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FLUTUAÇÃO POPULACIONAL E NECESSIDADE DE CONTROLE QUÍMICO DE PRAGAS EM ALGODOEIRO TRANSGÊNICO BT1 1

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Academic year: 2021

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FLUTUAÇÃO POPULACIONAL E NECESSIDADE DE CONTROLE QUÍMICO DE PRAGAS EM ALGODOEIRO TRANSGÊNICO BT1 1

José Ednilson Miranda(Embrapa Algodão / miranda@cnpa.embrapa.br), Kézia de Assis Barbosa (Fundação GO), Admilson Fernandes Couto (Fundação GO), Júnior Inácio Fernandes (Fundação GO) RESUMO – Os algodoeiros transgênicos prometem economia de inseticidas, menor impacto ambiental e menor custo de produção. Entretanto, a tecnologia não dispensa o monitoramento adequado das lavouras, uma vez que outras espécies de pragas podem ocorrer ou ainda os níveis de proteína expressados pelo evento podem ser suficientes para o controle das pragas-alvo. O objetivo deste trabalho foi avaliar os níveis de infestação de pragas alvo e não-alvo em algodoeiro transgênico resistente a insetos Bt1. O monitoramento constante durante todo o ciclo da cultura foi efetuado, os níveis de infestação das populações de insetos alvos e não alvos foram registrados, bem como o número de aplicações necessárias para o seu controle. Os cultivares transgênicos demandaram menor número de pulverizações que o cultivar convencional. Entretanto, foi verificada a presença da praga não alvo, Spodoptera cosmioides em um dos materiais. As constatações da eficiência do algodão Bt1 sobre as espécies A. argillacea e, H. virescens são contrapostas com a verificação da ocorrência de lagartas de S. cosmioides. O monitoramento das populações de insetos em algodoeiros Bt1 mostra-se indispensável. Do mesmo modo, é fundamental a análise de viabilidade econômica do uso dos eventos transgênicos, verificando se a economia de pulverizações compensa os gastos com royalties.

Palavras-chave: Gossypium hirsutum, transgenia, toxicidade aguda. INTRODUÇÃO

Os investimentos realizados para controle de pragas na cultura do algodoeiro correspondem a proporções entre 25 e 30% do total do custo de produção, fato que confere ao manejo de pragas um componente significativo na rentabilidade da cultura e fator preponderante para a obtenção de lucros na atividade (FREIRE et al., 1999). Atualmente, modernos métodos de biologia molecular utilizados pela engenharia genética têm permitido a produção de plantas transgênicas com características de resistência a insetos. Na cotonicultura, o uso de tais tecnologias promete trazer economia de inseticidas e, em decorrência disso, menor impacto ambiental. Entretanto, a transgenia deve ser encarada com cautela, devendo ser considerada uma nova ferramenta a ser adicionada às já existentes e não substituta destas (BOBROWSKI et al. 2003; HUESING e ENGLISH, 2004). Ademais, a resistência é limitada a certas espécies e o controle adequado das pragas não-alvo não pode deixar de ser realizado, sob pena de se ter perdas ao invés de ganhos com o uso de plantas transgênicas (CEPEA, 2002).

Por se tratar de tecnologia recente, o uso das plantas resistentes a insetos ainda carece de informações acerca do impacto que poderão ocasionar sobre o complexo de pragas da cultura do

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algodoeiro. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar os níveis de infestação e necessidades de controle químico em algodoeiros transgênicos resistentes a lagartas da primeira geração (Bt1).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado na Estação Experimental da Fundação GO, em Santa Helena de Goiás, em área de 12.000 m2. As linhas foram espaçadas em 90 cm entre si, com oito plantas por metro linear. As cultivares geneticamente modificadas utilizadas foram Nu-Opal e DP90B, portadores do gene cry 1Ac de Bacillus thuringiensis e por isso resistentes às espécies Alabama argillacea, Pectinophora gossypiela e Heliothis virescens (Harris et al, 1996) comparados com a cultivar Delta Opal (convencional).

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com três tratamentos (cultivares) e 24 repetições (plantas amostradas). As amostragens foram efetuadas através da avaliação da planta toda verificando-se a presença ou ausência de lagartas das espécies Alabama argillacea, Heliothis virescens, Spodoptera frugiperda, Spodoptera cosmioides, Spodoptera eridania e Pectinophora gossypiella, bem como de outras espécies não alvo de ocorrência comum em lavouras de algodoeiro.

Os tratos culturais excetuando-se o controle de pragas foram feitos da forma recomendada pela Embrapa-Algodão para a cultura do algodoeiro. O manejo das pragas não-alvo na cultivar geneticamente modificada foi feito com produtos que não apresentam alta mortalidade sobre populações das lagartas-alvo, a fim de viabilizar as avaliações. Os níveis de controle adotados seguem as recomendações de Miranda (2006).

A flutuação populacional das pragas alvo e não alvo do algodão Bt1 e o número de pulverizações efetuadas foram registrados e avaliados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número de pulverizações com inseticidas efetuados com base nos níveis de controle em ambas as cultivares transgênicas resistente a lagartas Bt1 foi inferior ao efetuado na cultivar convencional. Entretanto, a cultivar DP90B demandou a necessidade de uma aplicação a menos que a cultivar Nu Opal. Doze aplicações de inseticidas foram comuns aos três tratamentos, sendo que destas, onze pulverizações visaram o controle do bicudo do algodoeiro e uma foi efetuada para o controle do ácaro branco. Na cultivar DP90B uma pulverização também se fez necessária para o controle de pulgão. Na cultivar Nu Opal, duas pulverizações adicionais foram efetuadas para o controle de infestações de Spodoptera cosmioides. Para o controle de lagartas na cultivar convencional foram efetuadas quatro aplicações (Fig. 1).

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 N o . p u lv e ri z a ç õ e s DP90B NU OPAL CONV

A.grandis P.latus A.argillacea S.cosmiodes

Figura 1. Pulverizações efetuadas para o controle de insetos alvos e não alvos do algodoeiro Bt comparativamente ao algodoeiro convencional. Santa Helena de Goiás, 2006/2007.

As amostragens detectaram a presença de ovos de curuquerê aos 34, 55 e 81 d.a.e. (Fig. 2a), sendo que no tratamento convencional as lagartas eclodidas destes ovos atingiram níveis acima do nível de dano econômico, necessitando o uso de controle químico, enquanto que nos tratamentos com algodoeiro Bt não foi constatada a eclosão das lagartas (Fig. 2b).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 34 55 74 90 110 N ív e l p o p u la c io n a l (% ) (a) 0 10 20 30 40 50 60 34 55 74 90 110 DAE DP90B NU OPAL CONV (b)

Figura 2. Flutuação populacional de (a) ovos e (b) lagartas de curuquerê Alabama argillacea amostrados em algodoeiros Bt1 e convencional. Santa Helena de Goiás, safra 2006/2007.

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A presença de ovos de Spodoptera cosmioides foi detectada na cultivar Nu-Opal em maior freqüência e na cultivar convencional Delta Opal, mais tardiamente, e não foi detectada na cultivar DP90B (Fig. 3a). Nas proximidades havia plantas de sorgo onde foi verificada presença do inseto em alto nível populacional. Entretanto, o controle químico foi necessário apenas no tratamento com a cultivar Nu Opal, tendo sido efetuado através de duas aplicações de inseticidas. Embora uma pequena população de lagartas tenha ocorrido no material convencional, não foi atingido o nível de dano econômico neste material (Fig. 3b), provavelmente devido ao controle químico demandado para as infestações de Alabama argillacea..

0 2 4 6 8 10 12 74 81 90 103 110 117 N ív e l p o p u la c io n a l (% ) (a) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 74 81 90 103 110 117 DAE DP90B NU OPAL CONV (b)

Figura 3. Flutuação populacional de (a) ovos e (b) lagartas de Spodoptera cosmioides amostrados em algodoeiros Bt1 e convencional. Santa Helena de Goiás, safra 2006/2007.

Nota-se assim a ocupação do nicho deixado pelos insetos alvos do evento na cultivar Nu-Opal por Spodoptera cosmioides. Outros trabalhos têm mencionado que infestações de espécies outras de Spodoptera sp. (ADAMCZYK et al., 1998), Helicoverpa sp. (OLSEN e DALY, 2000), e percevejos provenientes da soja (WU, 2004) têm ocorrido em lavouras Bt1.

Oviposição por mariposas da lagarta-da-maçã foi verificada no cultivar transgênico Nu-Opal; entretanto, as lagartas neonatas não conseguiram sobreviver após iniciar sua alimentação.

Não foram constatadas infestações de Pectinophora gossypiela em nenhum momento do ciclo dos três cultivares estudados.

CONCLUSÕES

As três cultivares demandaram o mesmo número de pulverizações de inseticidas para o controle de Anthonomus grandis e Polyphagotarsonemus latus. DP90B necessitou uma pulverização adicional para o controle de Aphis gossypii, Nu-Opal requeriu duas aplicações adicionais de inseticida para controle de Spodoptera cosmioides, e o cultivar convencional Delta Opal exigiu o uso de quatro aplicações adicionais para o controle de Alabama argillacea;

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Mariposas de Alabama argillacea ovipositaram nos três materiais, entretanto a eclosão das lagartas e o controle químico da geração F1 somente foi necessário no cultivar convencional;

Ovos de Spodoptera cosmioides foram detectados nos cultivares Nu-Opal e Delta Opal, entretanto o nível de controle estipulado para a espécie somente foi atingido no cultivar Nu-Opal. Provavelmente o controle de Alabama argillacea no cultivar convencional controlou indiretamente a população de S. cosmioides.

A espécie Heliothis virescens ocorreu em infestações bastante baixas, que não atingiram o nível de controle. As espécies Spodoptera frugiperda, Spodoptera eridania e Pectinophora gossypiella não ocorreram na área e no período experimental.

CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO

O presente trabalho confirmou a eficiência da proteína Cry1Ac presente no algodoeiro Bt1 contra duas espécies de lagartas (A. argillacea e H. virescens), mas evidenciou também que a mesma proteína não apresenta a mesma eficiência sobre a espécie S. cosmioides.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMCZYZ, J.J.; HOLLOWAY, J.W.; CURCH, G.E.; LEONARD, B.R.; GRAVES, J.B. Larval survival and development of the fall armyworm (Lepidoptera: Noctuidae) on normal and transgenic cotton expressing the Bacillus thuringiensis Cry1A(c) delta-endotoxin. Journal of Economic Entomology, v.91, n.2, p.539-545, 1998.

BOBROWSKI, V.L.; FIUZA, L.M.; PASQUALI, G.; BODANESE-ZANETTINI, M.H. Genes de Bacillus thuringiensis: uma estratégia para conferir resistência a insetos em plantas. Ciência Rural, v.33, n.5, p.843-850, 2003.

CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Retorno econômico do algodoeiro transgênico no Brasil. São Paulo: CEPEA/USP. 5p. Disponível em

http://cepea.esalq.usp.br/comunicacao/cepa_algodao.pdf. Acesso em 18/05/2007.

FREIRE, E.C.; FARIAS, F.J.C.; AGUIAR, P.H.; SIQUERI, F.; REIS, C.R. Redução nos custos de produção do algodão obtidos com uso de cultivares resistentes a viroses no cerrado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 2.,1999, Ribeirão Preto, SP. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, 1999. p.1-3.

HARRIS, F.A.; FURR Jr., R.E.; CALHOUN, D.S. Cotton insect management in transgenic Bt cotton in the Mississippi Delta, 1992-1995. In: BELTWIDE COTTON CONFERENCE, 2, 1996, Memphis. Procceedings... Memphis: National Cotton Council, 1996.p.854-859,

HUESING, J.; ENGLISH, L. The impact of Bt crops on the developing world. AgBioForum, v.7, n.1/2, p.84-95. 2004.

MIRANDA, J.E. Manejo integrado de pragas do algodoeiro no Cerrado brasileiro. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. 24p. (Embrapa Algodão. Circular Técnica, 98).

OLSEN, K.M.; DALY, J.C. Plant-toxin interactions in transgenic Bt cotton and their effect on mortality of Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae). Journal of Economic Entomology, v.93, n.4, p.1293-1299, 2000.

WU, K. Integration of Bt cotton in IPM systems: a Chinese perspective. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF ENTOMOLOGY, 21., 2004, Brisbane, Australia. Disponível em

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