3.3 Processo Licitatório
3.3.2 Fase Externa
Na fase externa, estão todos os atos administrativos do procedimento que tendem a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração Pública, nos termos previamente definidos no instrumento convocatório da licitação (OLIVEIRA,2012).
Como referido anteriormente, a fase externa pode ser subdividida em:
Publicação do Instrumento convocatório
A publicação do instrumento convocatório é a forma de divulgação da existência da licitação. Segundo o art. 41, § 1º da Lei 8.666/93, “Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade. . . ”, dessa forma, tanto os licitantes quanto qualquer cidadão comum podem impugnar um edital.
Mesmo ao impugnar um edital, um licitante ainda pode continuar a participar do certame, seu direito de participação permanece até o trânsito e, julgado da impugnação (LUQUI, 2014).
Habilitação
Nesta etapa, são apuradas, de forma subjetiva, a idoneidade e capacidade dos licitantes, para executar o objeto da futura contratação, pela apresentação de suas propostas. Ocorre a verificação da:
1. Habilitação jurídica - verificação da capacidade do licitante de exercer direitos e contrair obrigações;
Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 37
2. Regularidade fiscal - verificação se todos os documentos e inscrições fiscais do licitante estão válidos;
3. Qualificação técnica - verificação se o licitante é capaz de demonstrar aptidão para executar o objeto do futuro contrato;
4. Qualificação econômico-financeira - verificação da capacidade do licitante em suportar os encargos inerentes à execução do contrato pretendido; e
5. Regularidade trabalhista - verificação de documentos que comprovem a regularidade trabalhista do licitante.
Classificação
De acordo com Luqui (2014), anteriormente ao julgamento dos licitantes, uma análise das propostas daqueles que estão habilitados é realizada. Desse modo, há uma classificação por ordem de preferência, segundo critérios objetivos, devidamente explícitos no edital ou carta convite.
Exatamente por esses motivos, a proposta do licitante deve conter informações claras sobre:
• Especificações do material a ser fornecido ou serviço a ser contratado;
• Forma de execução do contrato;
• Preço proposto;
• Condições de pagamento;
• Prazo de validade da proposta; e
• Outras informações necessárias.
Julgamento
Após a análise realizada na fase de classificação, há o julgamento propriamente dito, executando a depender do tipo de licitação. Segundo a legislação vigente, o julgamento pode ser por (BRASIL, 1993):
• Menor preço;
• Melhor técnica;
• Técnica e preço; ou
• Maior lance ou oferta: nos casos de alienação de bens ou concessões de direito real de uso.
Capítulo 3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 38
Homologação
Ato da autoridade hierarquicamente superior à Comissão de Licitação que visa analisar todo o procedimento, inclusive a fase interna, para a verificação de conformidade com as exigências legais.
DescreveLuqui (2014), que havendo razões de interesse público supervenientes, de- vidamente demonstradas, tal autoridade poderá, inclusive, revogar a licitação, indenizando o vencedor do certame.
Adjudicação
Ato final do procedimento administrativo denominado licitação. Constitui a decla- ração, pela qual a autoridade pública competente para homologar o certame, atribui de maneira formal o vencedor do objeto da licitação. Nesse ato, a Administração convoca o vencedor a assinar o contrato administrativo (LUQUI, 2014).
3.4
Considerações Finais
É notório, pelo apresentado neste capítulo, a grande complexidade dos processos licitatório como um todo, fase interna e fase externa. Ainda que demonstre conhecimento técnico apurado, acerca das especificações necessárias de um Termo de Referência, o gestor público é obrigado a confeccionar os documentos essenciais, da forma mais correta possível, repeitando toda a legislação e princípios atrelados às licitações.
Como a TIC proporciona a possibilidade de auxiliar na execução de tarefas (ANA- CLETO, 2011), o estudo das técnicas inteligente a seguir tende a coroborar com a visão de integração das áreas de pesquisa explanadas neste trabalho.
Tendo analisado questões referentes ao processo licitatório e a confecção dos Termos de Referência, mais especificamente o que deve ser levado em consideração nos instrumentos convocatórios, serão abordadas no Capítulo 4 as definições e teorias associadas ao RBC e seu ciclo de funcionamento.
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4 RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS
O ser humano, na resolução de problemas e situações diárias e cotidianas do mundo real, tende a buscar soluções de problemas similares ou com as mesmas características, no passado, como base de suas decisões na intenção de uma solução ou explicação das situações correntes (MENDES, 2012b). O aproveitamento de conhecimentos adquiridos em situações passadas é algo natural e muitas vezes executado de forma inconsciente.
Justamente com embasamento nesse modelo de aprendizado humano específico, surgiu o RBC. Podemos defini-lo como uma técnica de Inteligência Artificial, que pode ser interpretada de duas maneiras: uma metodologia que permite modelar o raciocínio e o pensamento humano ou uma metodologia para construções de sistemas computacionais inteligentes (WANGENHEIM; WANGENHEIM; RATEKE, 2013).
De acordo comKolodner(1992), as informações e conhecimento dos casos passados sempre serão utilizados para sugerir meios de resolução do novo problema, para sugerir adaptações a soluções que não se adequam totalmente ao novo caso a ser apresentado, para prever possíveis falhas nas resoluções planejadas para o novo problema, ou como forma de interpretar uma nova situação vislumbrada. A Figura 2 representa a forma como os casos e suas soluções são utilizadas nos novos problemas:
Figura 2 – Modelo do RBC
Fonte: (WANGENHEIM; WANGENHEIM; RATEKE,2013)
Capítulo 4. RACIOCÍNIO BASEADO EM CASOS 40
riam ser desctacadas na utilização de sistemas de RBC, seriam:
Vantagens:
• Permitir que soluções rápidas sejam encontradas em domínios nos quais não se tem total conhecimento;
• Favorecer a avaliação de soluções mesmo não existindo método algorítmico definido;
• Interpretar conceitos abrangentes e mal definidos;
• Servir de alerta, em função do conhecimento de experiências adquiridas, evitando a repetição dos mesmos erros; e
• Focar a atenção nas principais características do problema.
Desvantagens:
• Adoção de casos ainda não validados nas novas situações ocasionando resultados ineficientes, soluções erradas e mal avaliadas;
• Forte tendência da influência dos casos passados na resolução dos novos problemas, o que poderia induzir o erro; e
• Possibilidade de prejudicar a solução dos problemas, pois caso a métrica de similari- dade não seja bem escolhida, o conjunto de casos recuperados pode não ser o mais apropriado.
Ao longo do tempo, o Raciocínio Baseado em Casos surge como uma ferramenta poderosa, com técnicas que logram êxito na solução automática de problemas, podendo ser aplicado num vasto espectro de tarefas e domínios distintos, todos tipicamente relacionados com a Inteligência Artificial, de forma simples e direta.