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A relação entre o brincar e o desenvolvimento infantil: observando o recreio escolar de uma escola municipal de Delmiro Gouveia - AL

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS DO SERTÃO CURSO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA. ENNA ÉRICA DE FIGUEIRÊDO SILVA. A RELAÇÃO ENTRE O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL: OBSERVANDO O RECREIO ESCOLAR DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE DELMIRO GOUVEIA-AL. DELMIRO GOUVEIA – AL 2019.

(2) ENNA ÉRICA DE FIGUEIRÊDO SILVA. A RELAÇÃO ENTRE O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL: OBSERVANDO O RECREIO ESCOLAR DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE DELMIRO GOUVEIA-AL. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia, da Universidade Federal de Alagoas – Campus do Sertão, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Graduada em Pedagogia. Orientadora: Profa. Rodrigues dos Santos.. DELMIRO GOUVEIA – AL 2019. Msc.. Noélia.

(3) Catalogação na fonte Universidade Federal de Alagoas Biblioteca do Campus Sertão Sede Delmiro Gouveia Bibliotecária responsável: Renata Oliveira de Souza – CRB-4/2209 S586r Silva, Enna Érica de Figueirêdo A relação entre o brincar e o desenvolvimento infantil: observando o recreio escolar de uma escola municipal de Delmiro Gouveia – AL / Enna Érica de Figueirêdo Silva. – 2019. 63 f. : il. Orientação: Profa. Ma. Noelia Rodrigues dos Santos. Monografia (Pedagogia) – Universidade Federal de Alagoas. Curso de Pedagogia. Delmiro Gouveia, 2019. 1. Educação infantil. 2. Recreio escolar. 3. Brincadeiras. 4. Delmiro Gouveia - Alagoas. I. Título. CDU: 373.3.

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(5) AGRADECIMENTOS. Agradeço primeiramente a Deus, por sempre ter iluminado meu caminho e me dado forças. Aos meus pais por todo o esforço, apoio, amor e paciência durante essa jornada, onde sempre se sentiram orgulhosos pela minha educação e minha formação. A minha família, que sempre esteve comigo em todos os momentos da minha vida, incentivando sempre nessa trajetória acadêmica. Aos amigos da sala, pelo companheirismo que ao longo do tempo, se tornou uma família e contribuíram na minha formação. Em especial a Charleane, Liliane, Ivo Gustavo, Dirley e Meire Loane que foram fundamentais para que eu continuasse a buscar a realização do meu sonho, sempre motivando e ajudando de todas as formas possíveis. Aos meus amigos de longa data, Dinara, Junior e Viviane aos quais eu sou eternamente grata pela amizade e pelo apoio recebido durante essa caminhada. A minha orientadora Noélia Rodrigues pela paciência e por todo o auxílio em todos os momentos desta pesquisa. À banca examinadora, agradeço pela disponibilidade em avaliar este trabalho. Agradeço a todas as pessoas que contribuíram nesse processo e me apoiaram..

(6) “Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem”. Carlos Drummond de Andrade.

(7) RESUMO O presente estudo teve como objetivo analisar as brincadeiras das crianças durante o recreio escolar na educação infantil, enfatizando as contribuições das mesmas para o seu desenvolvimento infantil. Iniciamos nosso estudo com um levantamento bibliográfico com teóricos que abordam a temática, contando com o suporte teórico de Ariès (2011), Kishimoto (2011), Chateau (1987), Barros (2009), Faria (2002), Bomtempo (1999), Brougére (2010), Cordazzo e Vieira (2008) dentre outros. Em seguida realizamos uma pesquisa de campo numa escola municipal de educação infantil em outubro de 2018. A coleta de dados na escola deu-se através da observação do recreio, tendo o diário de campo como instrumento. Participaram dessa pesquisa cerca de 119 crianças na faixa etária de 3 a 5 anos e foram observados 15 recreios, que nos permitiu dividir as brincadeiras em quatro tópicos de análise, a saber: faz de conta; brincadeiras com locomoção; conflitos/gêneros e influências midiáticas. Constatamos que as brincadeiras tradicionais juntamente com o faz de conta são as mais realizadas no recreio, havendo algumas novas significações para as mesmas, assim como questões de gênero / conflitos foram abordados, e como a mídia acaba influenciando a criança, refletindo consequentemente nas brincadeiras. Palavras-Chave: Recreio Escolar. Brincadeiras. Educação Infantil. Delmiro-Gouveia..

(8) ABSTRACT The present study aimed to analyze children's play during school play in early childhood education, emphasizing their contributions to their child development. We begin our study with a bibliographical survey with theoretical theorists, with the theoretical support of Ariès (2011), Kishimoto (2011), Vieira (2005), Chateau (1987), Barros (2009), Faria (2002), Bomtempo (1999), Brougére (2010) ,Cordazzo and Vieira (2008) among others. We then conducted a field survey at a municipal school for children's education in October 2018. Data collection at the school took place through recreational observation, and the field diary was used as an instrument. A total of 119 children aged 3 to 5 years participated in this study and 15 playgrounds were observed, which allowed us to divide the jokes into four topics of analysis: play with locomotion; conflicts / genres and media influences. With the results obtained, we conclude that traditional play along with the play is the most performed in the playground, with some new meanings for them, as well as issues of gender / conflict were addressed, and how the media ends up influencing the child, reflecting consequently in the games. Keywords: School Playground. Jokes. Child education. Delmiro Gouveia..

(9) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10. 2 AS VISÕES ACERCA DAS INFÃNCIAS ...............................................................12 2.1 Breve percurso histórico sobre a Educação Infantil e a Infância.........................13 2.2 A criança como um sujeito de direitos................................................................ 16 2.3 A parceria entre a família e escola..................................................................... 21. 3 O RECREIO E A IMPORTÂNCIA DO JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO .......................................................................................................23 3.1 O recreio ..............................................................................................................23 3.2 O jogo e a brincadeira ........................................................................................ 28 3.3 Brinquedo ........................................................................................................... 32. 4 METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DOS MOMENTOS RECREATIVOS ................34 4.1 Caminho metodológico ........................................................................................34 4.2 Caracterizações da escola e dos participantes da pesquisa ............................. 36 4.3 Descrições dos momentos recreativos ................................................................37. 5 ANALISE DE DADOS ............................................................................................43 5.1 Faz de conta.........................................................................................................46 5.2 Brincadeiras de locomoção .................................................................................51 5.3 Influências midiáticas...........................................................................................52 5.4 Gênero / conflitos.................................................................................................56. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 59 REFERÊNCIAS .........................................................................................................61.

(10) 10. 1 INTRODUÇÃO. A criança, para além do ambiente familiar, está inserida em espaços onde se depara com pensamentos, pessoas e costumes diferentes. Um desses espaços é a escola, que adquire um papel fundamental na construção da identidade do sujeito, para que esse seja ativo e crítico. Nesse espaço são desenvolvidas diversas atividades, inclusive a brincadeira. Ao introduzir as brincadeiras e jogos nesse âmbito, a sua função potencializadora é desenvolver as habilidades cognitivas, motoras, psicológicas do indivíduo. A brincadeira é uma atividade que ocorre naturalmente, faz parte do cotidiano de qualquer criança. E ao mesmo tempo em que ela educa, também proporciona novas descobertas, fazendo que a criança explore sua imaginação e o ambiente que a cerca. Trazendo em questão o conceito sobre brincar, possibilitando assim a construção de um indivíduo mais criativo, coletivo e autônomo, é a partir de jogos e brincadeiras que a criança aprenderá sobre regras constituídas por si ou pelo grupo, se torna capaz de interagir com pontos de vista diferentes e aprende a resolver conflitos. Nesse sentido, o recreio escolar assume um papel essencial na infância, um dos momentos mais esperados pelas crianças. Sendo um componente curricular é de suma importância observar os aspectos que englobam o espaço e o tempo reservados as brincadeiras das crianças. O interesse por este tema surgiu através das aulas das disciplinas de Desenvolvimento e Aprendizagem e Educação Infantil durante o curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas, Campus do Sertão. Além disso, a disciplina de Estagio Supervisionado II, estágio proposto para imersão do graduando na Educação infantil, oportunizou a discussão sobre a temática, bem como o primeiro contato direto com as crianças no recreio. Como isso, muitas perguntas surgiram e nos questionamos se a brincadeira possibilita o desenvolvimento da criança? De que maneira o tempo, espaço e ambiente são disponibilizados para a recreação? Quais os jogos, brincadeiras na instituição são realizadas e se as crianças sofrem influências e influenciam o meio? Buscamos então, responder a essas perguntas ao longo de todo o trabalho..

(11) 11. O trabalho foi iniciado com o levantamento bibliográfico de autores que já discutiram sobre a temática proposta, que possuem domínio sobre a área a ser debatida, decorrendo assim dos seus conceitos em relação aos jogos, brincadeiras, a importância da infância. Em seguida realizamos um estudo de caso em uma escola da rede municipal de Educação Infantil de Delmiro Gouveia-Alagoas, onde destacamos quais as brincadeiras desenvolvidas no período do recreio, entender as interações e relações entre si, para que haja um diálogo entre o teórico e a prática para fundamentar a pesquisa. Assim, nossa pesquisa teve como objetivo analisar as brincadeiras das crianças durante o recreio escolar na educação infantil, enfatizando as contribuições das mesmas para o seu desenvolvimento infantil. Este trabalho conta com quatro capítulos. No primeiro capítulo abordamos brevemente os processos da infância juntamente com a educação infantil. Em seguida tratamos sobre os direitos que ao longo do tempo foram moldando as leis que hoje atuam para assegurar a proteção e o desenvolvimento da criança, permitindo assim que seja vista como um sujeito de direitos perante a lei. Para isto foram usados alguns autores como Andrade (2010), Ariès (2011), Kramer (2000) e o uso de algumas leis e decretos com o intuito de fundamentar o estudo. O segundo capítulo aborda o recreio como um espaço possibilitador para o desenvolvimento da criança, evidenciando assim a sua importância. Tratamos do tempo destinado para essa prática e a importância deste como um espaço adequado para o uso das crianças. Em seguida fizemos a definição de jogo, de brincadeira e do brinquedo, pontuando a sua importância. Kishimoto (2011), Oliveira (2011), Barros (2012), Brougére (2010) entre outros autores, foram utilizados. No terceiro capítulo apresentamos a metodologia da pesquisa, descrevendo os processos utilizados, bem como os instrumentos de coleta de dados, à caracterização da instituição e dos participantes da pesquisa. Para isso utilizamos de autores como Gil (1987), Severino (2007), Ludke e Andrade (2012) e outros. Também foi feita uma breve descrição dos dias observados. No quarto capítulo fizemos a apresentação e a análise dos dados obtidos na pesquisa de campo, na qual pode-se observar a importância do recreio na vida da criança. As observações feitas nos permitiu a organização de 4 categorias para análise: faz de conta; brincadeiras com locomoção; conflitos/gêneros e influências midiáticas..

(12) 12. 2 AS VISÕES ACERCA DAS INFÂNCIAS. Neste capitulo será abordado um breve histórico sobre a infância e a educação infantil, juntamente com os direitos da criança e a relação entre a família e escola. Tanto a educação como a infância sofreram longos processos de adaptação de modo que contemplasse a criança da melhor maneira possível, sofrendo assim, mudanças não só voltadas para a criança, mas a sociedade passa por uma reorganização de pensamento e concepção em relação a mesma. A criança antigamente era um ser que servia somente para o trabalho. Nada além disso. Não havia sentimentos de afeição, muito menos de um amor voltado para o ambiente familiar. Só a partir de mudanças que ocorreram ao longo dos anos o modo de ver a criança vai se transformando e ganhando nova significação. Segundo Andrade (2000, p.10) “historicamente, a luta pela atribuição de autonomia e direitos à criança e ao adolescente constituiu-se em uma travessia das sociedades rumo ao reconhecimento a estes de direitos, tais como os atribuídos aos adultos”, tratam-se de processos que começaram a ser pensados devido ao olhar para a infância que foi modificada, e não cabia mais deixar as crianças sem amparos. Ainda conforme Andrade (2010, p.88) “as duas primeiras constituições brasileiras, a de 1824, outorgada no período imperial, e a de 1891, a primeira Constituição Republicana, nada mencionam a respeito da infância”. Sendo assim, a criança não tinha vez e voz perante a sociedade em termos de leis. Os direitos das crianças assim como em relação a sua infância vem passando por constantes modificações, e ao ter essa concepção mudada, as leis precisaram surgir como meio de garantir que a criança fosse realmente tratada como tal, como forma de proteger aqueles que ainda não são capazes de se defender sozinhos. A elaboração dos direitos das crianças, promovida pela Constituição de 1988, foi um ponto determinante garantindo assim subsídios importantes para a formação e construção da sua identidade, fortalecendo recursos básicos e necessários para manter a mesma sob bons cuidados, e assegurar sua educação. São direitos que vão desde seu nascimento, receber um nome, uma nacionalidade, direito a vida, a uma alimentação adequada, a liberdade, respeito e dignidade, a educação, esportes, a cultura e dentre outros direitos que vão sendo incorporados a diversos documentos..

(13) 13. Todas as medidas providenciadas foram importantes para que a criança tivesse o amparo não só da família, mas do Estado, permitindo ser reconhecida perante a lei. Sendo importante ter uma relação entre família, Estado e escola, como ponte para que este desenvolvimento se concretize de maneira eficaz em relação ao desenvolvimento e progresso da criança nos seus primeiros anos de vida, que são os anos mais importantes. A Educação Infantil vai ganhando cada vez mais espaço no cenário da educação brasileira, como por exemplo, a partir de novas leis e parâmetros, que vão sendo criadas para assegurar a criança em seu desenvolvimento. Para isto, utilizaremos idéias e pressupostos de alguns autores como Ariès (2011), Kramer (2000), Kishimoto (2011), Faria (2002) dentre outros, bem como leis que visam assegurar que estes direitos sejam cumpridos.. 2.1 Breve percurso histórico sobre a Educação Infantil e a Infância. A Educação Infantil sofreu várias transformações com o passar do tempo. A infância nem sempre foi valorizada, a ideia que se tinha da infância nem sempre existiu e nem foi da mesma maneira. A criança era despercebida perante a sociedade. Hoje há inúmeras pesquisas voltadas a essa temática, como por exemplo, os autores que serão citados nesta obra, na qual a criança é percebidas em suas especificidades, de sentimentos e portadora de uma identidade tanto pessoal, como histórica, possuindo o seu espaço. Kramer (2000) afirma que as crianças são seres sociais, possuem uma história, estão inseridas em uma classe social, sendo assim, pertencem ao lugar que vivem, tendo suas próprias linguagens e costumes. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) reforça que: A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca (BRASIL, 1998, p.21)..

(14) 14. Ao nascer em um determinado lugar a criança adquire características desse espaço, que ao longo dos anos irão moldando-a de acordo com as vivências e aprendizagens, porém nem sempre se tinha está visão em relação à criança. Ariès (2006) retrata que a visão que se possuía em relação à criança foi sendo modificada ao longo do tempo. Não havia uma preocupação voltada para a criança antes do século XII. De forma geral, a sociedade não se importava com as condições das crianças, o que resultava em altos índices de mortalidade infantil na época, tal fato era considerado natural, sendo vista a criança como um ser, a priori, insignificante, que podia ser substituído, não havia um amor materno e sim social, isso se dava pelo fato de não possuírem uma ligação familiar, a criança era apenas um ser contribuinte socialmente como um adulto, onde seria colocada para trabalhar. Só a partir do século XVII que há o surgimento de um novo sentimento voltado para a criança. Kishimoto (2011) explica que a criança não era vista com bons olhos, havia um olhar negativo sobre elas, tidas como um ser humano em miniatura, sem originalidade, sem importância. Ariès (2006) pontua que crianças eram colocadas no mesmo ambiente que os adultos, presentes em reuniões, trabalhos, brincadeiras pejorativas, vulgaridades, isto porque não acreditavam na existência de uma inocência, era uma fase vista sem relevância. Somente a partir do século XVI, com a preocupação da Igreja e de políticos, as mudanças em relação ao infanticídio e aos trabalhos realizados pelas crianças, com o intuito de preservar e cuidar passam a ter uma nova concepção. As pessoas relacionavam a imagem da criança à imagem do Menino Jesus e sua mãe Virgem Maria, o que causava comoção. Consequentemente medidas de higiene foram tomadas e as crianças passam a ser educadas pela família e surge, o que Áries (2006) chama de sentimentos de paparicação e apego. Dado o momento desse contato maior com a família, questões como a educação são repensadas, principalmente em desvincular o mundo dos adultos com o mundo da criança, uma medida tomada foi em relação ao traje. Aries (2006, p.38) explica que: A adoção de um traje peculiar à infância, que se tornou nas classes altas a partir do fim século XVI, marca uma data importante na formação do sentimento da infância, esse sentimento que constitui a criança numa sociedade separa dos adultos..

(15) 15. Assim, a criança começa a ser reconhecida, o traje posteriormente se transforma em uniformes escolares. Começaria então o ingresso das mesmas em colégios, porém, logo estas roupas possuíam traços semelhantes a uniformes militares1. Ainda segundo Áries (2006), o sentimento de infância beneficiaria primeiramente os meninos e apenas tempos depois as meninas. Conforme Craidy e Kaercher (2001), a origem das instituições de ensino infantil está entrelaçada ao surgimento das escolas, por volta dos séculos XVI e XVII. É necessário ressaltar o papel da Igreja como um ponto importante para o processo de alfabetização, em virtude das disputas religiosas em relações aos seus fiéis para que os mesmos tivessem acesso a leitura da Bíblia. Devido as novas mudanças sociais, políticas e econômicas que ocorreram na sociedade, logo depois da escola, surgem as creches e as pré-escolas, que estava associado a Revolução Industrial, bem como a inserção da mulher no mercado de trabalho. Nasce então, um novo modelo de organização familiar, no qual as crianças não eram mais submetidas ao convívio de vários adultos em um local. Há, portanto, uma preservação da sua inocência, como forma de afastar a criança da exploração, possuindo uma visão em que “o papel da criança na sociedade e de como torná-la, através da educação, um indivíduo produtivo e ajustado às exigências desse conjunto social” (Craidy e Kaercher, 2001, p. 15). Nesse momento, a Educação Infantil envolve em dois processos, o de educar e cuidar, tratando-se a priori de uma educação assistencialista. A partir do momento em que as mulheres saem de suas casas para trabalhar, os seus filhos são deixados nas creches para que fiquem sob os cuidados durante esse período, ou seja, as intuições assumiam essa lacuna para a classe operária. Barbosa (2006, p 83) explica que “as primeiras creches brasileiras surgiram como um mal necessário, procurando atenuar a mortalidade infantil, divulgar campanhas de amamentação, atender as mães solteiras e realizar a educação moral das famílias”. Para Nunes (2011, p.17) “as creches geralmente visavam a cuidado físico, saúde, alimentação, formação de hábitos de higiene, comportamentos sociais”, ou seja, nessa época havia uma preocupação com as questões básicas da criança e com isso diversas instituições foram surgindo, como por exemplo, o Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Brasil. Ainda de acordo com Nunes (2011, 1. É importante pontuar que isto aconteceu apenas com as crianças burguesas, as demais, das classes populares, ainda se vestiam com trajes adultos, segundo Ariès (2006)..

(16) 16. p.22) “o Departamento de Segurança e Higiene do Trabalho passou a ser o órgão responsável pelas normas de instalação de creches em locais de trabalho” e o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN) desenvolveu um programa voltado para o nordeste chamado de Programa de Atendimento ao Pré-escolar, com o objetivo de fortalecer e dar suporte a criança. Para Kuhlmann (2010) a história da educação infantil está ligado a história da infância e ressalta que é impertinente não associar a história da assistência com a história da família e da educação, pois são elementos contribuintes para o estudo da infância.. 2.2 A criança como um sujeito de direitos A questão dos direitos da infância e o reconhecimento da criança como um ser de direitos, ainda é recente não só no Brasil em outros países (ANDRADE, 2010). Isto se dar ao fato da mudança e construção social que a família passou e da visão sobre a criança e sua infância, fazendo pertinente esse discurso sobre os seus direitos e isto se deu através de documentos internacionais dentre eles: a Declaração de Genebra (1924), que tinha como objetivo questões voltadas a proteção e as necessidades das crianças, tendo em vista que por serem pequenas sem o amadurecimento tanto intelectual como o físico, necessitaria de cuidados antes e depois do seu nascimento , ou seja, de proteção. Por sua vez, a Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959), permite à criança o acesso e o direto a educação gratuita e obrigatória, a um nome e nacionalidade, e de ser protegida contra o abandono e a exploração de trabalho, dentre outros direitos. Sendo assim, a criança passa a conquistar cada vez mais direitos que visem a sua proteção em vários âmbitos. Nesse sentido, a Convenção dos Direitos da Criança (1989), que segundo Andrade (2010), foi algo tida como inovador pois continha um teor internacional e universal sendo ratificado em 192 países, essa convenção teve como objetivo reunir documentos e medidas de proteção em um só de parâmetro internacional, tornando-se essenciais na elaboração de leis e na consolidação da mesma. A Declaração dos Direitos da Criança, proclamada pela Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas n.º 1386 (XIV), de 20 de novembro de 1959,.

(17) 17. traz em seu princípio 3º que a criança tenha a um nome e a uma nacionalidade e no princípio 4º que a criança deve se beneficiar da segurança social, com direito a crescer e a se desenvolver saúde, com alimentação adequada, com habitação, recreio e cuidados médicos. Ressaltando a mesma, tenha subsídios básicos que começam desde o seu nascimento, permitindo que se desenvolva com segurança e cuidados para a sua vida. Além disso, o princípio 7º afirma que a criança deve ter oportunidade para brincar e se dedicar a atividades recreativas, que devem ser orientados para os mesmos objetivos da educação; devendo a sociedade e as autoridades públicas se esforçar para promover o gozo destes direitos. No Brasil, segundo Craidy e Kaercher (2001), a partir da constituição de 1988 a criança é reconhecida como um sujeito em desenvolvimento. Para Andrade (2010), a década de 1980 foi pontual em relação a história dos direitos das crianças no Brasil, pois a movimentação internacional dos direitos da criança juntamente com os movimentos sociais do país, conseguiram instaurar uma nova visão em relação ao atendimento infantil. Kuhlmann (2010) reforça que a expressão educação infantil foi amparada em nosso país, devido a Constituição de 1998, bem como na Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional de 1996, tendo garantias especificas sobre o atendimento na faixa etária de 0 a 6 anos de idade. Nesse caso a Lei nº 9.394 de 20 de dezembro foi promulgada, contribuindo para a instalação da educação infantil, sendo está vinculada ao sistema educacional. Segundo o RCNEI “a educação infantil é considerada a primeira etapa da educação básica [...] tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade” (BRASIL, 1998, p.11), além disso, o texto faz referência a complementaridade entre as instituições de ensino infantil e a família. Cabe aos pais juntamente com o Estado, permitir que a criança tenha acesso a educação por meio da lei, assegurando a oferta de vagas na instituição na qual a criança deve estar matriculada numa escola ao adquirir a idade necessária. Sendo algo de direito da criança e obrigatório o acesso na educação básica, de acordo com a Lei N º 12.796, que trata sobre as diretrizes e bases da educação nacional, em seu artigo 2 garante que: À educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno.

(18) 18. desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 2013, n.p). Assim, cabe tanto aos pais como ao Estado garantir e assegurar que a criança esteja matriculada na escola, e que tenham uma educação de qualidade, tendo em vista o direito em relação ao seu desenvolvimento e a sua cidadania preservada. A lei garante ainda em seu artigo 29 que a educação infantil “[...] tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social” BRASIL, 2013, n.p), ou seja, a criança tem direito a brincar. Por mais que existam pessoas que pensem que a criança deva somente aprender dentro de uma sala fechada, por meio de repetições e tenha um pensamento que a aprendizagem não ocorra brincando, brincar é um direito que não deve ser negado. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trouxe a ideia de substituir o caráter assistencial e repressivo para uma concepção de proteger a criança, na qual assegura a proteção integral a mesma e determina que Art. 3º - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990, p.19). Deve-se proporcionar a criança possibilidades para que a mesma possa progredir em todos os aspectos do seu desenvolvimento, ressaltando também o dever da família e em assegurar o básico, incluindo a educação. Além disso, a lei garante em seu artigo 16, inciso IV, que é direito da criança “brincar, praticar esportes e divertir-se” (BRASIL, 1990a, p.25). A partir do momento em que a criança é reconhecida perante a lei, cabe aos responsáveis e ao Estado garantir que todas as determinações sejam cumpridas. Em seu artigo 53 estabelece que: A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;.

(19) 19. II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência (BRASIL, 1990a, p.46).. Cabe aos responsáveis, tanto o Estado quanta a família permitir que a criança tenha o acesso à educação visando um futuro para a mesma, tendo o pensamento para estar preparada e apta pra ser inserida no mercado de trabalho. O Decreto Nº 99.710 de 21 de Novembro de 1990, promulga a convenção sobre os direitos da criança, estabelece que sejam respeitados os direitos de crianças sem que haja discriminação de raça, cor, sexo, idioma, crença, opinião. Acrescenta ainda que seja assegurada à criança, a proteção e o cuidado necessários ao seu bem-estar (BRASIL, 1990b). Em 1994, O ministério da Educação elaborou a Política Nacional de Educação Infantil, que possui algumas diretrizes como:  A educação e o cuidado das crianças de 0 a 6 anos são de responsabilidade do setor educacional; É dever do Estado, direito da criança e opção da família o atendimento gratuito em instituições de Educação Infantil;  O processo pedagógico deve considerar as crianças em sua totalidade, observando suas especificidades, as diferenças entre elas e sua forma privilegiada de conhecer o mundo por meio do brincar;  A educação de crianças com necessidades educacionais especiais deve ser realizada em conjunto com as demais crianças, assegurando-lhes o atendimento educacional especializado mediante avaliação e interação com a família e a comunidade (BRASIL, 1994, p.17).. Em relação aos objetivos do documento, estabelece que:  Integrar efetivamente as instituições de Educação Infantil aos sistemas de ensino por meio de autorização e credenciamento destas pelos Conselhos Municipais ou Estaduais de Educação;  Assegurar a qualidade do atendimento em instituições de Educação Infantil (creches, entidades equivalentes e pré-escolas);  Garantir espaços físicos, equipamentos, brinquedos e materiais adequados nas instituições de Educação Infantil, considerando as necessidades educacionais especiais e a diversidade cultural (BRASIL, 1994, p.19).. São questões que o documento traz consigo, como forma de ressaltar a importância da criança estar na escola e ter os seus diretos cumpridos, possuindo também metas para serem alcançadas com o intuito de melhor a educação ofertada para as crianças..

(20) 20. Temos então, várias leis dão suporte para a criança em relação ao direito de brincar, de participar de atividades recreativas próprias da idade, ao lazer, ao descanso, a cultura. Sendo assim, é importante que a criança tenha contato com elementos que proporcionem o seu desenvolvimento. Segundo o RCNEI Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às crianças condições para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de desenvolvimento infantil (BRASIL, 1998, p.23).. Dessa maneira, é importante a escola ter no seu currículo formas para que a aprendizagem aconteça, principalmente se estas formas de ensinar estejam ligadas aos jogos, pois a criança nessa idade tende a aprender e a despertar o seu interesse através das brincadeiras. O aprender tornando-se prazeroso, pois trata-se de algo em que a mesma, não se sente pressionada a aprender por repetição. O documento que trata sobre os critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças (BRASIL, 2009), tem como finalidade defender a criança e pontuar os seus direitos, na qual este documento possui critérios para a unidade creche quanto na pré-escolar, que seriam os abaixorelacionados:  Nossas crianças têm direito à brincadeira.  Nossas crianças têm direito à atenção individual.  Nossas crianças têm direito a um ambiente aconchegante, seguro e estimulante.  Nossas crianças têm direito ao contato com a natureza.  Nossas crianças têm direito à higiene e à saúde.  Nossas crianças têm direito a uma alimentação sadia.  Nossas crianças têm direito a desenvolver sua curiosidade, imaginação e capacidade de expressão.  Nossas crianças têm direito ao movimento em espaços amplos.  Nossas crianças têm direito à proteção, ao afeto e à amizade.  Nossas crianças têm direito a expressar seus sentimentos.  Nossas crianças têm direito a uma especial atenção durante seu Período de adaptação à creche.  Nossas crianças têm direito a desenvolver sua identidade cultural, racial e religiosa (BRASIL, 2009, p.13).. Assim, as leis, os decretos, parâmetros e documentos citados anteriormente, possuem uma única função, a de garantir e assegurar que os direitos da criança sejam executados de forma que proporcione o desenvolvimento não só físico, moral ou intelectual, mas que transforme-a em um cidadão..

(21) 21. Os direitos conquistados aos longos dos anos tornaram-se primordial na sobrevivência das crianças, visto que estas adquiriram significação em relação a visão que possuía, sendo reconhecidas como sujeitos de direitos e que precisam de atenção. Vale ressaltar o papel da família, como responsável da criança, em zelar pela garantia de todos os seus direitos, de modo que estes sejam atendidos da melhor forma possível.. 2.3 A parceria entre a família e escola Segundo Neuenfeld (2003) devido à mudança que ocorreu na estrutura da família, bem como as suas relações, na qual a figura da mulher, que antes era voltada somente para o lar, acaba sofrendo modificação, saindo de casa para trabalhar, deixando uma lacuna. Como forma de preencher esse espaço, a educação acaba iniciando mais cedo. Craidy e Kaercher (2001) reforçam que o distanciamento da família por horas e uma nova rotina específica, acaba exigindo uma grande adaptação da criança. Ao entrar na escola, a criança ver-se em um mundo novo, na qual estabelecerá uma nova rotina, bem como aprenderá novas coisas, irá se desenvolver e criará novos ciclos de amizades, possuindo um vínculo importante durante a nova etapa da sua vida, ou seja, no primeiro momento a criança é retirada do vínculo familiar passando a integrar a vida escolar, com novas regras, horários e o espaço. Segundo Vieira (2005) a junção da família e escola é importante devido ao fato de ambas desempenharem papeis fundamentais na vida das crianças, durante as várias etapas pelas quais elas passam, “cabendo-lhes acompanhar, proteger, educar e favorecer o início da socialização da criança” (VIEIRA, 2005, p.79). Essa parceria torna-se essencial para que o desenvolvimento da criança aconteça da melhor forma possível e seja uma experiência agradável. É preciso dar continuidade em casa, aquilo que se é ensinado dentro da escola, para o RCNEI As crianças têm direito de ser criadas e educadas no seio de suas famílias. O Estatuto da Criança e do Adolescente reafirma, em seus termos, que a família é a primeira instituição social responsável pela efetivação dos direitos básicos das crianças. Cabe, portanto, às instituições estabelecerem um diálogo aberto com as famílias, considerando-as como parceiras e interlocutoras no processo educativo infantil (BRASIL, 1998, p.76)..

(22) 22. É preciso que família e escola tenham uma boa comunicação, afim de obterem melhores resultados no quesito do desenvolvimento da criança. A parceria deve ser de forma participativa e de extensão, estimulando tanto em casa como na escola. Para Azevedo (2014) a escola é um lugar de encontros, de socialização e de inclusão, as crianças podem ser livres, porém os espaços/tempo encontram-se cada vez mais limitados e reduzidos. E ainda defende que não se pode negar a criança o direito as suas vivencias e experiências, a sua infância, é por meio dela que a sua cultura é construída. Defende que as crianças devem ser ouvidas, aliás, são elas que utilizam o espaço e sabem daquilo que gostam. Sendo assim, é preciso torná-la um sujeito participante. Sendo assim importante a criança ter o acesso à escola, de modo que a aprendizagem e o seu desenvolvimento seja atendido. E uma maneira de observar este desenvolvimento, é no recreio, um espaço além da sala de aula, que ocorre a interação com o outro de maneira natural, nas quais as crianças iram decidir com quem iram brincar bem como quais as brincadeiras serão realizadas por elas..

(23) 23. 3 O RECREIO E A IMPORTÂNCIA DO JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO. Neste capitulo será abordado o recreio como um espaço que viabiliza o desenvolvimento da criança, bem como a importância do jogo, da brincadeira e do brinquedo, em especial na educação infantil, que é a primeira etapa da escolarização. Esses recursos tanto possibilitam momentos de aprendizagem e de desenvolvimento, como também de ludicidade, criatividade, entre outros.. 3.1 O recreio A hora do recreio é lembrada como um momento de correria, gritaria, muitas vezes caracterizada pelo barulho ensurdecedor. É nesse tempo e espaço que as crianças dividem-se entre o comer e o brincar. Com isso, esse lugar reservado na escola torna-se importante na vida da criança e são através das interações que ocorrem nesse momento que a mesma criará novas amizades e vínculos essenciais para a construção do seu ser. Os jogos, brinquedos e brincadeiras desenvolvidas ao longo do recreio, tornam-se fundamentais nesse processo, com isso é sempre importante buscar maneiras e meios de estimular as crianças de forma que aprendam de maneira divertida e prazerosa. É no recreio que a imaginação ganha um espaço especial. Lugares, objetos que passam despercebidos aos adultos, aos olhos das crianças ganham vidas dentro de histórias contadas, de brincadeiras improvisadas com os materiais disponíveis ou apenas o simples fato de correrem que evoluem para outras brincadeiras. Diante da legislação, o recreio e os intervalos são horas efetivas, como pontua o Conselho Nacional de Educação. Sendo assim, conforme o Parecer CEB nº05/97:. As atividades escolares se realizam na tradicional sala de aula, do mesmo modo que em outros locais adequados a trabalhos teóricos e práticos, a leituras, pesquisas ou atividades em grupo, treinamento e demonstrações, contato com o meio ambiente e com as demais atividades humanas de natureza cultural e artística, visando à plenitude da formação de cada aluno. Assim, não são apenas os limites da sala de aula propriamente dita que caracterizam com exclusividade a atividade escolar de que fala a lei. Esta se caracterizará por toda e qualquer programação incluída na proposta pedagógica da instituição, com frequência exigível e efetiva orientação por professores habilitados (BRASIL, 1997, p.4)..

(24) 24. O recreio, da mesma forma que o conteúdo passado dentro da sala de aula, promove o desenvolvimento da criança, sendo um espaço que tem como finalidade o crescimento e progresso do educando. Sejam os recreios dirigidos ou não, ambos possuem potencial educativo que devem ser levados em consideração na elaboração de uma proposta pedagógica. O Parecer CEB nº02/2003 pontua que:. Os momentos de recreio livre são fundamentais para a expansão da criatividade, para o cultivo da intimidade dos alunos mas, de longe, o professor deve estar observando, anotando, pensando até em como aproveitar algo que aconteceu durante esses momentos para ser usado na contextualização de um conteúdo que vai trabalhar na próxima aula. (BRASIL, 2003 p. 2).. É importante possuir esse olhar para as crianças nesse momento lúdico, e tentar enxergar possibilidades na qual o educador possa desenvolver atividades dentro da sala de aula de forma produtiva e que envolva a criança despertando a sua curiosidade. Através da observação do recreio, podem surgir situações na qual é possível construir uma aula, partindo daquilo que a criança vivenciou ou presenciou. Para Craidy e Kaercher (2001) o educador realiza o papel de “catalisador”, onde através dessa observação, descobre as necessidades e desejos implícitos nas brincadeiras. O recreio serve como um auxiliar no desenvolvimento infantil. É nesse espaço que as crianças são direcionadas para brincar com semelhantes da sua idade, sendo importante para a sua construção, comunicação e para a sua desenvoltura. Souza (2009, p.74) comenta que: Visto na perspectiva sócio histórica o recreio é parte do tempo escolar e possibilita as interações entre as crianças, como também é um momento de construção e saberes, é um espaço que se vivencia outras experiências tanto pelo brincar como pelas conversas entre os pares, ainda é mágico porque é um tempo esperado pelos estudantes e não importa a idade ou à série, todos esperam por um intervalo.. Desse modo, sejam crianças ou adolescentes, todos aguardam chegar esta hora para descontrair e interagir como os demais. É um momento de “descanso” de aulas mais teóricas para algo mais dinâmico e espontâneo, podendo ser livres, não possuindo muito controle dos adultos sobre seus atos e movimentos. O recreio vai além de promover estímulos, este configura-se como uma ponte entre o que acontece dentro da escola e fora dela. A partir disso, Pinno (2008, p.63 explica que “o recreio como um espaço de fronteira entre a escola e a rua, uma vez.

(25) 25. que, ao adentrarem a escola, os sujeitos passam a fazer parte de um novo cenário, no qual desempenham outro papel, que não aquele vivenciado em casa e na rua”. Embora as crianças brinquem fora do espaço escolar, como na rua por exemplo, ao ingressarem na escola passam a fazer parte de uma nova dinâmica na qual terão que se acostumarem-se a novos hábitos e regras, mas é possível implementar alguns costumes e brincadeiras que são feitas na rua e inseri-las dentro da escola e vice-versa. A rotina é um fator importante, é necessária para manter a ordem e criar uma espécie de “controle”, fazendo que a criança se adapte melhor ao ambiente. Na família muitas crianças não possuem uma rotina certa, além da alimentação, não possuem um horário para outras atividades, ao adentrar na escola, a criança terá que aprender a respeitar o tempo para cada atividade. Aqueles minutos reservados dentro da rotina da escola se tornam primordial na vida da criança. Dentro desse tempo, a mesma irá se expressar de maneira na qual não é possível dentro da sala de aula, em quatro paredes, limites esses que muitas vezes a criança tende a ficar sentada, quase imóvel, para que não atrapalhe a aula. Ao entrar numa escola na hora do recreio, no primeiro momento vemos crianças correndo para todos os lugares, fazendo algazarras, gritando, em momentos de desentendimento, de conflitos, mas é preciso olhar com calma para perceber que é ali que o desenvolvimento acontece, na concordância ou não do que se fazer dentro desse espaço e tempo. Durante o recreio as crianças passam a perceber as singularidades e particularidades de cada um, buscando resolver os atritos gerados de forma que todos fiquem satisfeitos. Porém, às vezes quando isto não acontece é necessário o adulto intervim. Para. Souza. (2009) as brincadeiras. escolhidas pelas. crianças. são. consideradas em partes como uma confusão, uma bagunça e tempo perdido para os adultos, eles não entendem como a brincadeira funciona na visão da criança, e por isso alguns defendem esse momento como uma ausência de aprendizagem. Faria (2002) ressalta que ao permitir que as crianças brinquem e possuam um horário para isto, estamos garantindo que as mesmas tenham um momento com e entre elas, usufruindo assim do espaço externo de forma que estimulem a sua imaginação e construções de novas formas de olhar este espaço..

(26) 26. Craidy e Kaercher (2001) aponta que Piaget, Vygostky e Wallon partem do pensamento que o desenvolvimento acontece a partir das trocas do sujeito com o meio, e que de acordo com as teorias sociointeracionista este processo estabelece que o desenvolvimento infantil é Um processo dinâmico, pois as crianças não são passivas, meras receptoras das informações que estão a sua volta. Através do contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambientes, bem como através da interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a capacidade afetiva, a sensibilidade e a auto estima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem (Craidy e Kaercher, 2001, p. 27). Através da interação com o meio que cerca a criança são criadas conexões que são extremamente importantes na vida da mesma. Craidy e Kaercher (2001) relata características de alguns teóricos citados acima como os estágios de desenvolvimento infantil de Wallon, destacando o estágio do Personalismo (três aos seis anos) período este que a criança entra na escola, ressaltando que nessa fase a consciência da criança é construída por si, por meio das interações sociais que ocorrem entre elas. Um fator potencializador é o momento do recreio, que possibilita estas trocas descobertas ocorram. Cabe ao professor impulsionar esse desenvolvimento, fortalecendo a construção da sua autoestima, confiança, proporcionando experiências pelas quais as crianças se sintam confortáveis naquele ambiente, no caso a escola. À medida que a criança cresce, as brincadeiras vão tomando uma dimensão mais socializadora,em que os participantes se encontram, têm uma atividade comum e aprendem coexistência com tudo que lhes possibilita aprender, como lidar com o respeito mútuo, partilhar brinquedos, dividir tarefas e tudo aquilo que implica uma vida coletiva (Craidy e Kaercher, 2001, p.104).. Ao ver crianças brincando, muitos não percebem o que uma simples brincadeira pode contribuir para a formação da criança, no momento em que a mesma interage, estar criando novos olhares, percebendo o outro como um indivíduo na qual pode contar e juntos criar um vínculo especial. Nesse momento a criança esquece o mundo externo e fica ali envolvida com o mundo na qual criou juntamente com o colega, buscando novos significados e representações para cada objeto e ação, incorporando seus sentimentos dentro da brincadeira. Chateau (1987) afirma que pensar na infância sem relacioná-la ao brinquedo, desconsiderando–o, seria algo desmerecedor pois no brincar a criança modela a sua.

(27) 27. forma de ser e agir. E tendo este pensamento, o mesmo nos levar a refletir como seria o mundo sem as crianças brincando: Suponhamos que, de repente, nossas crianças parem de brincar, que os pátios de nossas escolas fiquem silenciosos, que não sejamos mais distraídos pelos gritos ou choros que vêm do jardim ou do pátio, que não tivéssemos mais perto de nós este mundo infantil que faz a nossa alegria e o nosso tormento, mas um mundo triste de pigmeus desajeitados e silenciosos, sem inteligência e sem alma. Pigmeus que poderiam crescer, mas que conservariam por toda a sua existência a mentalidade de pigmeus, de seres primitivos (CHATEAU, 1987, p.14).. Chateau (1987) explica que ao privar a criança de ter uma infância que a desenvolva por completo, é negligenciar a sua infância, a sua desenvoltura, pois a criança é estimulada desde os seus primeiros meses de vida, e boa parte dessa estimulação se dar através de brinquedos que assumem um papel funcional, pois cada gesto e ato possui a intenção de exercitar a sua função intelectual ou física. Velasco (1996) pontua que quando a criança brinca desenvolve-se por completo, sejam as habilidades físicas, verbais ou intelectuais. Porém, a partir do momento em que a criança não brinca, sem estímulos que são necessários para o seu desenvolvimento, isso pode ocasionar possíveis conflitos, gerando adultos inseguros, medrosos, entre outras possibilidades, ou seja, ao brincar a criança socializa com os demais, criando um ambiente seguro e de aprendizagem de forma natural. Para Craidy e Kaercher (2001, p. 103) A criança expressa-se pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de se renovar a cada nova geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber, fazer, incorporando-o a cada novo brincar.. A brincadeira proporciona a criança um regaste cultural e histórico, são momentos passados de geração para geração e que ao longo do tempo sofrem algumas adaptações. Porém, a essência ainda continua, e isto acaba remetendo a memórias e lembranças daqueles que a transmitem. O recreio é responsável por render algumas memórias e lembranças, afinal nesse momento o mundo ganha novas possibilidades. Brincadeiras são marcadas na mente de todos aqueles que vivenciam e passaram por experiências sejam elas boas ou não..

(28) 28. O recreio escolar é um intervalo pequeno, porém, fundamental para a formação da personalidade das crianças; é um tempo onde acontecem fatos marcantes na vida de quem por ele passa, ficando lembranças boas e más, momentos de conquistas e derrotas como outros momentos (BARROS, 2012, p. 93).. O tempo do recreio se torna curto para as crianças se dividirem entre o lanchar e brincar, tendo muitas vezes a tendência de comerem rapidamente para poderem aproveitar melhor o tempo restante. É muito comum as crianças não voltarem de imediato assim que o sinal toca para a sala de aula, para elas o tempo se torna pouco para a diversão. Sob diversas perceptivas e interpretações, o recreio trata-se de um tempo para os professores descansarem, ou seja, pausar as suas atividades, deixando os alunos livres gastando a sua energia para voltarem mais calmos e cansados, ficando a supervisão das crianças para outros funcionários, Barros (2012, p.93) destaca que “há grande resistência dos professores em supervisionar ou direcionar atividades aos alunos, pois não querem abrir mão do intervalo a que tem direito”. Neuenfeld (2003) reforça que dentro desse período, cerca de 15 a 20 minutos, os professores vêem isso como um momento de se socializarem, jogar conversas fora e descansar, contar como foi o dia, é tido como um momento de relaxamento, pontuando que os alunos são deixados de lado e desconsiderados. O espaço para que ocorra o recreio é de suma importância no desenvolvimento da criança, como já falamos. É importante também, garantir a segurança das mesmas nesse espaço. Assim, a infra-estrutura da escola deve estar adequada para a idade da criança, visando seu conforto e seu bem-estar. É nesse espaço que a criança constrói seu eu, em razão de estar todos os dias na escola e deve sentir-se segura. Com isso, o recreio se tornou parte da educação da criança e indispensável na vida escolar, não se tratando apenas como um tempo desperdiçado para correr e gritar, mas de um espaço de aprendizagem através da interação com os seus pares.. 3.2 O Jogo e a brincadeira Segundo o Aurélio (2001, p.408), a definição de Jogo se dá como “atividade física ou mental fundada em sistemas de regras que definem a perda ou ganho”. Por sua vez, a brincadeira é definida como “ato ou efeito de brincar” e o brinquedo como.

(29) 29. “objeto para as crianças brincarem”. Os brinquedos, as brincadeiras e jogos assumem um papel além do lazer e do prazer da criança, mas também como papel de função pedagógica. O brincar tornou-se indispensável para o desenvolvimento da criança, é através dessa atividade que a mesma começa a ampliar a sua capacidade, tais como a imaginação, a imitação, a memorização e a socialização por meio das interações com as pessoas que as cercam, conhecendo a partir de então regras e papéis sociais. Segundo Barros (2009, p.54): O brincar, atividade essencial para o desenvolvimento infantil, não pode ser visto somente com fins didáticos para a alfabetização. Tem que ser percebida como uma atividade essencial e potencializadora do desenvolvimento, e que proporciona à criança durante seu processo a capacidade de ler o mundo adulto, opinando e criticando-o.. Como o autor trata, a brincadeira é essencial, por mais que leve o nome de brincadeira e soe como algo não sério ou não educativo. O brincar quando pensado e articulado consegue promover o desenvolvimento integral sem deixar de ser uma atividade atrativa e envolvente para a criança. Cabe a escola promover esse espaço para que haja essa interação, de modo a promover de fato, o desenvolvimento da criança Faria (2002, p. 213) pontua que “brincar com as crianças e permitir o tempo necessário para que elas possam criar, requer do adulto–educador conhecimento teórico sobre o brinquedo e o brincar”, ou seja, a criança sendo estimulada diariamente interage com o mundo ao seu redor e potencializa seu desenvolvimento cognitivo, motor, sensor, além da criatividade, sociabilidade, afetividade e a construção de um pensamento crítico. No ambiente escolar, o recreio torna-se um momento ideal para isto. Tanto o jogo quanto a brincadeira tendem a provocar estímulos nas crianças, mas nem sempre a sociedade teve esta visão. Segundo Kishimoto (2011), o jogo, durante a idade média, era visto como algo não sério associado ao jogo de azar, só a partir do Renascimento que o jogo infantil torna-se uma forma adequada para aprendizagem de conteúdos escolares, que está entrelaçada a nova percepção da infância, fixada no Romantismo, reconhecendo a criança como um ser de boa conduta, vendo a brincadeira como favorecedora do desenvolvimento da inteligência e facilitadora de aprendizagem, relacionadas aos conteúdo..

(30) 30. Oliveira (2011, p 234) ressalta que “o jogo infantil tem sido defendido na educação infantil como recurso para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças”. Kishimoto (2011) reforça que o jogo não pode ser considerado apenas como uma forma de passar o tempo, pois este proporciona ao desenvolvimento e a construção do conhecimento da criança. Ao introduzir jogos na Educação Infantil tende-se a se intensificar práticas educativas de forma mais prazerosas e divertidas, tornando-as mais atrativas para as crianças. Kishimoto (2011, p. 41) reforça que: Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.. É importante que o educador seja um agente possibilitador de atividades lúdicas, que tenha como objetivo não só ocupar a criança, mas que tenha projetos que potencialize a sua capacidade, tendo em vista o processo de construção do raciocínio e da interação. Kishimoto (2011) complementa ainda, que o trabalho pedagógico juntamente com o jogo tende a intensificar a construção do conhecimento, sendo necessária a estimulação e a motivação interna e externa. Torna-se necessário disponibilizar atividades que estimulem a participação, que por mais simplório que o jogo seja, ajudará a criança em seu desenvolvimento, aprendizagem e interação. É preciso estabelecer jogos de acordo com a idade da criança, facilitando a sua compreensão em determinada situações, como questões relacionadas a regras, noções de espaço e de gênero, por exemplo. O jogo não se trata apenas de um divertimento momentâneo, é um potencializador do desenvolvimento intelectual. Kishimoto (1998) comenta que os psicólogos demonstram uma atenção maior ao jogo dentro da faixa etária de 0 a 6 anos, pois é nessa etapa onde os jogos alcançam efeito maior no desenvolvimento. Acerca das brincadeiras, Kishimoto (2011) explica que é através destas que a criança se desenvolve naturalmente, estimulando a sua criatividade, reformulando novos pensamentos e comportamentos, descobrindo novas regras e construindo a linguagem. O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil explica que. O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as.

(31) 31. crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos (BRASIL, 1998, p. 27).. É na brincadeira que a imaginação e a imitação da realidade acontecem, a partir do momento que a criança exercita a sua capacidade de criar situações referentes ao seu cotidiano, por meio da reprodução, está colocando elementos e assumindo papéis na brincadeira, recriando e repensando as suas ações. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, (BRASIL, 1998, p. 27) o “brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil”. A criança sendo estimulada diariamente interage com o mundo ao seu redor e amplia. seu. desenvolvimento. cognitivo,. motor. e. sensor,. sua. criatividade,. sociabilidade, afetividade e a construção de pensamento crítico. Para Oliveira (2011) no momento em que a criança brinca o equilíbrio geral está sendo construído. Bomtempo (1999, p.2) acrescenta que na brincadeira o indivíduo “desenvolve capacidades físicas, verbais e intelectuais, tomando capaz de se comunicar”. Segundo Cordazzo e Vieira (2008, p 367) “a criança não brinca para se desenvolver, mas ao brincar acaba por ter influências no seu desenvolvimento e na sua aprendizagem”, ou seja, ao ter contato com a brincadeira e com a interação com o outro, a criança passa a mudar o seu modo de agir, tendo por consequência o seu desenvolvimento. É na socialização com seus pares que a mesma tende a compartilhar experiências e descobertas sobre o que as cerca, buscando compreender e trazer soluções para os eventos que possam surgir. A brincadeira de faz-de-conta é a ação mais importante para o desenvolvimento geral da criança na qual a imitação dar vida aos personagens de desenhos, super heróis, entre outros, personagens que vão ganhando vida e assumindo papéis em diferentes situações e lugares. Para Bomtempo (1996) “a utilização do jogo simbólico ou de faz-de-conta é outro recurso de grande valia, pois proporciona um maior desenvolvimento cognitivo e social à criança”. As brincadeiras de faz-de-conta está ligada fortemente a imaginação, surgindo aos 2 ou 3 anos, onde a criança começa a dar significados, expressar, e usar sua fantasia assumindo papéis, “brincando, a criança se inicia na representação de papéis do mundo adulto que irá desempenhar mais tarde”.

(32) 32. (BOMTEMPO, 1999, p. 2), isso é decorrente daquilo vivenciado na sua casa, sendo os primeiros pontos de referência na vida da criança. Segundo Hohmann (2011) o faz-de-conta é flexível e permite que as crianças se envolvem, se organizam e assumem controles nos acontecimentos relativos ao seu dia a dia, ajudando a dar sentido no seu mundo, através de pontos de referência. O brincar promove a construção da personalidade. No momento em que a criança brinca está num processo de experimentação de algo novo, de uma nova descoberta, e tudo ao seu redor ganha vida, cada objeto se torna um novo personagem na sua história, como por exemplo, o cabo de vassoura que vira um cavalo, um controle remoto torna-se em um telefone e as tampas de panelas se transformam em instrumentos musicais. As brincadeiras com caráter de papéis sociais, para Martins (2006), tendem a ser decisivas para o desenvolvimento completo da criança, é a partir deste que a mesma aprende a interagir e agir diante dos seus pares. Nesse sentido, Arche e Duarte (2006) explicam que os papeis sociais são um conjunto de pontos que neles estão as atitudes, os valores, as regras, a construção da memória, da atenção bem como a expressão, possibilitando a intermediação tanto com os indivíduos que brincam, como os que o cerca. Outra brincadeira seria a de construção. Para Kishimoto (2011) esse tipo de brincadeira tem como objetivo aumentar a experiência sensorial e a criatividade, ampliando as habilidades da criança, ou seja, as peças de encaixar, os tijolinhos são extremadamente importantes no estimulo da imaginação, do afetivo e intelectual. Portanto, a brincadeira e o jogo podem possuir diversas características, segundo Cordazzo e Vieira (2008), por exemplo, a necessidade da criança em se movimentar e testar as suas habilidades físicas, testando as suas forças e a sua agilidade, resulta nas brincadeiras de perseguição, boto-pega, polícia e ladrão, entre outras brincadeiras.. 3.3 Brinquedo Segundo. Kishimoto. (2011),. o. brinquedo. data. desde. a. época. do. Renascimento, e acabou ganhando espaço na expansão da educação infantil, tendo.

(33) 33. a conscientização deste como recurso educacional, que atua de forma prazerosa. Kishimoto (2011, p. 20) ressalta que O brinquedo é outro termo indispensável para compreender este campo. Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regra que organiza sua utilização.. Colocando as crianças em contato com o brinquedo, estas ganham um poder de reviver e reproduzir situações pelas quais estejam passando. Para Brougére (2010), no momento em que a criança manipula o brinquedo passa a dar vida ao objeto, identificando-se e transferindo uma imagem de si ao mesmo tempo, ou seja, a criança, a partir do momento que manuseia o brinquedo transfere para o objeto características da sua vivência, dando sentido daquilo que conhece, fazendo com que o brinquedo seja parte do seu eu, uma extensão da sua vida. A criança, ao se deparar com o brinquedo, constrói uma história com base naquilo que está acostumada e busca incorporar elementos fictícios para complementar a sua imaginação. Conforme Brougére (2010), ao ter contato com o brinquedo a criança demonstra uma relação pessoal com o objeto, relações essas que vão desde o sentimento de posse ao de perda, há uma ligação íntima que se afirmar na proporção em que o objeto se constrói. Ao ter contato com o brinquedo a criança naturalmente apropria-se do artefato, formando vínculo, criando relações ligadas ao emocional, trazendo para a sua realidade particularidades, isto é, a sua imaginação é desenvolvida conforme a idade, ampliando a interação e preenchendo as suas necessidades. Para Vigostsky (2007) o brinquedo tem sua estrutura em mudanças da necessidade e consciência, na qual muito daquilo que se é transferido para o objeto estar relacionado a reprodução da sua lembrança, é uma atividade que possui um propósito. A criança não vê o objeto como é realmente feito, no momento em que toma para si, dá ao objeto um novo significado, há uma nova representividade sendo construída, assim como uma linha de raciocínio para a ação..

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