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Raciocínio baseado em casos na confecção de termos de referência para contratações públicas

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(1)

DANIEL VITOR SANTOS JULIÃO

RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS NA CONFECÇÃO DE

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Universidade Federal de Pernambuco posgraduacao@cin.ufpe.br www.cin.ufpe.br/ posgraduacao

RECIFE 2016

(2)

Daniel Vitor Santos Julião

Raciocínio Baseado em Casos na Confecção de Termos de Referência para Contratações Públicas

Este trabalho foi apresentado à Pós-graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciência da Computação.

ORIENTADOR: Frederico Luiz Gonçalves de Freitas

RECIFE 2016

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Catalogação na fonte

Bibliotecária Monick Raquel Silvestre da S. Portes, CRB4-1217

J94r Julião, Daniel Vitor Santos

Raciocínio baseado em casos na confecção de termos de referência para contratações públicas / Daniel Vitor Santos Julião. – 2016.

104 f.: il., fig., tab.

Orientador: Frederico Luiz Gonçalves de Freitas.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CIn, Ciência da Compuatação, Recife, 2016.

Inclui referências e apêndices.

1. Inteligência artificial. 2. Raciocínio baseado em casos. I. Freitas, Frederico Luiz Gonçalves de (orientador). II. Título.

006.3 CDD (23. ed.) UFPE- MEI 2017-188

(4)

Daniel Vitor Santos Julião

Raciocínio Baseado em Casos na Confecção de Termos de Referência

para Contratações Públicas

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciência da Computação

Aprovado em: 05/09/2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Prof. Dr. Fernando da Fonseca de Souza

Centro de Informática / UFPE

__________________________________________ Prof. Dr. Marcus de Melo Braga

Instituto de Computação / UFAL

__________________________________________ Prof. Dr. Frederico Luiz Gonçalves de Freitas

Centro de Informática / UFPE

(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal de Pernambuco - notadamente ao Centro de Informática - por me proporcionar estrutura física e abstrata para a confecção não somente deste

documento, mas a continuação de toda uma história de vida.

Ao meu orientador, o professor Dr. Frederico Luiz Gonçalves de Freitas, pelas manhãs, tardes e ligações de orientação, pela paciência, pela oportunidade da realização deste trabalho e perspectivas da realização de trabalhos futuros.

A minha família por acreditar em mim, principalmente minha mãe, Aldenisa Santos, por estar sempre presente, apesar de suas mil e uma ocupações, mesmo quando tudo parecia que iria dar errado.

Aos amigos em geral que me ouviram reclamar do quanto ainda faltava para o término deste documento, e ouviram pacientemente minhas ideias sobre o tema, prin-cipalmente minha noiva, Renata Didier, pelo companheirismo e pela compreensão da necessidade de conclusão dessa etapa da minha vida.

Aos colegas de trabalho que de todas as formas procuraram incentivar e até mesmo aliviar a carga quando necessário, para que eu terminasse este documento, representados aqui pelos companheiros que fizeram e fazem parte da UOSM, Petrônio Medeiros, Daniele Santos, Luiz Moraes, Liliane Nascimento, Danilo Paz, Marconi Clementino e Mariana Duque, porém não se limitando a esses.

A Filipe Santana, que mesmo com tempo apertado, prazo e cobranças, pode ajudar da melhor forma possível com dicas e os conceitos valiosos de sua experiência anterior.

Aos colegas da pós-graduação, com os quais tive oportunidade de aprender e desenvolver projetos e conhecimentos que levarei pra toda a vida.

(7)

“Um passo à frente, e vôce não está mais no mesmo lugar.” (Chico Science)

(8)

RESUMO

Todos os dias, os órgãos públicos precisam de contratos firmados com terceiros para a manutenção de suas operações, o fornecimento de seus serviços, ou o atendimento às suas demandas internas, como a execução de obras de engenharia, aquisição de equipamento e até mesmo a aquisição de sistemas de informação específicos. A licitação é o procedimento administrativo pelo qual a Administração Pública expõe suas necessidades e intenções, de modo a exprimir vontade de celebrar contrato administrativo, visando encontrar a proposta mais vantajosa, por meio da publicação de Termo de Referência ou Projeto Básico. Esse tipo de documento contém todas as definições necessárias e suficientes para os procedimentos administrativos. Na maioria dos casos, para cada uma das aquisições ou contratações diferentes, é necessário a confecção de um documento e seus artefatos constituintes, o que pode ser uma tarefa de alta complexidade, além de onerar o tempo dedicado às atividades de gestão propriamente dita, executadas diariamente pelos representantes dos órgãos públicos incumbidos de tais responsabilidades. Com a fundamentação teórica dos processos licitatórios de aquisições e contratações e a análise das técnicas do Raciocínio Baseado em Casos (RBC), mais fortemente do Raciocínio Baseado em Casos Textual (RBCT), foi possível o desenvolvimento de um protótipo de aplicação de RBC para a execução de quasi-experimento visando verificar, pela realização de teste de hipóteses, como a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) torna mais ágeis as tarefas referentes ao domínio da confecção de Termos de Referência. Assim, a presente pesquisa visa apresentar o uso do Raciocínio Baseado em Casos, como forma de auxiliar os gestores públicos, agilizando suas exaustivas buscas por material que venha a ser útil, tornando seus processos e tarefas cada vez menos demorados.

(9)

ABSTRACT

Every day, government entities need contracts with third parties for the maintenance of its operations, the provision of their services, or meet their inner demands, such as the execution of engeneering works, aquisition of equipment and even to purchase specific information systems. Bidding is the administrative procedure by which the Public Administration exposes your needs and intentions, in order to express willingness to signing administrative contract, aiming to find the most advantageous tender, publishing Terms of Reference or Basic Project Project. This type of document contains all the necessary settings and sufficient for administrative procedures. In most cases, for each acquisition or different contracts, the production of a document and its constituent artifacts is necessary, which can be a highly complex task, and encumber the time devoted to actual management activities carried out daily by representatives of those government entities entrusted with such responsibilities. With the theoretical basis of the bidding processes and the analysis of techniques of Case Based Reasoning (CBR), more strongly the Textual Case Based Reasoning (TCBR), it was possible to develop a CBR prototype application to execute a quasi-experiment in order to verify, by performing hypothesis testing, how the Information and Communication Technology (ICT) become tasks of preparation of Terms of Reference more agile. Thus, this research presents the use of Case Based Reasoning, in order to assist public managers, streamlining their exhaustive search for material that will be useful, making its processes and tasks less and less time consuming.

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Processo licitatóri . . . 35

Figura 2 – Modelo do RBC . . . 39

Figura 3 – Ciclo do funcionamento do RBC . . . 42

Figura 4 – Representação de um caso . . . 44

Figura 5 – Representação orientada a objetos. . . 46

Figura 6 – Espaço de busca hipotético e sua árvore K-dimensional . . . 47

Figura 7 – Processo de recuperação de casos em sistema de RBC . . . 54

Figura 8 – Modelo MAC/FAC . . . 55

Figura 9 – Exemplo de stemming . . . 60

Figura 10 – Exemplo de retirada de stopwords . . . 61

Figura 11 – Provisão de representação estruturada de um caso . . . 62

Figura 12 – Exemplo de tela do SMART . . . 65

Figura 13 – Tela de pergunta do FAQFinder . . . 67

Figura 14 – Recuperação de processos judiciais . . . 68

Figura 15 – Exemplo da interface do Colibri Studio v0.9beta . . . 71

Figura 16 – Arquitetura em duas camadas do jCOLIBRI . . . 72

Figura 17 – Estrutura do caso . . . 73

Figura 18 – Organização da persistência da Base de Casos . . . 74

Figura 19 – Seleção da forma de organização dos casos em memória . . . 75

Figura 20 – Organização física da Base de Casos em arquivos de texto . . . 76

Figura 21 – Resultado da recuperação . . . 79

Figura 22 – Experiência em gestão públicao . . . 82

Figura 23 – Experiência com processos licitatórios. . . 82

Figura 24 – Procedimentos na confecção de Termos de Referência . . . 83

Figura 25 – Percepção de melhoria dos participantes . . . 85

Figura 26 – Grau de satisfação dos participantes (Escala de Likert) . . . 85

Figura 27 – Melhorias no protótipo de aplicação de RBC . . . 86

(11)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Resumo da classificação da pesquisa . . . 20

Quadro 2 – Proposições de pesquisa . . . 25

Quadro 3 – Classificação dos sistemas RBCT quanto ao contexto . . . 59

Quadro 4 – Atributos do caso . . . 74

Quadro 5 – Mapa de técnicas de RBC utilizadas . . . 78

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BC Base de Casos

EI Extração de Informação

FAQ Frequently Asked Questions

GAIA Group of Artificial Intelligence Applications

IA Inteligência Artificial

IN02 Instrução Normativa nº 02/2008

IN04 Instrução Normativa nº 04/2014

MEV Modelo Espaço Vetorial

PLN Processamento de Linguagem Natural

PSM Problem Solving Methods

RBC Raciocínio Baseado em Casos

RBCT Raciocínio Baseado em Casos Textual

RI Recuperação de Informação

SBC Sistema Baseado em Conhecimento

TF-IDF Term Frequency and Inverse Document Frequency

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

(13)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . 15

1.1 Problemática . . . 15

1.2 Motivação e Justificativa . . . 16

1.3 Raciocínio Baseado em Casos na Confecção de Termos de Referência 17 1.4 Objetivo Geral . . . 17 1.5 Objetivos Específicos . . . 18 1.6 Contribuições . . . 18 1.7 Metodologia . . . 18 1.8 Estrutura da Dissertação . . . 20 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS . . . 22 2.1 Classificação da Pesquisa . . . 22

2.2 Modelo Operacional da Pesquisa . . . 23

2.3 Planejamento do Quasi-Experimento . . . 24

2.4 Hipóteses de Pesquisa . . . 25

2.5 Considerações Finais . . . 25

3 CONTRATAÇÕES PÚBLICAS . . . 27

3.1 Princípios Básicos Associados à Licitação . . . 28

3.2 Termo de Referência (TR) . . . 30

3.2.1 Elementos do Termo de Referência . . . 31

3.3 Processo Licitatório . . . 34

3.3.1 Fase Interna. . . 36

3.3.2 Fase Externa . . . 36

3.4 Considerações Finais . . . 38

4 RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS . . . 39

4.1 Histórico do RBC . . . 40

4.2 Ciclo de um Sistema RBC. . . 42

4.2.1 Domínio da Aplicação . . . 43

4.2.2 Base de Casos . . . 44

4.2.3 Representação dos Casos . . . 45

4.2.4 Indexação . . . 48

4.2.5 Similaridade Entre Casos . . . 49

4.2.5.1 Medida de Similaridade Local . . . 50

(14)

4.2.6 Recuperação de Casos . . . 53 4.2.7 Reutilização de Casos . . . 56 4.2.8 Revisão de Casos . . . 57 4.2.9 Retenção de Casos . . . 58 4.3 Sistemas de RBC Textual . . . 59 4.3.1 Recuperação Semântica . . . 62 4.3.2 Recuperação Estatística . . . 63

4.3.3 Modelo Espaço Vetorial. . . 63

4.4 Considerações Finais . . . 64 5 TRABALHOS RELACIONADOS . . . 65 5.1 SMART . . . 65 5.2 CBR-Answers . . . 66 5.3 DOCSIM. . . 66 5.4 FAQFinder . . . 66

5.5 Jurisprudências na Área do Direito da Família . . . 67

5.6 Considerações Finais . . . 68

6 PROTÓTIPO PARA APLICAÇÃO DE RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS À CONFECÇÃO DE TERMOS DE REFERÊNCIA . . . 70

6.1 Utilização do jCOLIBRI . . . 70

6.2 Arquitetura do jCOLIBRI . . . 71

6.3 Estrutura do Caso e da Base de Casos . . . 72

6.4 Implementação do Ciclo de RBC . . . 76

6.5 Problemas na Aquisição dos Casos . . . 78

6.6 Considerações Finais . . . 80

7 RESULTADOS . . . 81

7.1 Perfil dos Participantes . . . 81

7.2 Resultados do Uso do Protótipo de RBC . . . 84

7.3 Discussão Acerca dos Resultados. . . 88

7.4 Consideraçõs Finais . . . 89

8 CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS . . . 90

8.1 Limitações da Pesquisa . . . 91

8.2 Trabalhos Futuros . . . 93

(15)

APÊNDICES

101

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE PERFIL . . . 102 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO DE RESULTADOS . . . 104

(16)

15

1 INTRODUÇÃO

Todos os dias, os órgãos públicos necessitam de contratos firmados com terceiros para a manutenção de suas operações, seja no fornecimento de seus serviços, seja para atendimento de necessidades e demandas internas, como obras de engenharia, aquisição de equipamento e até mesmo a aquisição de sistemas de informação específicos.

Nesse contexto, os gestores públicos, na República Federativa do Brasil, devem seguir legislações específicas para esse objetivo, sendo a principal a Lei de Licitações e Contratos, Lei nº 8.666/1993 (BRASIL, 1993), de 21 de junho de 1993, e alterações posteriores, tal como a Lei nº 10.520 (Lei do Pregão) (BRASIL, 2002), de 17 de julho de 2002.

Atualmente, para vários órgãos da esfera federal, algumas regras e melhores práticas devem ser seguidas, com finalidade de favorecer as verificações posteriores de órgãos de controle interno e externo, e também evitar perdas de recursos, sejam eles monetários, físicos, humanos, temporais, entre outros. Tais regras e melhores práticas podem ser recuperadas em Instruções Normativas publicadas pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por exemplo, como a Instrução Normativa 02 (IN02) (MPOG, 2008) e a Instrução Normativa 04 (IN04) (MPOG,2014).

Com esse objetivo, o procedimento administrativo a ser executado pelos órgãos públicos é a licitação. Ela tem por objetivo que seja garantida a observância dos princípios constitucionais, principalmente da isonomia, possibilitando selecionar a proposta mais vantajosa1 para a Administração Pública2 sendo processada e julgada em estrita conformi-dade com os princípios básicos da legaliconformi-dade, da impessoaliconformi-dade, da moraliconformi-dade, igualconformi-dade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos (BRASIL,1993).

1.1

Problemática

Na maioria dos casos, para cada uma das aquisições ou contratações diferentes, é preciso a confecção de um Termo de Referência (TR) ou Projeto Básico3, o qual contenha todas as definições necessárias e suficientes, do que é que se quer adquirir ou contratar. A construção de tal documento e seus artefatos constituintes, por ser de alta complexidade,

1 Proposta que se apresenta mais adequada, mais favorável, e mais consistente com os interesses da

Administração, observando as condições de prazo, preço, qualidade e rendimento (NETO,2001).

2 A Administração Pública é o conjunto de agentes, serviços e órgãos instituídos pela Estado com o

objetivo de fazer a gestão de certas áreas de uma sociedade. Conjunto de ações que compõem a Função Adminstrativa.

(17)

Capítulo 1. INTRODUÇÃO 16

além de onerar o tempo dedicado às atividades de gestão, propriamente ditas, executadas diariamente pelos representantes dos órgãos públicos incumbidos de tais responsabilidades.

Ainda, segundoNahmias, Ferreira e Kato(2013), os exaustivos processos executados pelos gestores públicos podem render a proliferação de vícios nos processos licitatórios. De acordo com os autores, os principais vícios são:

• Exigências desnecessárias de caráter restritivo no edital;

• Ausência de critério de aceitabilidade de preços global e unitário;

• Modalidade de licitação incompatível;

• Execução do objeto não dividida em parcelas com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade;

• Execução do objeto dividida em parcelas, porém, não respeitando a modalidade de licitação pertinente para a execução total do empreendimento;

• Tipo inadequado de licitação;

• Dispensa de licitação sem justificativa ou com justificativa incompatível; e

• Inexigibilidade de licitação sem justificativa ou com justificativa incompatível.

Dessa forma, muitos gestores utilizam da experiência, inclusive enxertos de texto, de processos realizados anteriormente e que apresentem pontos comuns com o objeto das novas contratações a serem realizadas, principalmente com a verificação das características utilizadas e formas de contratação definidas por outros órgãos da Administração Pública, como forma de tentar minimizar os rescursos gastos na confecção dos documentos.

1.2

Motivação e Justificativa

O desenvolvimento de novas formas de trabalho inteligente, que visem auxiliar os profissionais e especialistas na execução de suas tarefas e responsabilidades diárias, para os mais variados domínios de conhecimento, cresce consideravelmente, não somente levando em consideração a área médica, que desde o início das pesquisas, tem sido uma das maiores beneficiárias dos sistemas especialistas, por possuir problemas clássicos com as peculiaridades necessárias à sistematização exigida por tais sistemas (MENDES,1997).

Na verdade, temos uma grande variedade de aplicações, no que inclui: manutenção de equipamentos, controle de processos, análise financeira, suporte a sistemas de software, planejamento, controle de qualidade, suporte ao cliente, por exemplo. (WANGENHEIM; WANGENHEIM; RATEKE, 2013).

(18)

Capítulo 1. INTRODUÇÃO 17

As áreas envolvidas na Gestão Pública, tais como a de Contratações Públicas, possuem uma demanda considerável de aquisições e contratos a serem firmados, visto que os procedimentos executados consomem tempo e mão de obra especializada, no caso, os gestores públicos. Dessa forma, visando acelerar os processo relativos à confecção de Termos de Referência, identificou-se a necessidade de incrementar inteligência para o referido montante de atividades.

1.3

Raciocínio Baseado em Casos na Confecção de Termos de

Re-ferência

É fato que as soluções de necessidades passadas são, de alguma forma, empregadas nas situações atuais (WANGENHEIM; WANGENHEIM; RATEKE,2013). Contudo, obter informações úteis, com semântica bem definida, sobre esses tipos de dados se torna uma tarefa bastante difícil (SAHAMI et al., 2004).

O uso da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), e de técnicas de Inte-ligência Artificial (IA), tais qual o Raciocínio Baseado em Casos (RBC), pode auxiliar aos gestores públicos, catalisando suas exaustivas buscas por material que venha a ser útil. Mais especificamente o Raciocínio Baseado em Casos Textual (RBCT), que segundo

Anacleto (2011), fornece a facilidade de realizar consultas a bases de casos utilizando uma linguagem natural.

A aplicação de RBCT visa tornar os processos e tarefas dos gestores públicos cada vez menos demorados, e contribuir para a disseminação do conhecimento dentro e fora de seus órgãos, tendo a capacidade também de diminuir a burocracia diretamente associada a órgãos de controle, pela rápida demonstração de aderência a preceitos largamente utilizados em licitações específicas.

Como RBC é uma área de aplicação da IA para o desenvolvimento de algoritmos capazes de simular as habilidades humanas no que diz respeito à utilização de experiências anteriores, inclusive com adaptações às situações, características ou problemas atuais, há necessidade de investigar questões sobre a reutilização de conhecimento, aplicando os métodos já conhecidos do RBC, no âmbito de processos licitatórios, mais especificamente no apoio à confecção de Termos de Referência ou Projetos Básicos, de forma a reduzir o tempo gasto pelos gestores públicos nessas tarefas.

1.4

Objetivo Geral

Aplicação das técnicas do Raciocínio Baseado em Casos para agilizar a execução das atividades dos gestores públicos na confecção de documentos denominados Termos de

(19)

Capítulo 1. INTRODUÇÃO 18

Referência ou Projetos Básicos, componentes essenciais dos processos licitatórios.

1.5

Objetivos Específicos

• Analisar a forma e partes essenciais de um Termo de Referência;

• Desenvolver protótipo de aplicação de RBC para a execução do quasi-experimento definido. Os métodos utilizados nas pesquisas quasi-experimentais constituem uma classe de estudos de natureza empírica na qual faltam duas das características usuais na experimentação: a primeira é um completo controle experimental, sendo a segunda a impossibilidade da aleatoriedade na seleção dos grupos (STANLEY; CAMPBELL,

1979).

• Executar quasi-experimento para a aplicação da técnica estudada ao processo de confecção de Termos de Referência; e

• Avaliar os resultados da utilização do protótipo proposto para o refino da modelagem utilizada e a proposição de trabalhos futuros nessa área de pesquisa e atuação.

1.6

Contribuições

Como principais contribuições da referente pesquisa, temos:

• Desenvolver ferramenta para aplicação das técnicas e RBC às tarefas inerentes à confecção de Termos de Referência;

• Provar que o uso das técnicas do Raciocínio Baseado em Casos agiliza o processo de confecção de artefatos de referência para a execução de licitações na área de Tecnologia da Informação e Comunicação; e

• Apontar diretrizes para a implementação de futura ferramenta, a partir do protó-tipo utilizado nesta pesquisa, a ser disponibilizada aos gestores públicos de forma profissional.

1.7

Metodologia

A presente pesquisa se caracteriza como explicativa e aplicada quanto aos fins, que segundo Silva e Menezes (2005), objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. A investigação parte de pesquisa bibliográfica e documental das áreas de conhecimento envolvidas, até a execução de quasi-experimento

(20)

Capítulo 1. INTRODUÇÃO 19

com a participação de gestores públicos experientes na área de Tecnologia da Informação e Comunicação, domínio da Base de Casos a ser utilizada.

Para a aquisição do conhecimento necessário foram estudadas as técnicas e metodo-logia do Raciocínio Baseado em Casos, e os trâmites necessários à confecção de documentos caracterizados como Termos de Referência para Contratações Públicas, em seus pontos principais.

Ainda, a análise de ferramentas próprias ao desenvolvimento de aplicações de RBC foi essencial, levando em consideração suas características principais, culminando na escolha do COLIBRI Studio v0.9beta, que inclui a versão 2.3 do framwork jCOLIBRI 4, utilizado neste trabalho para a programação de código necessário ao alcance dos resultados que poderão ser observados nos capítulos seguintes.

A estrutura da Base de Casos (BC) leva em consideração a estrutura do Portal RedeCompras (http://www.compras.pe.gov.br), do Governo do Estado de Pernambuco, site que aglomera informações referentes aos processos licitatórios do referido Estado, em andamento e finalizados, porém com limitações quanto a forma, completude e corretude, que serão apresentadas posteriormente.

O acesso ao Portal RedeCompras ocorreu no início do ano de 2016 e todos os processos licitatórios que foram utilizados para a construção da BC, neste trabalho, são referentes à Tecnologia da Informação e Comunicação, e foram finalizados no exercício 2015, nos seus respectivos órgãos da Administração.

Após as definições necessárias, inclusive das métricas a serem utilizadas para os resultados apresentados pela aplicação de RBC construída no COLIBRI Studio, um quasi-experimento foi montado e executado de modo a gerar insumos a serem observados quanto à utilidade da modelagem proposta neste domínio específico, que é a confecção de Termos de Referência, dos resultados apresentados, e de como a automatização das tarefas envolvidas agilizaria os processos numa abordagem de trabalhos futuros e incrementação da pesquisa atual.

O quasi-experimento executado contou com a colaboração de especialistas na área dos Processos Licitatórios, são eles profissionais de TIC que exercem funções de Gestão Pública, em diferentes órgãos da Administração Direta5 e Administração Indireta6, da

4 Framework baseado na linguagem de programação Java, para a modelagem de aplicações de

RBC(DALAL; ATHAVALE; JINDAL,2012)

5 Órgãos públicos diretamente ligados ao Poder Executivo, nos quais a atividade administrativa é

exercida pelo próprio governo, que atua diretamente por seus órgãos. Os órgãos da Administração Direta não possuem personalidade jurídica própria, patrimônio e autonomia administrativa, uma vez que seus orçamentos são subordinados às esferas das quais fazem parte.

6 A atuação estatal de forma indireta na prestação dos serviços públicos que se dá por meio de outras

pessoas jurídicas, distintas da própria entidade política. Estas estruturas recebem poderes de gerir áreas da Administração Pública por meio de outorga, que ocorre quando o Estado cria uma entidade (pessoa jurídica) e a ela transfere, por lei, determinado serviço público ou de utilidade pública

(21)

Capítulo 1. INTRODUÇÃO 20

Administração Municipal, especificamente na Prefeitura da Cidade do Recife, capital do Estado de Pernambuco.

SegundoSilva e Menezes(2005), a classificação da pesquisa realizada, e apresentada neste documento, pode ser resumida no Quadro 1:

Quadro 1 – Resumo da classificação da pesquisa

Classificação Tipo de Pesquisa Considerações Quanto à natureza Pesquisa Aplicada

Aplicação prática dos conhecimentos ao domínio e no apontamento de soluções para os problemas específicos apresentados.

Quanto à forma de abordagem

Pesquisa Qualitativa

A interpretação dos resultados mesuráveis serão essenciais à conclusão.

Quanto aos objetivos

Pesquisa Explicativa

A identificação dos fatores que contribuem para o fenômeno aprofunda o conhecimento para a determinação da experimentação necessária. Quanto aos

procedimentos técnicos

Pesquisa Experimental

Determinação do objeto de estudo, das formas de controle e análise dos resultados visando verificação das hipóteses definidas.

Fonte: O Autor (2016)

1.8

Estrutura da Dissertação

O restante desta dissertação está organizada em 7 (sete) capítulos.

No Capítulo 2 estão apresentados os procedimentos metodológicos necessários na aquisição de conhecimento e geração dos resultados descritos neste documento. Ainda, nesse capítulo, é explicitado o processo de definição e execução do quasi-experimento que promoveu os resultados alcançados.

O Capítulo 3 está a análise dos processos licitatórios, seus pontos principais e documentos constituintes, principalmente a explicitação dos componentes necessários e suficientes das especificações de um Termo de Referência.

No Capítulo 4 apresenta a fundamentação teórica do Raciocínio Baseado em Casos, abordagem técnica de Representação do Conhecimento adotada neste trabalho.

No Capítulo 5, são analisados trabalhos relacionados a esta pesquisa.

No Capítulo 6 é apresentado um protótipo para a aplicação de RBC na confecção de Termos de Referência, juntamente com a Base de Casos utilizada, e a técnica de similaridade executada para a obtenção dos resultados.

O Capítulo 7 explicita os resultados obtidos na execução do quasi-experimento executado, e a análise realizada.

(22)

Capítulo 1. INTRODUÇÃO 21

Por fim, no Capítulo 8, são apresentadas as conclusões da pesquisa, as limitações do trabalho, bem como, as sugestões de refino do modelo proposto em trabalhos futuros.

(23)

22

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho tem por objetivo viabilizar o processo de construção científica. Além disso, deve servir para dar sustentação aos resultados alcançados, e às conclusões abordadas no final deste documento.

SegundoDANTAS(2005), a pesquisa deve ser considerada como um questionamento crítico e criativo, juntamente com uma intervenção competente na realidade. Dessa forma, todo trabalho científico deve ser apoiado em métodos de pesquisa eficazes. A busca desses instrumentos nos permite o enquadramento deste trabalho.

2.1

Classificação da Pesquisa

A análise deste projeto apresenta características que determinam a classificação das técnicas de pesquisa aqui utilizadas. Baseado no trabalho de Silva e Menezes (2005), alguns aspectos foram adotados:

• Quanto à sua natureza - este projeto pode ser classificado como um pesquisa aplicada, já que os conhecimentos adquiridos visam ter aplicação prática, com o envolvimento de situações reais;

• Quanto à forma de abordagem - apesar de apresentar algumas características qualitativas, os resultados almejados e apresentados no Capítulo 7 deste documento possuem valores mesuráveis, conferindo à pesquisa um caráter quantitativo; e

• Quanto aos objetivos - a pesquisa explicativa é fundamental neste trabalho, no momento que se pretende explicar o porquê das coisas, trabalhando com a execução de quasi-experimento.

Do ponto de vista dos procedimentos executados, é possível explicitar os seguintes fatores:

• Pesquisa Bibliográfica - realização de análise e fundamentos elaborados em ma-terial já publicado, com foco em livros clássicos e atuais, artigos de periódicos, outras dissertações de mestrado, e também em materiais disponibilizados em sites considerados como referências, nas respectivas áreas de pesquisa utilizadas; e

• Pesquisa Experimental - determinação do objeto de estudo com a seleção de variáveis discriminantes e forma de observação dos efeitos que a variável produz no objeto, para a seleção dos itens de resultados mais favoráveis.

(24)

Capítulo 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 23

Ainda, a investigação científica depende de um conjunto de procedimentos e técnicas para o atendimento dos objetivos: métodos científicos. Segundo Silva e Menezes (2005), o método científico é o conjunto de processos e operações mentais que devem ser empregados na investigação.

O método científico utilizado neste trabalho é o indutivo, que parte de premissas particulares, até a generalização e conclusões, promovendo uma cadeia de raciocínio crescente.

Os procedimentos que serão apresentados neste capítulo mostram quais os encami-nhamentos para a obtenção de resultados que podem ser traduzidos na conclusão desta pesquisa.

2.2

Modelo Operacional da Pesquisa

Tendo como base toda a reflexão das pesquisas bibliográficas do referencial teórico deste trabalho, e toda a legislação federal a respeito dos processos licitatórios no Brasil, que explicitaremos nos demais capítulos, este estudo se propõe a encontrar evidências, a partir de cenários experimentais, que envolvam os processos utilizados por gestores públicos, por meio do seguinte questionamento: como diminuir o tempo de análise de material a ser utilizado como insumo na confecção de documentos essenciais nos processos de aquisição e contratação de entes públicos?

O pressuposto é que o uso de técnicas do Raciocínio Baseado em Casos influenciem nesse quesito, afetando diretamente todo o processo. Caso exista essa influência, pretende-se verificá-la com a realização de teste de hipótepretende-ses, ou pretende-seja, pretende-se o uso do RBC como variável interfere nos resultados, por meio da execução de quasi-experimento.

SegundoKerlinger(1980), a pesquisa experimental oferece algumas vantagens sobre as pesquisas não experimentais, dentre elas:

• Controle relativamente alto das variáveis independentes que possam afetar variáveis dependentes;

• Possibilidade de manipular variáveis isoladas ou em conjunto;

• Muitos aspectos da teoria podem ser testados, dada a flexibilidade desse tipo de pesquisa; e

• O experimento pode ser replicado mais facilmente.

SegundoStanley e Campbell (1979), existem três modalidades de pesquisa experi-mental: o pré-experimento, o experimento puro e o quasi-experimento. Segundo os autores,

(25)

Capítulo 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 24

um experimento para ser chamado de puro ou verdadeiro deve atender a três requisitos: 1) a manipulação de uma ou mais variáveis independentes; 2) a medição do efeito da variável independente sobre a variável dependente; e 3) controle ou validade interna da situação experimental.

No presente trabalho, será manipulada a variável independente: uso de um protótipo de sistema de RBC. Nesse sentido, foi atendido o primeiro requisito para um experimento puro. A variável dependente a ser medida foi o tempo de análise de material a ser utilizado como insumo na confecção de Termos de Referência, sendo respeitada assim a segundo condição essencial de um experimento puro. Já a terceira condição, a validade interna da situação experimental não pode ser atestada com o controle das condições do experimento e, nesse caso, se tem a ausência de pleno controle dos estímulos experimentais.

Nesse sentido, Stanley e Campbell (1979), enfatizam que fica caracterizado um quasi-experimento, pois apesar de mantidas a maioria das características dos experimentos puros, não existe sorteio aleatório das pessoas ou grupo de respondentes, ou controle total do ambiente.

2.3

Planejamento do Quasi-Experimento

Para a execução do quasi-experimento, método de pesquisa deste trabalho, foi utilizado o protótipo de aplicação de RBC apresentado no capítulo anterior. Para a coleta dos dados, foram criados dois documentos, o “Questionário de Perfil” e o “Questionário de Resultados”, ambos explicitados nos apêndices deste documento,

contendo os questionamentos necessários e utilizados na formulação das conclusões.

Um grupo de 05 (cinco) gestores públicos, com notória experiência com processos licitatórios, se prestou a responder aos questionários dos instrumentos de pesquisa, seguindo os procedimentos definidos no planejamento do quasi-experimento:

1. Coleta de dados individual para que os resultados apresentados não provocassem influência nos demais participantes;

2. Respostas, por parte do participante, do “Questionário de Perfil”;

3. Utilização do protótipo de aplicação de RBC, sendo introduzido no processo de análise de material para a confecção de Termos de Referência de cada um dos participantes;

4. Medição do tempo de análise com a utilização do protótipo de sistema de RBC; e

(26)

Capítulo 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 25

De modo a promover as mesmas condições para cada um dos participantes do quasi-experimento, além da utilização da mesma Base de Casos, tal qual apresentada no capítulo anterior, apesar da liberdade de formulação da situação atual, entrada para o ciclo do RBC da ferramenta utilizada, o mesmo tema foi indicado para todos os indivíduos:”Contatação de serviços de desenvolvimento de software no modelo de Fábrica de Software”.

Ainda, como a própria nomenclatura e definição dos questionários utilizados reflete, o primeiro a ser respondido pelos participantes tem a função de definição do perfil do grupo entrevistado, e o segundo possibilita analisar questões referentes a satisfação, inclusive com a utilização de medição baseada na Escala de Satisfação de Likert (LIKERT, 1932), pela introdução, no ambiente experimental, da variável independente referente ao uso do RBC no processo de confecção de Termos de Referência.

Dessa forma, tanto o perfil dos participantes, as respostas do primeiro questionário, quanto as respostas referentes à percepção de satisfação deles, serão apresentados e discorridos no Capitulo 7 deste documento.

2.4

Hipóteses de Pesquisa

Para o teste de hipóteses necessário à verificação da influência da variável in-dependente, uso do protótipo de aplicação de RBC, na variável in-dependente, tempo de análise de material a ser utilizado com insumo na confecção de Termos de Referência, são apresentadas as seguintes proposições de pesquisa no Quadro 2:

Quadro 2 – Proposições de pesquisa

Hipóteses

H0 O uso de RBC não altera o tempo de análise de material para a confecção de Termos de Referência

H1 O uso de RBC diminui o tempo de análise de material para a confecção de Termos de Referência

Fonte: O Autor (2016)

A proposição H0 remete-se à hipótese nula, enquanto a proposição H1 à hipótese alternativa, o objetivo desta pesquisa, a eficiência da introdução das técnicas de IA do Raciocínio Baseado em Casos para catalisar os processos de confecção de Termos de Referência pelos gestores públicos.

2.5

Considerações Finais

Neste capítulo apresentamos as definições dos procedimentos e todo o processo metodológico que serão utilizados na aquisição, representação e teste dos conhecimentos

(27)

Capítulo 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 26

necessários para este trabalho.

Nos próximos capítulos explicitaremos a fundamentação teórica das áreas de pesquisa envolvidas, e as soluções encontradas e aplicadas para o alcance dos objetivos, geral e específicos, do Capítulo 1 deste documento.

(28)

27

3 CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

A Administração Pública está inserida no poder executivo e pode ser avaliada por dois pontos de vista distintos, o funcional e o organizacional. O aspecto funcional é o conjunto de atividades do estado que auxiliam as instituições políticas nas funções de governo, na organização e realização das finalidades públicas e que produzem serviços, bens e utilidade para a população (MEDAUAR, 2015). Do ponto de vista organizacional, é a representação estrutural, organograma, do conjunto de órgãos e entes estatais.

SalientaFilho (2013) que, para realizar seus objetivos e implementar as políticas públicas citadas anteriormente, a Administração precisa contratar terceiros por meio da escolha do contratante e da proposta.

A licitação é o procedimento administrativo pelo qual a Administração Pública expõe suas necessidades e intenções, de modo a exprimir vontade de celebrar contrato administrativo, visando encontrar a melhor proposta. Uma licitação deverá ser executada quando os entes públicos necessitam alienar, adquirir ou locar bens, realizar obras ou serviços, outorgar concessões, permissões de obra, serviços ou de uso exclusivo de bem público.

Por atuar de forma totalmente distinta da privada, a Administração Pública não está livre para a prática de quaisquer atos ou desenvolver quaisquer atividades, estando sujeita ao regime jurídico administrativo, devendo observar os diversos princípios constitucionais, dentre os quais se destacam o Princípio da Legalidade e o Princípio da Impessoalidade, que estão diretamente ligados às exigências dos processos licitatórios (SANTOS, 2012).

Ainda segundoSantos (2012), a licitação tem como principal finalidade assegurar o tratamento igualitário aos interessados em celebrar contratos com a Administração , prestigiando a isonomia1 dos concorrentes, além de possibilitar a escolha da proposta que melhor atende aos interesses do órgão licitante, tendo evoluído seus objetivos ao longo da própria história do Brasil.

Como conceituado pela doutrina, a licitação é um procedimento administrativo de observância obrigatória pela Administração Pública, no qual deve ser garantida a igualdade entre os participantes. Com o uso dela, deve ser selecionada a melhor proposta, uma vez preenchidos os requisitos mínimos necessários ao bom cumprimento das obrigações definidas (ALEXANDRINO; PAULO, 2016).

1 Isonomia significa igualdade de todos perante a lei. Refere-se ao Princípio da Igualdade previsto no art.

5º, “caput”, da Constituição Federal, segundo o qual todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Assim, de acordo com tal princípio, os méritos iguais devem ser tratados de modo igual, e as situações desiguais, desigualmente, já que não deve haver distinção de classe, grau ou poder econômico entre os homens.

(29)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 28

A Lei de Licitações e Contratos é bem clara quanto aos trâmites necessários e também sobre as possibilidades que o gestor público pode se utilizar para alcançar o objetivo almeijado, delimitando regras e variações.

3.1

Princípios Básicos Associados à Licitação

Princípios básicos associados à licitação significam normas elementares que devem ser levadas em consideração para todas os processos administrativos dessa natureza. Meire-les (2016) afirma que tais princípios constituem os fundamentos para a ação administrativa, os sustentáculos da atividade pública.

A Lei Federal de Licitações e Contratos (BRASIL, 1993) relaciona, em seu art. 3º os seguintes princípios básicos: Princípio da Legalidade; Princípio da Impessoalidade; Princípio da Igualdade; Princípio da Moralidade e da Probidade Administrativa; Princípio da Publicidade; Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório; e Princípio do Julgamento Objetivo.

Princípio da Legalidade

O Princípio da Legalidade define que a Administração Pública somente pode exercer qualquer atividade em virtude da existência de legislação expressa que autorize a determinada prática (CARVALHO FILHO,2016).

Principio da Impessoalidade

Tal princípio está explícito no art. 37 da Constituição Federal, significando que toda e qualquer atividade da Administração se destina ao interesse público, não podendo visar favorecimento ou prejuízo de pessoas específicas. Os administrados devem ser tratados sem quaisquer discriminações (SANTOS,2012).

Princípio da Igualdade

O Princípio da Igualdade implica no tratamento isonômico aos participantes de processos licitatórios, bem como favorecer com que a disputa seja possível para qualquer interessado que atenda às exigências do instrumento convocatório, sendo vedada qualquer discriminação (BRASIL, 1993).

Porém, é importante salientar que, por lei, as microempresas e empresas de pequeno porte possuem tratamento de favorecimento em comparação com outras empresas, por conta do desenvolvimento econômico e social, como forma de incentivo as inovações tecnológicas (SANTOS, 2012).

(30)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 29

Princípio da Moralidade e da Probidade Administrativa

Os princípios legais devem ser respeitados, porém cabe, também, ao administrador público, pautar suas ações na ética e na honestidade, isto é, as condutas administrativas in-compatíveis com a moral e a probidade administrativa não serão sustentadas juridicamente (SANTOS, 2012).

Princípio da Publicidade

Dessa forma, o Princípio da Publicidade visa manter a transparência dos processos licitatórios, impondo a divulgação das várias fases da licitação a qualquer interessado, garantindo assim a lisura do certame e o atendimento aos demais princípios administrativos (SANTOS, 2012).

Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório

Por esse princípio, todos os licitantes e a Administração Pública ficam obrigados a seguir todas as normas e condições estabelecidas no instrumento convocatório, seja ele um edital ou carta convite, sendo esses a lei interna da licitação, de caráter impositivo durante todo o processo (MEIRELES, 2016).

Princípio do Julgamento Objetivo

Realizado pela comissão de licitação, o julgamento da proposta vencedora deverá ser objetivo, devendo ser norteado pelos critérios previamente fixados no instrumento convocatório, respeitando todas as normas e legislações (MEIRELES, 2016).

A partir do tipo de licitação a ser adotado, os critérios de julgamento serão especificados, como: menor preço, melhor técnica, técnica e preço e maior lance ou oferta.

Todos os princípios constitucionais auxiliam a melhor condução dos processos licitatórios, onde todos os agentes devem segui-los, tendo as regras que os disciplinam, o dever de serem interpretadas em favor da ampliação da disputa entre os interessados, desde que informadas no edital, sem comprometer o interesse da Administração, a isonomia, a finalidade e a segurança da contratação.

A Lei de Licitações e Contratos é bem clara quanto aos trâmites necessários e também sobre as possibilidades que o gestor público pode se utilizar para alcançar o objetivo almeijado, delimitando regras e variações.

(31)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 30

3.2

Termo de Referência (TR)

O Termo de Referência é o instrumento elaborado pela Administração Pública de modo a explicitar o conjunto de informações necessárias a uma aquisição ou contratação que almeja executar. Segundo Santana (2010), o TR seria um instrumento de gestão estratégico, levando em consideração que as metas estratégicas de governo estão vinculadas a execução dos projetos.

Um TR pode ter uma página, ou dezenas de páginas, podendo levar algumas horas para ficar pronto, ou exigir muito mais tempo, dependendo da complexidade do produto e da metodologia para produzi-lo (MENDES, 2012a).

A definição de Termo de Referência é dada pelo art. 8º do Decreto Federal nº 3.555/00, inciso II:

“O termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Administração, diante de orçamento detalhado, considerando os preços praticados no mercado, a definição dos métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução do contrato”.

Além de permitir a avaliação do custo da compra ou contratação, o TR tem outras funções, que segundo Botelho (2013), são:

1. Demonstrar as necessidades da Administração;

2. Permitir a correta elaboração de proposta pelo licitante;

3. Viabilizar a execução do objeto, determinando suas diretrizes;

4. Viabilizar a competitividade e prestigiar o Princípio da Isonomia; e

5. Evitar aquisições irracionais, desperdiçadas, desnecessárias, já que apresenta e limita um objeto.

Dessa forma, iniciar a execução de qualquer projeto sem boas definições, para todos os envolvidos, nem as condições básicas que devem ser seguidas, desde o início até a conclusão, é muito arriscado e pode levar ao insucesso, tornando o Termo de Referência indispensável (MOTTA,2011).

Essa espécie de documento administrativo é constituída por partes e segue a legislação vigente, de modo a apresentar todos os seus elementos necessários.

(32)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 31

3.2.1

Elementos do Termo de Referência

Quanto ao conteúdo de um TR, não há regra específica. Contudo, se faz necessário que o documento cumpra fielmente suas funções e se traduza num documento eficaz para as aquisições e serviços da Administração Pública.

Dessa forma, os elementos essenciais, segundo a legislação vigente, são:

Definição do Objeto

O Termo de Referência deverá observar a definição do objeto e esta definição deverá ser precisa, suficiente e clara, sendo proibidas as especificações excessivas, irrelevantes, desnecessárias, limitadoras da competição ou da própria realização do certame (BOTELHO,

2013).

A definição do objeto deve observar as seguintes condições: adequação técnica à necessidade, preservação da competitividade, economicidade. É preciso encontrar a medida exata entre essas três condições.

Justificativa

Considerando que as necessidades da Administração são muito superiores à sua capacidade de atendimento, é necessário explicitar os motivos determinantes para abrir o processo de licitação, isto é, a razão pela qual é importante priorizar a demanda administrativa a ser satisfeita por meio do contrato administrativo (BOTELHO, 2013).

Ainda, essas justificativas deverão ser aprovadas pela autoridade competente, esclarecendo o por que, para quê e para quem está se almejando adquirir bem ou contratar serviço, em consonância com o planejamento estratégico da instituição.

Condições de Garantia ou Assistência Técnica

Todo objeto é singular, portanto cada um deve ter um prazo de garantia, no qual procurar: manuais e código de defesa do consumidor (BRASIL, 2002).

Orçamento

A Administração deve fazer o dimensionamento econômico do objeto, porém não há rotinas específicas na legislação sobre a forma exata de como ele deve ser executado.

Como não há norma específica, cada unidade administrativa realiza de um jeito o orçamento para tomar como referencial, não se sabe se na realidade o orçamento detalhado se refere a um, dois ou três orçamentos para tomar como referencial do preço máximo ou médio (SANTOS et al., 2014).

(33)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 32

Ainda segundo Santos et al.(2014), o fornecimento de um orçamento detalhado guia a execução do orçamento público, evitando superfaturamento, além de referenciar os preços de mercado.

Condições de Habilitação

Segundo a legislação vigente, principalmente a Lei do Pregão (BRASIL, 2002), as condições de habilitação possíveis são:

• Habilitação Jurídica - documentos exigidos no art.28 da lei 8.666/93;

• Regularidade fiscal - documentos exigidos no art.29 da lei 8.666/93;

• Capacitação Técnica - documentos exigidos no art.30 da lei 8.666/93; e

• Capacitação econômico-financeira documentos exigidos no art.31 da lei 8.666/93.

Forma de Apresentação da Proposta

Deverá ser apresentada pelo licitante proposta de preços com a descrição do objeto, na qual devem ser explicitados os valores unitários e globais dos itens, de acordo com o Termo de Referência. O preço a ser ofertado à Administração deve conter incluso todos os tributos, frete, tarifas e despesas de execução, e não serão aceitas propostas de preço com especificações diferentes do objeto informado no TR.

Ainda, cabe à Administração deixar claro no edital que os valores devem ser com-patíveis com os preços praticados no mercado, sob pena de desclassificação do concorrente, desde que possa ser provada a inexequibilidade dos preços (BOTELHO, 2013).

Condições de Recebimento

Trata-se da aceitação do objeto, recebimento provisório e definitivo do objeto do TR.

O recebimento provisório é realizado no ato da entrega do objeto, caso não haja qualquer impropriedade explícita, será atestado esse recebimento

Já o recebimento definitivo, em até 5 dias úteis após o recebimento provisório, somente é possível mediante “atesto” na nota fiscal/fatura, após comprovada a adequação aos termos contratuais e desde que não se verifique defeitos ou imperfeições.

Prazo de Entrega e Forma de Pagamento ou Cronograma Físico Financeiro

Segundo o art. 3º, I, da Lei 10.520/02 (BRASIL,2002), devem ser definidos o prazo para a entrega e como se darão os pagamentos durante a execução do contrato, de forma

(34)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 33

mensal após a entrega, não podendo ser esquecida a proibição de pagamento antecipado prevista nos artigos 62 e 63 da lei n.4.320/64 e art.40, §3º, 55, III e 65, II, “c” da Lei n.8.666/93.

Local de Entrega

Define o local, bem como horários de funcionamento da instituição, para a progra-mação da entrega por parte do licitante.

Amostras

Nesta seção, se necessários, a Administração poderá solicitar ao licitante o envio de amostras para prévia aprovação, devendo este envio estar explícito no TR, também com informações sobre locais, horários e prazos de entrega (SANTOS et al., 2014).

Obrigações da Contratada

Auxilia a definir as cláusulas do futuro contrato, disposição expressa a respeito dos prazos para o fornecimento de bens ou para a prestação dos serviços, definição dada pelo art. 55 da Lei de Licitações e Contratos (BRASIL,1993).

Obrigações da Contratante

Define o pagamento em até 30 dias, a contar da data de entrega do objeto do contrato, além de explicitar como se dará a fiscalização do contrato, a infraestrutura disponibilizada, entre outros fatores de responsabilidade da Administração (BOTELHO,

2013).

Sanções Administrativas

Toda e qualquer sanção deve estar em consonância com a teoria da tipicidade. O art. 7º determina que a multa deve estar prevista no edital e no contrato, logo a previsão isolada, em um ou outro não é suficiente. É prudente que o edital já estabeleça o valor ou o modo de apurar o valor das multas (BRASIL, 2002).

Garantia Contratual

Devem ser exigidas, a critério da autoridade competente, em cada caso, prestação de garantias nas contratações de obras, serviços ou compras, não podendo exceder o limite de 5% do valor total do contrato (SANTOS et al., 2014).

(35)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 34

Fiscalização

É essencial a determinação do nome do servidor responsável pela fiscalização do contrato, e a delimitação de quais são as suas competências.

Local, Data e Assinatura

Como a elaboração de um TR é uma tarefa plural e complexa, não é função do pregoeiro ou das comissões de licitação, e sim dos administradores que detém o conhecimento do objeto e das necessidades da Administração.

Dessa forma, o documento deve ser assinado pelo responsável da unidade solicitante e o diretor do setor, responsabilizando-se pelos detalhamentos do que se precisa adquirir ou contratar, e todas as informações do objeto, orçamentos, cronogramas, retratando o planejamento inicial da licitação e da contratação, definido seus elementos básicos (SANTOS et al., 2014).

3.3

Processo Licitatório

Sendo um procedimento, a licitação é uma composição de atos para o objetivo final almejado pela Administração. Os atos por sua vez compõem-se de fases, cada uma com suas características específicas, denominadas fases da licitação.

SegundoVieira (2012), nem todos os tipos de licitação apresentam todas as fases da mesma forma, pois algumas das modalidades são de certa forma incompletas, porém, o processo é iniciado, como consta no art. 38 da Lei 8.666/93, na abertura do processo internamente no órgão que deseja a aquisição ou contratação, com a definição do objeto e a indicação dos recursos para a despesa.

A licitação é dividida em duas fases, uma interna, antes da publicação do edital, e outra externa, após a publicação do edital. A Figura 1 apresenta a divisão dessas fases.

De acordo com Luqui(2014), a fase interna é composta por procedimentos formais, tais como a formalização da requisição de compra ou contratação, pesquisa de mercado, definição do tipo e modalidade de licitação, reserva orçamentária, elaboração do edital, apreciação jurídica interna do órgão, até a publicação do edital. Já a fase externa é iniciada com a divulgação ao público da licitação, seguida pela habilitação, classificação, julgamento, homologação e adjudicação.

Dessa forma, fica claro que o edital é o divisor entre as duas fases da licitação, sendo o ato pelo qual a Administração faz uma oferta de contrato a todos os interessados que possam atender aos requisitos definidos, sendo assim um instrumento convocatório.

(36)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 35

todas as normas aplicáveis ao determinado procedimento licitatório, basicamente:

• É o ato administrativo que visa dar publicidade aos potenciais interessados em determinada contratação;

• Identifica o objeto, o procedimento adotado, as condições de realização da licitação e a participação dos licitantes;

• Traz os critérios de aceitabilidade e julgamento das propostas, além das formas de execução do futuro contrato; e

• Tem como formas o edital ou o convite.

Figura 1 – Processo licitatóri

(37)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 36

3.3.1

Fase Interna

SegundoFilho(2013), a fase interna, também denominada preparatória, compreende o momento no qual se estabelecem as condições da licitação e contratação a serem realizadas. Nessa fase, segundo a doutrina, serão praticados atos com funções de:

a. verificar a necessidade e conveniência da contratação de terceiros;

b. determinar a prática dos atos prévios e indispensáveis à licitação, tais como: quanti-ficação da necessidade; avaliação dos bens; elaboração do Termo de Referência ou Projeto Básico, entre outros;

c. definição do objeto da contratação e suas condições básicas de contratação; e

d. definir a modalidade e elaborar ato convocatório da licitação.

3.3.2

Fase Externa

Na fase externa, estão todos os atos administrativos do procedimento que tendem a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração Pública, nos termos previamente definidos no instrumento convocatório da licitação (OLIVEIRA,2012).

Como referido anteriormente, a fase externa pode ser subdividida em:

Publicação do Instrumento convocatório

A publicação do instrumento convocatório é a forma de divulgação da existência da licitação. Segundo o art. 41, § 1º da Lei 8.666/93, “Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade. . . ”, dessa forma, tanto os licitantes quanto qualquer cidadão comum podem impugnar um edital.

Mesmo ao impugnar um edital, um licitante ainda pode continuar a participar do certame, seu direito de participação permanece até o trânsito e, julgado da impugnação (LUQUI, 2014).

Habilitação

Nesta etapa, são apuradas, de forma subjetiva, a idoneidade e capacidade dos licitantes, para executar o objeto da futura contratação, pela apresentação de suas propostas. Ocorre a verificação da:

1. Habilitação jurídica - verificação da capacidade do licitante de exercer direitos e contrair obrigações;

(38)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 37

2. Regularidade fiscal - verificação se todos os documentos e inscrições fiscais do licitante estão válidos;

3. Qualificação técnica - verificação se o licitante é capaz de demonstrar aptidão para executar o objeto do futuro contrato;

4. Qualificação econômico-financeira - verificação da capacidade do licitante em suportar os encargos inerentes à execução do contrato pretendido; e

5. Regularidade trabalhista - verificação de documentos que comprovem a regularidade trabalhista do licitante.

Classificação

De acordo com Luqui (2014), anteriormente ao julgamento dos licitantes, uma análise das propostas daqueles que estão habilitados é realizada. Desse modo, há uma classificação por ordem de preferência, segundo critérios objetivos, devidamente explícitos no edital ou carta convite.

Exatamente por esses motivos, a proposta do licitante deve conter informações claras sobre:

• Especificações do material a ser fornecido ou serviço a ser contratado;

• Forma de execução do contrato;

• Preço proposto;

• Condições de pagamento;

• Prazo de validade da proposta; e

• Outras informações necessárias.

Julgamento

Após a análise realizada na fase de classificação, há o julgamento propriamente dito, executando a depender do tipo de licitação. Segundo a legislação vigente, o julgamento pode ser por (BRASIL, 1993):

• Menor preço;

• Melhor técnica;

• Técnica e preço; ou

• Maior lance ou oferta: nos casos de alienação de bens ou concessões de direito real de uso.

(39)

Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 38

Homologação

Ato da autoridade hierarquicamente superior à Comissão de Licitação que visa analisar todo o procedimento, inclusive a fase interna, para a verificação de conformidade com as exigências legais.

DescreveLuqui (2014), que havendo razões de interesse público supervenientes, de-vidamente demonstradas, tal autoridade poderá, inclusive, revogar a licitação, indenizando o vencedor do certame.

Adjudicação

Ato final do procedimento administrativo denominado licitação. Constitui a decla-ração, pela qual a autoridade pública competente para homologar o certame, atribui de maneira formal o vencedor do objeto da licitação. Nesse ato, a Administração convoca o vencedor a assinar o contrato administrativo (LUQUI, 2014).

3.4

Considerações Finais

É notório, pelo apresentado neste capítulo, a grande complexidade dos processos licitatório como um todo, fase interna e fase externa. Ainda que demonstre conhecimento técnico apurado, acerca das especificações necessárias de um Termo de Referência, o gestor público é obrigado a confeccionar os documentos essenciais, da forma mais correta possível, repeitando toda a legislação e princípios atrelados às licitações.

Como a TIC proporciona a possibilidade de auxiliar na execução de tarefas ( ANA-CLETO, 2011), o estudo das técnicas inteligente a seguir tende a coroborar com a visão de integração das áreas de pesquisa explanadas neste trabalho.

Tendo analisado questões referentes ao processo licitatório e a confecção dos Termos de Referência, mais especificamente o que deve ser levado em consideração nos instrumentos convocatórios, serão abordadas no Capítulo 4 as definições e teorias associadas ao RBC e seu ciclo de funcionamento.

(40)

39

4 RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS

O ser humano, na resolução de problemas e situações diárias e cotidianas do mundo real, tende a buscar soluções de problemas similares ou com as mesmas características, no passado, como base de suas decisões na intenção de uma solução ou explicação das situações correntes (MENDES, 2012b). O aproveitamento de conhecimentos adquiridos em situações passadas é algo natural e muitas vezes executado de forma inconsciente.

Justamente com embasamento nesse modelo de aprendizado humano específico, surgiu o RBC. Podemos defini-lo como uma técnica de Inteligência Artificial, que pode ser interpretada de duas maneiras: uma metodologia que permite modelar o raciocínio e o pensamento humano ou uma metodologia para construções de sistemas computacionais inteligentes (WANGENHEIM; WANGENHEIM; RATEKE, 2013).

De acordo comKolodner(1992), as informações e conhecimento dos casos passados sempre serão utilizados para sugerir meios de resolução do novo problema, para sugerir adaptações a soluções que não se adequam totalmente ao novo caso a ser apresentado, para prever possíveis falhas nas resoluções planejadas para o novo problema, ou como forma de interpretar uma nova situação vislumbrada. A Figura 2 representa a forma como os casos e suas soluções são utilizadas nos novos problemas:

Figura 2 – Modelo do RBC

Fonte: (WANGENHEIM; WANGENHEIM; RATEKE,2013)

(41)

pode-Capítulo 4. RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS 40

riam ser desctacadas na utilização de sistemas de RBC, seriam:

Vantagens:

• Permitir que soluções rápidas sejam encontradas em domínios nos quais não se tem total conhecimento;

• Favorecer a avaliação de soluções mesmo não existindo método algorítmico definido;

• Interpretar conceitos abrangentes e mal definidos;

• Servir de alerta, em função do conhecimento de experiências adquiridas, evitando a repetição dos mesmos erros; e

• Focar a atenção nas principais características do problema.

Desvantagens:

• Adoção de casos ainda não validados nas novas situações ocasionando resultados ineficientes, soluções erradas e mal avaliadas;

• Forte tendência da influência dos casos passados na resolução dos novos problemas, o que poderia induzir o erro; e

• Possibilidade de prejudicar a solução dos problemas, pois caso a métrica de similari-dade não seja bem escolhida, o conjunto de casos recuperados pode não ser o mais apropriado.

Ao longo do tempo, o Raciocínio Baseado em Casos surge como uma ferramenta poderosa, com técnicas que logram êxito na solução automática de problemas, podendo ser aplicado num vasto espectro de tarefas e domínios distintos, todos tipicamente relacionados com a Inteligência Artificial, de forma simples e direta.

4.1

Histórico do RBC

Com o surgimento dos primeiros sistemas especialistas que utilizavam técnicas de raciocínio baseado em regras para a execução de simulações, em computadores, do comportamento de especialistas humanos, houve a necessidade da evolução com a condução de estudos para uma nova possibilidade. Essa possibilidade é a aquisição de conhecimento por meio de experiências passadas, sendo mais proveitoso que o especialista pudesse se reportar a fatos já ocorridos a explicar a sequência de raciocínio necessária para a solução do problema, muitas vezes desconhecida.

(42)

Capítulo 4. RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS 41

O estudo desse novo paradigma reporta às pesquisa de Schank e Abelson (1977) que propunham que o conhecimento humano sobre situações seria registrado na forma de scripts. Esses scripts descreveriam sequências de passos ou etapas com os quais fosse possível prever como certos acontecimentos deveriam se suceder e realizar inferências a respeito dessas expectativas. Porém, experimentos realizados mostraram que esses scripts não poderiam ser caracterizados como modelos completos de representação de memória, pois um pessoa pode “lembrar-se” de composições formadas por pedaços de diferentes sequências de eventos.

Mesmo que as lembranças dos fatos sejam o elemento principal na capacidade de compreensão e aprendizado do ser humano (SCHANK,1982), segundoAbel(1996), existem mecanismos diferentes que também atuam na formação dos conceitos de memória. Tais mecanismos são explicados por teorias da filosofia e psicologia de solução de problemas, formação de conceitos e aprendizado experimental, como os conceitos de pacotes de organização de memória, definidos nos trabalhos de Schank, utilizando lembranças de experiências passadas, associadas a esteriótipos de situações para o aprendizado e a solução dos problemas. Este conceito é baseado na impossibilidade de separação da experiência, compreensão, memória e aprendizado.

Segundo Wangenheim, Wangenheim e Rateke (2013), o primeiro sistema que pode ser chamado de raciocinador baseado em casos foi o sistema CYRUS, desenvolvido por Janet Kolodner na Universidade de Yale, tendo seu enfoque para a solução de situações diplomáticas. O modelo de memória de casos aplicado para esse sistema serviu como base de muitos outros sistemas RBC, tais quais:

• MEDIATOR para a solução de disputas entre partes, propondo possíveis soluções de consenso. No caso de uma proposta não satisfazer todas as partes, o sistema gera uma nova e armazena a falha para que essa não seja repetida (SIMPSON JR.,1985);

• PERSUADER, que propõe soluções de conflitos entre empregados e empregado-res, utilizando contratos já utilizados por outras empresas, ou gerando um novo (SYCARA, 1987); e

• CHEF, no desenvolvimento de novos pratos a partir de outros, recebendo diversos objetivos a serem satisfeitos, como entrada, recupera em seu banco de dados receitas que atendam o maior número de objetivos, e a partir delas, apresenta uma nova receita (HAMMOND, 1986).

Todos os conceitos e resultados desses trabalhos evoluíram de forma rápida para um sem número de aplicações, especialmente dos domínios de Direito, Medicina e Engenharia, normalmente para resolver problemas de classificação, diagnóstico ou planejamento.

(43)

Capítulo 4. RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS 42

A idealização de um sistema de RBC, e sua execução, respeitam uma sequência de tarefas e etapas diferentes, que serão melhor detalhadas na proximais seções deste trabalho.

4.2

Ciclo de um Sistema RBC

O ciclo de funcionamento de sistema de RBC é composto po quatro etapas de execução, como definido por Aamodt e Plaza(1994): recuperar, reusar, revisar e reter. A

Figura 3 mostra os 4R do RBC:

Figura 3 – Ciclo do funcionamento do RBC

Referências

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