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4.1 – INTRODUÇÃO 

Este capítulo apresenta uma breve história do petróleo no Brasil e explica        a forma com que o país arrecada os recursos petrolíferos. Em seguida, é feita uma        análise de como o país utiliza tais recursos para o desenvolvimento. Como o Brasil não        se apresenta ainda como grande exportador de petróleo, esta avaliação foi feita com base        em um estudo dos cinco municípios que mais receberam estes recursos. Espera­se ser        possível delinear uma tendência de como os governantes brasileiros utilizarão o dinheiro        proveniente do petróleo. 

   

4.2 – A HISTÓRIA DO PETRÓLEO NO BRASIL 

Em 1881, no estado de Alagoas, foram realizadas as primeiras pesquisas        diretamente relacionadas ao petróleo no Brasil. As pesquisas foram motivadas pela        existência de sedimentos argiloso­betuminosos no litoral deste estado. Contudo, o        primeiro poço só foi perfurado seis anos depois, no município de Bofete­SP, alcançando        uma profundidade de 488 metros, sendo extraídos dois barris de óleo . 96

Em 1907, foi criado o Serviço Geológico e Mineralógico Brasileiro        (SGMB), e, em 1933, o Departamento Nacional da Produção Mineral, órgão do        Ministério da Agricultura, fatos que mostram a tentativa de organização,        profissionalização e especialização dos órgãos públicos voltados para a prospecção do        petróleo. Porém, a grande dificuldade encontrada pelo Brasil para o desenvolvimento da        exploração e produção no Brasil foi a ausência de capital humano especializado e        qualificado, como geólogos e engenheiros, e a falta de recursos e equipamentos . 97

96 AMÉLIA, R.   Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   Rio de Janeiro:      

departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado profissional em        Sistema de Gestão), 2008, p.20. 

97 Ibidem. p.20. 

Em 1939, no governo Getúlio Vargas, foi criado o Conselho Nacional do        Petróleo (CNP), órgão gestor do setor petrolífero. Também foi assinada a primeira lei        que estruturava e regularizava as atividades petrolíferas no país. Com estas medidas,        foram realizadas mais perfurações e, conseqüentemente, mais descobertas. Em 1941, em        Candeias­BA, foi descoberto o primeiro poço comercial do país . 98

Em 1953, após forte apelo popular com a campanha “O Petróleo é        nosso”, quando grande parte da população ficou a favor do controle nacional do        petróleo, foi criada a Petróleo Brasileiro S/A Petrobrás, por meio da Lei 2004. Em 1954,        a Petrobrás já se encontrava em operação .  99

Em 2006, a Petrobrás conseguiu a auto­suficiência na produção de        petróleo. Em 2007, anunciou a descoberta de petróleo na camada pré­sal. 

   

4.3 – CÁLCULO E DISTRIBUIÇÃO DOS ROYALTIES   

No Brasil, o pagamento de royalties foi estabelecido em 1953, na mesma        lei em que foi criada a Petrobrás. Esta lei previa o pagamento de royalties na proporção        de 4% sobre o valor de produção terrestre de petróleo e gás natural aos estados e 1% aos        municípios onde se encontravam e exploravam esse recurso natural .   100

Atualmente, os royalties da produção de petróleo no Brasil são        calculados pela fórmula :  101

      (5) 

       (6)  Sendo: 

98 AMÉLIA, R.   Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   Rio de Janeiro:      

departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado profissional em        Sistema de Gestão), 2008, p.21. 

99 Ibidem. p.22.  100 Ibidem. p.59.  101 Ibidem. p.59. 

i. Royalties = valor decorrente da produção do campo no mês de        apuração, em reais; 

ii. Alíquota = percentual previsto no contrato de concessão do        campo (entre 5% e 10%); 

iii. V petróleo = volume da produção de petróleo do campo no mês        de apuração, em m³; 

iv. P petróleo = é o preço de referência do petróleo produzido no        campo no mês de apuração, em R$/m³; 

v. P gn = preço de referência do gás natural produzido no campo no        mês de apuração, em R$/m³; 

 

Com a arrecadação dos royalties, os mesmos devem ser distribuídos da        seguinte maneira, conforme estabelecido na legislação pertinente: 

 

Tabela 4.1 – Distribuição dos royalties de 5% 

  Fonte: Amélia . Modificado pelo autor. 102

102 AMÉLIA, R.   Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   Rio de Janeiro:      

departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado profissional em        Sistema de Gestão), 2008, p.58. 

 

Para a distribuição dos royalties que exceder os 5% obrigatórios, a       

distribuição é dada conforme a tabela 4.2. 

Além dos Royalties, os concessionários estão sujeitos ao pagamento de        Participação Especial, compensação financeira extraordinária estabelecida pela Lei do        Petróleo para campos de grande volume de produção ou de grande rentabilidade, e ao        pagamento pela ocupação ou retenção de área . 103     Tabela 4.2 – Distribuição dos royalties acima de 5%     Fonte: Amélia . Modificado pelo autor. 104     4.4 – INFLUÊNCIAS DO PETRÓLEO NA ECONOMIA BRASILEIRA     

103 AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO (BRASIL). Tabelas contendo dados de pagamento dos                     

royalties aos municípios. Disponíveis em: <http://www.anp.gov.br/participação_gov/royalties.asp>.        Acesso em 11 maio 2010. 

 

104 AMÉLIA, R.   Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   Rio de Janeiro:      

departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado profissional em        Sistema de Gestão), 2008, p.58. 

Com o aumento da produção de petróleo, que em 2000 estava próxima de        470000 mil BEP (Barris equivalentes de petróleo) e em 2008 já se aproximava de        700000 mil BEP (gráfico 4.1), também houve o aumento da arrecadação dos royalties,        que passaram de R$ 284 milhões em 1998 para R$ 7,984 bilhões em 2009 (gráfico 4.2).        Como o estado do Rio de Janeiro é responsável por cerca de 80% da produção de        petróleo nacional, este foi o estado que mais se beneficiou com este aumento de        arrecadação, recebendo, em 2009, um total de R$ 2,61 bilhões.   

  Gráfico 4.1 – Evolução da produção de Petróleo e Gás natural no Brasil em mil        BEP (barris equivalentes de petróleo) 

Fonte: ANP . Modificado pelo autor. 105

   

105 AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO (BRASIL). Tabelas contendo dados de pagamento dos                     

royalties aos municípios. Disponíveis em: <http://www.anp.gov.br/participação_gov/royalties.asp>.        Acesso em 11 maio 2010. 

  Gráfico 4.2 – Evolução da arrecadação dos Royalties (1998­2009)  Fonte: ANP  106

 

Esta arrecadação dos royalties está distribuída entre os Estados,        Municípios, União e o Fundo Especial. O Fundo Especial é responsável pela        distribuição entre todos os estados, territórios e municípios. A arrecadação de cada um        dos beneficiários no período de 1998 a 2009 está representada no gráfico abaixo: 

 

 

106 Ibidem. 

Gráfico 4.3 – Evolução da arrecadação dos Royalties por beneficiário        (1998­2009) 

Fonte: ANP    107

 

Em regiões onde há grande volume produzido ou grande rentabilidade        das empresas, outra taxação, denominada Participação Especial (PE), além dos royalties,        é aplicada pelos municípios e pela União aos produtores de petróleo e gás natural. O        gráfico 4.4 mostra quanto o país arrecadou por meio da PE desde 2000, ano de sua        criação. Pelo gráfico percebe­se que, em 2000, a arrecadação da PE foi de 1039 milhões        de reais, e que, em 2009, esse valor foi superior em 8 vezes, chegando a 8453 milhões        de reais. 

  Gráfico 4.4 – Evolução da arrecadação da Participação Especial 

Fonte: ANP    108

 

Do valor arrecadado pela PE, parte é destinada para a União, parte para o        estado e parte para o município. O gráfico 4.5 mostra a distribuição da PE entre os anos        de 2000 a 2009. 

107 AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO (BRASIL). Tabelas contendo dados de pagamento dos                     

royalties aos municípios. Disponíveis em: <http://www.anp.gov.br/participação_gov/royalties.asp>.        Acesso em 11 maio 2010. 

108 AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO (BRASIL). Tabelas contendo dados de pagamento dos                     

royalties aos municípios. Disponíveis em: <http://www.anp.gov.br/participação_gov/royalties.asp>.        Acesso em 11 maio 2010. 

  Gráfico 4.5 – Evolução da arrecadação da Participação Especial entre a        União, os Estados e os Municípios entre 2000 e 2009 

Fonte: ANP    109

4.5 – OS CINCOS MUNICÍPIOS QUE MAIS SE BENEFICIARAM COM OS  ROYALTIES ENTRE 1991 – 2007. 

A Bacia de Campos produz atualmente cerca de 85% de todo o petróleo        produzido no Brasil, além de ser responsável por mais de 40% da produção de gás        nacional. Em conseqüência deste fato, os municípios localizados nesta região são os        principais beneficiários dos royalties do petróleo. 

Neste trabalho serão analisados os municípios de Rio das Ostras, Cabo        Frio, Quissamã, Macaé e Campos, os principais municípios beneficiados com os        royalties provenientes do petróleo no período de 1991 a 2007. O gráfico 4.6 mostra a        evolução do pagamento de royalties a esses municípios neste período. Percebe­se um        crescimento acentuado da receita a partir de 1998, principalmente de Campos e de        Macaé. 

 

109 AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO (BRASIL). Tabelas contendo dados de pagamento dos                     

royalties aos municípios. Disponíveis em: <http://www.anp.gov.br/participação_gov/royalties.asp>.        Acesso em 11 maio 2010. 

  Gráfico 4.6 – Evolução do pagamento de royalties entre 1991­2007. 

Fonte: AMÉLIA  110

 

Em relação à dependência dos royalties para a composição das receitas        correntes para os cinco municípios pesquisados no período de 2000 a 2005, percebe­se        um crescimento da participação dos royalties e uma diminuição das participações das        receitas tributárias. Assim, tais municípios se encontram na contramão de uma situação        ideal, onde se diminui a dependência do petróleo com o tempo e torna­se o município        cada vez mais sustentável, evitando um futuro colapso no caso deste recurso natural        acabar, ou mesmo se tal recurso sofrer grande queda de valor internacionalmente.  

No município de Campos dos Goytacazes, em 2000, os royalties        representavam 56,9% das receitas totais, já em 2005 representavam 71,6%. A receita        tributária sofreu uma queda de 6,5% em 2000 para 3,4% em 2005. O gráfico 4.7 mostra,        a cada ano, a evolução desta composição.  

 

110 AMÉLIA, R.   Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   Rio de Janeiro:      

departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado profissional em        Sistema de Gestão), 2008, p.81. 

  Gráfico 4.7 – Evolução da composição das Receitas Correntes do        município de Campos dos Goytacazes no período de 2000­2005.  Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro   111

 

No município de Macaé os royalties representavam 53% das receitas        correntes em 2000, passando para 56,6% em 2005. Já as receitas tributárias cresceram        de 10,1% em 2000 para 16,1% em 2005. O gráfico 4.8 mostra a evolução desta        composição entre os anos de 2000 a 2005. 

No município de Rio das Ostras, em 2000, os royalties representavam        74,8% das receitas totais, já em 2005 representavam 73,6%. A receita tributária sofreu        uma queda de 4,6% em 2000, para 4,3% em 2005. O gráfico 4.9 mostra a evolução        desta composição entre os anos de 2000 a 2005. 

 

 

111 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.                 Estudo Econômico 2006.      Rio de    

Janeiro, 2006. Citado por: AMÉLIA, R.       ​Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   

Rio de Janeiro:     departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado        profissional em Sistema de Gestão), 2008, p.82. 

  Gráfico 4.8 – Evolução da composição das Receitas Correntes do        município de Macaé no período de 2000­2005. 

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro  112

   

  Gráfico 4.9 – Evolução da composição das Receitas Correntes do        município de Rio das Ostras no período de 2000­2005. 

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro  113

 

 

112 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.                 Estudo Econômico 2006.      Rio de    

Janeiro, 2006. Citado por: AMÉLIA, R.       ​Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   

Rio de Janeiro:     departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado        profissional em Sistema de Gestão), 2008, p.82. 

113 Ibidem. p.83. 

No município de Cabo Frio, em 2000, os royalties representavam 29,7%        das receitas totais, já em 2005 representavam 50,7%. A receita tributária sofreu uma        queda de 17,3% em 2000, para 9,8% em 2005. O gráfico 4.10 mostra a evolução desta        composição entre os anos de 2000 a 2005. 

  Gráfico 4.10 – Evolução da composição das Receitas Correntes do        município de Cabo Frio no período de 2000­2005. 

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro  114

 

No município de Quisamã, em 2000, os royalties representavam 58,5%        das receitas totais, já em 2005 representavam 62,8%. A receita tributária sofreu um        pequeno aumento percentual de 1,4% em 2000 para 2,2% em 2005. O gráfico 4.11        mostra a evolução desta composição entre os anos de 2000 a 2005. 

 

114 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.                 Estudo Econômico 2006.      Rio de    

Janeiro, 2006. Citado por: AMÉLIA, R.       Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   

Rio de Janeiro:     departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado        profissional em Sistema de Gestão), 2008, p.83. 

  Gráfico 4.11 – Evolução da composição das Receitas Correntes do        município de Quissamã no período de 2000­2005. 

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (2006)   

A administração pública deve buscar o equilíbrio entre suas receitas        (previstas e realizadas) e suas despesas (fixadas e realizadas). Quanto menor forem os        gastos com a máquina administrativa, mais dinheiro sobra para outros tipos de        investimentos. O gráfico 4.12 mostra o comprometimento da receita dos municípios        com a máquina administrativa no período de 2000­2005. 

  Gráfico 4.12 – Comprometimento da receita dos municípios com a máquina        administrativa 

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro  115

 

115 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.                 Estudo Econômico 2006.      Rio de    

Janeiro, 2006. Citado por: AMÉLIA, R.       Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   

Rio de Janeiro:     departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado        profissional em Sistema de Gestão), 2008, p.84. 

Pode­se notar que todos os municípios analisados tiveram um aumento        do comprometimento de suas receitas com a máquina administrativa. O município que        teve o menor crescimento foi o de Rio das Ostras, que também apresenta a menor        porcentagem de comprometimento de suas receitas. 

O grau de investimento é dado pela relação dos investimentos públicos        divididos pela receita total. Percebe­se, pelo gráfico 4.13, que esta relação chegou a        aproximadamente 17% em 2005 para os municípios estudados, com exceção de Rio das        Ostras, que obteve resultado acima de 40%. 

O gráfico 4.14 mostra o investimento per capita dos municípios, que é a        razão entre o investimento do município e sua população, calculando assim o montante        que cada habitante recebeu através de benefícios e direitos. Como se percebe, a partir de        2002, Rio das Ostras apresenta o melhor grau de investimento dos municípios        analisados, enquanto Campos e Cabo Frio apresentam os piores índices. Também se        percebe uma evolução do indicador de 2002 para 2004 e queda de 2004 para 2005.       Gráfico 4.13 – Grau de Investimento dos municípios entre 2000 e 2005  Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro  116    

116 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.                 Estudo Econômico 2006.      Rio de    

Janeiro, 2006. Citado por: AMÉLIA, R.       ​Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   

Rio de Janeiro:     departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado        profissional em Sistema de Gestão), 2008, p.85. 

  Gráfico 4.14 – Investimento per capita dos municípios entre 2000 e 2005 

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro  117

   

Dividindo­se as transferências correntes      118     e de capital , sem royalties,119      pela receita realizada dos municípios da pesquisa conforme gráfico 4.15 verifica­se uma        aparente redução na dependência do repasse de outros entes da federação no período de        2000 a 2005.      Gráfico 4.15 – Dependência de transferência de recursos dos municípios   (sem royalties) entre 2000 e 2005  117 Ibidem. p.82. 

118 Transferências correntes são dotações para despesas às quais não corresponda contraprestação direta em                         

bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manutenção de outras        entidades de direito público ou privado. (Lei 4320/64, Art. 12 § 2 °). Ou seja, uma entidade transfere a        outra entidade dinheiro sem um fim específico. 

119 Transferências de capital são as dotações para investimentos e inversões financeiras que outras pessoas de                             

direito público ou privado deve realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços,        constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei do        Orçamento ou de lei especial anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública. (Lei        4320/64, Art. 12 § 6 °). 

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro  120

 

Contudo, quando se soma os royalties nestes cálculos, percebe­se que a       

dependência de recursos transferidos foi acima de 80% nos municípios pesquisados em       

2005, sendo que Quissamã alcançou uma dependência de 95%, conforme mostra o       

gráfico 4.16.      Gráfico 4.16 – Dependência de transferência de recursos dos municípios       

(incluindo royalties) entre 2000 e 2005  Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro  121 A autonomia financeira dos municípios estudados pode ser compreendida       

a partir de contribuição da receita tributária própria do município no atendimento às       

despesas com a manutenção dos serviços da máquina administrativa, dividindo­se a       

receita tributária própria pelas despesas de custeio. A partir do gráfico 4.17, constata­se       

que, na maioria destes municípios analisados, houve uma queda de autonomia no       

período de 2000 a 2005, sendo exceção apenas o município de Macaé. Com isso,       

pode­se concluir que houve uma tendência à menor capacidade de gestão dos       

municípios em manter as atividades e serviços próprios da administração com recursos       

oriundos de suas competências tributárias, o que os torna mais dependentes de       

transferências de recursos financeiros dos demais entes governamentais.      120 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.                 Estudo Econômico 2006.      Rio de    

Janeiro, 2006. Citado por: AMÉLIA, R.       ​Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   

Rio de Janeiro:     departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado       

profissional em Sistema de Gestão), 2008, p.86.  121 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.                 Estudo Econômico 2006.      Rio de    

Janeiro, 2006. Citado por: AMÉLIA, R.       ​Riqueza e exclusão social: o paradox dos royalties do petróleo.                   

Rio de Janeiro:     departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense (Mestrado        profissional em Sistema de Gestão), 2008, p.86. 

    Gráfico 4.17 – Autonomia financeira dos municípios entre 2000 e 2005  Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro  122     4.6 – ANÁLISES DO IDH DOS CINCO MUNICÍPIOS QUE MAIS RECEBERAM  ROYALTIES DO PETRÓLEO NO BRASIL.   

Quando se analisa a evolução do IDH –M (Índice de Desenvolvimento       

Humano nos municípios) entre 1991 e 2000, percebe­se que os cinco municípios que       

mais receberam royalties do petróleo no Brasil continuam na categoria de municípios       

com médio desenvolvimento humano (tabela 4.3).   Campos dos Goytacazes caiu 221 posições no ranking nacional de 2000,       

quando comparado com 1991, passando da posição 1591ª para a 1812ª. Macaé caiu 200       

colocações neste mesmo ranking, passando do 606ª para a 806ª colocação. Cabo Frio       

subiu 126 posições no ranking nacional e é o município que possui a melhor       

classificação entre os cinco estudados, passando da colocação 871ª para a 745ª.       

Quissamã evoluiu 130 posições no ranking nacional, apesar de possuir a pior colocação       

entre os municípios pesquisados, passando de 2519ª para 2389ª colocação. Rio das       

Ostras foi o município que mais melhorou sua posição no ranking, subindo 453       

posições, passando de 1641ª para 1188 ª colocação.      Tabela 4.3 – IDH­M dos cinco municípios que mais receberam royalties no        Brasil (1991­2000) 

122 Ibidem. p.87.

  Fonte: Elaboração própria. 

 

Em seguida foi realizada uma comparação da evolução do IDH­M, entre       

1991 e 2000, desses municípios com outros municípios do estado do Rio de Janeiro que       

possuam IDH­M próximos (ANEXO 4.1).   O primeiro município a ser analisado foi Quissamã, que em 1991 possuía       

um IDH­M de 0,641 e em 2000 passou a 0,732. Os municípios escolhidos para a       

comparação foram: Guapimirim, que em 1991 possuía um IDH­M de 0,639 e em 2000       

passou a 0,739, Carapebus, que em 1991 possuía um IDH­M de 0,649 e em 2000 passou       

a 0,740, Japeri, que em 1991 possuía um IDH­M de 0,643 e em 2000 passou a 0,724,       

Tanguá, que em 1991 possuía um IDH­M de 0,625 e em 2000 passou a 0,722, Italva,       

que em 1991 possuía um IDH­M de 0,659 e em 2000 passou a 0,724 e Silva Jardim, que       

em 1991 possuía um IDH­M de 0,628 e em 2000 passou a 0,731. No gráfico 4.18       

percebe­se que Guapimirim, que possuía um IDH­M próximo de Quissamã em 1991,       

conseguiu uma evolução maior que a obtida por esse município. Também percebe­se       

que Italva não cresceu conforme os outros municípios, estando em primeiro na análise        de 1991 entre os municípios analisados, e ficou em quinto em 2000. 

 

 

Gráfico 4.18 – Comparativo do IDH­M entre o município de       

Quissamã e outros seis municípios do Rio de Janeiro com valores de       

IDH­M próximos.  Fonte: Elaboração própria.    Quando se analisa a evolução do ranking, percebe­se que Guapimirim       

evoluiu 376 posições, Carapebus, evoluiu 210 posições, Italva caiu 367 posições, Silva       

Jardim evoluiu 325 posições, Japeri caiu 55 posições e Tanguá evoluiu 184 posições       

(tabela 4.4). Com esses dados consegue­se perceber que, apesar de uma evolução de 130       

posições no ranking nacional, vários municípios do estado do Rio de Janeiro que se       

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