Métodos de Imagem na Avaliação
evolutiva da esquistossomose
mansônica
1 INTRODUÇÃO
Esquistossomose mansônica
6-8 milhões de pessoas infectadas pelo
Schistosoma mansoni
30 milhões estão expostas ao risco de adquirir a
infecção
(KATZ; PEIXOTO, 2000; LAMBERTUCCI, 2010)
A grande maioria das pessoas infectadas pelo
Schistosoma mansoni
, que residem em áreas endêmicas para a doença, apresentam formas leves (assintomática e hepatointestinal) .Um pequeno percentual (2% a 8%) de portadores da infecção apresenta a doença hepática grave (Forma hepatoesplênica).
Hepatoesplenomegalia
Varizes esofágicas
Hemorragia Digestiva
Fibrose periportal
Forma Hepatoesplênica
sem varizes de esôfago
com varizes de esôfago
sem Hemorragia Digestiva
com Hemorragia Digestiva
ASPECTO CORTE FÍGADO COM FIBROSE
PERIPORTAL ESQUISTOSSOMÓTICA
Aspecto microscópico de fígado
esquistossomótico
SUPERFÍCIE FÍGADO COM FIBROSE
ESQUISTOSSOMÓTICA
Aspecto macroscópico de molde plástico da rede venosa
portal de roedor saudável e com esquistossomose HE
Aspecto macroscópico de Molde Plástico de Fígado de
roedor com esquistossomose HE avançada
Branco: rede venosa, redução importante.
Azul: veias hepáticas, preservadas
Vermelho: rede arterial, aumento densidade
Métodos utilizados na avaliação da
esquistossomose mansoni
▪
São mais importantes os métodos que avaliem a Fibrose
periportal e
Hipertensão Portal e que possam ser
repetidos para se observar evolução da doença:
▪
Ultrassonografia – US com Doppler
▪
Elastografia: Elastografia hepática transitória TE
▪
Elastografia por radiação acústica ARFI
▪
Ressonância Magnética
Ultrassonografia
O método ultrassonográfico (US) é o mais utilizado nas áreas endêmicas para diagnosticar a fibrose periportal.
Esse métodos é amplamente utilizado para o diagnóstico de pacientes crônicos, com a forma hepatoesplênica, a qual apresenta um padrão de anormalidades característico que a distingue da fase aguda da esquistossomose, bem como de outras patologias hepáticas.
Ultrassom na avaliação da Esquistossomose
▪
Diagnóstico da Morbidade na forma HE
▪
Método mais utilizado nas áreas endêmicas
(WHO) Classificação de Niamey – Padrões
de Fibrose
▪
Avaliação da Hipertensão Portal : fluxo (doppler)
↑ diâmetro do Baço
↑ diâmetro da veia porta
↑ diâmetro da veia esplênica
Circulação Colateral
Classificação de Niamey
Esta classificação baseia-se em padrões de fibrose que vão do A ao F.
Fibrose duvidosa
B
Fígado normalA
Fibrose periféricaC
Fibrose centralD
Fibrose avançadaE
Fibrose muito avançadaF
Classificação de Niamey
Fibrose Periportal
Padrão C
Fibrose Periportal - Classificação de Niamey
Fibrose Periportal
Padrão E
Estudo evolutivo de pacientes com esquistossomose
HE acompanhados no Hospital das Clínicas da UFPE
2009-2015
SELEÇÃO DE CASOS
Foram considerados casos pacientes não alcoólicos, com esquistossomose hepatoesplênica e fibrose hepática correspondente aos padrões D, E ou F de pela classificação de Niamey, selecionados no Ambulatório de Esquistossomose do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.
SELEÇÃO DE CONTROLES
Foram considerados controles pacientes residentes em áreas endêmicas para esquistossomose mansônica que receberam tratamento específico apenas uma vez nos últimos 10 anos e que apresentaram padrões A, B ou C. Esses pacientes foram selecionados no município de Vicência-PE.
RESULTADOS: pacientes com esquistossomose HE acompanhados de
2009 a 2015
Foram selecionados 737 casos.
PADRÃO D PADRÃO E PADRÃO F
39,2%
10,16%
48,69%
Do total de pacientes, 391 foram acompanhados por um período que variou de 1 a 10 anos, por meio de dados ultrassonográficos (US), para avaliação da evolução do padrão de fibrose. REGRESSÃO EVOLUÇÃO MANUTENÇÃO
51,7%
203
29%
114
18,9%
74
82,75% receberam tratamento
72,6% sexo feminino
Média de idade = 58 anos
73,3% receberam tratamento
56% sexo feminino
Média de idade = 58 anos
71,2% receberam tratamento
60,9% sexo feminino
Média de idade = 59 anos
Foram selecionados 600 controles
PADRÃO A PADRÃO B PADRÃO C66,6%
25,9%
7,4%
85% sexo feminino
Média de idade = 41 anos
Equivalência entre os sexos
Média de idade = 45 anos
55,5% sexo masculino
Alterações ultrassonográficas de pacientes com
esquistossomose HE com e sem esplenectomia
Jan-ag, 2017
107 pacientes
esplenectomizado
n°=57
Sem esplenectomia
n°=50
p
N°
%
N°
%
Padrão de Fibrose C D E F 1 1,75 1 1,75 37 64,9 18 31,6 3 6,0 2 4,0 29 58,0 16 32,0 0,578Tamanho lobo Direito Normal Aumentado Diminuido Tamanho LD (cm) 17 33,3 1 2,0 33 64,7 11,15 (10,10- 12,15) 32 64,0 1 2,0 17 34,0 12,16 (11,34-13,58) 0,008 0,0002 Tamanho lobo esquerdo
Normal Aumentado Diminuido Tamanho LE (cm) 30 58,8 6 11,8 15 29,4 8,07 (6,79-9,51) 37 74,0 9 18,0 4 8,0 8,58 (7,64- 9,64) 0,022 0,046 ARFI- lobo D (m/s) ARFI- lobo E (m/s) 1,45 (1,24- 1,68) 1,71 (1,41- 2,58) 1,55 (1,29- 2,07) 1,87 (1,59- 2,44) 0,685 0,340
Elastografia Hepática na esquistossomose
Controle N=17HEC
N=30
p
HCV cirrose
N=30
p
TE-H (kPa)3,8 (2,8-5,4)
9,7 (3,6-75)
< 0,001
27,0 (14,7-61,5)
<0,001
TE-E (kPa)16,5 (6,3-34,3)
66,4 (25,0- 75,0) <0,001
69,1 (18,0-75,0)
0,78
Veiga et al, 2017, Eur. J Gastroenterol.& Hepatol. Transient elastography evaluation of hepatic and spleen stiffness in patients with hepatosplenic schistosomiasisA elastografia pode ser uma ferramenta útil para diferenciar pacientes com H. portal devido a EHE da cirrótica. Elevação da rigidez esplênica é um marcador de hipertensão portal.
Elastografia Hepática na esquistossomose
Esmat et al,2013, Arab J of Gasttroenterol.. Fibroscan of chronic HCV pacientes coinfected with schstosomiasis.
Estudaram no Egito, 231 pacientes com HCV, 67 (29%) tinham anticorpo + para S. mansoni. Todos realizaram BX hepática e TE. Concluiram que a presença da infecção pelo SM dificultou a concordância entre os
resultados do Fibroscan e a Biopsia Hepática (Metavir), principalmente em relação aos pacientes com F2 e F3.
Ramzy et al, 2017,Acta Tropica. Impact of old schistosomiasis infection on the use of transiente elastography (Fibroscan) for staging of fibrosis in chronic HCV pacientes.
Estudaram com BX hepática, USG e TE,3 grupos de pacientes egípcios: 122
apenas com HCV; 122 com HCV e anticorpo+ para SM sem fibrose hepática e 108 com HCV+ SM e fibrose periportal. Concluiram que a não concordância entre os resultados do Fibroscan e Biopsia hepática se associaram apenas com maiores títulos de anticorpo antiesquistossomose.
Comparação das medidas do ARFI segundo o
Padrão de Fibrose em 217 pacientes com
esquistossomose
Variáveis
Todos os pacientes
ARFI- Lobo DMediana (P25;P75) p
ARFI- lobo E
Mediana
(P25;P75)p
Padrão C
Padrão D
Padrão E+F
53 (24,4%)
48(22,1%)
116(53,5%)
1,13 (0,93-1,20)
0,00011,35 (1,12-1,91)
1,43 (1,20-1,91)
1,34 (1,18-1,52)
0,00011,84 (1,47-2,90)
1,99 (1,53-2,54)
Teste não paramétrico:Kruskall-wallis ou Mann-Whitney; Diferença significativa entre os Padrões de fibrose direito e esquerdo C versus D (0,0001) e C versus E+F (0,0001)
Comparação das medidas do ARFI segundo Forma
clínica e condição de HDA e Esplenectomia
Variáveis (N= 217 ptes) Todos os pacientes ARFI- Lobo D Mediana (P25;P75) p ARFI- lobo E Mediana (P25;P75) p Forma clínica hepatointestinal hepatoesplênica HDA SIM NÃO Esplenectomia SIM Não 58 (26,7%) 147 (67,7%) 84 (38,7%) 133(61,3%) 60(27,6%) 157 (72,4%) 1,13 (0,95-1,26) 0,0001 1,41 (1,18-1,91) 1,48 (1,22-1,94) 0,0001 1,21 (1,03-1,46) 1,42 (1,17-1,94) 0,0339 1,26 (1,10-1,64) 1,34 (1,23-1,52) 0,0001 1,99 (1,53-2,62) 2,17 (1,57-2,61) 0,0001 1,49 (1,26-1,99) 2,06 (1,54-2,71) 0,0009 1,57(1,27-2,22)
Teste não paramétrico:Kruskall-wallis ou Mann-Whitney; Diferença significativa entre as formas clínicas:Lobo D e esquerdo forma hepatointestinal versus hepatoesplênica; e condição de HDA e Esplenectomia SIM versus não nos lobos D e esquerdo.
Índice de Perfusão Hepática (IPH) por angiocintilografia
em pacientes com esquistossomose HE
IPH
normal
25-40%
IPH %
Baço (cm)
V. Porta
(cm)
V.
Esplênica
(cm)
Varizes
esôfago
Contagem
Plaquetas
Grupo normal Média Sd Int. conf. 95%38,2
2,5
31,1-41,3
13,60
2,34
10,8-16,6
1,25
0,09
1,13-1,37
1,05
0,35
0,61-1,48
2 F0
3 F1
90,4
61
36,93-143,87 G. Anormal Média Sd Int. conf 95%48,80
6,0
45,3-52,3
17,1
3,8
14,9-19-3
1,26
0,33
1,07-1,45
1,06
0,44
0,81-1,32
1 F0 1 F1
2 F2
10 F3
66,0
22
54,48-77,52
p
0,0029
0,038
0,46
0,29
0,006
0,11
Carvalho et al, 2016, Dig Dis Sci.Increased Hepatic arterial blood flux measured by hepatic perfusion index in hepatosplenic schistosomiasis:new concepts for na old disease
Há aumento da perfusão hepática na esquistossomose HE e este aumento se correlacionou com severidade da Hipertensão portal.