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Recursos naturais e hegemonia: uma reflexão sobre a utilização dos recursos petrolíferos para o desenvolvimento

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE  ESCOLA DE ENGENHARIA  DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA   QUÍMICA E DE PETRÓLEO – TEQ 

 

 

 

 

 

RECURSOS NATURAIS E HEGEMONIA: UMA REFLEXÃO  SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS PETROLÍFEROS  PARA O DESENVOLVIMENTO  

 

 

 

 

 

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO 

 

 

 

 

 

JONATHAN BASTOS BARROSO        1

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      JONATHAN BASTOS BARROSO                        RECURSOS NATURAIS E HEGEMONIA: UMA REFLEXÃO  SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS PETROLÍFEROS  PARA O DESENVOLVIMENTO          

Monografia apresentada ao Curso de          Engenharia de Petróleo da Universidade          Federal Fluminense como parte dos          requisitos para a obtenção de Grau de        Engenheiro de Petróleo.                Orientador: Prof. Geraldo de Souza Ferreira                      3

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Este trabalho é dedicado a minha        professora Josinete, que me acompanhou          da 1 ª série até a 4ª série, além da minha        professora de matemática Nádia e o de        física, José Carlos. A todos vocês meu        muito obrigado.  

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AGRADECIMENTOS   

Primeiramente a Deus por me permitir chegar até        aqui 

 

Aos meus pais e meus avós por estarem sempre        presentes na minha vida 

 

Ao meu irmão William, por ser muito mais que um        simples irmão. 

 

A minha noiva Gisele, por estar sempre ao meu lado,        apesar dos semestres estressantes que todos os        engenheiros experimentam. 

 

Ao professor Geraldo de Souza Ferreira, mestre,        incentivador e orientador, sempre disposto a ajudar        nas dificuldades extremas.  

 

Ao professor Roberto Meigikos por me proporcionar        o primeiro contato com um laboratório. 

 

Ao professor Arlindo, mais que professor, um        amigo, sempre pronto a ajudar e acrescentar muito        no desenvolvimento de um engenheiro.   

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Aos amigos que sempre me apoiaram.   

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EPÍGRAFE   

 

Vários judeus piedosos rezavam numa          sinagoga, quando começaram a escutar uma        voz de criança dizendo: 

­A, B, C, D, E ... 

Tentaram  concentrar­se  nos  versos  sagrados, mas a voz repetia: 

­A, B, C, D, E ... 

Aos poucos foram parando de rezar.        Quando olharam para trás, viram um        menino que continuava dizendo: 

­A, B, C, D, E ... 

O rabino aproximou­se do garoto:  ­Por que você está fazendo isto? 

­Porque não sei os versos sagrados –        respondeu o menino. – Então, tenho a        esperança de que, recitando o alfabeto,        Deus pegue estas letras e forme as palavras        corretas. 

­Obrigado por esta lição – disse o rabino. –        E que eu possa entregar a Deus os meus        dias nesta terra da mesma maneira que você        entrega suas letras. 

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    Paulo Coelho – “Maktub”

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RESUMO

 

As descobertas recentes da Petrobrás na camada do pré­sal deixaram o Brasil com a        possibilidade de alcançar uma posição privilegiada no âmbito econômico mundial num        futuro próximo. Neste contexto, é fundamental uma análise precisa de como o país deve        se comportar para que toda essa expectativa se concretize. Este trabalho realiza um        estudo de alguns países que no passado tiveram tal oportunidade de crescimento, e que        não conseguiram se desenvolver conforme a expectativa da população, devido        principalmente, ao fato do país ter sido afetado pelo “Mal dos Recursos Naturais”. Por        outro lado, outros países conseguiram um crescimento econômico de sucesso, evitando        este problema em suas economias. Por fim, é avaliado como o político brasileiro utiliza        os recursos provenientes do petróleo. Como o país ainda não é um grande exportador de        petróleo, esta análise foi realizada com municípios brasileiros, comparando a evolução        do IDH­M dos cinco municípios que mais receberam royalties no período de 1991­2007        com outros municípios do mesmo estado que apresentavam esses índices próximos.   Palavras­chave: Mal dos Recursos Naturais, desenvolvimento econômico, exploração do        pré­sal. 

 

 

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ABSTRACT 

 

Recent discoveries of oil in pre­layer of salt left Brazil with the possibility of achieving        a privileged position in the economic world in the near future. In this context it is        essential an accurate analysis of how the country should behave so that all this        expectation is fulfilled. This work makes a study of some countries that previously had        such an opportunity, and could not develop as the expectation of the population, due        mainly to the fact the country has been affected by the "Dutch Disease." On the other        hand, other countries have achieved an economic growth success, avoiding this problem        in their economies. Finally, it is evaluated as the Brazilian politician uses the income        from oil. As the country is not yet a major exporter of oil, this analysis was performed        with the Brazilian cities, comparing the evolution of the HDI­M of the five cities that        received more royalties for the period 1991­2007 with other municipalities in the same        state that had these indices next.  

Keywords: Dutch disease, economic development, exploration of the pre­salt.   

 

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LISTA DE FIGURAS  

Figura 2.1 – Esquema de Fundo de Estabilização... 13  Figura 3.1 – Alterações no Sistema de Tributação no Setor do Petróleo – 1999 a        2005... 26 

 

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LISTA DE GRÁFICOS  

Gráfico 2.1 – Relação para 144 países entre taxa média de crescimento da economia        (1975­2005) e participação de produtos primários na exportação de bens em        2005... 14   

Gráfico 2.2 – Exemplo numérico do modelo Sachs e Warner (1995) – A maldição dos        recursos naturais... 16    Gráfico 2.3 – Oferta e procura... 18    Gráfico 3.1 – Produção de petróleo da Nigéria ao longo de 1990 a 2008... 31    Gráfico 3.2 – Produto Interno Bruto da Nigéria... 32    Gráfico 3.3 – Índice de Desenvolvimento Humano da Nigéria e de países vizinhos... 33    Gráfico 3.4 – Valor de mercado do GPF e taxa de câmbio – 2001 a 2008...36    Gráfico 3.5 – Evolução do IDH da Noruega no período 1975­2007...37    Gráfico 3.6 – Evolução do IDH da Rússia no período 1975­2007... 39    Gráfico 3.7 – PIB da Venezuela a preços de mercado, 1908/1935...40   

Gráfico 3.8 – Exportações de petróleo e exportações totais da Venezuela, 1920/1973        (em milhões de bolívares)... 41   

Gráfico 3.9 – Evolução do IDH da Venezuela e sua posição no ranking mundial no        período 1975­2007... 42   

Gráfico 4.1 – Evolução da produção de petróleo e gás natural no Brasil em mil BEP        (barris equivalentes de petróleo)... 47    Gráfico 4.2 – Evolução da arrecadação dos royalties (1998­2009)... 48    Gráfico 4.3 – Evolução da arrecadação dos royalties por beneficiário (1998­2009)... 48    Gráfico 4.4 – Evolução da arrecadação da participação especial... 49   

Gráfico 4.5 – Evolução da arrecadação da participação especial entre a União, os        Estados e os Municípios entre 2000 e 2009... 49   

Gráfico 4.6 – Evolução do pagamento de royalties entre 1991­2007... 50   

Gráfico 4.7 – Evolução da composição das receitas correntes do município de Campos        dos Goytacazes no período de 2000­2005... 51   

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Gráfico 4.8 – Evolução da composição das receitas correntes do município de Macaé no        período de 2000­2005... 51   

Gráfico 4.9 – Evolução da composição das receitas correntes do município de Rio das        Ostras no período de 2000­2005... 52   

Gráfico 4.10 – Evolução da composição das receitas correntes do município de Cabo        Frio no período de 2000­2005... 53   

Gráfico 4.11 – Evolução da composição das receitas correntes do município de        Quissamã no período de 2000­2005... 53   

Gráfico 4.12 – Comprometimento da receita dos municípios com a máquina        administrativa... 54    Gráfico 4.13 – Grau de investimento dos municípios entre 2000 e 2005... 54    Gráfico 4.14 – Investimento per capta dos municípios entre 2000 e 2005... 55   

Gráfico 4.15 – Dependência de transferência de recursos dos municípios (sem royalties)        entre 2000 e 2005... 56   

Gráfico 4.16 – Dependência de transferência de recursos dos municípios (incluindo        royalties) entre 2000 e 2005... 56   

Gráfico 4.17 – Autonomia financeira dos municípios entre 2000 e 2005... 57   

Gráfico 4.18 – Comparativo do IDH­M entre o município de Quissamã e outros seis        municípios do Rio de Janeiro com valores de IDH­M próximos... 59   

Gráfico 4.19 – Comparativo do IDH­M entre o município de Campos dos Goytacazes e        outros seis municípios do Rio de Janeiro com valores de IDH­M próximos... 60   

Gráfico 4.20 – Comparativo do IDH­M entre o município de Campos dos Goytacazes e        outros seis municípios do Rio de Janeiro com valores de IDH­M próximos... 62   

Gráfico 4.21 – Comparativo do IDH­M entre o município de Cabo Frio e Macaé e        outros seis municípios do Rio de Janeiro com valores de IDH­M próximos... 63 

 

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LISTA DE TABELAS 

 

Tabela 3.1 – Classificação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)... 25   

Tabela 3.2 – Formas de apropriação da renda proveniente do petróleo entre 1998­2007.        ... 27    Tabela 3.3 – Maiores exportadores líquidos de petróleo – 2006 (em mil barris/dia)... 29    Tabela 3.4 – As vinte maiores reservas de petróleo do mundo – 2009... 29    Tabela 3.5 – Rússia ­ Balança Comercial (em US$ Bilhões)... 37    Tabela 3.6 – PIB e exportações da Venezuela e preço do petróleo, 1990/2006... 43    Tabela 4.1 – Distribuição dos royalties de 5%... ... 46    Tabela 4.2 – Distribuição dos royalties acima de 5%... 46   

Tabela 4.3 – IDH­M dos cinco municípios que mais receberam royalties no Brasil        (1991­2000)... 58   

Tabela 4.4 – Evolução da posição do ranking nacional de IDH­M do município de        Quissamã e outros com IDH­M próximos... 59   

Tabela 4.5 – Evolução da posição do ranking nacional de IDH­M do município de        Quissamã e outros com IDH­M próximos... 61   

Tabela 4.6 – Evolução da posição do ranking nacional de IDH­M do município de        Quissamã e outros com IDH­M próximos... 62   

Tabela 4.7 – Evolução da posição do ranking nacional de IDH­M do município de Cabo        Frio, Macaé, e outros com DH­M próximos... 64   

   

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Sumário 

CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO 1.1 – INTRODUÇÃO 1.2 – OBJETIVO 1.3 – RELEVÂNCIA E CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO 1.4 – JUSTIFICATIVA 1.5 – METODOLOGIA 1.6 – ESTRUTURAS DO TRABALHO CAPÍTULO 2 – A “DOENÇA HOLANDESA” OU “MAL DOS RECURSOS NATURAIS” 2.1 – INTRODUÇÃO 2.2 – ORIGENS E O CONCEITO DO TERMO “DOENÇA HOLANDESA” 2.3 – SINTOMAS DA DOENÇA HOLANDESA 2.4 – NEUTRALIZAÇÕES DA DOENÇA HOLANDESA 2.5 – CARACTERÍSTICAS/SÍNTESE DA DOENÇA HOLANDESA 2.5 – CONCLUSÃO CAPÍTULO 3 – EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL COM A EXPLORAÇÃO DO  PETRÓLEO 3.1 – INTRODUÇÃO 3.2 – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) 3.2.1 – Classificação dos países através do Índice de Desenvolvimento Humano 3.3 – ARRECADAÇÃO DE DIVISAS PELO GOVERNO PROVENIENTES DO  PETRÓLEO 3.4 – PAÍSES PRODUTORES E EXPORTADORES DE PETRÓLEO 3.4.1 – Nigéria 3.4.2 – Noruega 3.4.3 – Rússia 3.4.4 – Venezuela 3.5 – CONCLUSÃO CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DO BRASIL 4.1 – INTRODUÇÃO 4.2 – A HISTÓRIA DO PETRÓLEO NO BRASIL 4.3 – CÁLCULO E DISTRIBUIÇÃO DOS ROYALTIES 4.4 – INFLUÊNCIAS DO PETRÓLEO NA ECONOMIA BRASILEIRA 17

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4.5 – OS CINCOS MUNICÍPIOS QUE MAIS SE BENEFICIARAM COM OS  ROYALTIES ENTRE 1991 – 2007. 4.6 – ANÁLISES DO IDH DOS CINCO MUNICÍPIOS QUE MAIS RECEBERAM  ROYALTIES DO PETRÓLEO NO BRASIL. 4.7 – CONCLUSÃO CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ANEXOS ANEXO 2.1 ANEXO 4.1             18

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CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO 

 

 

1.1 – INTRODUÇÃO 

No final do ano de 2007, a Petrobrás anunciou a descoberta de um mega        campo localizado em Santos. Seria uma descoberta relativamente normal, se não fosse o        fato deste reservatório se localizar na camada conhecida como pré­sal (trata­se da área        de rochas abaixo de uma camada de sal com cerca de dois quilômetros de espessura e        que se estende no oceano desde em frente ao Espírito Santo até Santa Catarina). No ano        seguinte, a Petrobrás anunciaria novas duas descobertas na mesma bacia, tendo uma        estimativa de 33 bilhões de barris, classificando­o como o terceiro maior campo do        mundo. Após sucessivas descobertas de novos campos realizadas por nossa estatal no        ramo petroleiro, as previsões atuais chegam a se aproximar de 100 bilhões de barris . 1

A partir deste fato, grande euforia, por partes da população, políticos e        mídia, tem ocorrido, com a possibilidade de um rápido desenvolvimento econômico no        Brasil, o que pode levar o país a uma posição privilegiada no âmbito econômico        mundial num futuro próximo. Mas como alerta Augusto:  

 

“O desenvolvimento econômico é um processo complexo de mudanças e        transformações sociais, através do qual a sociedade torna­se capaz de produzir        maior quantidade de bens e serviços, destinados a satisfazer as sempre        crescentes e diversificadas necessidades humanas. De modo mais simples,        pode­se dizer que o desenvolvimento econômico é o processo de crescimento        da economia de uma nação, que implica mudanças qualitativas associadas,        como melhores condições de vida para a população.”    2

 

Ou seja, para um desenvolvimento econômico que transforme o Brasil        em uma das grandes potenciais econômicas mundiais e beneficie toda a população        brasileira, é necessária uma cooperação entre o governo e as empresas, sempre com o        objetivo de desenvolver o país como um todo, e não só uma região ou um setor       

1 http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/14/textos/282/, acesso em 25 março 2010. 

2 AUGUSTO, C.     A aplicação e os impactos dos royalties do petróleo no desenvolvimento econômico dos                       

municípios confrontantes da Bacia de Campos.           Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense, 2003.        (Monografia de bacharelado em Economia), p.12. 

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específico. Como afirma Furtado : “O projeto de desenvolvimento brasileiro deveria      3       conciliar a preservação de uma das propriedades fundamentais do sistema industrial ­ a        integração das cadeias ­ com a consolidação de posições competitivas cada vez mais        sólidas, fundadas em competências dinâmicas, de base tecnológica e inovativa”. 

Com o início da produção e exploração das reservas de petróleo da        camada do pré­sal, o Brasil pode aumentar em muito seu Produto Interno Bruto (PIB),      4    sendo uma excelente oportunidade para o Brasil usar esses recursos para reduzir as        desigualdades regionais e sociais.  

Para um projeto desse porte é necessário grande investimento em        pesquisa e tecnologia para viabilizar essa retirada do óleo na camada do pré­sal,        podendo ser um ótimo estimulo para a criação de tecnologia de ponta, além de favorecer        outros setores da economia do país, como por exemplo, o setor naval . Em      5    contrapartida, estudos indicam que países ricos em recursos naturais freqüentemente        apresentam um nível de desenvolvimento humano muito baixo. Um exemplo para este        fato são países membros da OPEP: “indicadores relativos ao ano de 2005 apontam que        apenas quatro deles puderam ser considerados de alto desenvolvimento humano e dois        estão entre as nações mais pobres do mundo e consideradas de baixo desenvolvimento.        Além disso, a desigualdade de renda nestes países tende a ser mais elevada”  . 6

Este fenômeno foi identificado pela primeira vez na década de 1960,        quando a Holanda descobriu um grande depósito de gás natural. Conseqüentemente,        este país começou a exportá­lo, acarretando um aumento de renda significativo.        Entretanto, com a entrada de divisas externas provenientes das vendas deste recurso        natural, houve uma forte apreciação do florim holandês (moeda local), o que acarretou       

3 FURTADO, J.   Muito além da especialização regressiva e da doença holandesa oportunidades para o                       

desenvolvimento brasileiro. Novos Estudos, CEBRAP, Edição 81­ Julho de 2008, p.46. 

4   O PIB representa a soma de todos os bens e serviços, em valores monetários, produzidos no país durante                                 

um determinado período. Este indicador é um dos mais utilizados na macroeconomia, e o seu objetivo é de        mensurar a atividade econômica de uma região. 

5 CARVALHAES, F. & PINTO, A. L.             O petróleo do pré­sal: os desafios e as possibilidades de uma nova                     

política industrial no Brasil. Pesquisa & Debate, SP, volume 19, número 2 (34), 2008, p. 257. 

6 OLIVEIRA, B. & BRUNO, M.         Sobre Maldições e Bênçãos: é possível gerir recursos naturais de forma                     

sustentável? Uma análise sobre os royalties e as compensações financeiras no Brasil.                       Rio de Janeiro:      Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Texto para discussão No​ 1412, p.7. 

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em menor competitividade das exportações dos outros produtos do referido país. Este        cenário foi denominado “mal dos recursos naturais” ou “doença holandesa”  . 7

Para evitar tal problema, muitos países têm adotado a criação de fundos        soberanos e de estabilização, que, de acordo com Carvalhaes , “servem basicamente a      8        dois propósitos: controlar a demanda, para evitar a inflação de custos que se segue ao        aumento de preços e salários, e evitar que a taxa de câmbio sofra apreciação uma vez        que os recursos advindos da venda do petróleo não entram na economia doméstica”. 

Com esta medida e uma política eficaz, alguns países conseguiram        transformar o sonhado desenvolvimento em uma realidade com a utilização dos recursos        provenientes do petróleo. Atualmente a Noruega, que possui o maior Índice de        Desenvolvimento Humano (IDH) no mundo, mostrou a todos os países que é possível  9        transformar todos esses recursos em um legado para toda a população atual e futura.     Este trabalho procura compreender as diversas questões envolvidas para        um adequado aproveitamento das oportunidades geradas pelas recentes descobertas de        petróleo, devido aos recursos financeiros que o mesmo possa receber e, ao mesmo        tempo, entender alguns aspectos relacionados à administração eficiente de tais recursos,        de modo que as futuras gerações também recebam esse benefício, evitando erros que no        nosso passado foram tão freqüentes.  

 

1.2 – OBJETIVO   

Este trabalho visa realizar um estudo de casos de alguns países que        tinham como objetivo, por meio dos recursos provenientes da produção de petróleo,        crescer e se desenvolver economicamente, sonhando, em pouco tempo, conseguir uma        economia forte e estável. Porém poucos são os exemplos dos países que conseguiram tal        sucesso.  

7 NAKAHODOS, S. N.; JANK, M. S.             A falácia da doença holandesa no Brasil. Instituto do Comércio e                   

Negociações Internacionais: Documento de Pesquisa. São Paulo, 2006, p.2. 

8 CARVALHAES, F. & PINTO, A. L.             O petróleo do pré­sal: os desafios e as possibilidades de uma nova                     

política industrial no Brasil      . Pesquisa & Debate, SP, volume 19, número 2 (34) pp. 255­271, 2008,        p.261. 

9 O cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) será explicado no Capítulo 3. 

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Por meio desse estudo, espera­se, como objetivo principal, colaborar com        a produção de material fonte para futuros debates relativos às atitudes que o Governo        brasileiro deva implementar com relação às reservas de petróleo do pré­sal, de modo a        identificar o seu potencial para o fortalecimento e crescimento da indústria petrolífera e        outros setores do país.  

Como primeiro objetivo específico, este trabalho apresenta uma melhor        compreensão da postura adotada pela Noruega, que conseguiu obter altas taxas de        desenvolvimento econômico por meio da exploração do petróleo, sendo, neste assunto,        uma referência mundial de caso bem sucedido, diante de tantos casos de fracassos,        encontrados na literatura.  

O segundo objetivo específico a ser explorado é uma explicação da falha        de mercado que ficou conhecido como doença holandesa ou mal dos recursos naturais.        Busca­se compreender quando este fenômeno ocorre, quais os países que correm o risco        de adquirir esta doença, além de analisar os países que já sofreram ou apresentam tal        problema. 

Como terceiro e último objetivo específico, analisa­se como têm sido        utilizados os recursos provenientes da exploração do petróleo no Brasil, enfocando­se        alguns exemplos de municípios que têm recebido royalties de petróleo. Além disso,        apresentam­se algumas perspectivas para a utilização dos recursos financeiros, para o        caso do petróleo encontrado na camada do pré­sal.  

 

 

1.3 – RELEVÂNCIA E CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO   

Após as descobertas de grandes reservas de petróleo na camada do        pré­sal, o Brasil se encontra em um momento de grande euforia, fato que pode entrar        como marco na história deste país. Após anos dependentes de dinheiro externo, o Brasil        pode, por meio deste recurso natural, se firmar e se estabelecer como uma potência        econômica mundial. Para isso terá que conseguir vencer grandes desafios na parte        econômica, como dito por Celso Furtado para o caso da Venezuela, e que se encaixa        perfeitamente nos dias atuais: 

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“As etapas de rápido crescimento com base em estímulos externos, quando não        produzem mudanças estruturais no sistema econômico, tendem necessariamente        a um ponto de estagnação. Tem­se observado casos de economias que, com o        impulso da expansão de suas exportações, crescem com inusitada intensidade        durante um ou dois decênios para afogarem­se depois em permanente        estagnação. Esta é tanto mais difícil de vencer quanto se constituem poderosos        mecanismos de defesa de uma ordem de privilégios que se vê ameaçada pelas        mudanças estruturais que uma nova fase de desenvolvimento exigiria”  .  10

 

Com isso, percebe­se a importância de um estudo que avalie        cuidadosamente como o país pode utilizar os recursos financeiros provenientes do        petróleo, com o objetivo de desenvolver sua economia de forma sustentável, fazendo        com que após a escassez deste recurso natural, o país possa continuar se desenvolvendo        economicamente. Na parte social, também fazendo referência a Celso Furtado: 

 

“Em pequenos países, nos quais as vantagens comparativas se baseiam na        exploração dos recursos não renováveis — caso extremo são os emirados        petroleiros —, pode ocorrer que a modernização conduza a homogeneização        social mediante ação redistributiva do Estado. São sociedades que vivem de        renda auferida sobre um patrimônio que receberam como dádiva. Para atender        as exigências dos custos crescentes das formas de vida       ​que adotaram num      processo rápido de aculturação, essas sociedades são levadas a depredar as suas        reservas de bens não renováveis. São sociedades que não vivem do próprio        trabalho, de hoje ou do passado. Nasceram sobre uma mina de ouro. Quanto        mais alto o nível de vida das gerações presentes, maiores problemas deverão        enfrentar as futuras, quando começar a esgotar­se o tesouro que receberam”  .  11

 

Assim, reservas que seriam usadas durante décadas para melhoria de        qualidade de vida de toda a população de um país, são exaustivamente exploradas,        fazendo com que a reserva resista poucos anos, em benefício de pequena parcela da        população, que recebem grandes quantidades de dinheiro, enquanto a maior parte da        população não percebe melhorias em sua qualidade de vida. 

Estes mesmos problemas já foram encarados por países como a Holanda,        Nigéria, Venezuela, Noruega e outros, uns conseguindo sucesso nos seus objetivos,        tendo uma economia estabilizada e passando a figurar entre os países com maior Índice        de Desenvolvimento Humano (IDH), enquanto outros colhem profundos problemas       

10 FURTADO, C., 1920­2004.     Ensaios sobre a Venezuela: subdesenvolvimento com abundância de divisas                 . 

Rio de Janeiro: Contraponto: Centro Internacional Celso Furtado, 2008, p.160. 

11 FURTADO, C. Globalisation ET exclusion: Le Brésil dans l’order mondial émergent. Paris: Publisud,                         

1995, p.40. 

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acarretados por falta de planejamento correto, como desindustrialização do país,        estagnação de sua economia, e uma série de outros problemas. 

Tal desafio consiste em saber administrar esse grande volume de recurso        que o país irá receber, proveniente do petróleo, alocando esta quantidade de dinheiro em        investimentos, e não a ajudar o Estado em gastos públicos ou especulações, o que        acarreta numa atrofia no sistema fiscal tradicional. Um passo importante é analisar a        maior quantidade possível de países que passaram por situações semelhantes e avaliar        suas atitudes em relação a esse assunto.   

A Holanda passou a exportar gás natural em grandes proporções, o que        provocou uma maciça entrada de divisas decorrente de suas receitas de exportação. O        efeito da entrada de moeda estrangeira foi a forte valorização de sua moeda local (na        época, o florim). A valorização cambial atingiu de maneira direta o setor industrial,        afetando sua competitividade externa, estimulando as importações, o que levou a um        processo de desindustrialização . 12

A partir deste problema enfrentado pela Holanda, houve um extenso        estudo sobre o ocorrido neste país. O fenômeno       de declínio pelo qual passava o setor        industrial na Holanda após a descoberta de grande fonte de gás natural foi denominado        “doença holandesa” ou “mau dos recursos naturais” (o termo em inglês, “dutch disease”,        parece ter sido utilizado inicialmente pela revista The Economist).  

Os governantes têm que ter muita cautela em relação à doença holandesa.        Devido à sua difícil detecção, devem ser realizados estudos regulares sobre: a        desindustrialização do país, a avaliação de sua economia, avaliação do impacto da        exportação do petróleo no PIB e avaliação do Índice de Desenvolvimento Humano        (IDH). Atualmente já há a preocupação se o Brasil esta sofrendo desse mal. Affonso        Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti dizem ser “tentadora a analogia da situação      13        brasileira com o fenômeno ocorrido na Holanda”. 

12  SOUZA,  G.  L.  J.  Doença  holandesa:  o  Brasil  corre  este  risco?  Disponível:  

http://www.viannajr.edu.br/site/menu/publicacoes/publicacao_economia/artigos/edicao8/holandesa.pdf.  Acessado em: 20 fev. de 2009. 

13 PASTORE, A. C. & PINOTTI, M. C.             Câmbio, reservas e doença holandesa         , Jornal Valor Econômico,       

2006. Citado por NAKAHODOS, S. N.; JANK, M. S.           A falácia da doença holandesa no Brasil. Instituto              do Comércio e Negociações Internacionais: Documento de Pesquisa. São Paulo, 2006. p.2. 

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Outro país que passa por problemas semelhantes é a Nigéria, que possui        uma reserva de petróleo estimada em 36,2 bilhões de barris . Estima­se que o país já      14        tenha recebido cerca de 400 bilhões de dólares de 1960 até 2008. Atualmente este setor        é responsável por 95% do valor das exportações. Porém, o país se encontra em 85.°        lugar na classificação do Índice de Desenvolvimento Humano (0,47) elaborado pelo        Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. A expectativa de vida é de 43,3        anos e o índice de mortalidade infantil é de 98 por mil, um dos mais altos da África. Ou        seja, todo este recurso não está melhorando a qualidade de vida da população, sendo        este um típico caso de fracasso na utilização dos recursos provenientes do petróleo pelo        Estado. Alguns autores estão chamando o que está ocorrendo neste país de doença        nigeriana, devido ao fato de as petrolíferas estarem destruindo as terras agricultáveis,        além de esgotar o seu petróleo e fazer com que a população continue vivendo na        miséria, cada vez mais séria e com menores quantidades de reservas de petróleo e        esperança de um futuro melhor. 

A Venezuela possui uma reserva de petróleo estimada em 99 bilhões de        barris. Como o petróleo representa 75% da receita de exportação e é responsável por 1/3        do PIB , percebe­se claramente que não houve ao longo das décadas um investimento  15        visando à substituição da importância da exploração do petróleo, sendo claramente uma        economia muito dependente deste recurso natural. 

A Noruega ficou em 1         o lugar no IDH em 2007, atingindo um patamar de                 

0,971. Esse país apresenta uma reserva atual de 7,8 bilhões de barris de petróleo . O      16    governo norueguês, com a preocupação de não ficar apenas dependente da exploração        do petróleo, criou em 1990 o Fundo Petrolífero Estatal Norueguês. Este fundo tem como        objetivo a garantia da estabilidade macroeconômica, além da construção de uma        poupança. O patrimônio deste fundo estava avaliado em US$ 213 bilhões, em 2005 ,      17 

14 ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION (EIA) NIGÉRIA, Country Analysis Briefs, 2009, p.1.                   

Disponível em: www.eia.doe.gov/cabs/nigeria.htm​Acessado em: 22 fev. de 2009. 

15 ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION (EIA) VENEZUELA, Country Analysis Briefs, 2009,                 

p.2. Disponível em: www.eia.doe.gov/cabs/venezuela/background.html​Acessado em: 22 fev. de 2010. 

16 ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION (EIA) NORWAY, Country Analysis Briefs, 2009, p.2.                   

Disponível em: www.eia.doe.gov/cabs/Norway/Background.html. Acessado em: 22 fev. de 2010. 

17 ENRIQUEZ, M. A..     “Equidade intergeracional na partilha dos benefícios dos recursos minerais: a                   

alternativa dos Fundos de Mineração”        . Revista Iberoamericana de Economia Ecológica, v. 5, 2006, p. 67.        Citado por INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (IEDI).       Estudo  25

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sendo que sua receita é aplicada em ações e títulos no exterior numa eventual elevação        do preço do petróleo, fazendo com que a Noruega não sofra impacto em suas atividades        econômicas.  

Com isso, o fundo protege a economia norueguesa da volatilidade do        preço do petróleo. Fasano      18 argumenta que o fundo tem logrado êxito na tarefa de        amenizar os ciclos dos preços do petróleo, bem como de promover a poupança. Medidas        prudentes têm permitido a manutenção de superávits orçamentários, mesmo nos        períodos em que o preço do petróleo cai. Portanto, a Noruega tem demonstrado uma        preferência por poupar os recursos do petróleo, sendo referência mundial de um caso        bem sucedido de exploração de recursos naturais. 

De acordo com o IEDI : 19

 

O Brasil se encontra numa posição extremamente privilegiada com relação à oferta de        petróleo de gás natural. As recentes descobertas na área do pré­sal deverão conduzir o        país a uma posição relevante como exportador no mercado internacional. Esta        condição poderá se constituir numa excepcional oportunidade para alcançar programas        estruturadas visando supriras carências nacionais, em matéria de saneamento básico,        saúde, educação e infra­estrutura. Mesmo que os preços internacionais venham a cair,        o incremento da produção permitirá a geração de níveis elevados de       ​royalties. Este    aumento pode proporcionar uma base nova de recursos para a União, estados e        municípios.  Qualquer  forma de financiar novos programas federais de        desenvolvimento envolveria o redesenho da estrutura de royalties. Foi demonstrado        que alternativas nesta direção são possíveis, conciliando o interesse nacional e        preservando as condições de arrecadação dos municípios e estados limítrofes das        jazidas de petróleo.  

 

A tarefa de promoção do desenvolvimento utilizando os recursos naturais        é, portanto, extremamente complexa. São necessárias, ao menos, duas etapas        fundamentais para a consecução dos objetivos: a criação do fundo soberano e a criação        de mecanismos de controle da aplicação dos royalties.  

sobre o pré­sal    . Análise IEDI, 2008, p.81. Disponível em: http:// www.iedi.org.br. Acessado em: 03 mar.        de 2010. 

18 FASANO, U. (2000) Review of the experience with oil stabilization and savings funds in selected                             

countries. IMF Working Paper, n. 112. Washington, D.C.: International Monetary Fund. Disponível em:        http://www.imf.org. Acessado em: 02 mar. de 2010. P.4­5. Citado por INSTITUTO DE ESTUDOS PARA        O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (IEDI).       Estudo sobre o pré­sal      . Análise IEDI, 2008, p.81.          Disponível em: http:// www.iedi.org.br. Acessado em: 03 mar. de 2010. 

19 INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (IEDI).               Estudo sobre o     

pré­sal. Análise IEDI, 2008, p.98. Disponível em: http:// www.iedi.org.br. Acessado em: 03 mar. de 2010.   

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O presente trabalho é motivado pela relevância associado a esta temática        e procura contribuir para a compreensão dessa questão.   

 

1.4 – JUSTIFICATIVA   

Algumas nações que tinham o petróleo como uma grande oportunidade        de esperança para o futuro de suas populações, como melhorias de condições e        qualidade de vida, por exemplo, viram­se em algumas décadas posteriores sem esse        recurso natural, sem o desenvolvimento esperado e, em alguns casos, lidando com a        ocorrência de desindustrialização, fatos que causaram forte frustração na população, que        passou a não ter esperança num futuro próximo.   

Outros países, com a utilização dos recursos proveniente do petróleo,        conseguiram crescer e se firmar economicamente. Por meio de uma política cuidadosa e        específica, fortaleceram outros setores da economia e conseguiram o desenvolvimento        esperado. 

Com base nos fatos ocorridos em outras regiões, fica evidente a        importância da discussão do tema, das análises de problemas e soluções encontradas em        outros países, além de se antecipar e prever possíveis problemas que o Brasil possa        enfrentar no futuro.  

Com o estudo aqui realizado espera­se entender a dinâmica associado ao        uso dos recursos do petróleo e seu impacto sobre o desenvolvimento, buscando­se        elementos para a compreensão das iniciativas e decisões que constituam numa lógica        necessária para que o país entre nas estatísticas futuras como um caso de sucesso das        utilizações dos recursos provenientes do petróleo. 

   

1.5 – METODOLOGIA 

Este trabalho baseou­se em pesquisa bibliográfica, utilizando teses de        mestrado, doutorado, monografias, além de artigos disponíveis na internet. 

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Deseja­se analisar países que possuíam (ou ainda possuem) grande produção de        petróleo, avaliando os que sofreram da “doença holandesa” e os que conseguiram um        desenvolvimento econômico significativo. Os dados obtidos podem ser usados como        referência para futuros trabalhos de apoio a discussões e debates em relação ao pré­sal,        no Brasil. 

   

1.6 – ESTRUTURAS DO TRABALHO   

Este trabalho se encontra dividido em 5 capítulos. Neste capítulo inicial é        apresentado um breve resumo do problema que esta monografia irá estudar, mostra­se o        objetivo do trabalho, a sua justificativa, além da metodologia utilizada. Também será        apresentada a relevância e contextualização do trabalho, além de uma introdução ao        assunto. 

O segundo capítulo aborda o conceito de doença holandesa ou mal dos        recursos naturais. Mostram­se as estratégias e ações adotadas pelos países abundantes        em recursos naturais, antes e durante a produção de petróleo, destacando­se, em        especial, os tipos de fundos existentes, bem como o seu funcionamento. Também é        realizada uma comparação entre os países abundantes em recursos naturais e os que não        apresentam tal abundância com relação ao PIB. Por fim, é discutido como os países        podem neutralizar a doença holandesa. 

O terceiro capítulo desta monografia explica os diferentes métodos        utilizados pelos países para se apropriarem dos recursos provenientes do petróleo. Em        seguida é realizada uma análise de como alguns países estão utilizando tais recursos        apropriados para o seu desenvolvimento, sendo avaliados quais destes países estão        sofrendo da forma mais grave da doença holandesa.   

No quarto capítulo é mostrada uma breve história do petróleo no Brasil,        explicando como o país tem se apropriado da renda do petróleo e avalia como os        governantes brasileiros estão utilizando tais recursos para poder avaliar se o país está        preparado para utilizar de forma correta a quantidade de recursos provenientes do        pré­sal que está por vir num futuro próximo. Como o país ainda não se apresenta como       

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um grande exportador de petróleo, foram analisados os cinco municípios que mais        arrecadaram com os royalties para se ter uma visão geral do comportamento dos        políticos brasileiro. 

Nesta etapa do trabalho serão feitas as considerações finais, chegando a        uma conclusão de qual caminho trilhado no Brasil até o momento e tentar construir um        referencial para análise das atitudes que o Governo brasileiro deve implementar com        relação às reservas de petróleo do pré­sal, de modo a identificar o seu potencial para o        fortalecimento e crescimento da indústria petrolífera e outros setores do país. 

   

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CAPÍTULO 2 – A “DOENÇA HOLANDESA” OU “MAL DOS 

RECURSOS NATURAIS” 

2.1 – INTRODUÇÃO 

Este capítulo apresenta o conceito de doença holandesa, ou mal dos        recursos naturais, explicando os fatores que levam alguns dos países a contrair este mal,        além de indicar as dificuldades enfrentadas pelos governos que são afetadas por esta        doença. 

Serão mostrados métodos para a sua neutralização e os sintomas que este        mal apresenta quando um país está contaminado. 

   

2.2 – ORIGENS E O CONCEITO DO TERMO “DOENÇA HOLANDESA” 

O termo doença holandesa foi utilizado pela primeira vez pela revista        “The Economist”, no ano de 1977, para descrever o fenômeno ocorrido na Holanda, que        sofreu forte declínio no setor industrial. Após a descoberta de grandes reservas de gás        natural em seu território, a Holanda passou a explorar e a exportar grande quantidade        deste recurso natural, fazendo com que suas receitas referentes à exportação tivessem        um grande aumento. Este fato proporcionou uma entrada maciça de dinheiro        estrangeiro, ocasionando forte valorização da moeda local, na época o florim. Esta        valorização afetou diretamente o setor industrial, o que inviabilizou suas exportações,        estimulou a importação e conseqüentemente, levou a Holanda a um processo de        desindustrialização .  20

Após este estudo, vários outros trabalhos foram realizados para esclarecer        o fenômeno. Apesar de um grupo de pesquisadores se referir à doença holandesa como        sendo “maldição dos recursos naturais”, há outra linha de pesquisa                  21 22,  que diferencia   

20 NAKAHODOS, S. N.; JANK, M. S.             A falácia da doença holandesa no Brasil. Instituto do Comércio e                   

Negociações Internacionais: Documento de Pesquisa. São Paulo, mar 2006, p.2. 

21 SACHS, J. D. AND A. M. WARNER “The big push, natural resource booms and growth”.                             Journal of    

Development Economics  , 59: 43­76, 1999. Citado por: BRESSER­PEREIRA, L. C.       The Dutch Disease      and its neutralization: a Ricardian approach          . Revista de Economia Política, v. 28, n. 1:47­71,São Paulo,        2008, p.7.   

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estes dois problemas: enquanto a doença holandesa seria uma falha de mercado, onde a        exportação de grande quantidade de recursos naturais baratos por um país seria a causa        de uma taxa de câmbio maior quando comparado a taxa de câmbio média que viabiliza        o setor econômico do determinado país, a maldição dos recursos naturais seria uma        conseqüência do   rent seeking e corrupção, fato constatado em países dotados de uma  23        sociedade atrasada e de instituições fracas . O presente autor não fará distinção entre as      24        duas nomenclaturas, considerando equivalentes a utilização de maldição dos recursos        naturais ou doença holandesa. 

A doença holandesa é uma falha de mercado, ocorrendo principalmente

       

em países que possuem abundância em recursos naturais. Trata­se da entrada de grande        quantidade de dinheiro em determinado país, acarretando numa alta taxa de câmbio que        equilibra a conta­corrente (que é a taxa de mercado)       ​e a taxa de câmbio que viabiliza        setores econômicos eficientes e tecnologicamente sofisticados. Como a maior parte        deste recurso é basicamente proveniente de um setor específico, o aumento desta taxa de        câmbio se resume em menor competitividade para outros setores da economia,        acarretando numa desestimulação e uma possível desindustrialização do país produtor e        explorador de tais recursos . 25

Países abundantes em recursos naturais devem levar em conta alguns        fatores antes ou durante a exploração destes bens para neutralizar ou minimizar seus        efeitos. Como primeira estratégia, deve­se diminuir a velocidade de produção quando há        incapacidade de gestão das receitas provenientes da exploração deste recurso natural.        Com esta medida, grande parte desta riqueza permaneceria guardada e seriam        diminuídas as distorções macroeconômicas provenientes da doença holandesa. Como        segunda medida, seria importante implementar uma política de investimento, fazendo       

22  BALAND, JEAN­MARIE & FRANCOIS, P. “Rent­seeking and resource booms”.                  Journal of   

Development Economics  , 61: 527­542, 2000. Citado por: BRESSER­PEREIRA, L. C.       ​The Dutch Disease      and its neutralization: a Ricardian approach          . Revista de Economia Política, v. 28, n. 1:47­71,São Paulo,        2008, p.7.   

23   Orent seeking   é a tentativa de um grupo específico obter vantagens sobre a esfera governamental, fazendo                           

com que a renda proveniente dos recursos naturais seja investida, por exemplo, para reforçar seu poder        político, ou promover luta armada contra grupos nacionais rivais ou países vizinhos, fato ocorrido com as        elites do Oriente Médio e países africanos (IEDI, 2008, p.6). Este tipo de atitude impede o investimento        para o desenvolvimento da nação, como investimento em infra­estrutura e na indústria.   

24 BRESSER­PEREIRA, L. C.     The Dutch Disease and its neutralization: a Ricardian approach                . Revista de     

Economia Política, v. 28, n. 1:47­71,São Paulo, 2008, p.7.   

25 Ibidem. p.6.   

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com que essas economias diminuíssem suas dependências em função das atividades        relacionadas ao recurso natural. O ideal que ocorra em países que exploram        commodities é, com o passar do tempo, apresentar dependência desta receita cada vez        menor, por meio de fortalecimento de outros setores. Como terceira medida está a        criação de um fundo cambial proveniente das receitas geradas pela exploração dos        recursos naturais. Em época de alta dos preços das exportações, esses recursos são        aplicados no fundo, e durantes as épocas de queda do preço das exportações, os recursos        do fundo são utilizados para eliminar ou atenuar os impactos dessa queda ∙. 26

De acordo com o Fundo Monetário Internacional , os fundos se dividem      27          em cinco grupos, dependendo dos seus interesses:  

a. Fundos de estabilização (      stabilization funds  ): os países que constituem          este grupo são ricos em recursos naturais. Este fundo tem o objetivo de        proteger o orçamento fiscal e a economia doméstica das oscilações dos        preços dos produtos primários (sobretudo petróleo). Durante a alta dos        preços dos recursos naturais, a receita proveniente da exploração destes é        aplicada no fundo, preparando o país para um período de queda dos        preços;  

b. Fundos de poupança (      saving funds for future generations        ): este fundo      tem o objetivo de compartilhar as riquezas geradas atualmente para as        futuras gerações. Este processo consiste na transferência de ativos não        renováveis para um portfólio diversificado de ativos financeiros        realizados pelos países ricos em recursos naturais para suprir futuras        gerações ou outro objetivo de longo prazo;  

c. Companhias de investimentos de reservas (      reserve investment    corporations): este tipo de fundo tem o objetivo de seguir políticas de        investimento com alto retorno;  

26 INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (IEDI).               Estudo sobre o     

pré­sal. Análise IEDI, 2008, p.6­8. Disponível em: http:// www.iedi.org.br. Acessado em: 03 mar. de 2010. 

27 FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (2007). Global Financial Stability Report, September 2007,                   

Annex 1,2. Sovereign Wealth Funds. Washington, D.C., p.45­51. Disponível em:       http://www.imf.org.  Citado por: INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (IEDI).       Estudo  sobre o pré­sal    . Análise IEDI, 2008, p.8. Disponível em: http:// www.iedi.org.br. Acessado em: 03 mar. de        2010. 

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d. Fundos para o desenvolvimento (        development funds  ): tem como objetivo        alocar recursos para financiamento de projetos socioeconômicos        prioritários – em infra­estrutura ou em política de desenvolvimento        industrial – a fim de ampliar o potencial de crescimento dos países;  

e. Fundos de reserva para o sistema de aposentadoria (      contingente pension    reserve funds  ): este fundo tem o objetivo de alocar recursos para o        sistema de aposentadoria na contabilidade do setor público. 

 

A aplicação dos recursos destes fundos de estabilização é,        usualmente, feita em moeda estrangeira. Assim, com a tendência de apreciação da        moeda local em época em que as exportações são altamente favoráveis, esses recursos        são transferidos ao sistema financeiro internacional. Em períodos adversos, quando a        receita do Estado sofre grande queda, o recurso do fundo é direcionado para o Estado,        diminuindo o déficit público e contrabalanceando a queda das divisas.  

A Figura 2.1 abaixo exemplifica este esquema de estabilização utilizando        o fundo . O Anexo 2.1 apresenta informações de alguns países que possuem fundos,  28        com os seus respectivos nomes, ativos, ano de criação além de informar a riqueza per        capita. 

 

28 INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (IEDI).               Estudo sobre o     

pré­sal. Análise IEDI, 2008, p.10. Disponível em: http:// www.iedi.org.br. Acessado em: 03 mar. de 2010. 

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  Figura 2.1 – Esquema de Fundo de Estabilização 

Fonte: IEDI 

 

Os autores   Sachs & Warner perceberam que os países com abundância    29        em recursos naturais tendiam a mostrar uma queda no crescimento econômico, devido à        doença holandesa, mostrando uma menor taxa de crescimento do PIB que os demais        países, como por exemplo, a Nigéria e a Venezuela, apesar de existirem histórias de        sucessos quando se observa países como a Noruega e Botsuana. Esses casos serão        estudados mais detalhadamente no próximo capítulo. Em contrapartida, países pobres        em recursos naturais apresentaram um bom crescimento econômico nas últimas        décadas, como foram os casos dos países localizados no Sudeste Asiáticos. 

Para ilustrar este fato, o gráfico 2.1 mostra a distribuição de 144 países,        quando considerados, no eixo das abscissas, a participação de produtos primários na        exportações em 2005, e nas ordenadas, a taxa de crescimento médio da economia entre        1975 e 2005.  

 

29 SACHS, J. D. & WARMER, A. M.             Natural Resources Abundance and Economic Growth           . NBER   

Working Paper 5398, 1995. Citado por: OLIVEIRA, B. & BRUNO, M.       Sobre Maldições e Bênçãos: é          possível gerir recursos naturais de forma sustentável? Uma análise sobre os royalties e as compensações                              financeiras no Brasil.Texto para discussão No​ 1412, 2009, p.3. 

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  Gráfico 2.1 – Relação para 144 países entre taxa média de crescimento da economia        (1975­2005) e participação de produtos primários na exportação de bens em 2005  Fonte: Sachs & Warner  30

 

Na construção do gráfico, os eixos das abscissas e das ordenadas se        cruzam em 42%, relativo ao dobro da média mundial da participação dos produtos        primários no total das exportações em 2005, e 1,4%, que é a média mundial de        crescimento do PIB per capita no período de 1975­2005. Esta distribuição facilita a        visualização no gráfico de países com abundância em recursos naturais, que estão        localizados a direita do eixo das ordenadas, enquanto que os países com escassez em        recursos naturais se localizam à esquerda. Os países que apresentam taxa de crescimento        do PIB acima da média, estão localizados acima do eixo das abscissas, enquanto que os        países que apresentam crescimento do PIB abaixo da média mundial se localizam        abaixo deste eixo. 

O gráfico 2.1 apresenta claramente uma correlação negativa entre        abundância relativa de recursos naturais e o crescimento do PIB per capita. Traçando        uma reta de melhor ajuste pelo gráfico, obtém­se a equação:       

. Esta equação mostra que, para cada aumento unitário de x       

30 Ibidem. p.3. 

(35)

(aumento de 1% nas exportações de bens primários), há uma queda de 0,0315% no PIB        per capita. Isto mostra uma tendência mundial de decréscimo do PIB per capita em        países com abundância em recursos naturais. 

Ainda pelo gráfico, percebe­se que, no 2º quadrante (acima do eixo das        abscissas e à esquerda do eixo das ordenadas) encontra­se uma quantidade expressiva de        países que exibem escassos recursos naturais e um crescimento do PIB acima da média        mundial. Em situação oposta, os países que se encontram no 4º quadrante (abaixo do        eixo das abscissas e à direita do eixo das ordenadas) mostram abundância em recursos        naturais, mas apresentam crescimento do PIB abaixo da média mundial. Esses são os        países que possuem a tendência de estarem contaminados pela doença holandesa . 31

Sachs & Warner também construíram um modelo em que explicam que    32        um aumento de recursos naturais leva a uma queda na taxa de crescimento. Para tais        autores, a elevação da exploração dos recursos naturais faz com que haja uma maior        demanda por trabalhadores para bens e serviços não­transacionáveis, levando a uma        situação inusitada dentro do país abundante em recursos naturais: se por um lado, parte        da população está sendo deslocada para este tipo de trabalho, a quantidade de        trabalhadores qualificados no setor transacionável diminui consideravelmente.  

Como este modelo se baseia no fato de a economia de um país crescer        dependendo da quantidade de trabalhadores no setor transacional, ou melhor, na        alocação de capital humano no setor dinâmico, temos que, nesse contexto, o        crescimento deste país será menor, pois há menos mão­de­obra deslocada para este        setor. Abaixo se encontra o Gráfico 2.2 utilizando este modelo. A economia 1 é        simulada como não possuindo recursos naturais. A economia 2 explorou os recursos        naturais por dois períodos, e a economia 3 explorou durante 20 períodos os recursos        naturais. Todas as economias possuem como ponto de partida uma taxa de crescimento        de 5% por período (para visualizar toda a formulação do problema, inclusive as        equações do modelo, consultar).  

31 OLIVEIRA, B. & BRUNO, M.         Sobre Maldições e Bênçãos: é possível gerir recursos naturais de forma                     

sustentável? Uma análise sobre os royalties e as compensações financeiras no Brasil.                      Texto para discussão      No​ 1412, 2009, p.4. 

32 SACHS, J. D. & WARMER, A. M.             Natural Resources Abundance and Economic Growth           . NBER   

Working Paper 5398, 1995. Citado por: OLIVEIRA, B. & BRUNO, M.       Sobre Maldições e Bênçãos: é          possível gerir recursos naturais de forma sustentável? Uma análise sobre os royalties e as compensações                              financeiras no Brasil.Texto para discussão No​ 1412, 2009, p.7­9. 

(36)

    Gráfico 2.2 – Exemplo Numérico modelo Sachs e Warner (1995) – A maldição  dos recursos naturais   Fonte: OLIVEIRA, B. & BRUNO33​.   

Pode­se perceber que de acordo com este modelo, na economia 1, onde        não há exploração de recursos naturais ocorre um ajuste crescente para a taxa de        crescimento, atingindo um valor de longo prazo próximo de 7%. Para a economia 2, há        duas fases distintas: a primeira que se estende até o 2º período, que é justamente        enquanto esta economia explora recursos naturais, percebe­se que a taxa de crescimento        econômico desta economia tende para 4,5%. Após a exploração de tais recursos, a taxa        de crescimento volta a crescer até atingir a taxa próxima de 7%, que é a taxa de        crescimento de uma economia sem recursos naturais. É importante frisar que esta        economia demora cerca de mais 5 períodos para atingir a trajetória da economia 1, fato        ocorrido apenas no 7 período. Neste intervalo, a taxa de crescimento fica abaixo do        alcançado pela economia sem recursos. Para a economia 3, que explora os recursos       

33 OLIVEIRA, B. & BRUNO, M.         Sobre Maldições e Bênçãos: é possível gerir recursos naturais de forma                     

sustentável? Uma análise sobre os royalties e as compensações financeiras no Brasil.                      Texto para discussão      No​ 1412, 2009, p.9. 

(37)

durante todo o processo, percebe­se a condenação a maldição dos recursos naturais, pois        a taxa de crescimento desta economia estabiliza perto de 4,5%. 

   

2.3 – SINTOMAS DA DOENÇA HOLANDESA 

Um país que possua a doença holandesa pode ter sido afetado por duas        situações distintas: a primeira é aquela onde sempre existiu tal doença impedindo sua        industrialização; uma segunda maneira seria um país que neutralizou durante um        período o mal dos recursos naturais, porém em algum momento, essa neutralização        parou, fazendo o país crescer a taxas muito menores. No primeiro caso o país nunca        neutralizou a doença holandesa, como é o caso de países petroleiros. Um dos principais        sintomas neste caso é a do país em questão não produzir outros bens comercializáveis        além dos causadores da doença holandesa. Bons exemplos para este tipo de caso são a        Venezuela e a Arábia Saudita.  

No segundo caso, apesar do país explorar os recursos naturais, ele        conseguiu se industrializar, fazendo com que a doença holandesa fosse neutralizada,        através do uso de tarifas de importação e subsídios à exportação. Contudo, após sofrer        grande pressão internacional sob alegação de prática de protecionismo, tais países        realizaram a liberalização comercial deixando de neutralizar uma falha de mercado, o        que acarretou a possibilidade de serem afetados pelo mal dos recursos naturais. São        exemplos deste caso os países latino­americanos que, a partir dos anos 1990        abandonaram seus mecanismos de neutralização e sofreram uma desindustrialização .  34

De acordo com     Oomes & Kalcheva       35, são quatro as maneiras de perceber        se o país em questão possui a doença holandesa ou não:  

a) A percepção da taxa cambial estar sobre­apreciada;   b) Baixo crescimento no setor manufatureiro; 

c) Rápido crescimento do setor de serviços; 

34 BRESSER­PEREIRA, L. C.     The Dutch Disease and its neutralization: a Ricardian approach                . Revista de     

Economia Política, v. 28, n. 1:47­71,São Paulo, 2008, p.4.   

35 OOMES, NIENKE & KATERINA KALCHEVA.         Diagnosing Dutch disease: does Russia have the             

symptoms?, IMF Working Paper 07/102, 2007      . Citado por: BRESSER­PEREIRA, L. C.         The Dutch    Disease and its neutralization: a Ricardian approach            . Revista de Economia Política, v. 28, n. 1:47­71,São        Paulo, 2008, p.19.   

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