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HIPERATIVIDADE E INDISCIPLINA: SEMELHANÇAS E DESSEMELHANÇAS - UMA ESCUTA DO PROFESSOR

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Academic year: 2021

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HIPERATIVIDADE E INDISCIPLINA: SEMELHANÇAS E

DESSEMELHANÇAS - UMA ESCUTA DO PROFESSOR

Maria Célia Malheiros Knopp 1

Resumo

Partindo do princípio que a indisciplina e a hiperatividade é um fato da realidade escolar entendo ser de fundamental importância investir na formação do professor, buscando através da formação contínua e permanente refletir sobre sua prática, para perceber o seu significado e ressignificá-la pedagogicamente, estabelecendo um olhar diferenciado sobre como se relacionar com a hiperatividade e a indisciplina na sala de aula. O Projeto de Extensão “Hiperatividade e indisciplina: semelhanças e dessemelhanças - uma escuta do professor” tem como objetivos capacitar os professores do ensino fundamental e médio para lidar com a indisciplina e a hiperatividade na sala de aula. Neste ínterim, buscar a compreensão dos professores como sujeitos, capazes de contribuir para a construção de um novo olhar sobre si e sobre as diferenças sociais, por meio de uma visão crítica da realidade. Estabelecer relações entre os conhecimentos e as experiências do professor sobre a indisciplina e a hiperatividade vivenciadas na sala de aula. Pretende-se desenvolver atividades que promovam a reflexão dos professores sobre sua prática, discutindo-se temas como a indisciplina, hiperatividade, suas semelhanças e dessemelhanças. O projeto permite aos professores a produção de conhecimento sobre o tema. Considero que no estudo os professores venham ter um novo olhar para os fenômenos da “indisciplina e hiperatividade” na sala de aula.

Palavras-chave: Hiperatividade; Indisciplina; Sala de aula; Professor.

Introdução

As rápidas transformações do mundo contemporâneo somadas à multiplicidade de modelos e formas de existência, muitas vezes, deixam os professores perplexos e resignados com essa realidade heterogênea e complexa na qual as relações humanas se tornam mais

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Psicóloga, mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB, professora do Departamento de Ciências Humanas do Campus VI, Caetité – Ba, UNEB. E-mail: celiaknopp@ig.com.br

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frágeis, se veem confrontados com a necessidade crescente e incessante de (re)significação de papéis, suas funções, suas práticas – enfim, sua própria estrutura cognitiva, afetiva e social.

Nesse sentido, é oportuno lembrar o que dizem autores como Giddens para quem,

Os processos atuantes em escala global atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mais interconectado. A globalização implica um movimento de distanciamento da ideia sociológica clássica da ‘sociedade’ como um sistema bem delimitado e sua substituição por uma perspectiva que se concentra na forma como a vida social está ordenada ao longo do tempo e do espaço (Giddens, 1990, p.64, apud HALL,1997, p. 72).

Pensando na educação como fator de (des)igualdade e desenvolvimento social, a escola tem atribuído um papel preponderante na formação intelectual, afetiva, social e ética do sujeito. Introduz-se, no projeto para a escolarização, o preparo dos sujeitos para a convivência social e para o respeito às normas coletivas, o que implica processos de regulamentação da ética em torno das atividades escolares nas salas de aulas, incluindo-se a questão da disciplina.

Garcia (1999) pontua que o conceito de indisciplina apresenta uma complexidade que precisa ser considerada. Um entendimento suficientemente amplo do conceito de indisciplina escolar precisa integrar aspectos como: o cotidiano do aluno, onde vive a relação familiar, dentre outros. É preciso, por exemplo, superar a noção arcaica de indisciplina como algo restrito à dimensão comportamental. É necessário pensá-la em consonância com o momento histórico e social desse novo século. Nesse sentido, Garcia (1999, p. 102) diz: indisciplina é a incongruência entre os critérios e expectativas assumidos pela escola (que supostamente refletem o pensamento da comunidade escolar) em termos de comportamento, atitudes, socialização, relacionamentos e desenvolvimento cognitivo, e aquilo que demonstram os estudantes.

Quando se pensa em TDAH, hoje já se fala em fatores sociais interferindo nos sintomas. Segundo Goldstein (2006, p. 1), “o TDAH é um distúrbio bio-psicossocial, isto é, parece haver fortes fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais que contribuem para a intensidade dos problemas experimentados”. Diagnóstico precoce e tratamento adequado poderiam reduzir drasticamente os conflitos familiares, escolares, comportamentais e psicológicos vividos por esses sujeitos.

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Pesquisas mostram diferenças significativas na estrutura e no funcionamento do cérebro de pessoas com TDAH, particularmente nas áreas do hemisfério direito do cérebro, no córtex pré-frontal, gânglios da base, corpo caloso e cerebelo. Estes estudos estruturais e metabólicos somados a estudos genéticos e sobre a família, bem como a pesquisas sobre reação a drogas, demonstram claramente que o TDAH é um transtorno neurobiológico2. Apesar da intensidade dos problemas experimentados pelos portadores do TDAH variar de acordo com suas experiências de vida, parece ser claro que a genética é o fator básico na determinação do aparecimento dos sintomas do transtorno (GOLDSTEIN, 2006, p. 3).

É possível pontuar que os professores talvez não apresentem uma formação consistente para estabelecer a distinção entre indisciplina e hiperatividade, o despreparo é reflexo da defasagem na formação profissional desses professores. A formação do professor, nesta área, seja inicial ou continuada, faz-se necessária, motivando que esse profissional tenha uma postura reflexiva tendo em vista um aprofundamento crítico da realidade, do seu aluno, com seus problemas e potencialidades. Nesse sentido, Marchesi (2004, p. 44) diz: “A formação dos professores e seu desenvolvimento profissional são condições necessárias para que se produzam práticas integradoras nas escolas”. Na fala desse teórico, as questões preocupantes que afetam a indisciplina e a hiperatividade poderão ser trabalhadas pelos professores, marcando as diferenças e os dilemas fundantes, que existem entre o aluno indisciplinado e o que padece de hiperatividade.

Nesse sentido, o objetivo geral do projeto é capacitar professores do ensino fundamental e médio no que se refere à indisciplina e à hiperatividade na sala de aula, no sentido de refletir sobre esses fenômenos, possibilitando sua compreensão para dialogar com essa área de conhecimento.

Metodologia

O contexto em que o professor se encontra instigou-me a desenvolver este projeto de extensão, que possibilitará refletir sua prática quando se trata de indisciplina e hiperatividade na sala de aula, na busca de encontrar saídas para o entendimento desses fenômenos, na compreensão de que os fatores sociais contribuem de forma significativa para a intensidade dos problemas vividos na sala de aula.

O projeto “Hiperatividade e indisciplina: semelhanças e dessemelhanças – uma escuta do professor” é desenvolvido na modalidade de curso com uma carga horária de 140 horas.

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Transtorno neurobiológico é a mudança de atitude ou comportamento provocada por um mau funcionamento das estruturas neurais ou de algumas de suas enzimas.

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Esse curso é ministrado no turno noturno com uma carga horária de quatro horas semanais. Consistem em um conjunto de atividades pedagógicas desenvolvidas com 25 professores (em exercício) do ensino fundamental e médio de escolas públicas e particulares, dos municípios de Caetité e Guanambi, como também, outros municípios da região.

Acredita-se que uma das formas mais propícia para desenvolver estas atividades seja através de aulas sobre a indisciplina e hiperatividade, leitura pelos professores (sujeitos) de artigos de teóricos que abordam esses conteúdos, elaboração de resenhas e apresentação oral de trabalhos sobre o tema. Em toda trajetória de estudos sobre a temática os professores trazem suas experiências e vivências do cotidiano na sala de aula, no que diz respeito à indisciplina e à hiperatividade. Buscam refletir sobre sua prática, o que se torna um caminho para compreender o aluno indisciplinado e hiperativo na sala de aula, pois é de suma importância que os professores tenham conhecimento teórico desses fenômenos e, assim poder fazer uma escuta do aluno indisciplinado e hiperativo na sala de aula.

Resultados

A escrita do artigo intitulado: “Desafios da hiperatividade na escola: um olhar afetivo do professor” é resultado das reflexões e desejo dos professores cursistas de aprofundarem os estudos sobre a hiperatividade e indisciplina vivenciadas na sala de aula.

Conclusões

O projeto aponta novos horizontes na educação e na formação do professor. Os professores passam a refletir a relevância de considerar a indisciplina e a hiperatividade não como uma pedra na sua trajetória educacional, mas uma possibilidade de escutar o aluno indisciplinado e hiperativo na sala de aula e pensar em uma nova forma de educar e lidar com a indisciplina e a hiperatividade na mesma..

Referências

GARCIA, J. Indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. Revista

Paranaense de Desenvolvimento, Curtiba, n. 95, jan./abr. 1999, p.101-108. Disponível em

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GOLDSTEIN, S. Hiperatividade: Como desenvolver a capacidade de atenção da criança – Campinas, SP: Papirus, 1994.

HALL,S. A identidade cultural na pós-modernidade.7. ed. Rio de Janeiro: 2002.

MARCHESI, A. A prática das escolas inclusivas. In: COLL, C.; MARCHESI, A.; PALÁCIOS, J. Desenvolvimento psicológico e educação – Transtorno do Desenvolvimento e

Referências

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