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DELIBERAÇÃO DEMOCRÁTICA: CONSEQUÊNCIAS E DESAFIOS. Leticia Peters Rossato Orientadora: Prof.ª Ma.

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DELIBERAÇÃO DEMOCRÁTICA:

CONSEQUÊNCIAS E DESAFIOS

Leticia Peters Rossato E-mail: (leticiapetters@gmail.com) Orientadora: Prof.ª Ma. Regina Wolochn

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

RESUMO: Visa trazer informações a cerca da participação popular na forma de

democracia deliberativa, analisando as consequências desta, seus instrumentos e sua íntima relação na formulação de políticas públicas.

Palavras-chave: Democracia, sociedade civil, participação, Estado.

Introdução

Percebe-se a transformação da sociedade civil e a relação que esta estabelece com o Estado. O sistema político no Brasil durante todo o século XX é marcadamente instável devido a competições entre as classes dominantes. Na redemocratização do Brasil, feita através da promulgação de uma Constituição democrática e eleições regulares, percebeu-se a força política que a sociedade civil é detentora. As transformações foram nítidas e o caráter democratizador saltou aos olhos da nação. Porém o dilema da sociedade contemporânea advém da relação complexa da sociedade e como esta encara a crescente burocratização que pode causar, em certo sentido, a restrição da cidadania. Porém para autores como Habermas1 é possível potencializar a participação efetiva da sociedade, criando o que o autor chama “tensão positiva”, entre a cidadania e a burocracia. Portanto, ganha destaque e merece atenção questões referentes à natureza dessa participação e de qual forma ela pode se desenvolver.

Neste contexto a democracia deliberativa ganha força, sendo ela uma das formas da democracia participativa. Visto que há uma busca por esta maneira essencialmente reflexiva e deliberativa na esfera pública, se faz imprescindível buscar formas possíveis e democráticas para a inclusão da sociedade, como um todo, em decisões que envolvam interesses de ordem coletiva.

Assim a gestão participativa surge, buscando principalmente a concretização e ampliação do conceito de democracia, sendo válido ressaltar nessa esfera o orçamento participativo.

1

Habermas apud AZEVEDO, S. e AVRITZER, L. A política do “orçamento participativo”: formas de relacionamento entre Estado e sociedade civil. 1994.

(2)

Dessa forma, o presente trabalho visa analisar e suscitar possíveis discussões e críticas advindas dessa relação complexa entre democracia deliberativa, sociedade civil e Estado.

Objetivos

O trabalho tem por objetivo desenvolver o tema suscitando uma visão crítica sobre participação da sociedade civil, problemas sociais e gestão participativa.

Métodos e técnicas de pesquisa

Fez-se uso essencialmente da pesquisa indireta bibliográfica e documental escrita, sob a égide do método analítico.

Resultados

Diante das diversas transformações experimentadas em nosso país têm-se o destaque para aquelas que buscam um diálogo extensivo entre a sociedade civil e o Estado. E desta relação torna-se possível delinear algumas formas de gestão mais inclusivas e participativas, colocando em questão sujeitos anteriormente excluídos da cena político-administrativa.

Tomando estes fatos, a democracia participativa e em análise específica a democracia deliberativa, que seria a forma de participação efetiva e ativa dos indivíduos nas questões da esfera pública, estas se tornam foco da pesquisa. Este tema, que encontra sua raiz em Aristóteles, ganha sua fundamentação contemporânea mais tangível em Jürgen Habermas. Pois este tem a perceptível preocupação em trazer ares democráticos à discussão. Para o autor a vontade pública consciente e justificada é a única passível de fazer com que decisões políticas sejam legitimadas.

Assim sendo, o orçamento participativo e os planos plurianuais apresentam-se como uma possível forma de democratização da administração pública. Porto Alegre foi a primeira cidade a instituir o orçamento participativo em 1989, porém atualmente 103 municípios são adeptos deste. Mas apesar de haver um reconhecimento nacional e internacional do orçamento participativo como um instrumento de fortalecimento da democracia, a sua implementação, bem como sua manutenção em bases democráticas torna-se uma questão complexa e delicada.

Através de um documento base desenvolvido por Verle e Brunet 2 que analisa as implicações do orçamento participativo e as falhas que a sua efetivação encontra, tomando como base a cidade de Porto Alegre por ser a precursora da temática, os autores elencam a problemática envolvida. A falta de comunicação do orçamento

2

VERLE, J.; BRUNET, J. (Org.). Construindo um novo mundo: avaliação do orçamento participativo em Porto Alegre – Brasil. Porto Alegre: Guayi, 2002.

(3)

com outras formas de participação da sociedade suscita a necessidade de maior integração. Também atenta-se para o fato de orçamentos públicos conterem um excessivo vocabulário tecnicista, o que dificulta a acessibilidade e participação popular. A grande critica concentra-se na apropriação que a vanguarda tem sobre o processo e a complexidade para participar do orçamento.

O debate regionalizado também tona-se alvo de criticas, como exemplifica Bobbio3 “a dimensão do grupo não pode deixar de corresponder à dimensão dos problemas: os problemas que competem ao comitê de bairro não podem ser, não digo os grandes problemas nacionais, mas nem mesmo os problemas gerais da cidade”. Ou seja, existe um embate entre as proposta regionalizadas e as que atendem toda a cidade. Também é preciso que a administração seja permeada pelo orçamento participativo

Levando em consideração as críticas, ademais autores4 alegam que a criação de instrumentos que de alguma forma incluam a sociedade civil na esfera político deliberativa melhoram a gestão e desta forma, eles acrescem qualidade no diálogo entre sociedade e Estado.

Discussão

A grande problemática referente ao tema da participação civil consiste que garantir essa participação não traz mudanças efetivas na estrutura, a participação cega e muitas vezes alienada fragiliza o caráter democrático da ação. É imprescindível que haja o entendimento que ao deliberar sobre temas referentes à esfera pública a política está em questão. O conhecimento dos envolvidos deve ser integrado para que possa haver um direcionamento.

Cohen5 defende que uma decisão só será democrática e de fato deliberativa se o processo adotado e as questões de ordem informacional tiverem um caráter de equidade entre todos os sujeitos, sendo a decisão um resultado de uma argumentação livre entre cidadãos equiparados. Por isso, deve se incentivar a profusão de informações na sociedade.

Em estudo 6atestou-se que os planos plurianuais e o orçamento participativo em cidades como Porto Alegre, trouxeram a descentralização, até certo ponto, das decisões anteriormente delegadas apenas à esfera administrativa, podendo desta forma que grupos sociais façam suas articulações. Porém a grande contribuição destas formas de participação foi atentar para a importância da deliberação e do diálogo na construção de políticas públicas.

3

BOBBIO, Norberto. Qual socialismo? Discussão de uma alternativa. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

4

Almeida, Rafael Alves de. Op cit.

5

ARATO,A; COHEN, J. Sociedade civil e teoria social. Sociedade civil e democratização.(Org.) Belo Horizonte: Del Rey, 1994

6 AVRITZER, Leonardo.O orçamento participativo: as experiências de Porto Alegre e Belo

Horizonte. In. DAGNINO, Evelina. (ed.) Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, p. 17-45, 2002b.

(4)

Considerações finais

As discussões vão além da questão orçamentária ou administrativa, pois a participação causa uma revolução nas relações sociais, políticas e tradicionais vigentes na sociedade.

Cohen7 defende a importância de uma formatação institucional que defenda e discuta o bem comum, buscando como ideal dessa mobilização a justiça social, trazendo à tona a visão societária na análise institucional. Nesse sentido, o orçamento participativo tornou possível a verificação de demandas que possibilitam o exercício da justiça social.8

Os instrumentos para a participação no contexto nacional ainda são inovadores, estando eles em fase de aperfeiçoamento e assim devem permanecer até haver uma “consciência cidadã” que torne possível a democracia enquanto deliberativa. Críticas positivas e negativas interpõem-se e nos colocam diante do dilema das sociedades pós-industriais onde o individualismo é predominante e este choca-se com a responsabilidade civil e social.

Porém a busca da sociedade por maneiras de controlar e decidir questões da esfera pública já implica na interessante possibilidade de emancipação popular na forma direta de participação e gestão.

Deve-se, desta forma, disponibilizar e defender uma socialização das informações pertinentes aos assuntos que digam respeito à gestão pública, para que a participação seja democrática e haja uma ação consciente e direcionadora de novas formatações de diálogo entre sociedade civil e Estado.

Referências

Almeida, Rafael Alves de. Gestão democrática na formatação de políticas

públicas.2015 Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto

de Economia, Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento, 2014. Rio de Janeiro. 2015. Disponível em: <

file:///C:/Users/T/Downloads/gestao%20publica%20ufrj.pdf> acesso em 11 de jun.2015

ARATO,A; COHEN, J. Sociedade civil e teoria social. Sociedade civil e democratização.(Org.) Belo Horizonte: Del Rey, 1994

7

ARATO,A; COHEN, J. Op cit.

8

LUCHMANN. L.H. Possibilidades e limites da democracia deliberativa. UNICAMP. Campinas: São Paulo.Fev. 2002.

(5)

AVRITZER, Leonardo.O orçamento participativo: as experiências de Porto Alegre e Belo Horizonte. In. DAGNINO, Evelina. (ed.) Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, p. 17-45, 2002b.

AZEVEDO, S. e AVRITZER, L. A política do “orçamento participativo”: formas de relacionamento entre Estado e sociedade civil. 1994.

BERAS, C. Orçamento participativo de Porto Alegre e a democratização do

Estado: a configuração específica do caso de Porto Alegre - 1989-2004. 2008. 255

p. Tese (Doutorado em Sociologia)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Democracia, cidadania e sociedade civil. Porto Alegre, 2008.

BOBBIO, N. Qual socialismo? Discussão de uma alternativa. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

Democracia e sociedade civil. Org. Universidade luterana do Brasil. (Ulbra). Ibpex:

Curitiba. 2008.

LUCHMANN. L.H. Possibilidades e limites da democracia deliberativa. UNICAMP. Campinas: São Paulo.Fev. 2002.

VERLE, J.; BRUNET, J. (Org.). Construindo um novo mundo: avaliação do orçamento participativo em Porto Alegre – Brasil. Porto Alegre: Guayi, 2002.

Referências

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