Professora : Jocieli Malacarne
Doutora em Epidemiologia em Saúde Pública-FIOCRUZ Enfermeira Especialista em Saúde da Família - UCM Graduação em Enfermagem e Licenciatura -UFF
Fundamentos de Enfermagem
Preparo e manipulação de materiais para
sondagem nasogástrica, nasoenteral,
Vesical, gastrostomia e os cuidados de
Sondagem Nasogástrica e nasoenteral
A sonda nasogástrica é de grande utilidade no cuidado de
pacientes que, porventura, apresentem problemas de
deglutição ou não possam se alimentar por via oral.
É usada para a descompressão do estômago,para tratar
problemas gástricos, íleo paralítico ou obstrução;
remover toxinas ingeridas, administrar antídotos (p. ex.,
carvão ativado) ou ambos; obter amostra do conteúdo
gástrico para análise (volume, conteúdo ácido, sangue); e
suplementar nutrientes.
A inserção da sonda é de responsabilidade do enfermeiro.
O manuseio é da equipe de enfermagem e o caso seja feito
incorreto pode acarretar complicações, como infecções nas vias aéreas, náuseas, distensão abdominal, obstrução da sonda e perfurações do sistema digestivo.
A sonda nasogástrica, ou nasoenteral (SNE), trata-se de um
tubo de borracha ou plástico — polivinil— flexível, inserido pela narina até o estômago ou intestino, para viabilizar a
A nutrição enteral é indicada no caso de pacientes em
internação prolongada, que, por alguma razão, não conseguem ingerir alimentos. Por exemplo, devido ao coma, a uma cirurgia maxilofacial ou cervical, a patologias do trato gastrointestinal, a doenças degenerativas, ao AVC, ao câncer na língua e outros.
Além da função alimentar, a sonda pode ser utilizada para
lavagem gástrica, na preparação para cirurgias, para o estancamento de hemorragias e na drenagem de líquidos. Ademais, seu uso também é possível na administração de medicamentos de quimioterapia no tratamento oncológico.
Pode ser empregada tanto na internação hospitalar quanto na
domiciliar e exige alguns cuidados para evitar problemas, como obstrução, entupimento, furo, rachadura, perda ou saída da sonda.
Vídeo sondagem Nasogástrica
https://www.youtube.com/watch?v=Vf32fb4bkoQ Inicia em 13 minutos
Quais os cuidados necessários no seu
uso?
Higienização : Como o tubo é muito fino, pode se entupir
facilmente. Assim, é necessário realizar a limpeza da sonda após o uso. Aplique 30 ml de água filtrada antes e após cada utilização, para assepsia. Injete com cuidado para que a pressão da água não rompa a sonda. Limpe também a parte externa do tubo, com gaze, água e álcool 70%, pelo menos, uma vez ao dia.
Fixação: Para evitar retrações e o deslocamento da sonda,
ela deve ser fixada à pele do paciente com um esparadrapo ou uma fita hipoalergênica. A fita deve ser trocada com regularidade, ou sempre que estiver descolando.
Lave o nariz com água e sabão e seque bem, antes de colar
novamente, mas sem esfregar, tomando cuidado para não deixar o tubo dobrar e nem passar na frente dos olhos ou da boca.
Aspiração : Antes de administrar qualquer substância via
sonda, é necessário aspirar o líquido que está dentro do estômago.
Dobre a ponta da sonda e aperte, evitando a entrada de ar no tubo e, então, retire a
Encaixe a seringa, desdobre o tubo e puxe o êmbolo, aspirando o conteúdo
gástrico. Caso o volume aspirado corresponda a mais da metade da refeição anterior, é recomendado aguardar para alimentá-la mais tarde. O conteúdo aspirado deve sempre ser reposto.
Ao término, dobre novamente a ponta da sonda, repetindo o procedimento
Posição adequada : Além do posicionamento correto da
sonda, é preciso se preocupar também com a posição do paciente para receber a dieta líquida. Ele deve ser colocado sentado, com travesseiros nas costas, em um ângulo mínimo de 15 graus.
Após a administração da dieta, é necessário mantê-lo em
decúbito por cerca de 30 min para evitar vômitos e a aspiração para os pulmões. Se não for possível sentar o paciente, deve-se colocá-lo de lado, para impedir o refluxo gástrico.
Sondagem vesical
Sondagem vesical de demora é uma sonda folley com várias
apresentações de tamanho, que é introduzida no meato urinário até a bexiga, por um profissional enfermeiro, para que a urina saia por meio desse sistema, em caso de retenção urinária, pré e pós-operatório, monitorização do débito urinário, em caso de bexiga neurogênica, coleta de urina para exames, dentre outros.
Ao final da sonda é conectado uma bolsa coletora a qual deve ser
esvaziada sempre que necessário e/ou possível, esta bolsa deve ser mantida sempre abaixo da bexiga para que a urina não faça o refluxo, ou seja, não suba da bolsa para a bexiga;
Vídeo de sonda vesical
Cuidados de enfermagem
Ter atenção quanto ao intervalo de troca e encaminhar o paciente para
realizar a troca da sonda por profissional capacitado (enfermeiro ou médico).
Realizar a Higiene do meato uretral durante o banho e a cada troca de
fralda
Visualizar sempre o aspecto de urina que está saindo na bolsa coletora e
atentar para urina com presença de sangue, pus, grumos (como coágulos), etc. Sempre que houver uma diferença da urina convencional para outro tipo de urina é importante que o médico seja comunicado, pois em alguns casos poderá se tratar de uma infecção de trato urinário que requer atenção especial.
Observar a quantidade de urina que está sendo drenada diariamente e
sinais de que possam indicar a obstrução da sonda, como por exemplo, mal-estar geral do paciente , quantidade reduzida de urina na bolsa coletora e bexiga dura à palpação.
Evitar puxar ou empurrar a sonda vesical, pois pode provocar feridas
na bexiga e na uretra;
Não abrir o sistema entre a sonda e a bolsa coletora. O sistema de
sondagem vesical de demora é fechado e estéril, devendo assim ser mantido.
Esvaziar a bolsa coletora quando estiver pela metade da capacidade
Lavar a parte exterior da sonda com água e sabão 2 a 3 vezes por dia,
para evitar que as bactérias contaminem o trato urinário;
Não levantar o saco coletor acima do nível da bexiga, mantendo-o
pendurado na beira da cama ao dormir, por exemplo, para a urina não entrar na bexiga novamente, transportando bactérias para o interior do corpo;
Nunca colocar o saco coletor no chão, transportando-o, sempre que
for necessário, dentro de uma sacola de plástico ou amarrado na perna, para evitar que as bactérias do chão contaminem a sonda;
Gastrostomia
Gastrostomia e jejunostomia são procedimentos cirúrgicos para a fixação de uma
sonda alimentar. Um orifício criado artificialmente na altura do estômago ou na altura do jejuno, objetivando uma comunicação entre a cavidade do estômago e a parede do abdome.
A gastrostomia pode ser necessária se o paciente não for capaz de ingerir pela boca
comida suficiente para uma boa nutrição. Desta forma, alimentos e líquidos são dados por meio de um tubo colocado na abertura no estômago. Um disco de plástico ou balão que fica no interior do estômago prende o tubo no lugar.
Alguns destes casos podem ser temporários, como acontece
em situações de AVC, em que a pessoa utiliza a gastrostomia até que consiga se alimentar novamente, mas em outros pode ser necessário manter a sonda por vários anos ou, até, por toda a vida.
Manuseio da gastrostomia
Lave as mãos com água e sabão antes e depois de tocar a área. Use água morna e sabão para limpar em volta do local de 2 a
3 vezes por dia ou conforme necessário.
Certifique-se de gentilmente esfregar todas as áreas crostosas
na pele em volta do tubo e sobre o próprio tubo.
Após a limpeza, lavar ao redor da área com água e secar. Observar sinais flogísticos.
Observar Vazamento em torno da sonda de gastrostomia
Lavar o tubo com 10 mL de água morna para limpar o tubo
de qualquer bloqueio. Se o tubo ainda parece bloqueado avise ao médico.
10 passos para alimentar através da
sonda
Antes de alimentar a pessoa com sonda de gastrostomia é muito importante colocá-la
sentada ou com a cabeceira da cama elevada, de forma a evitar que a comida suba do estômago para o esôfago, provocando sensação de azia.
Depois, deve-se seguir o passo-a-passo:
Examinar o tubo para garantir que não existem dobras que possam impedir a
passagem da comida;
Fechar o tubo, usando o clip ou dobrando a ponta, para que o ar não entre no tubo
quando se retirar a tampa;
Abrir a tampa da sonda e colocar a seringa de alimentação (100ml) no
tubo da gastrostomia;
Desdobrar a sonda e puxar lentamente o êmbolo da seringa para aspirar o
líquido que está dentro do estômago. Caso se consiga aspirar mais de 100 ml é recomendado alimentar a pessoa mais tarde, quando o conteúdo for inferior a esse valor. O conteúdo aspirado deve ser sempre colocado novamente no estômago.
Voltar a dobrar a ponta da sonda ou fechar o tubo com o clip e depois
retirar a seringa;
Encher a seringa com 20 a 40 ml de água e voltar a colocar na sonda.
Desdobrar a sonda e pressionar o êmbolo lentamente até que toda a água entre no estômago;
Voltar a dobrar a ponta da sonda ou fechar o tubo com o clip e depois
retirar a seringa;
Encher a seringa com a comida triturada e coada, na quantidade de
50 a 60 mL;
Voltar a repetir os passos para fechar o tubo e colocar a seringa na
sonda, tendo sempre cuidado para não deixar o tubo aberto;
Empurrar o êmbolo da seringa com cuidado, inserindo a comida
lentamente no estômago. Repetir as vezes necessárias até administrar a quantidade recomendada pelo médico ou nutricionista, que geralmente não ultrapassa os 300 ml.
Após administrar toda a comida através da sonda é importante lavar a
seringa e encher com 40 mL de água, voltando a colocar através da sonda para lavá-la e evitar que os pedaços de comida se acumulem, obstruindo o tubo.
Vídeo como alimentar paciente com
sonda
https://www.youtube.com/watch?time_continue=63&v=
OeVNqQtz-Q0&feature=emb_logo