário informe e comprove a correção das não conformidades, ou que tenha implementado as medidas mitigadoras que reduzam o risco a níveis aceitáveis.” (ANAC, 2019).

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2019, sofreu reparos realizados pela Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop) em conjunto com o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG), a ANAC liberou as operações no dia 10 de abril de 2019. (Site Ponte Aérea e Portaria nº 1.124, de 10 de abril de 2019 – ANAC).

Figura 7 - Reparação da pista do aeroporto de Ipatinga – MG

Fonte: DEER/MG

2.12 RBAC 154 – PROJETO DE AERÓDROMOS

O RBAC 154 “se aplica a toda pessoa natural ou jurídica de direito privado ou público, incluindo as organizações Federais, Estaduais e Municipais, que, direta ou indiretamente, esteja envolvida com a operação, construção, exploração, manutenção e projeto de aeródromos”.

A demanda em alguns aeroportos pode ser suficiente para a construção da segunda pista de pouso e decolagem.

Onde pistas paralelas de operação IFR forem utilizadas simultaneamente, a distância mínima entre seus eixos deve ser de 1.035 m para aproximações paralelas

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independentes, 915 m para aproximações paralelas dependentes, 760 m para decolagens paralelas independentes e 760 m para operações paralelas segregadas. (RBAC 154, 2018)

Atualmente, o aeroporto de Brasília – DF é o único aeroporto capaz de realizar pousos IFR e decolagens simutaneamentes no Brasil.

O Aeroporto de Brasília é o único Terminal brasileiro que possui duas pistas paralelas e com separação suficiente para operação simultânea. Com distância de 1,8 quilômetro e 275 metros a mais do que o mínimo exigido pela legislação internacional que normatiza o assunto, as pistas do Terminal da capital federal são as únicas da América do Sul a operar pousos e decolagens ao mesmo tempo. Diariamente, voam ou pousam cerca de 450 aeronaves na capital federal.

Diariamente, o Aeroporto de Brasília movimenta uma média de 48 mil passageiros, dos quais 42% estão em conexão. (Victor José, 2018)

Figura 8 - Vista aérea do aeroporto de Brasília - DF

Fonte: Christian Dal – AIRLINES.NET

Com a forte tendência de reaquecimento do mercado brasileiro e uma forte melhoria no setor aeronáutico nos últimos anos, a necessidade de alguns aeroportos em construção e/ou ampliação de suas estruturas serão obrigatórias.

O maior motivo para se construir uma segunda pista ou terceira pista é mesmo o movimento de aeronaves. Com a crise econômica nos últimos anos, o tráfego aéreo comercial teve uma queda significativa que acabou afetando as otimistas projeções antes das concessões, mas já há um reaquecimento que pode colocar em

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situação-limite alguns aeroportos como Guarulhos, o mais movimentado do país e que recentemente implantou um sistema de pousos e decolagens simultâneo em suas duas pistas. (Ricardo Meier, 2018).

2.13 FATOR PONTUALIDADE

A pontualidade demonstra o quão à operação aérea brasileira tem se saído no transcorrer dos anos. O panorama exposto para fins de estudo revela que quanto maior a pontualidade, ou seja, quanto maior for o fluxo de aeronaves nos horários pontuais mais será o desenvolvimento econômico do país.

O atraso na decolagem ou pouso é uma questão crítica na aviação civil. Ele gera problemas para a operação, uma vez que afeta toda a rede aérea, acarretando em situação inconveniente aos passageiros. Por exemplo: um voo atrasado pode ser dispendioso para os passageiros, interferindo em seus eventos pessoais programados. Ou um passageiro em uma viagem com conexões pode acabar perdendo um dos seus voos. Situações como essa podem causar raiva e frustração aos que estão envolvidos.

Os atrasos geram um efeito cascata em todo o sistema, congestionando aeroportos e o tráfego aéreo, gerando insatisfação dos passageiros. Além deste impacto, as empresas aéreas incorrem em gastos adicionais com combustível, horas extras de funcionários, hospedagem, alimentação e transporte. (Juliana, 2018).

No sentido de utilizar ao máximo seus equipamentos, as empresas aéreas julgam que quanto mais a aviação esteja transportando pessoas maiores serão seus lucros, situação em que favorece o aparecimento de atrasos, pelo fato de que os intervalos de um vôo para outro é muito curto, não admitindo “erros” logísticos. (ANAC, 2008).

As circunstâncias que afetam a pontualidade podem variar para cada companhia em razão do tipo de serviço, composição da frota, meteorologia das bases de atuação, tráfego nas rotas operadas, capacidade e qualidade dos aeroportos envolvidos. Mas quando olhamos para o conjunto das informações e vemos tantas companhias brasileiras e aeroportos nacionais em posições de destaque na comparação com concorrentes fortes e tradicionais, isso nos mostra que o trabalho tem caminhado no sentido correto, apesar das dificuldades que temos que lidar. Nosso desafio agora é manter essa trajetória mesmo quando a aviação brasileira vive perspectivas de crescimento diferentes das que vigoram no mercado interacional. (Ronaldo Jenkins, 2016).

O fator pontualidade é posto a grandes riscos quando as empresas apostam em sua capacidade máxima. O grande segredo do sucesso de qualquer empresa é o lucro. Os lucros

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relacionados às empresas aéreas se dão pelo transporte diário de passageiros. Ou seja, quanto mais transporte for realizado de pessoas, mais lucro aquela empresa irá ter. O que acontece nos dias de hoje se apostam tanto nas condições favorável que o plano B chega a ser muito caro para ser executado. Um exemplo é um aeródromo grande com pista única e de grande movimento passa pela condição de aeródromo impraticável por um determinado período de tempo. Todas as aeronaves que possuíam a intenção de efetuar o pouso nesse aeródromo desviaram para os de alternativa, muitas vezes longe do aeródromo de destino.

No Brasil flerta-se com a sorte. Não apenas Confins e Viracopos estão isolados em suas regiões como outros aeroportos, mesmo com a segunda pista, correm o risco de enfrentar problemas semelhantes por conta de sua infraestrutura aquém do necessário. É o caso dos maiores aeroportos do Nordeste (Recife, Fortaleza e mesmo Salvador, cuja pista auxiliar PE muito pequena) e em Porto Alegre, por exemplo. Até mesmo os movimentados Congonhas e Santos Dumont que, em tese, têm uma pista auxiliar, sofreriam com limitações severas caso as pistas principais ficassem interditadas por conta de restrições de operação. (Ricardo Meier, 2018).

2.14 OS PRINCIPAIS RISCOS E IMPACTOS OPERACIONAIS COM A INTERDIÇÃO DE UMA PISTA DE POUSO E DECOLAGEM

2.14.1 Acidente

Em análise aos dados apresentados no decorrer do estudo sobre a infraestrutura aeroportuária atual brasileira, com enfoque para as pistas de pouso e decolagem e as demandas do setor, podemos identificar os principais riscos que envolvem a interdição de pista de pouso e decolagem. O grande fluxo de aeronaves em grandes aeroportos, operando próxima a sua capacidade de pista, se torna um fator um tão preocupante no que se refere o aumento da probabilidade de risco de acidentes. De acordo com a ICAO (2007), risco é: “a possibilidade de ocorrência de ferimentos em pessoas, dano a equipamentos ou estruturas, perda de material, ou redução da capacidade de desempenhar uma determinada função, medida em termos de probabilidade e severidade.”

As definições de incidente, incidente grave e acidente aeronáutico são de extrema importância para caracterizar os eventos ocorridos em algumas situações. De acordo com a ANAC, incidente aeronáutico é: “toda ocorrência, inclusive de tráfego aéreo, associada à operação de uma aeronave, havendo a intenção de voo, que não chegue a se caracterizar como

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ANAC, incidente grave é “incidente ocorrido sob circunstâncias em que um acidente quase ocorreu. A diferença entre o incidente grave e o acidente está apenas nas consequências.”

O acidente aeronáutico é detalhado em suas definições, conforme a seguir:

Toda ocorrência relacionada com a operação de uma aeronave, havida entre o período em que qualquer pessoa entra na aeronave com a intenção de realizar um voo até o momento em que todas as pessoas tenham desembarcado, em conseqüência da qual: (1) qualquer pessoa tenha sofrido lesões graves ou morrido, exceto quando as lesões resultarem de causas naturais ou forem auto ou por outrem infligidas; (2) a aeronave tenha sofrido danos ou falha estrutural: (i) afetando adversamente a resistência estrutural, desempenho ou características de voo; ou (ii) exigindo substituição ou reparos importantes do componente afetado, ou (3) a aeronave tenha sido considerada desaparecida. (ANAC)

De fato, o acidente aeronáutico nada mais é do que a evolução e a conclusão efetiva de um incidente grave aeronáutico.

2.14.2 Atraso

O atraso é a principal resultante dos aeroportos mais movimentados do mundo. O atraso se dá por diversos fatores: meteorologia, avião lotado (atraso no desembarque), manutenção não programada da aeronave e cancelamento de voo e preterição de embarque (embarque não realizado por motivo de segurança operacional, troca de aeronave, overbooking, etc). É dever de a empresa aérea manter seus clientes informados sobre as atualizações da situação dos vôos a cada 30 minutos. (ANAC)

De acordo com a ANAC, em caso de atrasos ou cancelamentos, são direitos dos clientes:

 A partir de 1 hora: comunicação (internet, telefonemas, etc.).

 A partir de 2 horas: alimentação (voucher, lanche, bebidas, etc.).

 A partir de 4 horas: acomodação ou hospedagem (se for o caso) e transporte do

aeroporto ao local de acomodação. Se você estiver no local de seu domicílio, a empresa poderá oferecer apenas o transporte para sua residência e desta para o aeroporto.

 Se o atraso for superior a 4 horas (ou a empresa já tenha a estimativa de que o voo

atrasará esse tempo), ou houver cancelamento de voo ou preterição de embarque, a empresa aérea deverá oferecer ao passageiro, além da assistência material, opções de reacomodação ou reembolso.

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 A preterição de embarque (embarque não realizado por motivo de segurança operacional, troca de aeronave, overbooking, etc) ocorre na situação em que o passageiro teve o seu embarque negado, mesmo tendo cumprido todos os requisitos para o embarque. Logo que a empresa constatar que há possibilidade de preterição, deverá procurar por voluntários que aceitem embarcar em outro voo, mediante a oferta de compensações (dinheiro, bilhetes extras, milhas, diárias em hotéis, etc). Caso você aceite essa compensação, a empresa poderá solicitar a assinatura de um recibo, comprovando que foi aceita a proposta.

Os atrasos nos aeroportos e, principalmente, nos mais movimentados do Brasil, não são previsíveis de ocorrer e são comuns de acontecer nos dias de hoje. Segundo a ABEAR (2016), sobre os atrasos ocorridos em 2016: “33% dos atrasos em voos domésticos ficam sob a responsabilidade das empresas aéreas.” Pontanto, um terço do total dos atrasos foram ocasionados pelas empresas. (ABEAR, 2016).

Fator importante para qualquer tipo de empresa aérea, tudo o que se evita com passivos decorrentes de atrasos, multas ou por qualquer motivo que a empresa seja a culpada, se diminui o lucro. O lucro é a base para o desenvolvimento de qualquer tipo de empresa.

2.14.3 Alterações na Malha Aérea

A alteração da malha aérea pode ocorrer severamente nos aeroportos mais movimentados do Brasil. A exemplo disso, o aeroporto de Confins – MG que foi fortemente afetado no dia 20 de dezembro de 2018, após ser interditado por conta do pouso forçado do voo da LATAM que iria de São Paulo para Londres. Segue abaixo a malha aérea alterada por vôos afetados pela interdição do aeroporto para pouso e decolagens (Anexo A e Anexo B) a partir das 01h43 (ocorreu, aproximadamente, dez horas de paralisação):

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Figura 9 - Malhar afetada para voos saindo de Confins - MG em 20 de dezembro de 2018

Fonte: (Google Maps) adaptado pelo autor

Figura 10 - Malhar afetada para voos chegando de Confins - MG em 20 de dezembro de 2018

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Figura 11 - Pista única de Confins - MG interditada pelo voo da LATAM que iria de São Paulo para Londres

Fonte: Paulo Filgueiras/EM/DA Press

No dia 28 de novembro de 2018, um voo que vinha de Caracas, na Venezuela, para o aeroporto de Manaus – AM teve problemas no momento do pouso e a aeronave derrapou até sair da pista. Manaus havia acabado de receber uma forte chuva. Com o ocorrido, o aeroporto de Manaus ficou paralisado por cerca de 20 minutos, afetando penas 3 voos que iriam para este aeroporto haviam sido cancelados.

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Figura 12 - Avião derrapou na pista de pouso por conta da chuva

Fonte: globo.com

Em 2012 ocorreu um fato semelhante ao de Confins - MG, um voo cargueiro, realizado pela Centurium Cargo, por meio da aeronave modelo MD-11, durante o pouso teve problemas técnicos (explosão de pneus no trem de pouso principal). Com o ocorrido, a pista única do aeroporto de Campinas (Viracopos) – SP ficou interditada por 40 horas, ocasionando um verdadeiro caos na malha aérea, mais de 330 voos foram cancelados para aquele aeroporto. (ANAC, 2012).

Figura 13 - Avião na pista do Aeroporto de Viracopos, SP

Referências

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