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WelfareState

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Academic year: 2021

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CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE O SURGIMENTO DO WELFARE STATE E SUAS IMPLICAÇÕES NAS POLÍTICAS SOCIAIS:

UMA VERSÃO PRELIMINAR

Marineide Wieczynski*

O Welfare State surgiu nos países europeus devido à expansão do capitalismo após a Revolução Industrial e o Movimento de um Estado Nacional visando a democracia. Segundo (DRAIBE: 1988, 21) “seu início efetivo dá-se exatamente com a superação dos absolutismos e a emergência das democracias de massa.” O Welfare State é uma transformação do próprio Estado a partir das suas estruturas, funções e legitimidade. Ele é uma resposta à demanda por serviços de segurança sócio-econômica. Marta Arretch (1995: 11) diz que com a industrialização surge a divisão social do trabalho, isto implica num crescimento individual em relação à sociedade. Desse modo, os serviços sociais surgem para dar respostas às dificuldades individuais, visando garantir a sobrevivência das sociedades. E ainda salienta:

“As medidas de proteção aos pobres foram progressivamente deixando de tratá-los indistintamente, isto é, passaram a surgir políticas de atenção à heterogeneidade da pobreza” (1995:11). As fases do sistema de proteção social citada por FLEURY (1994), apontam claramente as mudanças das políticas de atenção à pobreza: 1600- 1880/Poor Laws: a pobreza era algo vergonhoso e as pessoas eram culpabilizadas pela situação que se encontravam;

1880-1914: os programas de seguros social estavam destinados a classe trabalhadora;

1918-1960: há uma ampliação dos programas sociais com o predomínio de Estado prover o mínimo quanto aos benefícios sociais;

1960-1995: instaura-se a universalização dos serviços sociais;

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1975 até os dias de hoje: diminuição da expansão estatal, início da crise do Welfare State.

A autora também arrola alguns autores consagrados que apontam suas considerações sobre a emergência do Welfare State. (TITMUS:1974), vê as medidas de proteção social a partir do desenvolvimento da sociedade industrial, afirmando que esta mesma sociedade foi quem gerou os problemas sociais. (WILEMSKI:1975), diz que o Welfare State é de responsabilidade estatal, é uma proteção social mínima, em níveis básicos de renda, e estes devem ser vistos como direito e não como caridade. (MARSHALL:1965) , relaciona o estado de bem-estar com o capitalismo. Acredita que sua essência está no sistema econômico e social como num todo. (BRIGGS:1961), tem sua teoria fundamentada do Estado moderno, afirma que o Welfare State surge por três razões básicas: garantia de renda mínima as famílias, dar segurança as famílias nas “contingências sociais: (doença/velhice) e assegurar a todos os cidadãos qualidade nos serviços sociais. (O’CONNOR:1977), enfatiza que as políticas sociais estão relacionadas com a acumulação e legitimação exercidas pelo Estado capitalista. (ESPING-ANDERSEN:1980), aponta que o Welfare State é o fruto das lutas de classes, ou, mais amplamente, é uma articulação das políticas redistribuição, sendo esta uma reprodução de uma ordem social. (FLORA & HEIDENHEIMER:1981), tem um posicionamento durkemiano, vendo o Welfare State como uma resposta as crescentes demandas por segurança socio-econômica da sociedade industrial, devido ao aumento da divisão do trabalho, à expansão dos mercados e da perda das funções de segurança das famílias na comunidade. (ALBER: 1991), designa que as políticas de proteção social são necessárias para promover a integração das sociedades devido a modernidade. (GOUGH:1979), descreve que a origem do Welfare State é encontrada no conflito de classes e no crescimento da classe trabalhadora, sendo este o resultado da organização e ação das massas.

Mas o Welfare State começa a apresentar seus primeiros sintomas de crise ainda na década de 70. (DRAIBE & HENRIQUE:1998), acreditam que esta crise surgiu da parceria entre Política Social e Política Econômica (Keynesiana), em que o Welfare deveria regular e estimular o crescimento econômico a ao mesmo tempo solucionar conflitos sociais.. Assim, ao autores

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descrevem alguns pontos sobre os motivos que geraram o aprofundamento da crise do Welfare State a partir da análise de vários estudiosos desse assunto;

A crise do Welfare State no trato econômico: o Welfare não esta passando por uma verdadeira crise; está apenas sofrendo mutações em sua natureza administrativa. Visto dessa maneira, os programas sociais necessitam de uma maior efetividade, por isso ele precisa mudar sua forma de organização. A auto-gestão dos programas sociais é a saída, sendo assim, deve-se repensar o seu financiamento.

Welfare State corresponde a falência do Estado: a expansão dos gastos públicos com a área social provoca déficits para o Estado, provocando a inflação e o desemprego Os programas socais são os responsáveis pelo desequilíbrio da competitividade entre os indivíduos no mundo do trabalho. “A solução passa pela redução dos programas tanto quanto possível, redução dos benefícios, controle do acesso e fraudes, austeridade no fornecimento de bens, privatização dos serviços, etc.” (DRAIBE & HENRIQUE:1988,58).

A crise do Welfare State é sobretudo uma crise de caráter financeiro-fiscal: com a diminuição das receitas públicas devido a crise econômica, ocorre a diminuição dos financiamentos para os programas sociais. Os programas sociais, por sua vez, não podem ser feitos através da imposição de impostos para as massas, já que estão economicamente desequilibradas. Portanto, a crise fiscal do Estado se expressa nos gastos sociais que aumentam cada vez mais, e o seu financiamento torna-se algo moroso.

Burocratização e centralização excessiva: a burocracia estatal é fragmentada, aumentando a ineficiência dos programas sociais. Por sua vez para manter-se no aparelho estatal a burocracia prolifera irracionalmente programas sociais para atender a grupos lobistas. Desse modo, o seu controle através da participação política das massas e da construção efetiva de políticas sociais não é permitido. Já a centralização desencadeia mecanismos de autoritarismo quanto a imposição de políticas e distribuição de recursos.

Perda de eficácia social: na visão conservadora a ineficácia dos programas sociais desencadeia para um Estado não distributivo. A solução é “assistir”

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financeiramente aqueles que são pobres e excluir os “vagabundos/os falsos desempregados”.

É uma crise de legitimidade e de baixa capacidade de resistência da opinião pública: essa argumentação central diz respeito à incapacidade das instituições estatais de gerar um sistema de legitimidade auto-sustentada, havendo assim, um aumento de conflitos sócio-políticos.

Colapso do pacto político do pós-guerra sobe ao qual o Welfare State se ergueu: após o pós-guerra, há autores que defendem a teoria de que os programas de políticas sociais surgiram para cobrir os riscos aos quais estariam expostos os trabalhadores, reforçando assim as atividades econômicas. Porém, com a crise econômica iniciada no início dos anos 70 o Welfare State esgotou sua forma básica entre a regulação estatal fundamentada na política econômica de Keynes com a articulação das políticas sociais.

A opacidade de responde aos novos valores pré-determinantes nas sociedades pós-industriais: o mundo industrializado substituiu rapidamente valores materiais por valores pós materiais, o que estariam gerando novas demandas para as instituições políticas e sociais, o que estas não estão devidamente preparadas para atendê-las. Exemplo: questão ecológica, lazer, etc.

O Welfare State no Brasil como aponta (DRAIBE, 1998), surge entre as décadas de 30 e 70 e possui as seguintes fases:

1930/1943: criação dos institutos de aposentadorias e pensões, legislação trabalhista, regulação de políticas nas áreas de saúde e educação. Há uma centralização dos recursos na Esfera Federal;

1945-1964: inovações nos campos da educação, saúde, assistência social e na habitação popular. Estas ações estavam guiadas sob a forma seletiva, heterogênea (benefícios) e fragmentada (institucional e financeiro quanto à intervenção social do Estado).

Déc. de 60 até meados da déc. de 70: supera-se a forma fragmentada e socialmente seletiva, há um espaço para a universalização (educação, saúde, assistência social, previdência e habitação). Este período segue alguns elementos importantes, tais como:

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a) 1965-77: há uma organização no interior do Estado quanto ao financiamento do Welfare State;

b) 1977-81: expansão massiva;

c) 1981-85: reestruturação conservadora; d) 1995-88: reestruturação progressista;

e) 1988 ....: definição do novo perfil (Constituição Federal)

VIANA(1998), cita ( SANTOS:1988) , o mesmo afirma que o sistema de proteção social no Brasil nunca será redistributivo, mesmo após sua reformulação, pois os atores que fazem parte do cenário político não são os canais reivindicatórios de igualdade. Mas sim, são uma instância política que expressam interesses apenas de alguns grupos. Com isso, o Estado possui um papel de benfeitor, assumindo ações de produtor e distribuidor de bens públicos.

Nesse aspecto, Sonia Draibe (1988), levanta alguns princípios pelos quais o Welfare State no Brasil foi construído, sendo caracterizado, pela centralização política e financeira no governo federal e nas ações sociais, fragmentação institucional, exclusão da população à participação política, o auto-financiamento social, a privatização e o clientelismo que ainda persiste em muitos segmentos sociais.

Diante disso, a autora aponta os caminhos para as políticas sociais no Brasil:

1º Descentralização político-institucional: é o espaço de discussão de políticas públicas com a população. Porém, segundo DRAIBE (1998), há dois problemas com isso: primeiro esses espaços nem sempre são democratizados, vindo a prevalecer um comportamento político arbitrário; segundo há uma ligeira tendência em reduzir as despesas, e isso poder ser um discurso político;

2º O social: a elevação do grau de participação popular em diferentes níveis de todos os processos de implantação das Políticas Sociais;

3º Setor privado/lucro:setor privado/sem lucro: é uma tendência de mudança nos modos de gerir os bens e serviços sociais. Alteram-se as relações entre Estado e mercado público e o privado, assim como, os sistemas de produção e consumo dos equipamentos sociais. Pode ocorrer uma desresponsabilização do Estado.

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4º distribuição de produtos/bens “in natura” a população pobre: é o fortalecimento do assistencialismo;

5º renda mínima: o valor proposto não garante plena cidadania aos indivíduos.

Os desafios para as políticas sociais segundo ESPING-ANDERSEN (1995) são o envelhecimento populacional, os serviços que garantem o pleno emprego e não mais as indústrias, declínio do provedor familiar do sexo masculino, mudanças no ciclo da vida (as pessoas se envolvendo mais com atividades várias atividades ao longo de suas vidas, pois não são constrangidas por estereótipos tradicionais de gênero e idade).

REFERÊNCIAS:

ARRETCH, Marta. Emergência e desenvolvimento do Welfare State: teorias explicativas. In: BID, Rio de Janeiro, nº 39, 1995, p.3-40.

DRAIBE, Sonia & HENRIQUE, Wilnês. Welfare State, Crise e Gestão da crise.IN: Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.3, nº 6, São Paulo: ANPOCS, 1988, P.53-78.

________ O Welfare State no Brasil, características e perspectivas. IN: Revista da ANPOCS, n. 12, 1988.

ESPING-ANDERSEN, GOSTA. As três economias do Welfare State. IN: Revista Lua Nova, n.24, São Paulo, CEDEC, 1991, P.85-115.

________ O futuro do Welfare State na nova ordem mundial. IN: Revista Lua Nova, n 35, São Paulo, CEDEC, 1995, P.73-112.

FLEURY, Sonia. Em busca de uma teoria do Welfare State. IN: Estado sem cidadãos. Rio de Janeiro, Fiocruz, 1994, p.101-118.

GIDDENS, Anthony. Para além da esquerda e da direita. São Paulo, UNESP, 1996, P.153-172.

VIANA. M.L.W. A americanização da seguridade social no Brasil. Rio de Janeiro, Revan: UCAM, IUPERJ, 1988, p, 17-51.

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