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Impactos dos ciclones extratropicais em eventos extremos climáticos na Bacia do Prata: cenário atual e futuro.

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Universidade de São Paulo

Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas

Departamento de Ciências Atmosféricas

Monografia de Qualificação – Mestrado

Impactos dos ciclones extratropicais em

eventos extremos climáticos na Bacia do

Prata: cenário atual e futuro.

Aluna:

Nadiara Pereira

Orientadora:

Prof. Dr. Tércio Ambrizzi

São Paulo – Brasil

Março/2011

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Sumário

RESUMO...3

INTRODUÇÃO...4

Ciclones Extratropicais...4

Região de estudo: Bacia do Rio da Prata...6

OBJETIVOS...7

DADOS E METODOLOGIA...7

Modelo Numérico Regional...7

Simulações Climáticas Regionais...8

Rastreamento de Ciclones...9

Eventos extremos e técnica dos quantis:...10

Dados observacionais CPC...11

RESULTADOS PRELIMINARES...11

Evento: Ciclone Extratropical, dia 10 de julho de 2000...14

TRABALHOS FUTUROS...17

CONCLUSÕES PRELIMINARES...18

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RESUMO

Este estudo analisa ciclones extratropicais que se formam nas proximidades da região da Bacia do Rio Prata e os eventos extremos, aqui especialmente eventos extremos chuvosos, que este sistema ocasiona sobre a região. Ciclones extratropicais são muito estudados, justamente, por ser um sistema de grande escala e influenciarem fortemente nas condições de tempo na região em que se formam e atuam. Sobre a América do Sul, especialmente na região de Bacia do Rio da Prata, o desenvolvimento, intensidade e frequência destes sistemas estão fortemente associadas com a ocorrência de eventos extremos de precipitação intensos ou dias consecutivos de chuva entre outros eventos extremos como, por exemplo, queda acentuada da temperatura e intensos vendavais. O Estudo é focado na região da Bacia do Rio Prata, já que é ela é a segunda maior bacia da América do Sul (AS), sendo importante para o aproveitamento hidrelétrico, planos de interligação de bacias para navegação, abastecimento de água de grandes populações, irrigação, e muitos outros usos da água. Para a identificação de ciclones é utilizado dados climatológicos obtidos por esquemas automáticos de detecção de trajetórias e também simulados pelo modelo regional RegCM3. Para a verificação de eventos extremos de precipitação, é realizada a comparação entre as simulações numéricas do RegCM3 e dados observacionais do Centro de Previsão Climática (CPC). Através desta comparação observa-se que o modelo regional é capaz de simular a precipitação intensa causada por Ciclones Extratropicais e tem compatibilidade com os dados observacionais.

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INTRODUÇÃO

Ciclones Extratropicais

Os ciclones extratropicais tem papel fundamental na climatologia da precipitação sobre a região dos extratrópicos na América do Sul, já que são sistemas em grande escala que transportam calor e umidade na atmosfera. A importância deste sistemas vai além das influências que causam no clima. Os ciclones fazem parte do grupo de fenômenos severos de escala sinótica que trazem muitos impactos a vida humana. Já que são responsáveis muitas vezes por elevadas taxas de precipitação e também ventos intensos, são responsáveis também por prejuízos econômicos nas regiões afetadas. No oceano e, particularmente, no Atlântico Sul, a passagem de ciclones extratropicais provoca ressacas que atingem cidades importantes da costa brasileira, ocasionando impactos prejudiciais à região.

A América do Sul é uma região bastante afetada por estes sistemas e um dos motivos é a presença dos Andes, já que a ciclogênese é um fenômeno que se manifesta principalmente a sotavento das cadeias montanhosas (Sinclair, 1995). Através dos trabalhos de Taljaard (1967), Necco (1982 a e b), Gan e Rao (1991) e Sinclair (1994 e 1995) tem-se que a costa leste da América do Sul é uma zona ciclogenética.

Taljaard em 1976, foi um dos primeiros a estudar a distribuição e frequência de ciclones para o Hemisfério Sul, utilizando apena análise visual de mapas de pressão em Superfície. Ele estudou o período de julho de 1957 a dezembro de 1958 e encontrou maior frequência de ciclogênese nas latitudes médias, entre 35º e 55ºS, com máximos em 45ºS, preferencialmente nos setores oeste dos oceanos subtropicais.

Em 1991 Gan e Rao analisaram 10 anos de cartas sinóticas sobre a América do Sul e mostraram máximos de ciclogêneses nos meses de inverno (junho, julho e agosto) e mínimos nos meses de verão (dezembro, janeiro e fevereiro). Este estudo identificou duas regiões de maior ocorrência de ciclogêneses: sobre o Golfo de São Matias (42,5ºS e 62,5ºW) e Uruguai (31,5ºS e 55ºW). Estas duas regiões combinam dois processos ciclogenéticos importantes, que são a instabilidade baroclínica local e ciclogênese orográfica devido à presença dos Andes.

Estudos mais atuais aprimoraram os métodos de rastreamentos de ciclones e atualmente já se utiliza rastreamento automáticos, que podem ser aplicados para rastrear

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mínimos de pressão e de vorticidade.

Murray e Simmonds em 1991 criaram um algoritmo onde os centros de baixa pressão são detectados através de mínimos de pressão. A utilização da pressão apresenta algumas deficiências e pode produzir distorções na localização dos ciclones e tendência a favorecer um decréscimo na pressão central de um sistema fazendo com que, muitas vezes, sistemas móveis não sejam localizados.

Estudos posteriores(Sinclair, 1994) , utilizaram vorticidade relativa geostrófica, ao invés de mínimos de pressão no algoritmo de Murray e Simmonds. Esta variável permite incluir centros móveis adicionais entre as latitudes de 45º e 55ºS, além disso, pode capturar adequadamente atividade ciclônica transiente.

Utilizando o algoritmo de Murray e Simmonds, na pressão ao nível do mar da re-análise do NCEP entre 1973 a 1996, Pezza e Ambrizzi (2003) obtiveram uma climatologia de ciclones e anticiclones no inverno no Hemisfério Sul. Este estudo também mostra uma área com alta frequência de ciclones e anticiclones entre 30º S e 60º S, que é aproximadamente a posição climatológica no Hemisfério Sul da atividade transiente. Os autores investigaram ainda a variabilidade do processo de rastreamento e sua relação com os eventos El Niño-Oscilação Sul (ENOS). Eles escolheram alguns anos de El Niño e La Niña para a análise e obtiveram maior concentração de ciclone próximo à alta do Atlântico Sul subtropical durante os anos de El Niño, enquanto que a maior concentração próxima a alta do Pacífico Sul subtropical foi em anos de La Niña. Por outro lado, o rastreamento de ciclones mostrou uma maior variabilidade, com um excesso de baixas sobre o Pacífico subtropical, oeste da América do Sul e sul da Argentina durante os anos de El Niño e uma atividade mais pronunciada sobre o Atlântico subtropical e o sudeste da Austrália durante os anos de La Niña.

Reboita em 2008 utilizou rastreamento automático no rastreamento de ciclones em dados de reanalise do NCEP, para o período entre 1990 e 1999, utilizando vorticidade relativa do vento a 10m de altura e o valor mínimo de vorticidade para incluir sistemas inicialmente mais fracos. Esse estudo investigou apenas sistemas que se originam na costa leste da América do Sul e encontrou três áreas ciclogenéticas: leste do sul/sudeste do Brasil, Uruguai e leste da Argentina em aproximadamente 45oS. Além disso encontrou

maior freqüência sazonal de ciclogêneses é diferente em cada uma das áreas. No leste do sul/sudeste do Brasil e no leste da Argentina as ciclogêneses são mais freqüentes no verão, enquanto no Uruguai, no inverno.

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Análise de Tendências de Ciclogeneses e Modelagem Numérica

Simmonds e Keay (2000b) documentaram a variabilidade dos ciclones extratropicais no Hemisfério Sul entre 1958 e 1997 e observaram uma redução no número de ciclones ao sul de 40oS e aumento ao norte desta latitude. Nas latitudes mais altas o

decréscimo do número de sistemas é acompanhado por ciclones mais intensos e com maior dimensão. Segundo os autores, o número médio anual de ciclones entre 30o-70oS

decresceu cerca de 10% do início da década de 70 até o final da década de 90, o que pode estar associado ao aquecimento anômalo reportado no Hemisfério Sul neste período.

Pezza e Ambrizzi (2003) estudaram também a variabilidade dos ciclones extratropicais no inverno austral do período de 1973 a 1996. Da mesma forma que Simmonds e Keay (2000b), observaram uma redução do número de sistemas principalmente no final da década de 70, devido à redução de muitos sistemas fracos e predomínio de sistemas com maior intensidade.

Muitos estudos vem utilizando o rastreamento de ciclones em simulações do clima presente para verificar o desempenho dos modelos com o objetivo de utilizá-los no entendimento do clima futuro. Além disso preocupa-se evidenciar o crescimento dos gases de efeito estufa no presente para ver o efeito em cenários futuros. Por isso se faz muito importante os estudos como modelos regionais, para observar onde aspectos locais podem ter uma influencia maior no desenvolvimento ou ciclo de vida dos ciclones.

Região de estudo: Bacia do Rio da Prata

A área de interesse deste estudo é a região da bacia do Prata, que é a segunda maior do país e se estende entre Brasil, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Argentina Ela é formada pelos rios Paraguai, Paraná e Uruguai que juntos drenam uma área correspondente a 10,5% do território brasileiro, com 3,2 milhões de km². Ela abrange os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Dessa bacia obtém-se importante aproveitamento hidrelétrico, planos de interligação de bacias para navegação, abastecimento de água de grandes populações, irrigação, e muitos outros usos da água - que desconhece fronteiras políticas. É uma região altamente populosa e tem uma atividade agrícola muito extensa.

A região da bacia do Prata (BP) apresenta diferentes regimes climáticos, onde no seu setor norte caracteriza-se por verão chuvoso e inverno seco. O estabelecimento da Zona de Convergência do Atlântico Sul durante o verão controla a estação chuvosa no

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setor norte da BP . Na parte sul, os sistemas transientes atuantes garantem uma distribuição quase homogênea de chuva ao longo do ano. Entre os principais transientes estão os ciclones extratropicais e as frentes frias associadas. Os sistemas de mesoescala também possuem uma grande contribuição para as condições climáticas na parte sul da Bacia do Prata. Durante o verão eles são responsáveis por boa parte do tempo severo nesta região.

OBJETIVOS

Rastreamento ciclones e fazer o mapeamento da chuvas ocorridas durante a atuação do Sistema e a comparação da chuvas com a climatologia de extremos para a região de Estudo.

Investigar a contribuição de ciclones extratropicais para eventos extremos climáticos na Bacia da Prata no clima presente e futuro .

Avaliar o impacto dos cenários climáticos nas ciclogêneses sobre o Atlântico Sul, que também podem afetar a BP. Analisando possíveis mudanças no número de eventos, intensidade, região preferencial de ocorrência e duração.

DADOS E METODOLOGIA

Modelo Numérico Regional

O RegCM3 é um modelo compressível, em diferenças finitas, hidrostático e em coordenada vertical sigma.

Os processos de interação solo-planta-atmosfera no RegCM3 são parametrizados através do esquema Biosphere-Atmosphere Transfer Scheme (BATS) Dickinson et al. (1986). Neste esquema resolve a interação entre o solo e vegetação nas trocas turbulentas de momento, energia e vapor d’água entre a superfície e atmosfera. O BATS possui uma camada de vegetação, uma de neve e três camadas de solo em diferentes profundidades: uma de 10 cm de espessura, uma na zona de raiz (2 m de espessura) e uma de solo profundo (3 m de profundidade). Na presença de vegetação, as temperaturas do ar no dossel e na folhagem do dossel são diagnosticadas através do balanço de

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energia. O ciclo hidrológico é obtido através de equações de previsão do conteúdo de água nas três camadas de solo. Os transportes turbulentos de calor, momento e umidade na camada limite planetária (CLP) resultam do produto entre o gradiente vertical destas variáveis e o coeficiente de difusão vertical turbulenta.

O RegCM3 parametriza a transferência radiativa como no modelo global CCM3 (Community Climate Model 3), isto é, calcula separadamente as taxas de aquecimento e fluxos na superfície para a radiação solar e infravermelho sob condições de céu claro e nublado. Os cálculos na banda do infra-vermelho consideram as contribuições dos gases CO2, H2O, O2 e nuvens, enquanto que para a radiação solar considera os efeitos do CO2,

H2O, O3 e O2 . Além disso, inclui os efeitos dos gases de efeito estufa (NO2, CH4, CFC’s),

aerossóis atmosféricos e água de nuvem.

Simulações Climáticas Regionais

Já foram realizadas simulações climáticas com o RegCM3 para o clima atual e cenários A1 e B2. Estas simulações englobam grande parte do Oceano Atlântico Sul e da América do Sul, especialmente a costa leste, que possui intensa atividade ciclogenética (Reboita 2008). O downscaling com o RegCM3 usou 50 km de resolução horizontal e 18 níveis verticais. Os dados de fisiografia (cobertura vegetal e tipo de solo) e topografia para as simulações são os do United States Geological Survey (USGS) e Global Land Cover Characterization (GLCC), respectivamente, com resolução horizontal de 10 minutos.

As condições iniciais da atmosfera usadas para a simulação são da reanálise do ERA-Interim do European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF), para o período de 1989 a 2008. Esse conjunto de dados possui um espaçamento de grade de 1.5º de latitude por longitude. Para comparação com dados observados do CPC que tem resolução de 1°x1º, os dados da simulação foram interpolados também para 1º e o período utilizado foi de 1989 a 2007.

Rastreamento de Ciclones

O algoritmo usado para identificar e rastrear o ciclone extratropical identifica os ciclones através de mínimos de vorticidade relativa próximos à superfície.

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No algoritmo usado neste estudo, os ciclones foram identificados no campo de vorticidade do vento a 10 m de altura, calculado através da equação:

ζ10=∂v10 ∂x

u10

y (1.0)

Para a identificação e rastreamento do ciclone primeiramente o algoritmo identifica o minimo de vorticidade, após localiza a posição após o primeiro deslocamento e por fim busca pelas posições seguintes.

Na primeira etapa, os mínimos de vorticidade são identificados através do método do vizinho mais próximo, que compara a vorticidade em cada ponto de grade com a dos pontos mais próximos. Um ponto de grade é considerado centro do ciclone se apresentar vorticidade menor do que a dos pontos vizinhos e menor ou igual a um limiar pré-estabelecido. Na sequência, o algoritmo corrige a posição do centro do ciclone ao fazer uma nova procura do mínimo de vorticidade.

A trajetória de um ciclone é definida como uma sequência de posições no tempo {x(t),y(t)}, já sua duração é contada a partir da identificação do primeiro mínimo de vorticidade relativa até o desaparecimento deste. Os ciclones foram identificados quando um ponto de grade apresentou vorticidade menor do que a dos pontos vizinhos e menor ou igual ao limiar de ζ10 ≤ -1,5x10-5s-1.Este limiar foi utilizado por

Reboita (2008) e em seus testes ela mostrou que este valor de vorticidade, para uma grade com resolução horizontal de 2,5°, permite identificar os ciclones desde a fase inicial.

Por fim o algoritmo fornece a data de formação do ciclone e suas posições subsequentes até sua dissipação, o que permite a traçar sua trajetória. Em Cada ponto da trajetória têm-se informações de vorticidade, latitude e longitude.

Eventos extremos e técnica dos quantis:

Uma amostra de quantil é um número tendo a mesma unidade que o dado, o qual excede a proporção dos dados dada pelo subscrito p, com 0≤p≤1. A amostra quantílica qp

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pode ser interpretado aproximadamente como aquele valor do dado que excede um membro escolhido aleatoriamente do conjunto de dado, com probabilidade p(WILKS, 1995). Para o calculo dos quantis é necessário por os dados em ordem crescente, definir a ordem de cada valor e para cada valor definir sua ordem quantílica:Pi=i / N+1  , onde

N é o numero de elementos da série.

Por ultimo, se Pi com um Pi obtido, então: Q

P

=Q

Pi

=yi , já se P não coincidir,

há um índice i tal que Pi<P<Pi+1 , onde Q P é obtido por interpolação, onde:

Q

P

=yi

{

[

P−Pi

]

/

[

Pi+1Pi

]

}

[

yi+1yi

]

Pinkayan em 1966 realizou um dos primeiros trabalhos usando a técnica dos quantis para avaliar extremos secos e extremos chuvosos sobre os Estados Unidos. Em seu estudo utilizou os percentis: p=0,15, 0,35, 0,65 e 0,85, para delimitar respectivamente as categorias: Muito seco, seco, normal, chuvoso e muito chuvoso.

Neste trabalho é utilizado divisão para o calculo dos extremos chuvosos, considerando o percentil de 0,85 para calcular os extremos muito chuvosos para dados diários de precipitação.

Dados observacionais CPC

A simulação climática da precipitação do RegCM3 foi comparada com a climatologia de dados observacionais do Centro de Previsão Climática (CPC) para os meses de inverno sobre a América do Sul. Os dados de precipitação do CPC são diários com 1° de resolução horizontal sobre a América do Sul e foi utilizado o período entre os anos de 1989 a 2007.

RESULTADOS PRELIMINARES

Foram calculados através de dados do RegCM3 e do CPC médias climatológicas de precipitação para o período entre 1989 a 2007. Primeiramente foi feita uma climatologia anual para os dados(figura 1). Observa-se que o RegCM3 apresenta similaridade com os dados observados dos CPC, porém possui regiões um pouco mais secas, especialmente

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na região de interesse deste estudo, sobre o Uruguai e parte sudoeste do Rio Grande do Sul.

Após foi realizada uma análise sazonal dos dados, mas aqui são mostrados apenas as análise para a estação de inverno, considerada como os meses de Junho, Julho e Agosto(JJA). Para a análise de ciclones extratropicais foi dado preferência a eventos que aconteceram em meses de inverno já que algumas bibliografias (Gan e Rao, 1991), mostram que nesse período a ocorrência desses eventos é maior. Além disso, foi escolhido o inverno, por ser uma estação em que os Complexos Convectivos de Meso Escala estão menos atuantes, já que são sistemas que também respondem por muitos eventos extremos de precipitação sobre parte da região da Bacia do Rio da Prata durante o verão(Velasco e Fritsch, 1987). A figura 2 mostra o comparativo entre as médias climatológicas para os meses de JJA dos dados de precipitação do RegCM3 e os dados do CPC. Sobre a região da Bacia do Rio da Prata, mais uma vez o RegCM3 se mostrou um pouco mais seco sobre o sul do Brasil e o Uruguai, mas em geral sobre a América do Sul o RegCM3 representa bem a precipitação registrada pelo CPC

Figura 1 – Climatologia anual para o período de 1989 a 2007 para os dados de precipitação (a)simulados pelo RegCM3 e (b)observados do CPC.

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Figura 2 – Climatologia para para os meses de Inverno(JJA) no período de 1989 a 2007 para os dados de precipitação (a)simulados pelo RegCM3 e (b)observados do CPC.

Logo após foram calculados os eventos extremos chuvosos para os dados de precipitação. O cálculo foi realizado através de um algoritmo em Fortran, considerando como eventos extremos chuvosos o percentil superior a 85%.

Para os eventos extremos também foram calculados médias climatológicas para os meses de inverno(figura 3). A simulação do RegCM3 mostra que para ocorrerem extremos os volumes de chuvas são menores, já que em sua climatologia ele apresenta-se um pouco mais apresenta-seco do que as obapresenta-servações. Para os dados do CPC, os extremos apresentam valores mais elevados de precipitação sobre a região da Bacia do Rio da Prata.

(a) (b)

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Figura 3 – Climatologia de eventos extremos muito chuvosos para o percentil de 0,85 no período de 1989 a 2007 para os dados diários de precipitação (a)simulados pelo RegCM3 e (b)observados do CPC.

Após serem feitas as climatologias de precipitação, foi realizado o rastreamento automático dos ciclones extratropicais através de valores mínimos de vorticidade com limiar de ζ10≤−1,5 x 10−5s−1 , para o período de análise, entre 1989 e 2007. Através das

trajetórias dos ciclones, foram selecionados vários eventos que se formaram sobre a costa da América do Sul e que poderiam ter atingindo a região da Bacia do Rio da Prata ocasionando eventos extremos chuvosos. Analisou-se a precipitação para avaliar o quanto foram intensas as chuvas ocasionadas por estes sistemas e foram selecionados alguns eventos em que encontrou-se extremos chuvosos durante a passagem de um ciclone extratropical. Neste trabalho é apresentado apenas um dos eventos.

Evento: Ciclone Extratropical, dia 10 de julho de 2000

O evento aqui apresentado ocorreu no dia 10 de julho de 2000. Através do rastreamento e do ciclone(figura 4), observa-se que este sistema se formou sobre a costa da região Sul do Brasil em uma latitude de 31.75S e longitude de 50.00W , as 06UTC do dia 10. Após sua formação ele teve deslocamento para leste e durou aproximou 4 dias(100 horas). Pode se dizer que este sistema teve um tempo de duração acima da média. De acordo com Kruger 2009 os ciclones duram em média aproximadamente 3 dias tanto para a reanálise do NCEP como para os dados do RegCM3.

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Figura 4 – Trajetória do Ciclone Extratropical que se formou as 06:00UTC do dia 10 de julho de 2000 sobre a costa da região Sul do Brasil.

Através das imagens de satélite do Canal Infravermelho do satélite GOES-8, pode se observar a formação deste sistema através da estrutura da nebulosidade sobre a região. As figuras estão dispostas a cada 06 horas a partir das 06:00UTC do dia 10 de julho de 2000 até as 00:00UTC do dia 13 de julho, quando o sistema já encontrava-se afastado.

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Figura 5 – Sequência de imagens de satélite Goes – 8, no canal infravermelho, a cada 6 horas no período entre as 06:00UTC do dia 10 e as 00:00UTC do dia 13 de julho de 2000. Disponível em: http://satelite.cptec.inpe.br/pedidoweb/pedido.ListaLogs.logic

Para avaliar os extremos chuvosos ocorridos neste evento foi feito uma cálculo de anomalia de eventos extremos no qual subtrai-se a climatologia de extremos da taxa de chuva que ocorreu no dia de análise e obteve-se excedente de chuvas acima do percentil 0.85, considerado aqui como um evento extremo chuvoso.

As figuras abaixo apresentam as anomalias de eventos extremos da simulação do RegCM3 comparadas as anomalias dos extremos para os dados observados do CPC.

No dia 10 de julho de 2000(figura 6) observa-se extremos sobre a parte sul da Bacia do Rio da Prata, pelos dados simulados pelo RecCM3(6a). Os dados observados do CPC, também apresentam valores extremos, porém com uma estrutura diferente. Há valores de extremos sobre a região entre o norte do Rio Grande do Sul e o sul do Paraná e na região entre Bolívia, Paraguai e oeste do Mato Grosso do Sul. Comparando a simulação a área com chuvas é menor.

Isso acontece também no dia 11 de julho(figura 7), quando a simulação mostra extremos muito chuvosos mais generalizados sobre, principalmente, o Sul do Brasil e o

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Paraguai e os dados do observados mostram valores extremos sobre o Uruguai, onde o RegCM3 pega extremos somente sobre a fronteira com o Rio Grande do Sul, e apresenta extremos também sobre o interior da região Sul, mais uma vez de forma mais isolada.

No dia 13(figura 8) a precipitação simulada pelo RegCM3 ainda a mostra extremos sobre centro-leste do Sul do Brasil e observa-se que o ciclone já se afasta da costa da América do Sul. Para este dia os dados observados do CPC, não apresentam extremos chuvosos sobre a Bacia do Rio da Prata.

Como verificado por da ROCHA, 2009, a diferança entre os resultados da simulação e os dados observados, não significa erros da simulação, já que inicialmente a resulução do RegCM3 tem uma resolução alta representando melhor os eventos de precipitação. Além disso, os dados observados podem não estar representando bem caracteristicas de pequena escala e que são bem simuladas pelo modelo.

Figura 6 – Anomalias de eventos extremos muito chuvosos para o dia 10 de julho de 2000 para dados de precipitação em (a)simulados pelo RegCM3 e (b)observados do CPC.

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Figura 7 – Anomalias de eventos extremos muito chuvosos para o dia 11 de julho de 2000 para dados de precipitação em (a)simulados pelo RegCM3 e (b)observados do CPC.

Figura 8 – Anomalias de eventos extremos muito chuvosos para o dia 10 de julho de 2000 para dados de precipitação em (a)simulados pelo RegCM3 e (b)observados do CPC.

TRABALHOS FUTUROS

Fazer análise por regiões, correlacionado as regiões de maior ocorrência de ciclones com as regiões mais atingidas pelos eventos extremos ocasionados pelo sistema.

Análise dos dados para o clima futuro

(a) (b)

(18)

Análise clima presente e futuro de variáveis meteorológicas e circulação atmosférica

CONCLUSÕES PRELIMINARES

Através da análise de casos de eventos de ciclones extratropicais que atuaram sobre a Bacia do Rio da Prata. Observa-se que o RegCM3 consegue representar os eventos de chuva, bem como extremos na região de atuação do sistema. Através das simulações do modelo ficou em evidencia que os ciclones extratropicais são responsáveis pela ocorrência de grandes volumes de chuva sobre a região de estudo, que através da metodologia utilizada podem ser considerados como Extremos Chuvosos. Porém comparado aos dados observacionais, o RegCM3 superestima os extremos do evento. Os dados observados apresentam eventos extremos, mas com uma distribuição um pouco diferente e também em uma área menor.

Considerando a climatologia, tanto a anual, como a climatologia para os meses de inverno(JJA) e a de eventos extremos para os meses de inverno. Observa-se similaridade entre os dados e que o RegCM3 é um pouco mais seco sobre parte da região da Bacia do Rio da Prata se comparado aos dados observados.

Partindo disso, os valores superestimados para os eventos extremos chuvosos na simulação, podem ser devido ao modelo representar bem as chuvas de Ciclones Extratropicais. Também leva se em conta que, através da climatologia de extremos, para o RegCM3, extremos chuvosos apresentam valores menores de precipitação se comparados aos valores do CPC e por isso ele consegue simular mais extremos. Além disso a resolução inicial do RegCM3 é melhor comparada ao CPC e por isso ele acaba pegando melhor as chuvas em pequenas áreas e os dados observados podem não estar representando bem caracteristicas de pequena escala.

Em geral os dados da simulação do RegCM3 representaram bem a distribuição da chuvas ocasionada pelo Ciclone que ocorreu no dia 10 de julho de 200o, bem como acompanhou o deslocamento do sistema.

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http://satelite.cptec.inpe.br.

Referências

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