PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA MANEJADO EM
SISTEMA DE MANEJO INTENSIVA
TAVARES, L. L¹; PRADO, T. A²
¹Pós graduando e Manejo de pastagem, Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba (MG), e-mail: lltavares@hotmail.com
²Professor das Faculdades associadas de Uberaba, Uberaba (MG), e-mail: Thiago@fazu.br
RESUMO:
Este trabalho visou enfatizar a importância da otimização das áreas de pastagens com afins da produção de bovinos. Otimizando a área de pastagem através de adubações e manejo adequado, como o rotacionado o pecuarista tende a reduzir a idade ao abate e também aumentando a quantidade de UA/ ha, tornando a propriedade mais lucrativa e competitiva no mercado.Palavra chave:
Bovinos; intensivo; pastagem;BEEF PRODUCTION MANAGET UNDER
INTENSIVE MANAGEMENT
ABSTRACT
: This study aimed to emphasize the importance of optimization of pasturelandwith cattle producers alike. Optimizing pasture area through proper management and fertilization, as the rotational cattle tends to reduce the age at slaughter and also increasing the amount of AU / ha, making the property more profitable and competitive.
KEY WORDS:
Cattle; intensive; pasture;INTRODUÇÃO
O Brasil possui grandes áreas de pastagem, porém parte delas está em estado de degradação, sendo este um dos principais problemas dos sistemas de produção. Isto se deve a falha no manejo das pastagem, levando a baixa produção de carne por hectare (ha).
O manejo correto destas pastagens tem como finalidade a otimização da produção forrageira e da eficiência do uso da desta, visando o desempenho animal e a produção de carne por ha.
Os sistemas extensivos de criação de bovinos a pasto, sujeitam os animais a
escassez periódica de forragem,
comprometendo seu desenvolvimento.
Pastagem manejadas intensivamente,
submetidas a sistemas de pastejo
rotacionado, priorizam a otimização do potencial forrageiro de uma espécie vegetal, que pode ser definido em função do
rendimento de matéria seca e da
digestibilidade de seus constituintes.
Altas produções de matéria seca de
forragem promovem aumento na
quantidade de nutrientes extraídos, onde a adubação de pastagem tem por objetivo atender a esta demanda nutricional das
plantas para o estabelecimento e manutenção das forrageiras.
Objetivou-se com este trabalho enfatizar o potencial de produção do sistema de manejado intensivo.
DESENVOLVIMENTO
SITUAÇÃO DA ÁREA DE PASTAGEM NO BRASIL
O cenário nacional da pecuária de corte mostra que os sistemas de produção de carne em pastagens no Brasil são deficientes, mostrando índices zootécnicos de 0,8 UA/ha em sistemas convencionais e 1,6 UA/ha em sistemas com algum tipo de intensificação, bem abaixo do real potencial esperado, limitando assim a produtividade por área (EUCLIDES; EUCLIDES et al, 2001).
Apesar da vasta área de pastagem no Brasil, no entanto, grande parte dela atualmente esta degradada. Este quadro decorre de diversos fatores, desde os ligados a planta (forrageira), ao solo, ao clima, ao manejo e ao animal, até questões
de profissionalismo do produtor e
condições econômicas. Alem disso percebe-se que o produtor não esta conscientizado do problema, pois atualmente a taxa de renovação de pastagem é inferior a 10%.
Um dos aspectos que poderiam explicar isso é a utilização limitada de assistência técnica pelos pecuaristas, fato constatado por Luiz e Quirino (2004), que a partir de uma análise de dados de 85.185 produtores rurais, observaram que apenas
29% dos produtores entrevistados
possuíram acesso a assistência técnica, ou seja, a grande maioria não possui nenhum tipo assistência, levando as propriedades a baixos índices zootécnicos, tendo muitas vezes, utilização muito menor que o seu potencial produtivo da propriedade.
DESEMPENHO ANIMAL EM PASTAGEM
Segundo Euclides et al (2001), um dos principais componentes do sistema de produção da bovinocultura é a alimentação e, em especial, as pastagens. Ressalta-se, que para ser competitivo o sistema deverá ser capaz de, basicamente, possibilitar o aumento da capacidade de suporte das pastagens.
A adequada escolha da espécie forrageira, observando as condições de meio: pluviosidade, temperatura da região e fertilidade do solo, constitui o ponto de partida para o sucesso da exploração da pastagem. Entretanto, práticas de manejo como: adubação, irrigação, suplementação, sistema de pastejo e, sobretudo a adoção de taxa de lotação compatível com a capacidade de suporte da pastagem, desempenham papel relevante (GOMIDE; GOMIDE, 2001).
De acordo com Euclides et al (2001), sob regime de pastejo continuo, o animal sempre deixa alguma forragem que continua decrescendo em qualidade. Dessa forma, a pastagem disponível será uma combinação da rebrota e da forragem recusada. Uma vez que durante o período seco a taxa de rebrota é muito baixa, a forragem disponível é, em sua maior parte, composta por plantas ou frações recusadas das plantas, o que resulta em menor valor nutritivo da dieta animal.
A utilização de manejo em lotação rotacionada proporciona maior utilização da forragem disponível devido a sua maior produção de matéria original por espaço de tempo em comparação a pecuária extensiva,
que subutiliza a pastagem, e
conseqüentemente, reduz o tempo em que o animal necessita para atingir o peso ideal para o abate.
Segundo Figueiredo et al (2007), observaram redução na idade de abate de animais nelore quando submetidos a sistema de pastejo em lotação rotacionada,
que foram abatidos aos 18 meses, enquanto os bovinos submetidos a pastejo em lotação contínua foram abatidos aos 21 meses. Conseqüentemente eles obtiveram melhores taxas de retorno do capital investido quando utilizado o sistema de pastejo em lotação rotacionada.
De acordo com Corsi e Santos (1995), os pecuaristas precisam planejar os sistemas de exploração de pastagens cada vez mais intensivos, sugerindo ser possível estabelecer metas para taxa de lotação entre 12 e 15 UA/ha, durante o verão e de 3 a 4 UA/ha, no inverno, produzindo de 1.600 a 2.000 kg de peso vivo/ha/ano.
Para atingir altos índices de produção, precisamos fazer adubações nas pastagens que visam estimular a formação, o crescimento e a produção da pastagem. O Nitrogênio (N) é o responsável pelo
crescimento da planta (massa), por
constituir as proteínas que a formam, favorecendo principalmente a brotação (MARTHA JUNIOR, 2004). O fósforo (P) contribui para aumentar a produção de matéria seca da pastagem, sendo importante elemento para o desenvolvimento radicular da planta e estimula a absorção de N (SOUSA; MARTHA JUNIOR; VILELA, 2004). É o elemento de maior deficiência dos solos do cerrado. O potássio (K) exerce importantes funções enzimáticas na planta, ativa ou inibi varias enzimas, influenciando
na fotossíntese (aumenta a taxa de fixação do carbono) e participa do transporte de carboidratos pelo floema da planta alem de atuar na extensão celular (COUTINHO et al., 2004).
É importante ressaltar que a intensificação da utilização de pastagens deve ser acompanhada de modificações no sistema de produção de modo a possibilitar a sua otimização com relação ao ganho de peso e à competitividade do setor.
Segundo Euclides Filho (2000) quanto ao genótipo do animal, a pecuária de corte moderna deverá requerer animais que sejam precoces, tanto no tocante à reprodução quanto ao acabamento, férteis e adaptados, que apresentem boa eficiência bionutricional e bom ganho de peso.
Considerando-se sistemas mais
intensificados, onde a idade máxima de abate é de, aproximadamente, 26 meses, pode-se considerar a possibilidade de se utilizarem algumas estratégias de manejo que, combinadas ou não com o genótipo animal, contribuirão para melhoria da eficiência.
As gramíneas apresentam
normalmente resposta marcante à adubação, resultando em uma maior produção de massa, levando a um aumento na taxa de lotação, como apresenta a tabela 1.
Tabela1- Produção e produtividade de pastagens de diversas gramíneas submetidas a manejos variados
Adubação Taxa de lotação Ua/ha Ganho de peso (g/cabeça/dia) Ganho de Peso Referencias Gramíneas Sistema de Kg/ha/ano
Estabelecimento kg/ha Manutenção Kg/ha Pastejo Seca Águas Seca Águas
Colonião 1500 calcário Sem Continuo 0,8 1,0 100 500 270 Euclides et al., 1997b
Tobiatã 400 da formula 0-16-18 1,3 1,4 170 440 420
Tanzânia 50 microelementos 1,2 1,4 240 540 490
Marandu 1,6 1,7 160 430 380
B. decumbens 1,6 1,7 200 400 400
Colonião 3000 calcário Sem Continuo 0,9 1,1 120 530 320 Euclides et al., 1997b Tobiatã 800 da formula 0-16-18 1,3 1,4 215 570 630
Tanzânia 50 microelementos 1,3 1,4 295 640 660
Marandu 1,7 1,8 120 540 600
B. decumbens 1,8 1,8 280 500 600
Tobiatã 400 da formula 0-20-20 50 de N (anualmente) Continuo 1,4 2,2 100 600 450 Euclides et al., 2001b Tanzânia 50 microelementos Após 2 anos: 500 gesso e 1,4 1,9 120 680 467
Marandu 2.000 calcário 1,5 1,9 35 530 333
B. decumbens 1,5 2,1 80 520 387
Tobiatã 800 da formula 0-20-20 50 de N (anualmente) Continuo 1,7 2,7 120 595 545 Euclides et al., 2001b Tanzânia 50 microelementos 2 anos: 500 gesso e 1,8 2,3 100 700 579
Marandu 2.000 calcário 1,7 2,2 55 570 475
B. decumbens 1,8 2,3 150 565 467
Mombaça 2700 calcário 50 N (anualmente) Rotacionado 1,0 3,0 130 570 700 Euclides et al., 1999 Tanzânia 800 da formula 0-20-15 3° e 4° ano: 200 fórmula (7x35 d) 1,0 2,9 140 615 725 Euclides et al., 2000 Massai 50 microelementos 0-20-20 e 1600 calcário 1,1 3,2 10 400 620
Tanzânia 2700 calcário 100 N (anualmente) Rotacionado 1,1 3,2 125 635 820 Euclides et al., 1999 500 da formula 0-20-15 3° e 4° ano: 200 fórmula (7x35 d) 50 microelementos 0-20-20 e 1600 calcário Mombaça 2000 calcário Anualmente: Rotacionado 1,9 4,7 383 474 596 Thiago et al., 2000 Marandu 400 de yorin e 300 de 250 fórmula 0-20-20 (2x30 d) 2,0 5,0 409 455 623
Cameroon superfosfato simples 150 N e 60 K 1,8 3,5 452 520 573
Mombaça Adubaçao para: Anualmente: Rotacionado 5,3 680 491* Corrêia, 2000 Marandu P = 15ppm e V = 60% 1000 fórmula 20-05-20 (3x36 d) 4,0 590 437*
Tanzânia Adubaçao para: Anualmente: Rotacionado 5,8 680 803* Corrêia, 2000 Tanzânia P = 20ppm e V = 70% 1000 fórmula 20-05-20 (3x36 d) 7,5 835 922*
1500 fórmula 20-05-20
Coastcross Adubaçao para: Anualmente: Rotacionado 7,6 637 907* Adaptado de corrêa, 2000 Tanzânia P = 20ppm e V = 70% 1500 fórmula 20-05-20 (4x24 d)
* Kg/ha/periodo das águas
Enquanto a produção por área é importante para o produtor, a produção por animal não deve ser esquecida, uma vez que o desempenho e a terminação do animal são de grande
importância, pois estes podem
influenciar o retorno econômico do
empreendimento. Isso reforça a
importância de as pastagens serem manejadas o mais próximo possível da sua capacidade de suporte.
CONCLUSÃO
Os sistemas de produção com nível de intensificação considerado
médio-alto podem ser
bioeconomicamente atrativos, além de apresentarem grande potencial de
expansão. A melhoria do nível
nutricional dos animais deve ser acompanhada de melhoria do potencial genético do animal.
O nível de intensificação a ser adotado fica na dependência da região,
do objetivo e das metas do
empreendimento, do mercado e da qualidade da mão-de-obra. Para que a
produção de carne bovina em
pastagens seja intensificada, há
necessidade da forrageira adequada para o período seco.
REFERÊNCIAS
CORSI, M.; SANTOS, P. M. Potencial
de produção do Panicum
maximum. In: SIMPOSIO
SOBRE MANEJO DE
PASTAGEM, 12., 1995,
piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, p. 275-303. 1995. COUTINHO, E. L. M. et al. Adubação
potassica em forrageiras. In: SIMPOSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 21., 2004, Piracicaba. Anais... Piracicada: FEALQ, 2004. P.219-277.
EUCLIDES, V. P. B. et al. Produção intensiva de carne bovina em
pasto. In: SIMCORTE –
SIMPOSIO DE PRODUÇAO DE GADO DE CORTE: O encontro do boi verde amarelo, 2.,
Viçosa, MG, 2001. Anais eletrônicos... Viçosa, MG. 2001. Disponível em: HTTP://www.cnpgc.embrapa.br/ ~val/boiverdeamarelo/simcorte2. html Acesso em 25 de abril de 2011.
EUCLIDES, V.P.B.; EUCLIDES FILHO, K.; COSTA, F.P.; FIGUEIREDO, G.R.; 2001. Desempenho de novilhos F1s Angus-Nelore em
pastagens de Brachiaria
decumbens submetidos a
diferentes regimes alimentares. Rev. Bras. Zoot. 30(2):451-462. EUCLIDES FILHO, K. 2000. Produção
de bovinos de corte e o trinômio genótipo-ambiente-mercado. Canpo Grande: Embrapa Gado de Corte, 61p. FIGUEIREDO, D. M. et al. Analise
Economica de quatro
estratégias de suplementação para recria e engorda de bovinos em sistema pasto-suplemento. Revista Brasileira
de Zootecnia, v. 36, n.5,
p.1443-1453, 2007.
GOMIDE, J. A.; GOMIDE, C. A. M.
Utilização e manejo de
pastagem. In:____. A produção
animal na visão dos brasileiros. Piracicaba, SP: FEALQ, 2001, p.808-825.
LUIZ, A. J. B.; QUIRINO, T. R. Acesso A Tecnologia e a Informação.
Agroanalysis, Rio de Janeiro,
v.24, 2004. P. 47-48.
MARTHA JÚNIOR, G. B. Manejo da
adubação nitrogenada em
pastagens. In: SIMPOSIO
SOBRE MANEJO DA
PASTAGEM, 21., 2004,
Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2004. P.155-215. SOUSA, D. M. G. de; MARTHA
JUNIOR, G. B.; VILELA, L. Manejo da adubação fosfatada em pastagens. In: SIMPOSIO
SOBRE MANEJO DA
PASTAGEM, 21., 2004,
Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2004. P. 101-134.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por
guiar-me sempre pelo amor
incondicional. A minha Família, meu porto de abrigo, meu apoio, meu recanto, aos quais devo em grande parte o que eu sou. Se venço mais esta etapa é graças a vocês, os amo, essa conquista é nossa. A todos os meus amigos, em especial ao meu amigo Pé (Rubens de Mello Neto) que me acolheu em sua casa em Uberaba nos dias das aulas da Pós, aos professores e colegas da turma do curso. Obrigado.
“Se enxerguei longe, foi porque me apoiei em ombros de gigantes.” (Issac Newton)